I hate to be denied
How you hurt my pride
I feel pushed aside
But laugh, laugh, laugh
I nearly died
Laugh, I nearly died - The Rolling Stones
Ok... Talvez não tenha sido isso que seu pai quis dizer quando mandou que ele tomasse conta de seu irmão e tentasse passar desapercebido, mas sério... Papai só ia voltar de noite, isso se não resolvesse arrumar mais alguma coisa pra matar por lá e ficasse mais uma semana – não seria a primeira vez – e o Sammy já está começando a esquecer qual é a cor do sol e do céu.
Dean já repetiu 375 vezes que é "amarelo" e "azul", respectivamente, mas não adiantou. Nem uma das trezentas e setenta e cinco vezes adiantou. E ele sabia que não podia deixar o Sam sozinho... Não depois de Fitchberg – porque se a possibilidade de ter estragado tudo e deixado o Sammy morrer já não fosse péssimo o bastante, o castigo e o tratamento do silêncio que o papai deu por uma droga de mês inteiro foi ainda pior – e já que ele ia desobedecer mesmo o pai, era melhor fazer por completo.
- Se você continuar sentado me olhando com essa cara, eu vou deitar naquela cama e não vou mais mover nem um músculo até eu sentir fome de novo! E só pra te lembrar, tenho 4 pacotes de M&M's enfiados embaixo do travesseiro!
- Dean – Sam reclamou, fazendo aquela cara – Você tem uma faca debaixo do travesseiro.
Ah é, como se isso o impedisse de ter um lanche lá também...
- O que eu posso dizer, Sam? Trabalho e diversão podem sim andar juntos! – Dean sorriu e a cara do Sam ficou ainda mais azeda.
Dean deu de ombros, ele preferia mesmo se não tivesse que desobedecer, apesar de também estar de saco cheio daquele quarto.
- Você tava falando sério? – Sammy perguntou com uma voz desconfiada – Sobre sair?
- Eu tava, mas você ficou aí, fazendo essa cara de bunda e reclamando por eu manter um estoque completamente sensato de doces...
- Não! – o mais novo exclamou – Não, não! Eu não reclamei, sério, eu só...
O olhar que Sam lançou para o irmão foi suplicante, desesperado.
- Eu não ouvi, Sammy... – Dean comentou numa voz meio cantada, folheando uma revista sem enxergar as páginas.
- Por favor... Por favor, vamos lá fora?
- Só porque você pediu por favor.
- Idiota.
- Prego.
Sam parecia pronto para começar a quicar nas paredes, cheio de energia acumulada e Dean imaginou se uma coleira seria muita maldade.
- Aonde a gente vai?
- Não dá pra ir muito longe, o pai vai voltar e eu não quero mesmo que ele pegue a gente fora do quarto.
Dean pode praticamente ouvir o girar de olhos do irmão.
- O que é?
- Nada, Dean... – Sam suspirou.
Ah, isso não vai ficar assim... Vai ter um sermão em cinco, quatro, três, dois, um...
- É só que... – dessa vez, Sam bufou – Por que você sempre precisa fazer tudo que o pai manda? Ele não é Deus, sabia?
- É, eu sei... Porque se Deus existisse, você saberia quando calar a boca.
Isso fez com que Sam ficasse quieto, mas o jeito com que ele enfiou as mãos nos bolsos e começou a pisar duro eram sinais clássicos de que aquela briga ainda não tinha acabado.
Se obrigando a respirar fundo, Dean resolveu fingir que não tinha uma nuvem enorme e escura sobre a cabeça dos dois, mas não pode deixar de se perguntar qual foi a última vez que eles simplesmente conversaram sem terminar querendo esganar o outro.
- Tem um parque ali na frente – Dean apontou – A gente pode ir lá e arrancar as crianças dos balanços ou algo assim...
- Balanço é só pra bebês. – Sam resmungou, chutando uma lata com estardalhaço.
Dean deu de ombros.
- Bom, eu gosto.
A caminhada parecia mais longa com aquele silêncio pesado, mas nenhum dos dois garotos parecia disposto a dizer mais nada. Dean começava a questionar se havia sido uma boa idéia sair desse jeito, especialmente quando o Sam estava com claros problemas hormonais, provavelmente naqueles dias, por que não é possível tanta cara de bunda num garoto só e-
- Talvez o balanço seja legal – Sam resmungou.
Espiando o mais novo pelo canto dos olhos, Dean sorriu.
- O que você quiser, Sammy – ele disse, porque naquele momento Sam era o Sammy.
Sam franziu o nariz, com nojo.
- Eu acho que já sou grande demais pra você me chamar desse jeito.
