"Idiota! Quem ele pensa que é?" Ela bufou entrando em minha sala. Parecia estar soltando fumaça de tamanha que era sua raiva.
Já ia fazer dois meses que contratei Stacy para trabalhar no hospital. Nós precisávamos de um bom advogado para poder amenizar as merdas que o House fazia. Todos os outros que contratei desistiram do emprego na primeira semana. Bastava ficarem dez minutos com House que eles viam a cilada que estavam se metendo. Eu, claro, sempre enlouquecia a procura de outros advogados. Stacy além de ser uma excelente advogada também parecia lidar muito bem com as loucuras de House. Também pudera, foi casada com ele por anos e o conhecia como ninguém.
"O que ele fez dessa vez?" Eu perguntei já sabendo que o motivo de toda aquela irritação seria o House.
Eu também sabia lidar muito bem com ele, mas nunca fomos casados, nem namorados e por mais inacreditável que seja nunca tivemos um casinho sequer. Todos achavam o contrário, pensavam que tínhamos ou já havíamos tido alguma coisa. Mas a verdade é que nunca íamos além das insinuações e sarcasmos. Infelizmente.
"Eu não sei como você consegue aguentar. Sério, não sei mesmo." Ela ainda reclamava, mas sentou na cadeira a minha frente parecendo menos irritada.
Sim, eu disse infelizmente sobre não ir além com House. Eu era louca pra transar com ele. E confesso que ainda sou, mas acontece que tudo isso é complicado demais pra mim. Eu sou complicada demais. Merda!
"Acho que já estou acostumada." Eu disse esperando que ela falasse o que aconteceu.
Stacy estava casada e era muito apaixonada pelo seu marido. Hesitei um pouco antes de procurá-la para oferecer a proposta de emprego pelo simples fato de ela ser ex-mulher de House. Talvez isso pudesse atrapalhar um pouco, mas como eu já havia pensando antes, talvez esse detalhe também pudesse ajudar e foi um dos motivos que me levou a contratá-la.
"Ele sabe que sou casada e amo o Mark. Será que ele é tão prepotente assim pra achar que..." Ela hesita.
"Que..." eu a incentivo.
"Eu até poderia pensar que era mais uma de suas piadas, mas dessa vez ele me pareceu está falando sério."
Aquela conversa já estava começando a me irritar. Stacy não concluía o assunto, falava deixando a coisa no ar. Porra, isso me irrita quando estou começando a ficar curiosa e a pessoa não fala logo. Fica enrolando e enrolando. Que saco!
"Tá, mas o que foi que o House disse? " Eu a encarei, a impaciência estava em meu olhar.
"Passei para ele o acordo do processo e ele disse que só faria o que eu pedisse caso eu o deixasse me amarrar e fazer o que quiser de mim." Stacy contou com a mesma raiva que entrou na sala.
"Isso é bem típico do House. Você não deveria dar importância a isso." Eu ri, embora depois tenha ficado pensativa.
"Não Cuddy. Ele não quis saber das minhas instruções e disse que é isso ou nós vamos perder esse processo. E ainda insinuou que só aceitei trabalhar aqui porque ainda era apaixonada por ele."
No caminho de casa perguntei-me se House realmente havia falado sério quando propôs aquilo à Stacy. Tentei acreditar que não, mas eu vi a maneira como aquilo a irritou. Alguma coisa nele fez com que ela acreditasse que ele estava falando sério.
Será que ele ainda a amava? Será que a presença dela fez com que o sentimento voltasse? Eu sei que Stacy não amava House e nunca trairia Mark, mas o que me importava era o que House queria. E parece que havia deixado bem claro o que ele queria: Ela.
A ideia fez brotar certa raiva em mim. Porque ele nunca me propôs aquilo? Ok, talvez na cabeça dele eu nunca aceitaria, mas e daí? O que o fez pensar que com Stacy a resposta seria diferente? Pensar sobre isso me irritou, era mais fácil acreditar que aquilo era apenas só mais um de seus joguinhos.
Mais tarde deitei-me em minha cama e comecei apensar em House. Como seria ser amarrada por ele? O que ele faria assim que me amarrasse? Qual seria a sensação de ter os olhos dele me olhando tão submissa? A ideia me deixou excitada, talvez o fato de está pelada tenha ajuda pra isso, ou não, sei que eu poderia estar coberta da cabeça aos pés que mesmo assim ficaria excitada com o pensamento.
