Ah se pudesse ver sua querida Pandora outra vez.
Ah se pudesse toca-la uma vez mais.
Estava morrendo, sentia suas forças indo embora.
O colar que lhe dera, ela estava usando, a viu usar.
Lembrava-se do dia que a viu pela primeira vez. A criança que arruinaria sua vida. A criança que viu crescer.
Pandora abriu a caixa e lá encontrou os generais, inclusive ele. Libertos, Radamanthys e os outros, acompanhavam a vida da pequena Pandora e de seus pais. O filho que reencarnaria Hades nasceu e assim começou a saga da pequena.
Mas ela cresceu.
Ficara bonita, algo que um dos generais do submundo não podia negar.
Mas seus olhos eram só para Pandora, não se importava com resto.
Amor? Sentimento tão humano crescendo em um ser que nem humano era?
Em silencio Radamanthys aguardava para o dia em que poderia ficar com Pandora, mas esse dia não chegou. Nunca chegaria.
Mas Pandora era imponente, prepotente. Era uma boa líder, não podia negar.
Um dia, quando recebeu o colar de pérolas, pensou que seus pais haviam lhe dado. Ficou parada em frente à penteadeira por um logo tempo e depois pôs em seu pescoço. Ele ficou olhando nas sombras a alegria da jovem. O sorriso que nunca saiu de sua lembrança. Ela deixou o quarto e ele saiu das sombras. Ele estava contente.
Saiu correndo atrás deles, mas só encontrou morte. Todos haviam morrido. O castelo pertencia a ela e agora, e ela teria que cuidar de tudo até a chegada do poderoso Hades.
O sorriso saiu de seus lábios. Suas feições eram amargas. Sua música não transbordava mais alegria.
Mas Radamanthys ouvia. Ele a olhava. E, apesar de tudo, ela continuava no dia em que ela o castigou por ter desobedecido a suas ordens, Radamanthys ainda almejava pelo dia de ver seu sorriso novamente.
Nos quadros pelo castelo, ela sorria tão alegremente como no dia em que deu o colar para ela.
Será que ela sabia quem lhe dera? Será que ela sabia que passara pelo seu orgulho por ela? Acho que ela sabia.
Agora, na beira da morte se lembrou que ela estava usando o colar quando foi vê-la pela última vez. Isso o fez feliz.
Em seu último suspiro, Radamanthys chamou pelo nome de Pandora, e sua imagem sorrindo lhe encheu seus últimos pensamentos.
E, então, morreu.
