NARRATIVA

"Pois eu ainda vou ser o cavaleiro mais esperto do mundo! Melhor ainda, o homem mais inteligente do mundo! Mais até do que Athena!"- gabou-se um jovem aspirante a cavaleiro.

"Não acha que é demais? Isso pode acabar mal..."-observou uma voz madura.

" E como você pode saber? Até onde eu saiba você não está entre os tops de QI do santuário."

"Olha como fala com seu mestre, pirralho! Ainda fede a leite e já ta se achando o próximo Einstein!"- ralhou o veterano, sentando-se em uma pedra e indicando uma outra logo à sua frente- "Senta aí! Tô vendo que vou ter que fazer um treino diferente com você hoje."

"É? O que a gente vai fazer?"- o pupilo obedeceu a contra-gosto.

"Vô contar uma estória e você vai ouvir."

"VOCÊ?! Contando estórias? Ah, contra outra! Eu não sou mais criança pra essas coisas e..."

"Mas dessa aqui você vai gostar. É sobre o cara mais esperto que eu já conheci. Ele enfrentou Hades e Athena ao mesmo tempo, e quase sem usar seus punhos."

"É?! E quem era?"- o jovem piscou interessado.

"Um cavaleiro, como eu. No começo, não passávamos de aliados de guerra. Mas naquela época passei a admirá-lo..."- suspirou, olhando ao longe por um instante. Lembrar era doloroso, porém serviria de lição ao aprendiz. Ele provavelmente aprovaria isto...

"Hades havia voltado à vida pela segunda vez..."

"Já li alguma coisa sobre isso, mas os registros são confusos..."- comentou o jovem.

"Talvez com essa estória entenda o por que."- fechou os olhos e continuou- "Primeiro notamos o desaparecimento do meu irmão, Shun de Andrômeda. Ficamos em alerta, pois ele era o destinado a incorporar o deus das trevas. Quando foi confirmado que aquela alma maligna estava livre, nos apressamos a atacá-lo antes que tentasse novamente dominar o mundo dos vivos. Estranhamos a ausência de outro cavaleiro, mas não demos muita importância. A batalha foi violenta, mas conseguimos derrotar Hades e finalmente descobrimos o que tinha acontecido com nosso companheiro..."

"Se aliou a Hades?"

A resposta demorou um pouco.

"Não. Mas a cena que vimos foi de um terror... sangue e corpos mutilados por toda parte... e, em cima do que parecia um altar..."-sua voz se alterou, e não era mais que um sussurro sombrio- "... ele estava acorrentado... nu... ensangüentado... como ele podia continuar vivo naquele estado?... olhos vazios, como se sua alma já tivesse deixado aquele corpo ferido..."

Sentiu o apoio de uma mão menor sobre a sua. Era raro que o mestre demonstrasse sentimentos. Este recompôs-se, afastando a mão e prosseguindo.

"O levamos até Athena, que curou seu corpo. Porém, há feridas que nem mesmo a própria deusa pode apagar..."

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Em breve: Isaak e Hyoga em 'Anjos da Neve'

Não eram mais dois meninos inocentes. Mas ainda eram anjos.

Dois anjos em plena queda livre, rumo a um paraíso de delícias proibidas. Felicidade tamanha que parecia até pecado.