História baseada no romance Simplesmente Sensual de Carly Phillips

Espero que gostem :))


Cap. 1

Edward Cullen franziu o cenho para a xícara de porcelana finíssima na bandeja á sua frente. Como não conseguia enfiar um dos dedos grossos pela asa da peça delicada, tentou segurar a xicara com a mão inteira. Teria desistido da ideia, não fosse por sua idosa anfitriã. Emma Montgomery declarara a hora do chá e, pelo o que Edward já pudera perceber, não arrancaria nenhuma informação dela, enquanto não houvesse partilhado do ritual diário.

Não compreendia os ricos e nem sequer tentava. Tivera ampla experiência com eles, e nenhuma deixara boa impressão. Sua mãe trabalhara como faxineira, e Edward vira de perto o tipo de tratamento que davam aos empregados. Assim que tivera idade suficiente para sustentar ambos, ele havia afastado a mãe do trabalho pesado, assim como do abuso verbal que ela sofria.

Era uma grande ironia o fato de que a maior parte dos clientes que Edward acumulara como investigador particular tivesse dinheiro de sobra. E ele não se importava de receber esse dinheiro. Além de pagar suas contas, cobria também o custo da comunidade independente na qual sua mãe vivia. Era o pagamento por todos os anos de trabalho que ela enfrentara.

A mulher sentada a sua frente era uma cliente em potencial. Fora indicada por uma amiga, também da sociedade, a quem Edward restara serviços no ano anterior. Ate então, Emma Montgomery fora simpática, agradável e persistente.

Enquanto outros clientes tentavam diminuir ao mínimo as despesas de Edward, assim como seus honorários, embora pudesse pagar até mais, Emma fizera questão de pagar sua passagem de avião, de Nova York até Hampshire, no estado de Massachusetts, apenas para conversar sobre os motivos que tinha para contrata-lo. E, ainda, oferecera uma quantia polpuda, que Edward nunca recebera por um único caso, e lhe prometera total liberdade nas despesas, sem perguntas. Tudo isso, antes de explicar por que precisava dele.

Edward não estava só intrigado, mas também inclinado a aceitar. O dinheiro que ela lhe oferecera permitiria providenciar os cuidados de uma enfermeira para sua mãe. Com a visão se deteriorando rapidamente, ela não poderia continuar vivendo sozinha por muito tempo. E se, para isso, tivesse de suportar idiossincrasias como tomar chá em uma xicara minúscula, Edward se forçaria a fazê-lo.

Assim que o liquido quente atravessou os lábios de Edward, ela falou:

- minha neta precisa de uma babá. Está interessado no trabalho?

Edward engoliu o chá depressa demais, queimando a língua e quase derrubou a xicara. Não podia ter ouvido direito. Ela estava lhe oferecendo todo aquele dinheiro para que ele bancasse a babá? Sacudiu a cabeça

- o que disse?

- talvez eu tenha me expressado mal. Acho que a palavra mais indicada seria "protetor". Minha neta esta no processo de se encontrar e precisa de um protetor

Edward colocou a xicara de volta no pires, antes que provocasse danos mais sérios.

- acho que esta mal informada Sra. Montgomery – murmurou

Não importava qual fosse o pagamento, ano aceitaria o papel de babá.

- ah, chame-me de Emma, sim! – ela corrigiu com um sorriso

- Emma, sou um investigador particular. Não cuido de crianças geniosas. A proposito, que idade tem a sua neta?

Emma apanhou um porta-retrato da mesa lateral e exibiu-o.

A mulher na fotografia não estava nem perto da infância. Tinha os cabelos castanhos, assim como os olhos, e um rosto tão delicado quanto à xicara em suas mãos. Edward foi imediatamente varrido por uma onda de desejo que fez seu coração disparar.

- ela tem quase trinta anos e é linda, não acha? – Emma declarou, sem esconder o orgulho.