- Que jeito, Sammy?
- Você é tão idiota...
- Não sou não, eu sou um máximo.
Como prometido, Dean expulsou as crianças que ocupavam o balanço e Sam não conseguiu disfarçar como estava animado com a situação toda.
Realmente era divertido, ou talvez ficar naquele quarto de motel imundo fizesse que qualquer coisa ridícula parecesse o melhor circo do mundo.
Pelo menos essa era a opinião de Dean que gostava de circos, já Sam preferia manter uma distância respeitável de qualquer peruca colorida e nariz vermelho. Uma distância respeitável de 500 quilômetros.
- Olha como eu to indo alto! – Sammy gritou, jogando a cabeça pra trás.
- Não dá!
- Por que?
- Porque eu to muito mais alto que você!
Eles apostaram quem conseguia ir voar mais longe, mas terminou empatado porque Dean enjoou da brincadeira e saltou quando ainda estava no alto. Seu joelho chegou a bater no chão, mas fora isso, a aterrissagem foi perfeita.
Os olhos de Sam brilharam com admiração, ele podia fazer o mesmo que o irmão mais velho, mas estava entrando naquela fase desengonçada e não tinha nem de longe a mesma graça que Dean tinha. Até onde Sam sabia, Dean nunca nem teve uma fase desengonçada. Idiota gracioso...
- A gente tem que voltar – Dean comentou olhando para cima.
- Você não sabe ver as horas pela posição do céu – lembrou Sam.
- Mas eu sei identificar o pôr-do-sol, gênio.
- Mais cinco minutinhos, Dean... Só mais cinco minutinhos!
Dean olhou para cima e seus lábios se moveram de leve. Sam tinha certeza de que o mais velho estava fazendo as contas do tempo que eles demorariam pra voltar e a hora que papai disse que voltaria e não teve como não girar os olhos. Era óbvio que eles estavam quebrando as regras, mas Sam não conseguia ver qual era o grande problema! Quer dizer, ele sabia das coisas que o pai matava, ele mesmo já esteve presente durante algumas chacinas – e já teve que remendar Dean bem mais que algumas vezes – mas era dia, ninguém ali sabia quem eles eram e eles sabiam se defender muito bem e-
- Vamos, princesa.
- O que? Não, Dean! Mais cinco minutos, por favooor... – Sam não sabia explicar que cara ele fazia, mas 99% Dean acabava cedendo.
- Já foram cinco minutos, Sammy. – claro que justo essa vez vai se enquadrar na droga do 1%.
- Ah tá, como se você tivesse passado os últimos 5 minutos pensando se a gente poderia ficar mais 5 minutos!
Dean deu de ombros.
- Mas é, irmãozinho... Eu sou um cara que pensa pouco, mas quando pensa, se dedica!
- Você é um mala! – Sam reclamou, saindo do balanço – É isso que você é!
Mas Dean não estava prestando atenção.
- Vamo logo, Sam.
- O que? Por que?
- Não discute, só vamos!
Sam não entendia o que o irmão estava vendo de tão preocupante. Realmente estava ficando escuro e eles tinham que voltar andando pro quarto e tinha um cara olhando pra eles de um jeito meio estranho- Ah... provavelmente era isso.
Sem reclamar mais, Sam começou a seguir Dean de perto, colado na verdade, porque ele sabia que se alguém precisasse protege-lo, seria o irmão mais velho.
Ele não gostava de falar nisso, porque Dean ficava triste, mas Sam parara de confiar no pai pra isso há um bom tempo. Não totalmente, afinal ele sabia do que John Winchester era capaz, mas... Quando você nunca está lá, fica bem mais difícil proteger alguém.
- Quem é aquele, Dean? – Sam perguntou baixinho, mesmo não havendo necessidade, como sempre, o instinto falou mais alto.
- Não é ninguém.
- Então por que a gente tá andando tão rápido?
Dean só lançou um olhar torto pro irmão. Cacete, esse moleque faz perguntas demais!
Talvez fosse justo responder, o silêncio só assustava Sam ainda mais, mas a verdade é que Dean não sabia quem era o cara, só tinha um sentimento de desgraça iminente lhe pesando nos ombros. Era sempre assim, se havia algo errado, Dean sentia um ponto de pressão entre os ombros, na base do pescoço. Um princípio de torcicolo que chegava a travar seus movimentos e não desaparecia até que a coisa ou pessoa que o incomodava fosse embora.
E aquele cara o incomodava. Talvez ele já o tivesse visto antes, parecia isso, um déjà vu por ter visto esse mesmo homem parado no mercadinho onde ele havia comprado cereal pro Sam, e perto da recepção do hotel, e... Não pode ser o mesmo, pode?
