Este livro pertence a Claire Delacroix e os personagens a Stephanie Meyer.
Se você gosta de romances Épicos, com um toque de sobrenatural e aventura leiam é maravilhoso.
Capítulo 1Edward sentiu um frio como jamais havia sen tido na vida. O vento penetrava pela pesada capa, deixando-o com os dedos trêmulos e o corpo tenso. Enquanto cavalgava ele tremia, lembrando-se de que o inverno estava apenas começando.
Muito certamente os seis anos passados sob o sol da Terra Santa o haviam deixado com o sangue muito fino.
Lobos uivavam ali perto, bem mais perto do que ele gostaria. Havia se esquecido de que, durante o inverno, uma floresta como a que o cercava podia ser fria demais, além de provocar aquela sensação de isolamento. Os ga lhos desfolhados das árvores desenhavam estranhas for mas contra o céu escuro. Poucas folhas verdes se espalhavam pelo chão, aparentemente resmungando entre si contra os intrusos indesejáveis.
Além dos lobos, nenhuma criatura viva se manifestava. Nenhuma ave cantava.
Edward encolheu-se por baixo da capa. Não era dado a tirar conclusões fantasiosas, mas a sensação que tinha era de que a floresta não estava muito disposta a lhe dar passagem. Talvez nem fosse boa idéia buscar um atalho na direção da estrada, porque dificilmente haveria uma estalagem decente nas proximidades.
Então ele pensou na casaonde havia nascido e crescido, o Castelo Cullen, sabendo que para chegar lá ainda teria que cavalgar durante uma semana inteira. O irmão mais velho dele, Emmet, àquela altura devia se sentir muito à vontade na posição de lorde de Cullen. Edward permitiu-se ter esperanças de que Emmet se mostraria disposto a fazer um favor a ele.
Evidentemente, como irmão mais novo, Edward não tinha direito a nenhum dos bens da família, mas o fato de ter servido as Cruzadas em nome da família tinha que fazê-lo merecedor de alguma coisa. Seis anos tinham sido um preço muito alto a pagar.
Agora ele queria alguma coisa de que pudesse se sentir dono. Não precisava ser muita coisa, apenas uma peque na propriedade para dirigir, algum lugar do qual Emmet quisesse assegurar o controle, talvez numa área que pre cisasse de vigorosa defesa. Edward estava cansado de viajar, sem ser dono de nada além da espada e do cavalo. Só queria ter um lar aconchegante que pudesse considerar seu, por mais humilde que fosse.
Um homem que houvesse se tornado o orgulho da família merecia isso, pelo menos no modo de ver dele. Emmet, é claro, podia ter outro ponto de vista.
Edward abaixou os olhos para a garrafa de vinho pen durada na sela. Logo ao ver no mercado a enfeitada gar rafa, tivera certeza de que aquele produto típico da Terra Santa agradaria a Emmet, um homem que gostava de coisas exóticas.
Mais uma vez Edward rezou para que o presente servisse para eliminar da cabeça do irmão mais velho qualquer reserva.
Tratava-se de uma maravilhosa garrafa, um produto que só podia ter vindo de muito longe. Ao vê-la era im possível a pessoa não se lembrar de antigas lendas ouvidas na infância. Infelizmente a garrafa estava lacrada e Edward não podia saciar a curiosidade. Durante meses vinha resistindo à tentação de abri-la, porque seria um insulto oferecerao irmão uma garrafa vazia.
Ao mesmo tempo, os muitos meses de cavalgada e os quilômetros percorridos haviam alimentado uma imagi nação que ele não sabia possuir. Cada vez mais se convencia de que dentro daquela garrafa havia um tesouro, apenas esperando por aquele que o descobrisse. Imagi nava um vinho destilado da romã, alguma exótica poção medicinal capaz de curar qualquer doença ou mesmo um perfume completamente desconhecido a leste de Bizâncio. Edward correu os dedos pelo gargalo da garrafa.
Então verificou que o lacre de cera estava solto e sentiu o coração bater mais depressa ao pensar no que podia fazer. Imediatamente puxou as rédeas do cavalo, antes que pudesse se arrepender do impulso. Mephistopheles agitou as orelhas, como se perguntasse por que eles estavam parando num lugar onde não havia nenhum abri go, mas Edward simplesmente o ignorou.
Pegou o presente de Emmet com dedos impacientes e abaixou e ergueu a mão várias vezes, sentindo o peso da garrafa. Por um bom tempo ficou olhando para o recipiente escuro, hipnotizado pela beleza do que via.
A garrafa era mais negra do que o ébano, mais negra do que qualquer coisa que ele já tivesse visto, e a superfície produzia estranhos reflexos opalescentes. O fino gargalo descia numa graciosa curva até a base bojuda, que era coberta por desenhos aparentemente indecifráveis. A tampa era feita do mesmo material escuro, com rolha solidamente enfiada no gargalo.
Um fino e sedoso cordão prateado e dourado estava amarrado na tampa, com a outra extremidade presa ao gargalo por uma razoável quantidade de cera vermelha.