- sim, ela é... Bonita – ele concordou, sem jeito, pensando que a moça mais parecia uma princesa dourada.

Em sua profissão, Edward estava habituado a observar pessoas e fotografias. Costumava formar opiniões e seguir seus instintos. Raramente se enganava e nunca se deixava levar por um rosto bonito. E sempre fora capaz de manter a distância necessária. Ate aquele momento.

Aquela mulher era bonita o bastante para afetar os seus sentidos, e sensual o bastante para despertar sua libido. Os olhos castanhos refletiam riqueza de emoções e segredos bem guardados. Segredos que ele ansiava por desvendar. A missão que Edward estivera prestes a recusar tornara-se, de súbito, um trabalho que ele não poderia resistir.

- Bella mudou-se para Nova York há alguns anos – Emma informou-o – Sempre viveu da pensão que os pais estabeleceram para ela, desde a infância, sem trabalho estável, sem um homem estável.

As últimas palavras foram pronunciadas com ênfase, enquanto os olhos também castanhos examinavam Edward desde os cabelos revoltos ate as botas de trabalho.

Ele sacudiu a cabeça, como se assim pudesse se livrar daquele olhar.

- e o que esta acontecendo com Bella, que a fez entrar em contato comigo?

- ela parou de retirar dinheiro da pensão e decidiu que esta na hora de viver por conta própria

- em minha opinião, trata-se de uma atitude admirável- Edward declarou, sentindo respeito maior pela nova Bella, do que por aquela que vivera a custa da família durante anos.

- ah, sim, claro! Foi para isso que a eduquei, para ser independente. E funcionou, ate certo ponto. Ela deixou Hampshire e o pai controlador, Charlie, meu filho. Nós o chamamos de "juiz" – nesse ponto, Emma riu, embora sem demonstrar bom humor. – ela não faz ideia do significado da palavra "família".

Percebendo que ela havia se desviado do assunto, Edward tentou voltar á questão do que, exatamente ela queria.

- então, quer que Bella volte para casa?

Emma sacudiu a cabeça

- não se ela estiver em segurança e feliz, em Nova York. Isso é tudo o que me importa. No entanto, não consigo tirar informações dela, pois Bella decidiu manter sua vida em segredo. Tudo o que se dispõe a dizer é que está bem e que eu não deveria me preocupar. Como posso não me preocupar, sabendo que ela anda por aí, com uma câmera fotográfica pendurada no pescoço, prestando mais atenção em suas fotografias, do que nos seus arredores.

- ela é uma mulher adulta – Edward sentiu-se obrigado a lembra-la

- mulheres como ela são atacadas todos os dias, em Nova York. Ela jura que teve aulas de autodefesa, como se isso fosse o bastante. Tenho certeza de que minha neta esta escondendo a verdade. Desde que tive um infarto, ela pensa que esta me protegendo não sabe que é mais estressante para o coração ser mantida no escuro?

Edward assentiu em compreensão. Seu próprio pai morrera de um ataque cardíaco, quando Edward tinha oito anos. Lembrava-se do pai como sendo um homem bom, com um coração de ouro. Pena que tal coração também fosse fraco, e houvesse parado de bater quando ele voltava pra casa, de seu trabalho como gerente de uma loja de departamento. Não deixara seguro, nem muito dinheiro no banco, a mãe de Edward fora forçada a tomar medidas extremas para sustentar a si e ao filho, e acabara recorrendo à única experiência que possuía: cuidar da casa. A diferença era que, dali por diante, ela passara a cuidar das casas dos outros.

- não me entenda mal, Sr. Cullen. Estou feliz por saber que Bella tornou-se, finalmente, capaz de enfrentar o mundo sozinha – Emma explicou – isso dará a ela a chance de recuperar o tempo que o pai lhe tomou, com seu controle exagerado. Mas, ao mesmo tempo, esse tipo de liberdade me assusta. Mesmo estando com trinta anos, Bella foi protegida e mimada por muito tempo. E eu a conheço. Como deu o grande passo de sua vida, seu orgulho não lhe permitira recorrer a mim ou ao irmão, caso tenha problemas. Preciso ter certeza de que ela está bem.

