Seis anos. Esse era o tempo que Hermione Granger passara sem ver seus amigos dos tempos de Hogwarts. Ela não sentia-se feliz com isso, mas também não estava triste, pois estava alcançando todos seus objetivos no trabalho que fizera com que ela se separasse desses amigos tão queridos. O único que ela via com uma certa freqüência era Harry Potter, pois ele fazia curso de auror no ministério, onde ela trabalhava.

- Mas com eles foi a mesma coisa – falou Hermione, cortando um pedaço de carne. – Nós acabamos nos separando por causa do trabalho, foi inevitável. Na infância a gente acha que tudo é para sempre, sem ter a visão de que, em alguns anos, cada um terá sua própria vida e terá problemas o suficiente com os quais se preocupar.

Se ela tivesse dito isso há seis anos atrás, não se reconheceria. Naquela época, os amigos vinham antes de qualquer outra coisa, eles eram a prioridade e os problemas deles também era seus.

- E você perdeu o contato com todos eles? – perguntou a mulher que almoçava com Mione.

- Mais ou menos. Alguns da minha turma morreram na guerra, coitados. Os meus amigos mais próximos se distanciaram. Gina está fazendo estágio em St. Mungus, Rony é goleiro da seleção britânica e Harry foi o único que eu mantive contato, pois ele está quase se tornando um auror e fica aqui em Londres a maior parte do tempo.

- Esse Rony é aquele que você teve um caso na escola?

Hermione sentiu que suas bochechas ficavam levemente coradas. Logo disfarçou sua vergonha, pois isso era uma atitude de garota, e não da mulher que ela era.

- Esse mesmo.

- Conta!

- Mas eu já te contei, foi só um "affair".

- Conta de novo, agora com os detalhes!

- Tá bom... Nós estávamos no sétimo ano e ele me convidou para acompanhá-lo no baile de formatura. Nós sempre tivemos uma certa atração, então no mesmo dia do convite começamos a ter um caso. Durou mais ou menos 3 meses, até que percebemos que éramos completamente diferentes e aquilo nunca ia dar certo. Foi pouco tempo, mas confesso que foram uns dos meses mais intensos de minha vida.

- E vocês só tiveram isso, nunca mais houve nada?

- Não, a gente perdeu o contato... Às vezes eu recebo uma coruja ou um cartão postal dos países onde ele está jogando, mas ao vivo faz muito tempo que não o vejo.

- Mione, você o amava?

Que pergunta mais profunda essa mulher tinha que fazer! Pegara Hermione de jeito, nunca tinha chegado a uma conclusão. Apesar de que, no momento em que tudo acontecera, ela achara que amaria Rony para sempre, casariam-se e formariam uma família muito feliz.

- Não, não. Foi só um romancezinho bobo, coisa de adolescente.

- Mione, você por aqui! – disse Harry, entrando no restaurante e dando de cara com a amiga.

- Harry! Que bom que você apareceu, agora pouco falávamos de você! – ela se levantou e o cumprimentou.

- É mesmo? Quem é essa sua amiga?

- Mayra Fillard, muito prazer. Você é mesmo o famoso Harry Potter? Quando a Mione falou que era sua amiga, eu nem acreditei.

- Bom, Harry Potter sou eu sim, mas famoso... De qualquer forma, muito prazer. Mione, acabei de ver meus recados do celular e acho que tem um que vai lhe interessar.

- De quem é?

- Rony. Ele quer que você ligue para ele.

Hermione tremeu. O que Rony podia querer com ela se eles mal se falavam? E ele podia simplesmente ligar no celular dela, já que resolvera assumir o aparelho trouxa para enviar recados aos amigos.

- Certo, eu ligo pra ele quando chegar em casa.

- Eu acho que o assunto a ser tratado é de uma certa urgência... Portanto a sua amiga terá que nos dar licença. A senhorita compreende, não é, senhorita Mayra?

- Claro, Harry! – se tivesse escrito na testa de Mayra, talvez as pessoas reparassem ainda mais que ela estava toda derretida pelo homem que sobreviveu duas vezes.

- Então vamos – Harry puxou Hermione pela capa e saiu do restaurante às pressas em direção ao Ministério da Magia.

Os dois entraram correndo no saguão do Ministério, atraindo a atenção de todos que lá se encontravam. Chegaram ao departamento dos aurores completamente sem fôlego, Harry jogou-se em sua cadeira e Hermione sacou seu celular.

- Alô? – disse Rony, do outro lado da linha.

- Alô... oi... Rony... é... você? – Hermione tentava recuperar o fôlego entre uma palavra e outra.

- Eu mesmo... Mione, você está bem?

- Perfeitamente... Nunca... estive... tão bem!

- Então... Resolveu responder meus recados, hein!? Achei que nunca mais iria falar com você!

- Recados? Que recados?

- Os que eu deixei no seu celular!

- Ah! Sabe o que é, eu tive um pequeno problema com a senha da caixa postal, aí a operadora não colaborou, deu a maior confusão...

- Mione, você perdeu a senha da caixa postal?

