Título: Hurricane

Autora: Marie Vigorito

Spoilers: Bom... seguirei boa parte do canon até o final do sétimo. Na verdade, só muda alguns detalhes. Só ignorem o epílogo. Ignorem MESMO.

Disclaimer: Personagens e ambientes não me pertencem e sim à J.K. Rowling.

N/A: Bom, serei rápida. Essa fic vem de uma loucura minha e de escutar muito Hurricane do 30 Seconds to Mars. Não é uma songfic. Obrigada à Arícya Magnail por ter betado essa fic e por ser uma linda que tá me ajudando com ela. Espero que gostem. Reviews são bem vindos.


I. Prólogo

Engraçado como pequenas decisões são capazes de mudar vidas. Daquelas pequenas mesmo, do tipo se você vai para a casa de táxi ou a pé. Às vezes no táxi, você pode encontrar um motorista que é um velho pedófilo e que fará de tudo para passar as mãos em você, enquanto que, se você fosse a pé, poderia se encontrar com o homem da sua vida que a faria feliz por incontáveis anos e vocês passariam sua velhice juntos numa casa de campo. Pena que, grande parte das vezes, nós não temos realmente escolhas porque tudo está escrito, certo? Tudo está predestinado a acontecer de forma que você não tenha opções além de seguir o caminho que já foi decidido sem ser consultado por você. Que outra opção você tem além de seguir o que já foi escrito?

Isso levou Hermione a ficar parada no corredor da Sala Precisa por muito tempo. Ela estava de fato intrigada com o que Harry tinha dito sobre Draco Malfoy sumir do Mapa do Maroto por muito tempo sem realmente sair dos terrenos da escola. Não foi difícil para ela supor que ele talvez estivesse ali, uma vez que essa era a coisa mais provável de estar acontecendo. Então, assim que terminou os deveres de casa, disse a Rony que iria ler em algum lugar mais calmo, devido ao tumulto da biblioteca por conta dos exames que se aproximavam. Ao invés disso, se virou no corredor e se sentou no chão frio de pedra, esperando que, mais cedo ou mais tarde, Malfoy aparecesse. Tinha olhado no Mapa do Maroto quando ele sumira e isso fazia exatas quatro horas.

Encostou a cabeça na parede, ainda olhando para o mapa, para garantir que ele não saísse por outro lado, lhe dando trabalho à toa. Isso a fez questionar o que exatamente ela estava fazendo ali. Esperando por Draco Malfoy, mas o que faria depois que ele aparecesse? Mandaria-o parar com seus planos, sejam esses quais forem? E se ele a azarasse? O plano que ela montara era completamente substancial e tinha falhas imensas. Malfoy não a escutaria nem que ela fosse a garota mais bonita da escola – coisa que ela sabia que não era –, especialmente considerando o fato que, talvez, eles se odiassem, mas ela não tinha pensado nisso. Nunca se sentira tão boba na vida.

"Mal feito, feito." Sussurrou, escondendo os segredos da escola e deixando o mapa de lado.

Fechou os olhos pensando que, talvez, ela poderia dar um cochilo ali mesmo. Estava tão cansada das incontáveis horas que passara estudando e suas pálpebras pesavam. Sabia que, se suas teorias estivessem corretas, Malfoy apareceria e não hesitaria em azará-la. Isso foi o que a impulsionou a manter os olhos abertos o máximo de tempo que pôde. Não resistiria por muito tempo, isso era sem dúvidas, então começou a usar um método que sempre funcionou quando ela era mais nova e tinha que estudar para as provas, apesar do cansaço. Começou a pensar em todas as doze propriedades do uso do sangue do dragão, mas nenhuma lhe vinha à cabeça, tamanho o cansaço.

"Talvez se eu cochilar só um pouquinho." Murmurou, bocejando.

"Granger?" Uma voz grossa e ríspida falou, fazendo Hermione se levantar em um salto.