De qualquer forma, sendo o mesmo ou não, Dean tinha a necessidade de colocar a maior distância possível entre eles e aquele cara esquisito.
xo0ox
John se sentia tão exausto que somente a visão do letreiro do motel quase lhe trouxe lágrimas aos olhos. Tudo que ele havia passado não importava mais, a criatura estava morta, seus filhos estavam logo ali e ele finalmente poderia descansar.
Parou o Impala próximo a porta de seu quarto e mal havia desligado o motor quando percebeu que havia algo de errado. Nada parecia diferente, mas ainda assim...
Então ele entendeu. Dean não estava espiando pelo vão da porta ou pela janela e toda vez que John voltava, o garoto mais velho estava esticando o pescoço por qualquer brecha que pudesse encontrar para ver o pai mesmo que de relance antes de voltar pra dentro e fingir que não estava espiando. Não importava que era de madrugada, Dean reconheceria o barulho do Impala mesmo dormindo, mas dessa vez, nem sinal dele.
Lutando contra a vontade de correr e ver se estava tudo bem com os meninos, John deixou que seu lado de caçador assumisse o controle e caminhou silenciosamente até a porta, e droga, ele estava realmente cansado, tão cansado que só agora pode ver que a porcaria da porta estava fora das dobradiças, só encostada no batente para evitar que as pessoas pudessem enxergar o que havia lá dentro.
E se precisava ser escondido, provavelmente não era bom.
- Dean? – John chamou – Sammy?
- Pai? – a voz miúda de Sam respondeu.
John empurrou a porta, fazendo com que caísse no chão e havia tanta coisa para enxergar dentro do quarto que por um instante, ele não viu absolutamente nada.
Quando ele finalmente conseguiu se concentrar o bastante, a primeira coisa que seus olhos encontraram foi seu filho mais velho, com sangue escorrendo da têmpora por seu rosto, empunhando uma 12 apontada em sua direção.
- Filho? Abaixe a arma.
- Dean, é o papai! – Sam alegou de seu esconderijo detrás da cama.
Dean não pareceu acreditar nem mesmo por um instante.
- Não.
John deu um passo apreensivo para frente, ele havia ensinado aos filhos que nunca deveriam apontar uma arma se não tivessem a intenção de atirar, aquele não parecia ser o problema de Dean naquele instante.
- Ele cruzou a linha de sal – Sam ainda tentava acalmar o irmão.
- Tá quebrada – Dean devolveu, sem nem mesmo ter que pensar – Não adianta mais pra porra nenhuma.
- Olha a boca – John teve a reação automática ao ouvir o palavrão saindo da boca do filho.
- Ah é... – a risada de Dean foi cortada, sem qualquer humor – Boa essa. Parece com ele.
- O que havia acontecido ali? Que porra era aquela?
- Dean, sou eu...
- Dean? – Sam chamou.
O garoto deu um passo para trás, a arma não se moveu um milímetro, ainda travada em seu alvo, ele espiou por um instante o que quer que Sam queria e assentiu.
No momento seguinte, John estava encharcado e Sam já estava sumindo de volta para trás da cama.
Água benta.
- É prova o bastante pra você? – ele perguntou a Dean, aliviado pelas precauções dos meninos, mas desesperado para correr até eles.
Mas Dean não respondeu, só continuou encarando o pai com um olhar estranho, selvagem e perturbado.
- Christo – Dean falou e pareceu um longo minuto até que ele piscasse novamente.
John nem mesmo respirou pelo mesmo tempo, então arriscou um novo passo e os ombros de seu filho mais velho pareceram relaxar. Essa foi a deixa para correr.
- O que aconteceu? – ele perguntou, ajoelhando na frente do garoto.
- Eu to bem. Olha o Sam.
E foi o que John fez, olhou para o mais novo, esperando uma explicação que provavelmente ele não conseguiria arrancar de Dean por um tempo.
Sammy levantou devagar, seus olhos disparando pelo quarto antes de encararem o pai.
- Um cara entrou aqui. Ele sabia que a gente tava sozinho, falou que achou que a gente já tava dormindo, mas que com nós dois acordados seria melhor mesmo... – ele coçou a cabeça, sentando no pé da cama – Ele não sabia quem a gente era, não era um... Não era nada sobrenatural. Ele não sabia que a gente sabia usar armas, e também não sabia que as armas que a gente sabia usar estavam carregadas.
Pelo tanto de vezes que Sam disse "sabia", ficava completamente claro o quanto o menino estava abalado, mesmo que estivesse fazendo seu melhor para disfarçar.