Mas agora a cera havia se soltado da fria garrafa sem se quebrar e o brilhante cordão estava pendurado. O lacre continuava inteiro.
Edward podia satisfazer a curiosidade sem que Edward jamais ficasse sabendo. E era melhor não pensar duas vezes.
A rolha estava mais presa no gargalo do que ele havia imaginado. Edward fazia careta enquanto tentava retirá-la, mas sem nenhum resultado. Mephistopheles arranhava o chão com as patas, impaciente com aquela demora. A certa altura o animal começou a se mover para os lados e ele até teve medo de que a garrafa caísse no chão.
Pelas chagas de Cristo! Aquela tampa estava difícil de sair!
Obviamente ele precisava estar parado num lugar para conseguir o que queria. Depois de desmontar, Edward fir mou os pés no chão e pôs-se a puxar vigorosamente a tampa preta com a mão direita, usando a esquerda para segurar a garrafa, que mantinha presa entre as pernas.
A rolha subitamente se soltou e ele perdeu o equilíbrio, projetando-se para trás. Quando atingiu o chão, provo cando um barulho alto por causa da malha metálica que usava, a garrafa saltou da mão dele como se tivesse von tade própria.
—Idiota —ele se classificou.
Projetou-se para frente na tentativa de recuperar a garrafa ainda no ar, mas ela caiu no chão antes de ser alcançada. O presente de Emmet iria se espatifar!
A garrafa rolou pelo chão duro e parou a cerca de dois metros, aparentemente intacta.
Edward soltou um suspiro de alivio e limpou a poeira das roupas. Quando estendeu a mão para pegar a garrafa, porém, viu que alguma coisa estava sendo expelida do interior. E não era nenhum vinho, nenhum elixir, ne nhum perfume exótico.
Enquanto ele olhava, uma sinistra nuvem escura foi se formando a partir da garrafa, com incrível velocidade.
Era uma coisa anormal, para dizer o mínimo. Edward quase tropeçou nas próprias pernas enquanto recuava.
A nuvem estourou diante dele, transformando-se numa mulher excepcionalmente alta e de longos cabelos pretos. Ela estava bem ali na frente dele, embora não estivesse. As feições desenhavam-se com clareza no interior da nuvem, mas ele podia ver a silhueta das ár vores através do corpo dela. Rolfe achou que o coração dele ia parar quando a mulher se agigantou ainda mais e fixou nele o olhar.
Aquela visão não podia ser real.
A aparição chegou mais perto enquanto ele procurava entender o sentido do que via. Naturalmente era algum tipo de alucinação, como as que provocavam algumas espécies de cogumelo. Sem dúvida a imaginação dele estava se excedendo por causa da atmosfera lúgubre da floresta.
—Você! —exclamou a visão.
Edward estremeceu diante do volume daquela voz.
Pelo que sabia, as visões provocadas por ingestão de cogumelos eram silenciosas.
Mas ele não tinha sido o único a ouvir o grito da apa rição. O cavalo de carga, que até ali havia seguido do cilmente Mephistopheles, relinchou e ergueu as patas dianteiras, com isso soltando a corda que o prendia ao cavalo de montaria. No instante seguinte saiu correndo pelo meio das árvores.
Deus misericordioso! Todos os mantimentos de Edward estavam no lombo daquele animal! O que fazer agora? Enraivecido ele se voltou para a visão, que era a única responsável por aquele infortúnio.
—Você assustou um dos meus animais e agora estou sem mantimentos! O que pretendia com isso?
—Eu? —ela indagou ronronando, o que deixou Edward arrepiado.
Subitamente a aparição chegou ainda mais perto e ele pode ver os dentes horrivelmente afiados. Talvez devesse ter feito a pergunta de forma mais delicada.
Um cheiro de açafrão, canela, cravo e âmbar-cinzento encheu as narinas de Edward quando a nuvem escura o envolveu. Ele tentou encontrar uma explicação lógica para o que estava acontecendo, mas sabia que naquela região não se cultivavam Os produtos que originavam aqueles odores.
Então percebeu que a perda do animal de carga era o menor dos problemas.
—Diga-me o seu nome, mortal —ela ordenou.
—Edward de Cullen —ele respondeu, antes mesmo de se perguntar se era prudente dar aquela informação.
—Então Edward de Cullen me condena a abandonar meu adorado palácio neste lugar desolado. Confiar num mortal só complica as coisas!
Dito isso a aparição cuspiu. 0 chão se derreteu no local onde a saliva dela caiu, bem à esquerda de Edward. No mesmo instante ele saltou para o outro lado, assustado, enquanto uma nuvem de vapor subia do ponto atingido.
Então sentiu o estômago embrulhado. Devia ter jogado fora aquele queijo velho, em vez de comê-lo ao meio-dia. Na certa estava estragado.
Antes que Edward pudesse se afastar a visão abriu os braços. A nuvem, que continuava escapando da garrafa, agitou-se com fúria por baixo dela.