Era Malfoy, recém-saído da Sala Precisa. Ela estava certa, afinal, mas não teve muito tempo para comemorar, visto que o loiro apontava a varinha para ela e a encarava com um olhar de ódio. Sabia, só pelas feições e por sua postura, que Draco estava extremamente cansado. Seus cabelos, sempre tão arrumados com o gel, estavam caídos na testa de qualquer maneira, sujos e sem corte. Suas roupas, sempre tão maculadas, estavam extremamente puídas, a camisa semiaberta, o suor escorrendo por seu rosto. Era decepcionante, até deprimente, que ele se reduzisse a um estado tão inferior. Talvez por ela estar acostumada com toda a pompa que ele carregava, aquilo simplesmente não parecia certo.

"Estava me seguindo, sangue ruim?" Seu tom era de puro desprezo com a aversão tão habitual a ela que simplesmente recuou contra a parede, tentando se manter em pé apesar do medo que corria pelo seu corpo. "Potter que mandou?"

"Sim e não." Respondeu Hermione, respirando devagar com o objetivo de manter a calma e não fraquejar diante dele.

"Então, o que você está fazendo aqui?" Ele estava mais perto, a varinha apontada diretamente para a barriga da garota.

Ela podia sentir a respiração entrecortada do garoto que era um reflexo total de seu nervosismo. Hermione sabia que Draco, por mais que a odiasse, não tinha coragem o suficiente para feri-la de qualquer maneira. Além disso, ele estava fraco, cansado. Não tinha qualquer plano de machucá-la se não fosse extremamente necessário e, até aquele momento, ainda não era o caso. Ela não pretendia irritá-lo, por mais que soubesse que a última coisa que aconteceria era ele ficar feliz em vê-la.

"Eu vim para dizer que," Começou Hermione, olhando fixamente nos olhos cinza e duros do garoto. "Não importa qual seja seu plano, você não precisa executá-lo sozinho."

Draco riu. Uma risada demoníaca, nervosa. Sua pose estava completamente desfeita. Ele, que apesar de todos os desaforos deferidos e dos xingamentos constantes, sempre fora uma pessoa completamente controlada, sem perder toda a arrogância habitual. Sempre tão impassível, inabalável, era um milagre vê-lo de tal forma. Hermione sabia que deveria ser a única pessoa que jamais o vira naquele estado, mas não sabia se estava feliz por isso.

"Ninguém pode me ajudar, Granger." Ele falou, chegando mais perto dela, de tal forma que seus rostos quase se tocavam. "Muito menos você."

Deu um passo para trás, tomando distância. Não disse mais nada. Simplesmente guardou a varinha no bolso e se virou para sair. Era óbvio que ele sabia que Hermione não teria a coragem de azará-lo, principalmente se isso fosse fazê-la perder pontos para Grifinória. Além disso, ela não faria nada com ele sem motivos. Não era cruel, muito menos sádica. Ela era Hermione Granger.

"Espera, Malfoy." Hermione gritou, saindo de seu estado congelado antes que ele pudesse sumir pelo corredor.

Para a surpresa de ambos, ele estacou, levando a crer que escutaria o que ela queria falar. Aliviada, a castanha correu para ele, puxando-o pelo braço para fazê-lo virar-se. Ele continuava com seu ar arrogante, mas, aparentemente, não tinha planos de tirar a varinha do bolso de novo e estuporá-la. Ou pior.

"Só me escuta." Ela continuou, depois de ter certeza de que ele realmente prestava atenção no que ela estava falando. "Eu sei que eu sou uma pessoa que você não pode confiar e que, evidentemente, você não me suporta. Ou melhor, me odeia. Mas eu quero que você saiba que eu não vou te denunciar. Não vou falar para o Dumbledore sobre os momentos que você passa na Sala Precisa, muito menos para Harry que eu te vi saindo de lá. Só espero que você entenda que eu não quero nada de mal para você, apesar de tudo."

Quando ela terminou, ele simplesmente assentiu e se desvencilhou da mão dela. Continuou andando, mas parou de novo. Por um mísero momento, Hermione acreditou que ele tinha alguma coisa para falar e ele realmente se virou para fazê-lo, mas não precisava. Seu olhar dizia tudo. Estava claro para Hermione que ele estava grato, mas que nunca teria a coragem de admitir. Seus olhos cinza, de repente, tinham perdido toda a força que sempre tiveram. Ele se virou e foi embora, levando Hermione a crer que ele deveria estar extremamente desesperado para aceitar uma ajuda dela. Por mais superficial que fosse.

Mas ela ainda estava determinada a descobrir o que estava acontecendo.