Atenção. Ministérios diversos advertem: Esta fanfic pretensiosamente pseudoengraçada não deve ser levada a sério a ponto de ser considerada cânon. Repetimos: NÃO CÂNON! O abuso dessas substâncias pode causar uma série de males inomináveis, desde frieiras até vertigens súbitas.
Use essa droga com moderação.
E isso inclui o Byakuya, fangirls malucas.
Meu Exemplo
Era fato notório que Kuchiki Byakuya era tido como o Shinigami ideal. Um exemplo brilhante de profissionalismo, conduta, regramento e poder. Isso sem mencionar o fato de que era um probabilíssimo candidato a uma futura sucessão ao cargo de Soutaichou.
Mas o fato de que o dito shinigami, Taichou da Sexta Divisão, líder do proeminente Clã Kuchiki, 5º na linha de sucessão ao trono da Soul Society, atrás apenas da família real, Mestre em Kido e Shunpô e portador de uma lâmina de poder tão formidável quanto Senbonzakura estivesse ostentando um chupão no pescoço era, no mínimo, desconcertante.
Renji que o diga. Teve que grampear o dedo duas vezes de propósito para disfarçar a crise de risos com um uivo de dor. Byakuya limitou-se a fazer um breve anotação sobre a necessidade de fazer um requerimento de material de escritório com uma verba destinada especialmente para a aquisição de grampeadores e tesouras voltados para crianças na faixa etária compreendida entre os seis e oito anos.
Ao final do dia, o capitão da Sexta teve certa surpresa quando, ao erguer-se da cadeira e ajustar seu cachecol, Renji fechou os dedos da mão esquerda com certa violência na gaveta e gritou. De maneira estranhamente proposital, mencione-se. A avaliação psicológica recomendada por Unohana Taichou na última reunião nunca pareceu tão necessária.
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O dia seguinte correu sem maiores percalços. Exceto pelo fato de que o Kenseikan de Byakuya aparentava estar dois centímetros deslocados da posição costumeira ou, ao menos, foi o que sua admiração saudável de Renji por um Shinigami exemplar pode constatar.
Mas aí o cachecol deslocou-se um centímetro para baixo (aparentava estar mais folgado do que o normal) e Renji se viu obrigado a enfiar a pena no nariz para evitar perguntas embaraçosas.
- Alguma coisa errada, Renji?
- Não – ATCHIM- Taichou.
Byakuya fez uma nova anotação sobre encaminhar Renji para um novo exame, dessa vez com Kurotsuchi Taichou.
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A manhã seguinte foi marcada por uma revelação perturbadora. Aliás, imensamente perturbadora. Byakuya, o exemplo de Shinigami ideal, cujos passos soavam perfeitamente alinhados e cadenciados, (Tum, tum, tum, tum...)... estava fora do compasso.
Tum, t-um, tum, t-um.
A mudança era leve, mas de singular grau de suspeita e escandalizamento. O que poderia fazer um homem tão poderoso e nobre, o maldito exemplo brilhante da Soul Society... mancar?
E então o capitão da sexta se sentou e as portas do inferno se abriram.
O homem gemeu.
O DIABO DO HOMEM BRILHANTE DA SOUL SOCIETY, O EXEMPLO PARA AS GERAÇÕES FUTURAS, GEMEU!!!!!
Ou grunhiu. Renji não teve como superar o enormíssimo trauma ao ouvir um som tão inglório ser proferido pela boca do mais nobre dos Shinigamis, daí a compreensão de que ele não seja capaz de recordar-se do som direito.
- Renji?
- SIM, TAICHOU!?!?!?! - respondeu o Fukutaichou um pouco mais alto do que deveria.
- Quando foi a última vez que trocamos os móveis do escritório? – Continuou Byakuya, sem se abalar.
- Ahn... Nunca, taichou.
- Entendo. Nesse caso, peque os formulários adequados para requerimento e faça um pedido.
- Agora mesmo, Kuchiki-taichou.
- E... Renji.
- Sim?
- Certifique-se de que as próximas cadeiras sejam mais... Anatômicas.
Renji se viu forçado a golpear violentamente o arquivo com sua testa, deixando uma silhueta característica.
Byakuya limitou-se a piscar.
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Às três da tarde do mesmo dia, Renji ergueu-se do chão do escritório. E blasfemou em voz alta, ele poderia estar com uma concussão e seu capitão provavelmente estaria mais interessado em acomodar a bunda dolorida na cadeira!
- Renji-san?
Renji ergueu-se, meio atordoado. E viu três Rikichis.
- Tudo bem, Renji-san? – perguntou o Rikichi Um.
- Sim, sim... Onde está Kuchiki-taichou?
- Ele acabou de sair: disse que ia até a Décima Primeira Divisão entregar alguns formulários confidenciais e que provavelmente não voltaria hoje. – respondeu o Rikichi Dois parecendo um tanto preocupado com os olhos fora de foco de Renji.
- Até a Décima Primeira Divisão?
- Sim. – Confirmou Rikichi Três, ou seria o Dois? Não tinha ido com a cara do Dois.