—Maldito seja, Edward de Cullen! —ela praguejou, apontando o dedo para ele. —Um mortal é a origem das minhas desgraças e você pagará pela perfídia dos da sua espécie!
Aquilo não parecia muito promissor, mas Edward não tinha tempo para pensar sobre o que acabava de ouvir. A nuvem começou a girar como um redemoinho, erguendo do solo uma enorme quantidade de folhas secas. A capa azul que ele usava também se agitava, açoitando as ancas de Mephistopheles, e os ruivos cabelos dele cairam sobre a testa, toldando a visão.
Edward agarrou as abas do manto, fechou os olhos e ergueu o braço para se proteger do inesperado ataque. Compri miu-se contra o cavalo, que relinchava com indignação e sacudia a cabeça. Teve a nítida impressão de que todas as roupas que usava estavam se rasgando. Era impressionante o que um queijo estragado podia fazer.
Depois, tão inesperadamente quanto havia começado, o vendaval se dissipou.
Inexplicavelmente Edward ouviu o canto de uma ave.
Agora as roupas dele estavam aquecidas, principal mente a malha metálica, que parecia ter ficado muito tempo ao sol. Edward abaixou o braço e arregalou os olhos diante do que viu.
Estava num jardim cheio de exóticas e cheirosas flores, embora aquilo decididamente parecesse impossível. Os raios dourados do sol refletiam-se nas pétalas e o ar estava cheio de um zumbido de insetos voando. A escura floresta por onde ele cavalgava momentos antes havia desaparecido.
O queijo estava estragado mesmo.
Em volta do jardim erguia-se um alto muro capricho samente construído com um tipo de pedra branca que ele não conhecia e que espalhava o reflexo prateado do sol. Um palácio baixo estendia-se às costas dele. Uma comprida piscina de azulejos azuis ia até a entrada do palácio e um tentador aroma de comida oriental chegava até ele.
Edward apertou os olhos mas, teimosamente, a visão permaneceu.
Bem como a aparição de antes. A mulher bateu com um dos pés no chão e cruzou os braços, claramente contrariada.
Não havia dúvida de que a melhor defesa era o ataque. Edward assumiu uma postura belicosa e encarou a visão.
—Que história e essa, afinal? —ele inquiriu. —Exijo que me leve de volta à floresta e recupere o meu cavalo de carga.
A mulher ergueu uma das sobrancelhas.
—Não se engane, mortal, porque o meu palácio não é uma ilusão. Ele é tão real quanto você.
Edward olhou em volta, incrédulo. O jardim parecia mes mo ser real. Retirando o elmo e as luvas ele cheirou uma das flores, apalpou as folhas e os galhos. Não estava faltando nada. Um inseto estranho que esvoaçava por cima de uma das flores picou a mão dele. Edward soltou um palavrão e recuou, sacudindo a mão. Depois dirigiu a aparição um olhar cauteloso.
—Onde estamos? O que você fez?
—Você esta exatamente onde estava —ela respondeu.
—Foi meu palácio que veio até aqui para satisfazer a maldição que caiu sobre mim. Espero que esteja satisfeito com o que fez.
Lobos uivaram ao longe, o som ecoando no muro como se quisesse apoiar as palavras da mulher. Então ela olhou em volta com um ar de desgosto.
Edward procurou pensar com rapidez. Não havia lobos no leste. Assim sendo, aparentemente aquele palácio ti nha sido levado para lá. E ele ouvira uivos de lobo na floresta antes de abrir a garrafa.
Podia ser verdade o que aquela mulher dizia?
Não! Seria um absurdo! Tinha que ser uma ilusão e ele só precisava descobrir como havia se envolvido naquilo.
—O que foi que eu fiz? —perguntou-se Edward, perplexo.—Tenho certeza de que não provoquei isso.
A fantasmagórica visão dirigiu a ele um olhar gelado.
—E claro que você é o responsável! —ela exclamou. —Acha que eu escolheria um lugar tão desolado? —Agora ela o fitava com ar de acusação. —Foi você quem abriu a garrafa e é a você que devo minha liberdade.
—Não parece muito feliz com isso —rebateu Edward. —Não é pouca coisa ser libertada de um lugar tão pequeno.
—Seria um alivio se eu não tivesse que pagar um preço tão alto. Quem se alegraria de entregar o maior de seus tesouros a um simples mortal?
Edward tornou aquilo como um insulto. Simples mortal?
—Não lhe pedi nada!
A mulher voltou-se para ele, furiosa.
—O que você quer não vem ao caso! Pode acreditar, mortal: se eu pudesse descumprir minha obrigação, fa ria isso sem o menor remorso, porque nenhum mortal merece um presente tão grande! —Aprumando o corpo ela outra vez cruzou os braços, olhando fixamente para ele. —Mas uma maldição determinou que eu entregasse a posse de meu palácio àquele que me libertasse daquela prisão. Até mesmo os Djins têm que obedecer a um código de honra.
