Disclaimer: Os personagens não me pertencem, apenas a fanfiction. Deixo os créditos para S. Meyer, excluindo os meus OCs.


When life offers you a dream so far beyond any of your expectations, it's not reasonable to grieve when it comes to an end.

(Twilight, S. Meyer)


Chapter I – Visions

Forks preparava-se para dormir, nem ao menos suspeitando que duas famílias de vampiros rondassem suas casas. Incontáveis anos haviam se passado desde que a jovem Isabella Swan havia se tornado a mulher do estranho Edward Cullen e partido precocemente da casa do pai. Dos únicos que ainda se lembravam que um dia aquelas pessoas misteriosas fizeram parte de suas vidas, poucos ousavam comentar a chegada dos Agate e dos imutáveis Cullen. É claro que não deixavam de fofocar sobre a beleza dos novos moradores, invejarem o poder aquisitivo que esbanjavam possuir e a felicidade estampada em cada rosto pálido.

Por outro lado, aquelas famílias sentiam-se muito felizes por finalmente retornar ao seu local de origem – para dois casais em particular – do início da parte perfeita de suas imortalidades. Principalmente, porque, para ambos aqueles casais, havia sido aquele local que seus herdeiros sanguíneos ganharam a vida.

E era, naquela casa azul e de portas brancas, que o cheiro delicioso da comida caseira de Annabelle Agate brincava pelo ar. As risadas poderiam ser audíveis a quilômetros e as conversas fluídas emendavam aqui e ali com as outras. Os anos que haviam passado mal eram notados, a não ser pelo crescimento avançado que os três meio-vampiros das duas famílias, carregavam em seus corpos eternamente jovens.

"Jacob está chegando," alguém anunciou. Annabelle recebeu aquela informação naturalmente; havia escutado aquilo nas últimas três semanas desde que Renesmee viera passar uns dias em sua casa. Bella e Edward, naquela hora, deviam estar em um avião sobrevoando as belas praias do Brasil.

"Escondam a comida," Louis disse com aquele tom irônico que nunca sumia de sua voz. Seu cabelo louro descia liso em volta do rosto, no estilo em que definira como 'surfista'. Mime, ao seu lado, enfiou com força o cotovelo em suas costelas. "Ai!"

"Cala a boca. Da última vez que resolveu enfrentar um lobisomem, quase perdeu a cabeça," lembrou-lhe a irmã. Seu rosto, mesmo com a expressão feia de desaprovação tão facilmente identificável, era lindo. A mesma beleza que pousava na face preocupada de sua mãe.

"Vá recebê-lo, Renesmee. Ele está quase pululando no lugar," Marcus disse em sua voz entediada. Seus olhos focavam-se no homem alto e de pele morena do lado de fora da janela. Em suas mãos, ele notou, havia um embrulho pequeno.

Ouviu-se passos apressados no andar de cima, e logo a filha de Bella passou como um flash pelos Agate. Nenhum deles interrompeu o que faziam. A garota abriu a porta com dificuldade, indagando mentalmente o que trazia Jacob tão tarde.

"Olá," ela conseguiu suspirar. Jacob era tão maravilhosamente lindo que seu coração pulava como louco contra sua caixa torácica. Ficou feliz ao perceber que ele mal notava isso. "Pensei que Billy houvesse proibido que saísse da reserva depois das nove."

Jacob sorriu aquele seu usual sorriso. Seus dentes brancos, em contraste com a pele, pareciam a Renesmee como marfim.

"Ele não sabe," admitiu. Marcus ergueu sua sobrancelha para o lobisomem. Jacob entendeu o recado. "Só vim entregar esse presente. Espero que goste."

Nessie pegou com as mãos tremulas o pequeno embrulho que garoto lhe entregou. Com uma puxada, o papel de embrulho cedeu a sua força e expôs o pequeno lobo preto entalhado em madeira. Era minimamente detalhado, lembrou-a da pulseira que sua mãe carregava todos os dias no pulso, ao lado do coração de diamante.

"É lindo!" ela confessou. O rapaz ficou ainda mais grato com o tom verdadeiro na voz da garota. "Gostaria de entrar?"

Jacob, mesmo sendo instigado por cada célula de seu corpo a aceitar, recusou o pedido. Disse a meia-vampira que deveria retornar a reserva, ou talvez o velho Billy (já de cabelos brancos) terminasse de perder a sanidade. Renesmee sentiu a tristeza da voz do namorado, mas não deixou de dar-lhe um selinho de despedida e permitir que ele se fosse. Ao final das contas, imortalidade tinha seus preços.

"Então, por hoje, teremos uma refeição farta," Louis comemorou, pondo-se de pé e caminhando até a bancada cheia frutas; era a única divisória que delineava os limites da cozinha. Pegou uma maça vermelha como sangue, poliu-a com a manga da camiseta verde que vestia, e deu-lhe a primeira mordida. No instante seguinte, uma almofada, que usualmente era deixada no sofá branco ao lado da lareira, quase atingiu sua cabeça. Ela passou por ele como um raio, chocando-se com um dos armários da cozinha e caindo ao lado de Annabelle. "Daria, por favor, para vocês duas pararem de tentar me acertar?"

