Desconheço-me os passos nos dias que se abrem diante de meus olhos.

Prontamente posso dizer-te que já não caminho através de meus próprios pés, porém explico-lhe: ao dar-me conta de onde curso, perdido em percalços importunos encontro-me.

Então, o desespero de subtraí-los não tem cessar, o que me leva ao esquecimento do porque dei início tal combate!

Se acaso admito saber qual meu destino, mentiroso é meu julgar: vivo a divagar num imaginário conto com extremas alegorias felizes, que em verdade jamais existiriam.

E embriago-me delas, devaneando em sabores que já nem recordo mais.

Minhas palavras ferem-me, meus pensamentos torturam-me.

Conhecem bem a amargura na qual vivo, mas nem sequer me acautelam ou me guiam!

Infames! Esfaqueiam-me aos poucos em busca de algo que de fato não mais devo ansiar.

Oh, essência em constante martírio!

Sabem que não há motivos para prosseguir, que a verdade é crua, repleta de desafetos, mas igualmente definitiva, não há uma vírgula a qual possa eu mudar.

Não obstante preferem rebelar-se, vingar-se de mim. Por quê? Oh, por quê?

Onde me isolam tais amigos, que atraem unicamente incômodos, temo jamais se encontrado, e vagarei sobrevivendo até o dia em que, nesta chalupa à deriva em mar profundo, alguma alma amorosa vier ao meu resgate.