Então ela era uma Djin? Edward lembrou-se do que havia aprendido nas andanças pela Terra Santa. Na mitologia dos árabes, os djins eram entidades que estavam abaixo dos anjos, mas muito acima dos homens.
A mulher jogou os cabelos para trás e olhou em volta.
—Eu só não estava obrigada a fazer isso de boa vontade.
Aquele palácio seria dado a ele? Edward balançou a ca beça, descrente. Raramente se tornava realidade o que se contava nas lendas. Aquilo só podia ser uma artimanha ou alguma coisa que ele não conseguia explicar, mas sem pre uma artimanha.
E uma artimanha destinada a afastá-lo daquilo que ele pretendia conseguir, isso era evidente. O cavalo de carga já estava perdido, e com uma boa quantidade de mantimentos. Edward apertou os olhos e fitou o estranho ser diante dele.
Jáouvira lendas sobre certas plantas do Oriente. Tal vez o queijo não estivesse estragado, mas podia ter sido pincelado com alguma poção destinada a confundi-lo e fazê-lo ter visões. Sim, podia ser.
Edward cerrou os punhos. Ninguém o impediria de con seguir o que queria.
—Você não me dará nada —ele disse. —Isso não passa de um embuste.
Os olhos da djin faiscaram.
—Embuste? Está recusando meu glorioso presente?
A voz dela tremia de raiva, mas Edward nem se abalou.
—Não preciso dos seus sortilégios —ele dispensou. —Recupere meu cavalo de carga e deixe que eu siga meu caminho.
—Não precisa? —indagou perplexa a djin.
Outro lobo uivou além do muro e os olhos dela bri lharam. Edward instintivamente recuou. A djin seguiu-o sem a menor dificuldade e sorriu, mostrando que tinha dentes tão afiados quando a lâmina de uma espada.
—Logo você perceberá que precisa de algum sortilégio. —ela disse, em tom de ameaça, o que deixou Edward ar repiado. —Está avisado de que buscarei vingança.
Então ela ergueu muito os braços, tornando-se ainda mais alta, fazendo com que ele recuasse cautelosamente, no que foi acompanhado pelo cavalo.
Edward perguntou-se se eles não podiam correr até o portão enquanto ela parecia distraída.
—Edward de Cullen —vociferou a mulher, fazendo com que a terra tremesse. —Ao demonstrar ingratidão pelo meu presente, você se fez merecedor de um castigo: viverá o resto de seus dias como um lobo.
A djin ria de satisfação.
Como um lobo?
Embora soubesse que aquilo não fazia sentido, Edward correu os olhos pelo próprio corpo. Nada havia mudado e ele experimentou uma sensação de alivio. Ao mesmo tempo fechou o semblante. Tinha sido uma tolice dar crédito às palavras daquela mulher.
—Um lobo —ele repetiu, com ceticismo.
A djin apertou os olhos.
—Não está acreditando?
A resposta de Edward foi dada com uma coragem sem dúvida originada do medo.
—Sou um homem que só acredita no que vê, e estou vendo que nada mudou em mim. Portanto, acho que você e... —Nesse ponto ele fez um gesto indicando o palácio. —e esse palácio são simples resultado de um queijo estragado que eu comi.
—Um queijo —vociferou a djin, fazendo com que Edward e Mephistopheles recuassem ainda mais. —Tem a coragem de atribuir a minha presença a um queijo?
O céu se tornou escuro e um trovão ressoou. Raios espocaram a distancia e a terra começou a tremer sob os pés do Edward. O cavalo moveu-se para o lado, nervoso.
—Eu sou muito mais do que um simples queijo e logo você verá a verdade!
—Talvez eu devesse ter sido mais diplomático —res mungou Edward consigo mesmo.
A djin cresceu ainda mais diante deles, equiparando-se às mais altas colinas, e Edward achou que devia temer a ameaça dela. Os efeitos do queijo estragado estavam piorando a cada minuto.
Queijo. Ele estava repetindo aquilo como se fosse uma ladainha, mas ao ver o crescimento da nuvem perdeu toda a convicção.
Quando a djin voltou a falar, foi numa voz que fez a terra tremer. As árvores se agitaram, empurradas pela respiração dela. As flores em botão voltaram a se fechar.
—Forças da terra, ouçam minhas palavras e façam cumprir minha maldição. Ensinem esse mortal a respei tar meus poderes e prendam-no no lado de fora deste muro. Façam com que vagueie e se lamente pelas redon dezas, este lugar servindo para lembrá-lo de tudo o que ele mais ama. Como mortal, desistirá de buscar o que quer, mas terá a sina de se lembrar disso para sempre. A primeira mulher que se aproximar daqui será conde nada a desposá-lo, apesar da maldição que recaiu sobre ele. E façam com que a pessoa de sua maior confiança leve um assassino até ele.