- Você atirou nele, Dean? – John perguntou enquanto checava Sam em busca de qualquer ferimento no caçula, mas fora um galo na cabeça e alguns arranhões nas costas da mão, ele parecia bem – Dean?
Mas o garoto ainda estava na mesma posição, a 12 apontada na direção da porta, só esperando algo atravessar o batente para que finalmente disparasse.
- Ele só sangrou... – Dean murmurou – Não teve fumaça, nem desapareceu, ele só... pareceu machucado e surpreso. Porque ele era um humano.
O jeans de Sam estava sujo de sangue, mas o corte era pequeno, John ainda se preocupava com ele quando o ouviu dizer o nome do irmão.
- Dean? – e quando Dean não respondeu – Pai?
- Filho... – John tentou deixar seu tom gentil, mas estava fora de forma – Já acabou.
Ele abaixou a arma de Dean, empurrando o cano até o chão, então repetiu:
- Acabou.
Pela primeira vez, o garoto tirou os olhos da porta, parecendo tentar entender porquê ele estava mirando para o chão, então encarou o pai.
- Acabou?
- Acabou, filho.
Como eu não notei os olhos dele? John se perguntou, sentindo vontade de se dar um soco. Ele não tinha certeza, pela iluminação, mas as pupilas de Dean pareciam enormes, dilatadas, e de repente aquele machucado na têmpora parecia muito importante.
- Sabe, pai... – Dean começou lentamente, os olhos em movimento constante entre o rosto de John e a porta – As coisas que a gente caça, os espíritos, as criaturas, toda aquela porcariada sobrenatural, eu até entendo. Eles só tão fazendo... o que têm que fazer! Mas as pessoas, os humanos normais... Eles são loucos.
John estava perdido entre pensamentos – parte dele simplesmente concordava com o filho, o resto só se sentia mal pelo garoto já saber disso tão novo – quando os olhos de Dean giraram pra cima e suas pernas pareceram não serem mais capazes de segurar o peso de seu corpo, dobrando fracamente.
- DEAN! – Sam gritou, mas John aparou a queda do mais velho.
Realmente... As pessoas eram loucas.
xo0ox
Dean estava cansado. Na verdade, ele sentia que havia morrido e alguém requentou o cadáver pútrido, porque não deveria ser possível se sentir tão ridiculamente cansado.
Mas com a minha sorte...
Por que a fachada da loja estava tão embaçada? Ah... Era só o que ele precisava, ter que usar óculos. Dean baixou a cabeça e esfregou os olhos.
Eles precisavam de um tempo. Quer dizer, a porra do Apocalipse estava aí, é óbvio que eles precisavam de um tempo. O problema, além do fim do mundo obviamente, era que mais ninguém tinha tempo.
Sammy estava diferente. Dean esfregou o rosto de novo, claro que Sammy estava diferente, aquela vaca da Ruby fez questão de bagunçar completamente a cabeça dele... Pelo menos ela estava morta. Mas eles ainda precisavam de férias.
Sobre uma coisa a vadia da Ruby estava certa, depois de ver o Inferno, Dean nunca mais conseguiu nem olhar pra TV se estivesse passando Hellraiser. Se bem que a realidade fazia o Pinhead parecer brincadeira de criança.
Dean entrou na loja ainda pensando no irmão. Ele não tinha certeza se poderia confiar no julgamento de Sam, quer dizer, o cara mentiu, tomou sangue de demônio, e libertou Lúcifer. Eu só quebrei o primeiro selo. Só. Nada demais.
Apertando os olhos, tentando fazer as coisas voltarem a ter foco, ele pegou um pacote de M&M's de amendoim, as mãos tão bem treinadas na arte de encontrar-coisas-não-tão-comestíveis-e-potencialmente-mortais, mas Dean bem sabia que era melhor comer tudo o que poderia agora já que ele não viveria até a velhice quando seus hábitos alimentares se tornariam um problema de verdade.
Cerveja, salgadinhos, hmm... Twix. Ok, as coisas de fresco que o Sammy pediu... É. Hora de voltar pro quarto nojento de motel, tomar um banho na ducha decrepta e se jogar na cama imunda pra uma noite de sono tranqüila. Como se as coisas pudessem ser tão simples.
A sola de sua bota ainda nem havia tocado a calçada na frente da loja e Dean já sabia que tinha alguma coisa errada. Ele não via nada de anormal, mas aquele ponto de pressão entre seus ombros se fez notar de um jeito incômodo, o cabelo de sua nuca arrepiou. E ele não teve nem 40 minutos do tão sonhado descanso.