Renesmee bufou, sentando ao lado da prima de consideração.

"Elas parariam, Louis, se você parasse de fazer comentários maldosos todas as vezes que Jacob e Seth vêm visitá-las," Annabelle repudiou o filho, terminando de levar a última panela para a mesa de jantar da sala. Marcus ajudou, distribuindo os talheres ao lado dos três pratos pousados na mesa. A vampira lembrou-se do choque em que recebera a notícia que sua filha tão amada havia sido imprintada por um lobisomem. Mas agora a idéia não lhe causava tanta repugnância.

Claro que Marcus não estava tão conformado assim. Em sua mente, shapeshifters eram quase tão piores quanto os lobisomens reais; ainda tinha na mente a imagem da lobisomem Maia e os relatos que ela lhe havia contado sobre como matava vampiros. Porém, preferia que Mime visse Seth debaixo de seus olhos do que escondida e correndo perigo.

O som alto da televisão anunciou que Gilly já estava em casa.

"Olá, mamãe," o pequeno vampiro de mais de oitocentos anos cantarolou, beijando o rosto da mulher, que agora considerava como sua mãe, e voltando-se para Marcus. "Alice pediu que lhe entregasse isso."

O pequeno envelope azul com o desenho do brasão dos Cullen ¹ pousou suavemente nas mãos do vampiro mais velho, que observou o outro correr até o sofá de frente a TV e ocupar-se em perder seu tempo com um dos desenhos do Cartoon Network. Quando voltou seu olhar para o envelope, sentiu um mau agouro. O que diabos a Cullen vidente queria?

Olhou de esgoela para a mulher; ela matinha os olhos desfocados, típico dos momentos de visões. Ao contrário de Alice Cullen, Annabelle podia vislumbrar o passado, assim como raramente também captava visões do presente. Marcus lembrava-se da primeira vez que aquilo acontecera com ela; fora tão horrível como na clareira, mas daquela vez, não envolvia sua antiga esposa. Assim, ficou-se explicado o porque de Annabelle ter visto o que acontecera com Didyme, assim como acabaram por excluir a hipótese da reencarnação.

O poder da matriarca dos Agate já era latente quando humana. Agora, conseguia ser muitíssimas vezes útil.

"Não vejo nada," Annabelle falou, encostando-se na bancada das frutas, observando os filhos e Renesmee comerem o que havia preparado. Suas mãos alisavam o vestido salmão que esculpia seu corpo marmóreo. "Só consigo ver quando Alice escreveu a carta – parada em seu quarto, enquanto conversava com Jasper – e quando recebeu a visão do que a carta contém."

Marcus rasgou uma das pontas do envelope, expondo o papel branco manchado com inúmeras palavras. Desamassou-o e ergueu na altura dos olhos. No minuto seguinte, sentiu seu corpo ser quase eletrocutado. Não podia ser verdade.

Annabelle era perfeitamente sintonizada com seu marido. No segundo seguinte em que ele havia lido a carta, conseguiu – pelos olhos dele – entender o conteúdo impresso pela caneta tinteiro de Alice. Demetri finalmente preocupava-se em encontrá-los. Por quê?

"Aro..." Ela sussurrou. Gilly já estava ao seu lado no momento em que Marcus virava-se para encarar os filhos. Era isso então. Aro o queria de volta. E o que ele faria se descobrisse, depois de mais de vinte anos em que Marcus havia fugido da Itália, que o antigo Volturi estava casado mais uma vez (e sua mulher era a cópia exata de sua falecida irmã) e que possuía dois filhos?

"Iremos ficar." O olhar de Marcus passou pelos dois filhos. Teriam alguma chance se permanecessem juntos aos Cullen. Do contrário, seriam facilmente levados até Volterra, e apenas Deus sabia o que os aguardariam lá.

Mime e Louis não compreendiam o que estava acontecendo, mas não elevaram suas perguntas a voz alta. Mantiveram-se calados, escutando quaisquer novas informações que lhes explicariam alguma coisa.

"Não há porque fugirmos, Anna," Marcus adicionou, vendo o rosto assustado de sua mulher. "Você sabia, tanto quanto eu, que um dia viria a acontecer. Irá ser pior se tentarmos fugir; Demetri tem suas habilidades."

Annabelle assentiu. Marcus tinha razão. Sempre tinha.


1: Eu sei que os Cullen só usam o brasão no filme, mas achei-o tão bonito! Espero que não se importem com isso.

Sneak Peek:

Louis e Mime Agate sabiam como ninguém que nunca lhes era saudável interrogar os pais. Não importava quem diabos eram Aro e Demetri ou o que poderia acontecer, nunca nada os havia ferido, e não seria agora que seu pai e mãe permitiriam. Preocuparam-se em esquecer aquele acontecimento e voltaram suas mentes para o dia seguinte. O primeiro dia de aula em um colégio com humanos.