Cessou o vento que quase rasgara o manto de Edward e a voz da mulher silenciou. Quando abriu os olhos ele estava no lado de fora do muro branco. Outra vez a floresta o cercava e flocos de neve caíam em torno dele. Não havia sinal da djin, embora o inverno houvesse sur gido com súbito rigor!
—Que sofra tanto quanto eu sofri, mortal —trovejou a voz da djin vinda de todos os lados, embora ela não estivesse à vista.
Edward fez um giro completo com o corpo e constatou que estava sozinho.
—Observe a sua mudança ao cair da noite.
A gargalhada que ela soltou encheu a floresta, apa rentemente sem ter uma origem definida.
Edward sentiu um arrepio, procurando se convencer de que aquilo se devia à súbita mudança de temperatura. O céu estava escurecendo, embora ele se recusasse a temer a noite.
—Foi o queijo —ele disse a Mephistopheles, categó rico. Embora estivesse falando com o cavalo, sabia que argumentava consigo próprio. —A visão desapareceu —prosseguiu, com uma convicção que estava longe de sen tir. —Estamos na floresta, exatamente como estávamos antes, exatamente como estivemos o tempo todo. Não é nada surpreendente eu não ter visto o muro daquele pa lácio, já que ele é tão branco quanto a neve que cai. —Nesse ponto Edward abanou a mão, deliberadamente igno rando o fato de que antes não estava nevando. —Tudo perfeitamente lógico —ele concluiu, com teimosia.
Mephistopheles dirigiu ao cavaleiro um olhar que, não fosse ele um animal, poderia ser considerado de ceticismo. Logo depois, olhando para o espaço por trás de Edward, o cavalo relinchou e sacudiu a cabeça.
Edward sentiu um curioso comichão e teve medo do que poderia ver. Virou-se e viu de relance uma cauda pra teada que volteava em torno dele, em círculos cada vez mais fechados. Isso o obrigou a continuar girando, aper tando os olhos para tentar ver melhor.
—Não! Não pode ser!
Finalmente agarrou a cauda e arregalou os olhos ao sentir o violento puxão que ele próprio deu. Tratava-se de uma cauda longa e de pêlos prateados... firmemente fixada à base da coluna vertebral dele!
Exatamente como a de um lobo.
Antes que ele pudesse emitir qualquer som, Mephisto pheles bateu com uma das patas no chão para adverti-lo.
Edward voltou-se para ver a garrafa rolando no chão, aparentemente por vontade própria. Ao recuar ele esbar rou no muro do palácio.
Sabia que devia fugir imediatamente dali, mas não conseguia afastar os olhos daquela garrafa, que rolava para um lado e para outro, deixando marcas no espesso tapete de neve.
Subitamente uma voz atingiu os ouvidos de Edward.
—Maldita seja esta garrafa! Qualquer um consideraria uma bênção ficar livre da companhia dela, mas não! Esta garrafa amaldiçoada tinha que dificultar a minha saída das formas mais desagradáveis. Muitos séculos de espera pelo resgate deveriam deixar uma pessoa entrevada, eu acho, mas na verdade...
Edward arregalou os olhos e Mephistopheles empinou as orelhas quando a voz feminina guinchou.
—Oh! Eu nunca imaginei que teria esse prazer. Sem duvida ela se consumiu duas vezes mais do que eu, se não mais, mas talvez a longo prazo a maldade dê melhor resultado. - Agora era outra djin quem falava. Edward achou que já eram djins demais para um só dia.
—Suma daqui —ele gritou. —Vá perturbar outro, se quiser, mas me deixe em paz! Já ouvi maldições de djins suficientes para o resto da minha vida!
A voz silenciou, mas mesmo assim Edward resolveu que ficaria o mais longe possível daquela garrafa maldita. Assim decidido, deu um violento chute no recipiente es curo, que saiu voando.
Mas a garrafa não se afastou tanto quanto ele queria antes de cair na neve que ia se acumulando. Outro guincho abafado fez com que Edward estendesse a mão para a sela do cavalo, sem querer saber de onde vinha aquele som.
Ele não pretendia ficar ali, como um idiota, esperando para ver qual poderia ser a resposta da djin. Iria embora imediatamente, com ou sem rabo.
Uma nuvem rosada começou a sair da garrafa, fazendo com que a atmosfera em volta de Edward e do cavalo ad quirisse uma luminosidade parecida com a do alvorecer.
Não era uma coisa desagradável.
Edward hesitou, apesar da intenção de ir embora, e se viu olhando para trás com curiosidade.
—Assim é bem melhor —declarou uma voz feminina.
—Ah, sim, muito melhor. E um alívio ter espaço para esticar os braços e as pernas.
A luminescência foi crescendo, envolvendo as árvores próximas, depois retrocedeu até se transformar numa apertada bola. A nuvem irradiava uma curiosa luz opa lescente, mas fora do seu raio de ação o céu continuava escurecendo.
Cavalo e cavaleiro trocaram olhares de desconfiança, até que um estampido por trás da nuvem chamou a aten ção deles.