Depois de um tempo sem se relacionar com alguém você acaba tendo que recorrer a alguns objetos para aplacar os desejos. Isso mesmo, eu estou falando desses brinquedinhos sexuais. Admito que isso fosse um tabu pra mim até pouco tempo atrás, mas depois que comecei a pensar mais em House esses brinquedinhos estava sendo muito bem usados; e eu diria até que com certa frequência. Eu sei que recorrer a isso não é o objetivo de uma mulher, claro que todas nós queremos encontrar alguém, nos apaixonar e ter um relacionamento sério. Mas no momento um vibrador seria o melhor, quando eu sentisse vontade de um orgasmo bastava apenas abrir a primeira gaveta da mesinha de cabeceira, pegar o vibrador, fantasiar algo e pronto, resolvido o problema. Eu não teria que me preocupar com performance, com a lingerie que iria usar, nem pensar como seria o dia seguinte.
Droga! Fico sempre com esse discurso barato, mas não consigo convencer nem a mim mesma, que dirá alguém. O fato é que recorrer a um pênis de borracha é decadente demais. Não me entendam mal, há muitas mulheres que tem essa prática mesmo estando extremamente felizes e até bem relacionadas com seus parceiros. Mas o que acontece é que está difícil encontrar um cara bacana, eu até que tenho saído mais vezes, venho tentando conhecer alguém e só tenho me decepcionado. Já estou cansada dos olhares estou-louco-pra-comer-você que os homens me lançam. Será que eles só pensam em sexo? Tudo bem que eu queria sim ser comida, mas primeiro eu queria ser conquistada. Será que era pedir demais?
Sexo... Ser comida... Conquistada... HOUSE. Era sempre esse nome que vinha em minha cabeça. Por mais que eu pensasse em outras coisas meu pensamento sempre o buscava. Ele; era sempre ele. Talvez o culpado dos meus fracassos amorosos nos últimos tempos. Ele era o meu problema! Ou será que era a minha solução?
Acordei às seis da manhã. Levantei e caminhei preguiçosamente até o banheiro. Tomei banho, coloquei um vestido larguinho e depois fui para a cozinha comer alguma coisa antes de começar a me arrumar para ir trabalhar. Enquanto tomava meu suco pensava no que Stacy havia me contado. Termino meu suco e vou para o quarto para me tocar.
Essa é uma habilidade que eu desenvolvi muito bem. Em segundos, minhas mãos estão no movimento de rotina – uma acariciando meus peitos e a outra fazendo círculos preguiçosos sobre meu clitóris através de minha calcinha – lentos; lânguidos círculos que faziam minha respiração acelerar imediatamente. Mas o que pensar? Qual o conto de fadas para fantasiar sobre ontem? Olho o teto, mentalmente traço uma pequena rachadura no gesso do teto. Nada sexy.
Eu viro minha cabeça e vejo a enorme janela em meu quarto: a luz de um lindo sol reluzia na bela cortina azul que a cobria.
Eu viro minha cabeça para o outro lado, confrontada pela minha própria imagem no espelho com um vestido cobrindo. Merda. Mulher tímida, cabelo negro, nariz afilado, olhar perdido no rosto.
Eu fecho meus olhos. É mais seguro desta forma.
Existe uma específica rotina que sempre dá certo. Eu me acaricio gentilmente primeiro, sempre através da barreira de qualquer roupa que estou usando.
Ah, desse jeito. Sim, assim mesmo.
Só quando o prazer começa a se construir em mim que eu me toco pele a pele, dedos deslizando por baixo da cintura me provocando.
Por quê? Eu preciso fazer com que eu mesma anseie por libertação. Veja, quando eu estou sozinha eu tenho que ser tanto o Dom quanto o Sub.
Mas será mesmo?
De repente, penso em House. Ele iria querer que eu me tocasse, iria? Ele iria me querer amarrada, de modo que eu não pudesse me mover para que pudéssemos ver o que iria acontecer. Boa ideia. Mas que tinha um problema: Eu poderia realmente gozar sem me tocar? Seria possível?
Eu já tinha lido sobre um ator pornô que conseguia, ele se focava naquilo até atingir o ápice de prazer por si mesmo. Mas, novamente, ele era um profissional.
Com minhas mãos em meus lados, eu abro minhas pernas amplamente no colchão.
