Beta Reader – Akimi_Tsuki

Prólogo

Uma terrível tempestade abateu-se à noite sobre uma enorme faixa de mar que ocupava quilómetros e quilómetros de distância. Grandes ondas formavam-se como se fossem muros andantes. Parecia que o Deus do mar tinha o propósito de afundar o enorme navio, um cruzeiro comercial, que tentava manter-se à tona da água rumando por cima das ondas, com a agilidade parecida a um carro, que no meio da chuva faz as curvas com calma para não capotar.

- Agarra-te bem! – Gritou um rapaz moreno, com aspeto de ter mais ou menos 16 anos, segurando com força as barras da cabeceira da cama, que estava presa ao chão do navio.

- Está tudo húmido. – Resmungou um rapaz louro, que se encontrava mesmo ao lado do moreno, também agarrado às barras da cabeceira. – Assim não dá para usar o chakra!

Eles não estavam em pânico ou qualquer coisa do género. Não era uma tempestade que metia medo aos dois maiores ninjas do mundo shinobi. Mas estava a ser frustrante. Eram as primeiras férias que tiravam em muito tempo e logo na primeira noite levavam com um temporal horrível! Que, claro, lhes estragara por completo os planos para uma noite bem aproveitada e romântica.

Um novo trovão abateu-se sobre o navio. A porta da varanda da suíte que tinham alugado para passarem aquela semana abriu-se de repente e uma ventania diabólica entrou pelo quarto. Era tão forte que o candeeiro do teto abanou muito, batendo e fazendo a lâmpada quebrar. Algumas coisas sobre os móveis em exposição, que não estavam presas, também foram lançadas ao chão quando o barco se empinou como se estivesse prestes a subir uma montanha.

- AHHHHHHHHHH. – Ouviram gritar, no momento em que olharam para o lado de fora da varanda, viram um relâmpago que iluminou uma grande onda. O navio ia na sua direção. E antes que pudessem pensar no que fazer já a onda estava em cima deles. Fecharam os olhos e foram banhados pela água salgada. Quando voltaram a abrir os olhos, pelo meio da iluminação dos relâmpagos conseguiram ver várias pessoas a caírem e a mergulhar na água.

Os dois ninjas olharam um para o outro comunicando no silêncio, conheciam-se bem, não precisavam de palavras. Saltaram para o lado de fora pela varanda, caindo no convés abaixo, o chakra não funcionava na humidade, que se espalhava por todo o pavimento.

- Kage bunshi no jutsu. – Enquanto o louro se multiplicava e saltava borda fora para ir salvar as várias pessoas que tinham caído ao mar, o moreno corria pelo navio agarrando em pessoas que se encontravam presas do lado de fora às bordas de ferro do cruzeiro.

- Seus idiotas voltem para dentro! – Berrava o moreno para um grupo de pessoas que resolvera vir espreitar. A chuva que antes tinha sido apenas pequenas pingas começava a engrossar. Nada estava a ajudar. – Fiquem do lado de dentro. Coloquem coletes salva-vidas. E agarrem-se ao que puderem. Digam aos outros!

O grupo de mulheres e homens ficaram a olhar para ele. Quem era aquele miúdo?

- SOU UM NINJA! MEXAM-SE! – Provavelmente o olhar sombrio que fez ajudou a pôr as pessoas aterrorizadas a mover.

Quando achou que tudo se estava a correr segundo as suas ordens, decidiu ir ajudar o louro. Os clones traziam-lhe as pessoas e ele colocava-as dentro do navio. Depressa um grupo de homens da tripulação do navio resolveu ajudá-lo. Entre tropeções, quedas e escorregadelas, os dois ninjas e os marinheiros conseguiram colocar as pessoas a salvo dentro da estrutura flutuante.

- Falta apenas algumas pessoas! – Comunicou o jovem que se multiplicara por mil. – Eu consigo senti-las, mas não as consigo ver. Está demasiado escuro. Precisamos de lanternas!

Um dos marinheiros, que ouvia a conversa, aproximou-se e deu a Sasuke o que eles precisavam.

- Vamos! – O moreno pegou numa enorme lanterna e saltou para o mar, seguido do companheiro. Ficando à superfície usando o chakra. Juntos correram pela enorme extensão de água, como se corressem entre montes verdes.

- Estão ali! – Avistou. Correram para os náufragos. Mas então algo aconteceu.

Ao mesmo tempo os dois foram sugados por um remoinho que se abriu sobre os seus pés, desajeitando o controlo do chakra e fazendo os dois mergulharem nas águas turbulentas. Voltaram à superfície com dificuldade. O louro procurou pelo moreno e o moreno pelo louro. Mal as pedras ónix se cruzaram com as safiras, eles retomaram as suas emoções, pois por momentos tinham-se perdido entre o pensamento mutuo de "onde é que ele está?". Mas sabendo que estavam bem, depressa o seu discernimento se recuperou.

Quando já pensavam no grupo de náufragos que tinham agora deixado de ver, e tentavam voltar a pisar a água, uma luz forte e avermelhada cercou-os. Sentiram uma força enorme, uma natureza revoltada em grande escala. A água abanou e eles soltaram para o céu, como se tivessem num trampolim.

Perdidos e confusos. Tentaram controlar a queda que faziam de encontro à água. Olharam para baixo. Não viam mais nada a não ser o grande oceano. Cruzaram os dedos fazendo selos, acionaram o chakra e nada…

Uma nova explosão de luz fê-los rodopiar de maneira louca. Embateram um contra ao outro. Abraçaram-se. A água desapareceu. O céu desapareceu e eles foram rodeados pela completa escuridão. Mas a sensação de continuarem a cair continuou.

Uma vibração violenta fez os seus corpos tremerem. Em alguma parte daquele lugar estranho davam-se várias explosões. Gritaram de dor quando sentiram que os corpos estavam a ser puxados e encolhidos, até que algo detonou entre eles, fazendo-os separarem-se. Ficaram ligados apenas pelas suas mãos.

- Sasuke! – Berrou o rapaz louro. Não podia, não queria soltar aquela mão. Um medo avassalador dominou-o. Pensava que estava prestes a perder Sasuke, tal como uma premonição.

- Naruto! - Berrou também o rapaz moreno, com o mesmo medo e desespero que o outro.

E uma nova explosão entre cores, quase como se fosse pirotecnia fez os seus dedos desprenderem-se uns dos outros. O pânico e desespero foram as últimas coisa que viram na cara um do outro.

- Sasuke! – Tentou esticar-se, mexer-se de alguma maneira e agarrar nos dedos do moreno.

Mas uma explosão fez os dois corpos desaparecerem, como se tivessem desintegrado em pó.

Continua…