Uma mulher esbelta, de aparência comum e idade indeterminada estava sentada na garrafa emborcada. Com o queixo apoiado numa das mãos, dirigia a Edward um luminoso sorriso.
Bem, talvez ela não fosse exatamente comum, porque se vestia de uma forma curiosa. Usava as calças trans parentes e os sapatos com ponta revirada pana cima que eram a vestimenta mais adotada pelas mulheres do oriente, tendo por cima uma túnica de gola alta cheia de bordados, diferente de tudo o que ele já vira em matéria de roupa. Os cabelos eram pretos e curtos espetados. Além disso a mu lher usava um chapéu de pele branca com bolas de lã vermelha que, penduradas nos lados, balançavam-se quando ela se movia. Pendurada na cintura tinha uma espada mui to parecida com a de Edward.
Durante algum tempo a nova aparição ficou observan do o olhar curioso de Edward antes de abaixar os olhos pana se examinar, como se quisesse ter certeza do que estava vestindo.
—Ai, meu Deus —ela murmurou, pondo uma das mãos na cintura.
Por alguns instantes uma intensa luz deixou Edward ofuscado. Quando ele abriu os olhos, depois de breves segundos, as vestes da mulher eram outras.
Agora ela vestia uma túnica azul justa, uma camisa aberta na frente e um manto de pele que descia até as botas. Tinha a aparência de qualquer mulher da nobreza que Edward conhecesse, com a diferença de que o chapéu de pele permanecia.
Como se quisesse responder ao olhar curioso de Edward, a mulher sorriu e tocou no chapéu.
—Ele é bom para aquecer. —ela informou.
Tinha um cento charme infantil, mas isso não diminuiu as desconfianças dele.
—Você é outra djin? —perguntou Edward.
A mulher pestanejou, aparentemente surpresa com o tom hostil da voz dele.
—Sim, sou uma djin. Devo dizer que seus modos são decididamente atrevidos.
—Meus modos são até muito dóceis se comparados com os da última djin que eu conheci —declarou Edward, apertando os olhos. —Quantas de vocês, exatamente, estão dentro dessa garrafa?
A pergunta pareceu deixá-la confusa.
—Apenas duas, felizmente, porque a companhia dela já era demais para mim. —Nesse ponto ela revirou os olhos. —Cá entre nós, vários séculos demoram mais para passar do que se possa pensar.
Edward perguntou-se se estava ouvindo direito, mas logo depois a mulher prosseguiu, num tom alegre.
—Estou muito aliviada por ter sido libertada. E sou obrigada a atender a um desejo seu. —Franzindo a testa, ela encostou a ponta do dedo nos lábios, pensativa. —Como era mesmo? —perguntou, falando consigo própria. —Um desejo? Três desejos? —Então olhou novamente para Edward. —É preciso seguir as regras, sabe?
A ultima djin com quem Edward havia falado tinha dito algo muito parecido antes de descarregar sobre ele toda a sua ira. Portanto, já era hora de partir.
—Isso não importa —ele disse, com rispidez. —Obri gado, mas não preciso de favores de djins.
Dito isso ele recuou vários passos e outra vez pôs a mão na sela de Mephistopheles. Conseguiria montar e cavalgar para longe sem que ela o impedisse? Não custava tentar.
—Ah, mas eu devo insistir que...
—Não, pode guardar para um outro o que quer me dar. Com licença.
Mal ele pôs o pé no estribo, ouviu o riso mal contido da mulher.
—Ela é muito habilidosa no que faz, não é mesmo? —perguntou a djin, com admiração.
Edward viu que a mulher estava olhando para o rabo que agora o ornamentava e sentiu um calor provocado pelo embaraço. Incomodado por um formigamento na ponta dos dedos, abaixou os olhos e viu que estava com as unhas escuras. Como garras. Uma onda de pânico o fez voltar-se para a djin, já que não havia outra alternativa.
Ele estava se transformando num lobo!
—Você disse que me concederia um desejo, não disse?—inquiriu Edward, ao que a djin assentiu com a cabeça. —Pode desfazer o feitiço da outra?
—Desfazer? —A djin mostrou-se chocada e balançou decididamente a cabeça. —Ninguém pode desfazer nada. Não ha como conseguir isso.
—Então não pode me ajudar?
A djin aprumou o corpo.
—Eu não disse isso —ela declarou, com orgulho. —Vou ajudá-lo, apesar dos seus modos, porque acho que ela foi grosseira com o homem que a libertou. Sabe... eu tinha esperanças de que o tempo a curasse daquelas ten dências maldosas, mas aconteceu justamente o contrário. —Nesse ponto a djin suspirou e dirigiu a Edward um olhar cortante. —E eu sempre achei que a grosseria não merece desculpa, em nenhuma circunstância
Edward abaixou os olhos, reconhecendo que tinha sido um tanto grosseiro com aquela criatura, mesmo estando sob terríveis circunstâncias. O vento balançou o rabo dele, como se quisesse lembrá-lo de cormo eram aquelas circunstâncias.