Penso em House, evocando-o em minha mente. Quando eu o imagino, as imagens aparecem sem pensamentos. Minha mão funciona quase independentemente do meu cérebro. Eu caio na zona. Essa é a maneira mais fácil para eu descrever a sensação.
Orgasmo é assim para mim. Eu me perco em minhas fantasias. Quando eu saio delas, estou atordoada.
Esta foi diferente.
No início, eu não senti nada. Eu estava excitada, mas eu não conseguia imaginar um clímax sem me tocar fisicamente deslizando uma mão pelo meu corpo, empurrando meus dedos debaixo da minha calcinha de algodão branca, encontrando meu clitóris e o beliscando.
Eu tentava me provocar fazendo movimentos firmes entre carícias doces. Este foi frustrante. Minhas pernas estavam abertas, meu coração estava acelerado, mas nada aconteceu.
Eu quase desisti logo no início, quase disse "Foda-se isso" e foi como o show normal: circular e circular, dentro e fora, circular. Um belisco, uma espiral, um belisco. Minha mão estava realmente em movimento no caminho de volta para o meu sexo. Mas depois eu pensei novamente no que Stacy tinha contado: Ele disse que me queria amarrada, de modo que eu não pudesse me mover, e então ele iria ver – veriam, o que eu tinha a dizer.
Oh, desse jeito. Nenhum homem falou comigo desse jeito. Eu tive que roubar a vida sexual de Stacy para minha própria forma de preliminares, mas eu não tenho vergonha. Eu roubei mesmo. E se House tivesse dito aquilo para mim? Como eu teria respondido? Eu definitivamente teria absorvido cada momento que House estivesse disposto a passar comigo. Então por que não fingir?
Minha buceta começou a ficar mais úmida. Eu podia sentir meus sucos fluindo. Lentamente o calor começou a subir pelas minhas coxas. Eu imaginava House me observando. Eu o imaginei ao pé da minha cama, olhando para mim com aqueles olhos azuis escuros dele, desafiando-me a gozar sem qualquer estímulo adicional.
"Você pode fazer isso." Seus olhos pareciam dizer.
"Não, eu preciso de você. Preciso que me toque." Eu respondi, lábios se movendo sem som, como um programa de TV no mudo.
"Vamos, Lisa. Tudo que precisa fazer é tentar."
"Eu estou tentando." E eu estava. Realmente.
"Tente mais. Faça isso por mim."
Algo estava errado. Novamente lembrei-me do que ele propôs a ela, e então eu coloquei minhas mãos acima de minha cabeça e agarrei a cabeceira de bronze de minha cama, fingindo que estava amarrada. O metal estava frio contra minha pele, e eu tremi, mas não soltei.
"Já desistiu Doutora?" House não gostou que eu tivesse quebrado as regras. Seu polegar acariciou a fivela de seu cinto.
Resignada, agarrei o bronze novamente. Meu corpo estava implorando por liberação. Eu não sei quanto tempo mais eu poderia aguentar. O House imaginário me repreendeu. "Nem pense em soltar a cabeceira", ele disse. "Eu quero você imóvel. Eu quero o seu prazer de gozar a minha velocidade. Não me faça ter que puni-la, Lisa."
Oh, Deus.
"Você sabe o que eu quero dizer quando digo essa palavra, não sabe?"
Um arrepio. Um tremor.
"Eu posso ser agradável e doce, Lisa. Ou eu posso fazer todos os seus sonhos mais sujos virarem realidade."
Eu solto a cabeceira mais uma vez. A fantasia de House não poderia me parar dessa vez.
Punição. Essa palavra sempre me assusta. Meus dedos deslizaram sob o cós da minha calcinha. Comecei a fazer os círculos que meus dedos naturalmente fazem.
Meus quadris batem contra meu edredom preto-e-branco. Eu tremia enquanto o prazer começou a crescer em mim. Quente e úmido e furtivo.
Este era o ideal. O único problema era que eu estava sozinha. Eu torço sobre o colchão. Meus dedos trabalharam mais intensamente, mais rápidos. Mordi o lábio para não gemer, mesmo que eu estivesse sozinha em casa. Eu senti como se House realmente estivesse lá, me observando.
Você me enganou, Lisa, o House imaginário me repreendeu.
É, mas eu gozei, eu respondi, enquanto rolava na cama.