O peso reconfortante da arma presa na parte de trás de sua calça fez com que ele continuasse andando, especialmente porque Dean ainda não sabia o que estava acontecendo e continuar se movendo era tão boa tática quanto qualquer outra.
Dean já estava abrindo a porta de seu quarto na metade do tempo que levou para chegar a loja. E nada apareceu, mas o sentimento continuava lá.
- Sam? – ele chamou, abrindo a porta e encontrou o irmão deitado na cama mais distante da porta.
As pernas caídas para fora da cama, completamente vestido. Talvez o Sasquatch estivesse mais cansado do que Dean havia pensado a princípio. Só que Dean ainda estava acordado porque o Wookie que ele chamava de irmão simplesmente precisava da droga do pão de qualquer coisa que seja aquela merda com gosto de papelão, então...
- SAM! – Dean gritou chutando o pé do irmão.
- O que? O que? – Sam pulou assustado e encontrou Dean sorrindo, sentado na outra cama – O que, Dean?
- Trouxe o que você pediu.
- Você não me acordou só pra isso. – Sam esperou uma resposta, qualquer resposta – Eu te odeio.
- Ah, Sammy... Eu não podia deixar você dormindo daquele jeito! – Dean sorriu e jogou alguns M&M's na boca.
Sam só estreitou os olhos em resposta e Dean sorriu ainda mais.
- Você não vai falar sobre o que aconteceu? – Sam perguntou com a voz baixa.
- Já aconteceu, não posso fazer mais nada.
- Dean! Nós libertamos Lúcifer! – Dean arqueou uma sobrancelha – Tudo bem, eu libertei Lúcifer... Depois de tudo com a Ruby você simplesmente vai deixar pra lá?
- É.
- Você sabe que precisamos conversar sobre isso.
- Não, Sam! – Dean levantou – Eu sei que preciso tomar um banho e dormir.
- Mas, Dean...
Em resposta, Dean atirou a camiseta na cara do irmão e desapareceu pra dentro do banheiro. Se eles não falassem sobre o assunto, ele não existiria. É. Dean tinha certeza disso. Quase.
A água quente caindo em seus ombros fez com que todo o resto parecesse distante o que era bom já que mais cedo ou mais tarde Sam daria um jeito de conversarem. Dean se forçou a não pensar que essa conversa poderia vir depois de uma recaída. Ele já tinha matado a Ruby, não tinha mais gente em quem ele poderia descontar a raiva.
Vaca.
Quando saiu do banheiro, Dean encontrou Sam dormindo, dessa vez numa posição mais aceitável, mesmo que não parecesse nem um pouco confortável.
O cara parece um pretzel dormindo.
Seguindo o exemplo do irmão, Dean se jogou na cama, fingindo que ele não estava evitando a conversa com Sam há um mês, fingindo que não, não é o Apocalipse batendo na minha porta, muito obrigado e fingindo que sim, Deus está no céu e tudo está bem no mundo.
Na manhã seguinte, Dean ainda estava fingindo. Não sobre o Apocalipse, isso era meio difícil de se ignorar, mas Sam? Ele conseguia olhar pra Sam e ver o mesmo garoto alto demais, que deveria ser desengonçado, mas não era. O garoto nerd, metido à sabe-tudo, enciclopédia do esquisito, que fazia perguntas demais, que batia de frente com o pai. E não o cara que ele chamava de irmão, mas nem tinha certeza se conhecia.
Bom, talvez Dean não estivesse fingindo muito bem, mas ninguém pode dizer que ele não tentou.
- Café da manhã, Sammy? – ele perguntou enquanto terminava de limpar a última lâmina de seu arsenal.
- Dean...
- Ah, aquele tom de voz...
- Eu estou com fome, Sam – Dean declarou, indo em direção a porta sem olhar pra trás.
- Isso tem que parar agora! – Sam gritou.
Dean fechou os olhos, a mão na maçaneta.
- Isso vai parar quando eu disser que tem que parar.
Ele abriu a porta e se deparou com olhos brilhantes.
- DEAN!
A voz de Sam gritando seu nome foi a última coisa que Dean ouviu antes de tudo sumir.
N/A.:. Minha primeira fic de Supernatural! Ai que loucura! Não faço idéia se tá ficando bom, se tá chato ou corrido demais, é um tiro total no escuro! Mas eu me diverti tanto escrevendo que resolvi arriscar e colocar aqui.
Espero que vocês gostem e mandem review, pra eu saber o que estão pensando!
Ainda vai acontecer muuuuuuita coisa com o Dean... Coitado.
Ps.:. Vai ter bastante palavão, piada de baixo calão e de humor duvidoso, mas lembrem-se que não sou eu, são os personagens! (Ahaaam...)