- Não, na verdade eu... É, foi.

- Você está mudada... Bom, não foi pra isso que eu mandei os recados. Tenho uma proposta para lhe fazer.

- Proposta? – Hermione começava a ficar impaciente e a andar em círculos pelo escritório. – Que proposta?

- Eu quero que você seja madrinha no meu casamento.

- Ahn? Casamen... – Mione bateu com tudo a cabeça numa arma que estava pendurada no teto. – AAAAHHH!

- Mione? Mione...? MIONE!?

- Desculpa, é que... Foi a emoção. Você vai casar?

- Vou sim. Nesse domingo.

- DOMINGO!? Mas hoje é quinta-feira!

- Eu sei!

- Por que você não me avisou antes!?

- Eu bem que tentei! Mione, você aceita a minha proposta?

- Sim!

A emoção que ela colocara na resposta era como a de uma mulher apaixonada que é pedida em casamento. Por um segundo, ela pensou que a proposta que ele se referia era outra.

- Que bom! O casamento vai ser aqui n'A Toca, a Linda acha que uma festa em casa é mais aconchegante.

- Linda?

- Minha noiva. Vamos precisar que você venha aqui para ajudar-nos com os preparativos. Você pode?

- Claro... Claro, em breve estarei aí.

- Você sabe o quanto é importante para mim, não é, Mione? Quero muito que você esteja por perto no momento mais feliz da minha vida.

- Conte comigo. Te vejo à noite.

Hermione desligou o celular e o colocou de volta no bolso. Quando olhou para os lados, viu que todos estavam olhando para ela.

- Que foi? O melhor amigo de vocês nunca casou não, é!?

Imediatamente, o departamento dos aurores voltou ao trabalho.

- Mione, você está bem? – perguntou Harry, aproximando-se da amiga.

- Perfeitamente! – Hermione estava com um brilho demoníaco nos olhos. – Estou super calma, mesmo sabendo que um dos meus MELHORES amigos com quem EU tive um CASO e NUNCA esqueci vai se casar dentro de 3 dias e algumas horas! – Ela fez uma pausa para recuperar o fôlego, mas logo continuou, sem se deixar censurar pelos olhares curiosos vindos de todo o departamento. – E você, Harry Potter, VOCÊ sabia de tudo e NÃO me contou!

Agora, os olhares se concentravam em Harry, inclusive alguns vindos de pessoas do corredor que pararam para espiar o que estava acontecendo.

- Mione, eu... Eu não podia te contar!

- Como não podia? Ah, sim, você queria que eu morresse do coração, né!?

- Claro que não! Rony me fez prometer que não diria nada sobre o casamento porque ele mesmo queria contar a novidade!

- Sério? – Mione parecia começar a baixar a guarda.

- Sério. Agora sente-se e tente se acalmar.

Harry puxou uma cadeira e fez Hermione sentar. Ela estava com o olhar perdido, sem saber no que pensar ou o que fazer.

- Mas eu juro que teria te contado se soubesse que você ficaria assim.

- Assim como?

- Assim... Mione, eu não sabia que você ainda sentia alguma coisa por ele.

- Mas eu sinto! Sinto mesmo, na verdade eu ainda o amo! Como eu não pude perceber antes? Ele é o homem da minha vida, perfeito para mim! Nós éramos tão imaturos naquele tempo em que não deu certo, mas tenho certeza de que agora seria tudo diferente!

- Então, querida, está na hora de correr atrás do que é seu! – disse uma senhora que estava com a cabeça na porta.

Aos poucos, o pequeno barulho de cochichos que dominava o ambiente foi crescendo e se tornando um grande grito de guerra que concordava com a senhora da porta.

- Você acha que eu devo, Harry?

- Eu acho que você deve seguir o seu coração... Mas Mione, ele já fez uma escolha... E não escolheu você.

- Isso é porque ele esqueceu! Mas eu vou fazer ele lembrar de como nós nos divertíamos, de como nos amávamos! E então, meu caro Harry, eu vou entrar naquela igreja... Mas não como madrinha e sim como noiva!

Todos concordavam e continuavam a gritar como uma torcida organizada. Mione abriu caminho para a porta entre apertos de mão e abraços de estímulo, sendo seguida por Harry.

- Eu aposto 100 galeões que a Granger volta na segunda-feira casada com esse Rony! – gritou um rapaz no meio da multidão.

- Obrigada, Thomas!

E assim Harry e Mione seguiram até a porta e conseguiram alcançar o corredor.

- Eu gostaria de ir com você para dar um apoio... Mas infelizmente meus testes finais começam em três horas e vão até semana que vem. Não se preocupe, tudo vai dar certo e domingo eu estarei lá para o casamento.

- Você será o padrinho.

- Serei junto com você, Rony não te contou?

- Eu estou me referindo ao MEU casamento.

- Ah, sim... Claro, ficarei honrado em ser o padrinho. Boa sorte.

- Obrigada, acho que eu vou precisar...

E assim ela despediu-se de Harry e seguiu para a lareira do Ministério.