—Mas sempre senti uma inexplicável afeição pelos mortais —voltou a falar a djin, outra vez animada.
Edward não deixou de reparar que ela havia enfatizado uma das palavras. Sentiu-se corar e lamentou não ter usado um pouco de charme justamente naquela hora. A djin, porém, parecia nem prestar atenção nele.
—Vejamos... —ela murmurou, mexendo o pé e batendo com a ponta do dedo no lábio inferior.
Subitamente Edward sentiu algo esquisito nas orelhas. Imediatamente ergueu a mão, rezando fervorosamente para não encontrar o que estava pensando, mas foi em pêlo que os dedos dele tocaram.
A mulher aparentemente nem reparava naquilo, o que o deixou profundamente frustrado. Era como se ele fosse um mero brinquedo nas mãos daquelas djins. O que podia ter feito pana merecer tal sina?
—Pelas chagas de Cristo, mulher —vociferou Edward, impaciente, o que pelo menos a fez olhar para ele. —Pense o que quiser, mas depressa!
A djin fez um ar de surpresa. Em seguida fechou os olhos e apertou os lábios, parecendo uma menina de seis anos ao se concentrar.
—Poderes de trás e poderes adiante, cumpram minhas palavras como nunca ante. O amaldiçoado só precisa pa gar de dia... —Nesse ponto ela hesitou e mordeu o lábio inferior, evi dentemente procurando uma rima.
Não se podia esperar mesmo dons poéticos de uma bruxa.
—Ante? —repetiu Edward, desconfiado.
A djin dirigiu a ele um olhar cheio de hostilidade. Logo depois, porém, mostrou um sorriso brejeiro.
—Desfazer feitiços não é o meu forte —ela declarou, fechando outra vez os olhos. —Agora me esqueci de onde estava.
Edward ficou em silêncio, sem ousar interrompê-la outra vez.
—Ala-Kazam —prosseguiu finalmente a mulher. —A noite serás homem.
Edward conteve a respiração.
Ficou esperando.
E observando.
Nada mudou.
Se mudou alguma coisa, o rabo dele agora parecia ainda mais espesso. Suspirando de impaciência, ele olhou fixamente para a companheira que a contragosto havia arranjado.
Aparentemente os poderes daquela djin não eram tão poderosos. Isso não era de admirar, considerando a qua lidade das rimas que ela criava.
—Ala-Kazam —repetiu Edward, com descrença. —Ago ra é que estou enfeitiçado mesmo.
Logo depois sentiu nas costas a forte batida de alguma coisa invisível e deu um salto. Soltando um grito, olhou rapidamente para os lados. A djin mostrou um sorriso de absoluta inocência.
—Uma afeição completamente inexplicável —ela o lembrou. O que disse em seguida tirou de Edward qualquer vontade de se desculpar que ele pudesse ter. —Esse feitiço é dos bons, eu diria.
Aquilo o deixou por alguns segundos de boca aberta, atônito.
—Mas... isso é tudo? Não pretende fazer mais nada? Ser lobo só durante o dia é um pouco melhor do que ficar assim o tempo todo, claro, e eu lhe fico grato... No entanto, e com todo respeito, devo dizer que esperava um pouco mais!
A djin empertigou os ombros e bagunçou cabelos para trás.—Eu lhe disse que não poderia desfazer o feitiço. Na verdade, não achei que ele seria tão difícil. —Outra vez ela o olhou com hostilidade. —E não gosto de trabalhar sob pressão.
Edward pigarreou, esforçando-se para manter a calma.
Talvez a bruxa se saísse melhor se ele não se mostrasse tão ríspido. No passado o charme o levara a conquistar muitas coisas, sem falar nos favores de mais de uma donzela. Bem que podia destinar Àquela djin um pouco do carisma que sabia ter.
Plenamente consciente de que, ao menor deslize, podia piorar ainda mais aquela situação, Edward respirou fundo e olhou para a djin.
—Você realmente se superou ao quebrar parte do encanto apenas pronunciando umas poucas palavras —ele começou.
A djin olhou-o com cautela, evidentemente desconfiada daquela mudança de tom. Então Edward a brindou com o melhor dos sorrisos.
A expressão da mulher tornou-se mais branda, embora ela desviasse nervosamente os olhos. Edward conhecia aque le gesto, genuinamente feminino, algo que deu a ele um pouco mais de confiança.
Era bom saber que as mulheres, fossem djins ou mor tais, não eram muito diferentes.
—Pode ter certeza, madame —ele prosseguiu, falando com brandura. —Fico-lhe grato pelos seus esforços. Foi o choque da mudança que sofri que me fez falar com rudeza. —Edward aprisionou o olhar da mulher quando ela se voltou para ele e deliberadamente passou a falar num tom mais grave. —Agradeço de todo o coração pela sua ajuda.
A djin abriu um largo sorriso.
—Posso tentar novamente —ela se ofereceu.