- chame-me de Edward – ele disse, perguntando-se se a avó tinha motivos para pensar que Bella tinha tendência para se meter em encrencas.

Se fosse assim, que tipo de encrencas seriam essas?

Não havia a menor possibilidade de negar a Emma à paz de espirito que ela buscava. O amor que sentia pela neta, juntamente com a necessidade financeira de Edward, tomaram a decisão por ele.

Ele sorriu

- tomei algumas liberdades, calculando que aceitaria o caso.

- que liberdades foram essas, Sra... Emma? – Edward indagou apreensivo

- Bella mora em um apartamento de um dormitório, no bairro de Murray Hill. Depois de uma longa conversa com o proprietário, consegui alugar o apartamento em frente ao dela, para você. Ao que parece quem mora lá é o irmão do proprietário, mas esta fora do país, por algum tempo – o sorriso de Emma tornou-se mais largo – não é muita gentileza do amigo dele, Edward Cullen, cuidar do apartamento, nesse período?

Estendeu o braço para a mesa lateral a apanhou um molho de chaves, para então balança-lo diante dos olhos de Edward.

Ele sacudiu a cabeça

- muito conveniente – acreditara estar preparado para qualquer coisa, mas havia se enganado – deve saber que já tenho onde morar, Emma.

Emma revirou os olhos, como se ele tivesse alguma dificuldade de raciocínio.

- é claro que sei! – então, agarrou-lhe o braço com o olhar de súplica – preciso saber que Bella esta segura, satisfeita e realizada, antes que eu possa morrer em paz. E você só poderá descobrir se estiver bem perto, para ver com seus próprios olhos. Fui informada de que você é o melhor Edward

Embora soubesse estar sendo vergonhosamente manipulado, Edward não conseguiu desviar o olhar. Pior, os motivos dela pareciam tão honestos e puros, que ele se descobriu incapaz de recusar o pedido. Ora, que mal faria conhecer a neta para assegurar a avó de que estava tudo bem? Daria a paz de espirito à velha senhora e, ao mesmo tempo, uma boa enfermeira a sua mãe. Tratava-se de uma situação em que todos sairiam ganhando.

- e então? – Emma pressionou

Edward voltou a olhar para a fotografia, perguntando-se qual seria sua reação quando viesse frente a frente com Edward Montgomery, em carne e osso.

Emma deu-lhe uma tapinha amigável no joelho

- tudo bem. Todos os homens reagem assim, quando a veem pela primeira vez.

Deveria o comentário fazê-lo sentir-se melhor?

- imagino que, agora, saiba por que ela precisa de alguém para protegê-la especialmente agora, que esta sozinha e mais vulnerável do que antes.

Edward duvidava que Bella fosse tão ingênua quanto Emma imaginava. Afinal, vivia na cidade havia algum tempo e, mesmo tendo muito dinheiro, teria aprendido a ser cuidadosa. Mesmo assim, compreendia a preocupação da avó.

Edward conteve um gemido. Se não fosse cauteloso, acabaria se envolvendo com Emma e com a neta dela, mais do que deveria envolver-se com qualquer cliente. O que era o bastante para recusar o trabalho

Fitou os cativantes olhos castanhos e soube que não seria capaz de fazer isso. O amor de Emma por Bella eram uma parte da razão

. Sua necessidade financeira, a outra parte. Porem havia ainda outro motivo, bem mais elementar: se ele recusasse a missão, Emma encontraria outro investigador particular disposta a se aproximar de sua neta.

Olhando para a fotografia, Edward concluiu que não poderia confiar em si mesmo no que se dizia a respeito à Bella. Mas nada o faria permitir que outro se encarregasse da tarefa.