Os personagens desta fanfic não me pertencem. A música também não. Mas eu não pretendo comercializá-los ou ganhar qualquer coisa por ter escrito esta fic além de comentários preciosos.
Desafio: Nenhum
Ship: Harry/Draco
Capa: por Bruna Black - Link no meu perfil
Sinopse: Logo agora... logo agora que descobri que te amo... você me escapa
Spoiller: 6
Beta: não tem – esta fic foi revisada em 13/09/2008
Finalização: 29/06/2008
Quantidade de capítulos: 1
ODE
Harry Potter estava sentado no chão do seu quarto na Rua dos Alfeneiros, número quatro.
Quem entrasse naquele momento, certamente não o reconheceria como o herói do mundo mágico.
Mais descabelado do que o normal, o rosto marcado pelas lágrimas, o garoto parecia mais algo jogado ao léu pelo chão do que o adolescente que faria dezessete anos dali a uma semana e tomaria as rédeas de sua vida.
Harry Potter estava jogado no chão. Assim como o jornal daquela manhã.
Na capa, uma foto de Draco Malfoy sob os dizeres "Comensal foragido".
Ah, meu amor não vás embora
Vê a vida como chora
Vê que triste esta canção
Eu te peço não te ausentes
Pois a dor que agora sentes
Só se esquece no perdão
Seis anos de rivalidades. Seis anos de brigas, xingamentos, insultos, manhãs perdidas se encarando. Seis anos perdidos em uma rivalidade insólita.
Draco não era o filho da puta que pensava. Draco.
Draco. Draco. Draco.
Como desejava voltar atrás. Como desejava ter aceitado o aperto de mão, ter aceitado a amizade.
Ter aceitado tudo o que poderia ter sido e não foi...
A meu amado me perdoa
Pois embora ainda me doa
A tristeza que causei
Eu te suplico não destruas
Tantas coisas que são tuas
Por um mal que já paguei
Draco Malfoy estava foragido. Estava sendo abertamente perseguido pelos Aurores em toda a Inglaterra e, certamente, segundo confirmações da Ordem da Fênix, pelos Comensais também.
Harry nunca pensara tanto em Malfoy quanto naquele verão. Nem no ano anterior, quando seus amigos lhe alertavam para a sua crescente obsessão pelo loiro.
Loiro. Com seus cabelos impecáveis, suas vestes caras e a pose aristocrática.
Seus olhos.
Como Harry nunca reparara naquela beleza toda que passava desfilando a sua frente durante os últimos seis anos?
E agora, estava tudo perdido pra sempre.
Ah, meu amado se soubesses
A tristeza que há nas preces
Que a chorar te faço eu
Se tu soubesses num momento
Todo o arrependimento
Como tudo entristeceu
As lágrimas corriam livremente pelo seu rosto.
Agora ele sabia. Agora ele tinha tanta certeza que machucava. Agora ele via claro como água e sufocava em seus sentimentos.
Não era rancor. Não era ódio. Não era rivalidade. Não era obsessão.
Era uma preocupação tão grande que o paralisava, que focava seus pensamentos, que lhe tirava o ar, que tomava os seus sonhos, que o fazia chorar de agonia contida, que o fazia sorrir com lembranças não tão felizes, mas certamente ternas, que o fazia se lembrar, que o fazia perseguir, que o fazia acusar, que o obrigava a perdoar.
Não era só preocupação. Não era só a consciência. Não era só o instinto. Não era só uma palavra.
Era algo que lhe roubava a sanidade. Que o impulsionava. Que o afligia.
Era um amor tão grande que o machucava.
Era o que o mantinha vivo naquela casa desde a morte de Dumbledore. O último dia em que ele o viu.
E deixou escapar por entre os dedos.
Se tu soubesses como é triste
Eu saber que tu partiste
Sem sequer dizer adeus
Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus
O sangue espirrou do rosto e do peito de Malfoy como se ele tivesse sido cortado por uma espada invisível. Ele recuou, vacilante, e caiu no chão inundado, espalhando água e deixando cair a varinha da mão direita frouxa.
- Não... – exclamou Harry.
Ele se levantou, escorregando e cambaleando, e se precipitou para Malfoy, cujo rosto agora brilhava escarlate, suas mãos pálidas apalpavam o peito encharcado de sangue.
- Não... eu não...
Harry não sabia o que estava dizendo; caiu de joelhos ao lado de Malfoy, que tremia, descontrolado, em uma poça do próprio sangue.
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Harry Potter estava jogado no chão de seu quarto no número quatro da Rua dos Alfeneiros, dolorosamente consciente do quanto amava Draco Malfoy, o menino que lhe sorria no retrato de jornal caído a sua frente.
E não havia mais nada a se fazer.
Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus
oOo
NA: A música é "Apelo", composição de Vinícius de Morais e Baden Powell, de 1966, interpretada por Toquinho, Vinícius e Maria Bethânia com o poema "Soneto de Separação", também do Vinícius, em gravação de 1973.
Esta fic foi uma inspiração súbita ao ouvir a música tentando me concentrar para terminar "Dupla Face", que pretendo postar em breve...
É um presente para amiga paciente, que tem me ouvido muito nos últimos dias: DarkAngel, a quem eu prometo que vou escrever uma HD feliz. Mas ainda não foi dessa vez... Veja pelo lado bom: pelo menos não tem sangue... XP