—Ah, não imagina o quanto eu ficaria feliz com isso! —ele disse, entusiasmado. Animado pela disposição dela, ate se arriscou a fazer uma sugestão. —Acha que seria possível desfazer todo o feitiço?
A djin descartou a hipótese sem ao menos pensar no assunto, que era o mínimo que ele esperava.
—Ah, não. Isso é impossível. Você deve merecer a sua salvação nas condições já determinadas. Isso eu não posso mudar, mas posso lhe conceder alguma coisa favorável.
—Merecer? Eu não fiz nada para merecer esta maldição!
Uma sensação de formigamento o fez interromper o protesto. Edward abaixou os olhos e viu o pêlo prateado que se espalhava pelo corpo dele. Aquilo o fez soltar um gemido, que na verdade mais pareceu um uivo.
Então olhou para a djin, chocado, mas ela apenas sorriu. A mulher apontou o dedo para o nariz de Edward, um nariz que agora estava preto!
—Você abriu a garrafa —ela explicou. —Não esta percebendo? Isso o tornou merecedor do que está vivendo agora.
—Mas será que você pode fazer alguma coisa? Eu lhe suplico, madame, ajude-me no que estiver ao seu alcance!
—Bem, talvez eu possa conseguir um pouco mais —murmurou a mulher.
—Depressa, por favor!
—Eu já lhe disse que não gosto de trabalhar sob pressão.
Edward quis interromper o que ela dizia, mas agora a voz dele era um latido. O pânico ameaçou dominá-lo, enquanto a djin apenas fechava os olhos.
—Embora durante o dia enfeitiçado, e o acesso ao jardim lhe seja negado, que à noite na floresta ele não precise ser aprisionado. Finalmente, por força de um poder superior, que esse feitiço seja quebrado em nome do amor. —A mulher abriu os olhos e sorriu de satisfação. —Gostou? E desta vez não gaguejei.
Edward achou que não podia confessar admiração pelo jogo de palavras que a djin acabava de fazer. Na floresta aprisionado? Em nome do amor?
Mas que solução era aquela?
Cheio de frustração ele latiu, mas agora era tarde de mais. Então correu em volta da djin, esbarrando na neve que se acumulava. Tarde demais, tarde demais!
Mas... e a mágica dela? Já era noite e ele continuava sendo lobo! Edward uivou para a lua, que começava a apa recer no céu. Depois dirigiu à djin um olhar de acusação.
Ela não tinha dito que ele seria lobo só durante o dia? Os poderes que dizia ter eram uma impostura!
A djin olhou para a lua e torceu os lábios.
—É só uma questão de tempo —ela garantiu a Edward, com uma confiança não muito convincente. —É muito mais fácil lançar um feitiço do que desfazê-lo.
Edward havia pensado que a dificuldade dela era com as rimas, mas agora não tinha como discutir com aquela mulher. Então latiu alto e, pela primeira vez, gostou do som que estava emitindo.
Gostou principalmente de ver que a djin recuava, bus cando proteção por trás da garrafa ao mesmo tempo que olhava para ele, desconfiada.
—Não é boa coisa ela estar voando livremente por ai. —disse a mulher, falando depressa. —Para começo de conversa, havia um bom motivo para ficar confinada nes ta garrafa, como você deve imaginar. Talvez seja prudente prendê-la outra vez.
Agora já era demais. Edward achou que estava sendo paciente além da conta. Não queria mais saber de djins ou feitiços que elas pudessem lançar.
E havia uma boa forma de mostrar isso.
No instante seguinte ele avançava para a djin, ros nando e mostrando os dentes. Logo depois mordeu o ar com força, só para deixar claro o que estava sentindo.
—Ora, ora —disse com indignação a mulher, agora a vários metros de distância. —Vejo que vou precisar da ajuda de alguém.
Então ela apanhou tanto a garrafa de onde havia saído quanto a tampa. Girando rapidamente o corpo, marchou para a floresta, as bolotas vermelhas do chapéu balan çando freneticamente. Não deixou pegadas na neve macia e num piscar de olhos desapareceu entre a árvores.
Edward ficou sozinho. Mephistopheles olhava cautelosa mente para ele. O silêncio da floresta os cercava e o luar se refletia na neve.
Se não fosse pela mudança que ele havia sofrido nem pelo muro do castelo, que estava bem ali atrás, era como se nada daquilo houvesse acontecido.
Lobos uivaram ao longe e Edward sentiu uma primitiva vontade de imitá-los. A floresta jamais havia lhe parecido tão atraente, mas ele fincou pé onde estava.
Se não fosse por outro motivo, poderia proteger o cavalo de outros lobos famintos enquanto pensava numa saída para o feitiço da primeira djin.
Detestava não ter outras opções.
E já havia culpado o queijo!
Ps: Eu gostei muito desse livro, ele é engraçado e muito romântico, e com doses de mistérios e aventura, que quiser ler o livro original me mande uma MP separando os pontos ou ff não vai mostrar o E-mail.
Enfim, esse capitulo é um capitulo piloto, se quiserem que eu continue avisem.