Então as luzes da compreensão pegaram no tranco e Renji ergueu-se num salto. E quase rachou o crânio numa das traves do teto. Abriu a boca num grito mudo de temor, consternação e absoluta surpresa.
Kuchiki Taichou estava 'ganhando' na Décima Primeira Divisão.
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Renji Abarai correu como se os cães do inferno estivessem em seu encalço. O grande Shinigami, o exemplar Shinigami, SEU exemplo brilhante de Shinigami estava prestes a ruir e deveria fazer todo o possível para impedir que isso acontecesse.
Apesar de que a Décima Primeira Divisão era formada quase majoritariamente de homens... E isso, a longo prazo, talvez fosse algo bom... Afinal, talvez, num futuro mais distante...
Renji também tivesse uma chance.
Mas a lembrança de Yachiru seguida por uma vontade quase que incontrolável de derrubar uma pilastra a cabeçadas o fez esquecer destes agradáveis devaneios e correr mais rápido.
Às portas da Décima Primeira Divisão, Renji parou. Viu Byakuya entrando, esperou que sua respiração se normalizasse, se aproximou e apurou os ouvidos.
- Tadaima.
TADAIMA???
- Okaeri, Byakuya-Taichou-san. O senhor chegou mais cedo.
- Não precisa ser tão formal comigo, Ayasegawa-san. – Renji quase teve um acesso - E... Apenas quis aproveitar uma certa... folga que surgiu nesta tarde.
- Aproveitar uma folga, hm? – Dessa vez Renji realmente TEVE um acesso com a insinuação de Yumichika – Bem, saiba que é sempre um prazer recebê-lo aqui, Kuchiki-san.
- Ah, acredite, o prazer é inteiramente meu.
E isso foi a gota d'água. Renji, no topo de seus acessos, de sua provável concussão, da perda de sangue por grampeamento dos últimos dias... Desmaiou.
Não sem colidir violentamente contra a porta de entrada da Décima Primeira Divisão, causando o ruído que caracterizamos de... estrondo.
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O Fukutaichou da sexta divisão foi acordado com um copo de água fria jogado em sua cara. E seu exemplo de Shinigami, seu maravilhoso exemplo de Shinigami, seu maldito exemplo de Shinigami olhava para ele com uma expressão que variava entre consternada e levemente surpresa.
- Renji. Exatamente o que estava fazendo atrás daquela porta?
Droga. O haviam levado para dentro. O que fazer? O que fazer? O QUE FAZER? Não. Devia se concentrar. Só havia uma coisa a se fazer agora.
Surtar de maneira total e completa.
- O SENHOR!!!!! O CHUPÃO!!!!! O CACHECOL!!!!! SADO-MASOQUISMO!!!!! A BUNDA!!!!!!
Byakuya arregalou os olhos. De uma maneira que faria inveja a Rukia. Yumichika teve um acesso histérico de risos e se deitou no chão para desfrutar melhor do momento de hilaridade.
- Ahem. – pigarreou Byakuya se recuperando – Aparentemente você já chegou a algumas conclusões, Renji.
- DESDE QUANDO!?
- Obviamente, não sei precisar quando seus processos cognitivos se tornaram ativos com relação a minha vida pessoal, Abarai. – os gritos estavam incomodando Byakuya.
- NÃO SE FAÇA DE DESENTENDIDO!!! – bradou um Renji tresloucado – DESDE QUANDO 'ISSO' ESTÁ ACONTECENDO???
- Que gritaria é essa!? – bradou Kenpachi, literalmente invadindo o recinto – Oh... Kuchiki.
- Kenpachi. – cumprimentou Byakuya, com a frieza costumeira – Acredito que fomos descobertos. Se, por gentileza, você puder aguardar na outra sala, eu tentarei clarear as idéias de meu Fukutaichou. Ayasegawa-san, se possível, poderia acompanhar seu capitão?
Zaraki grunhiu alguma coisa e arrastou um Yumichika que ainda ria descontrolado para a sala ao lado.
Byakuya respirou com força minimamente superior ao normal antes de se voltar para Renji, que, literalmente, continuava soltando fumaça.
-Agora, Renji... Você vai me explicar o quanto sabes, o quanto desconfias, o quanto deduziu e vais fazer isso num tom de voz reconhecidamente civilizado. Entendido?
- Sim, Taichou.
E Renji explicou o quanto seu exemplo de Shinigami, o grande exemplo da Soul Society representava para ele. E Byakuya, incrivelmente, ouviu.
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- Bom Renji... Acho que devo chamar Kenpachi de volta.
O capitão da Sexta não esperou resposta e chamou pelo capitão da Décima Primeira, que arrastou os pés, extremamente incomodado pelo que estava acontecendo.
- Você sabe que o momento de explicar eventualmente chegaria, não é Kenpachi? – disse o líder Kuchiki olhando para Zaraki - Um pouco mais cedo do que suponhamos, mas,... – Então Byakuya voltou-se para Renji – Enfim. Serei extremamente franco com você, Renji. Dada a luz das revelações, acredito que não posso agir de maneira diferente.
- Desde quando? – perguntou Renji, a voz embargada, finalmente.
- Desde o final do incidente Bounto. – respondeu Byakuya completamente calmo.
- E... vocês se...?
- Não posso responder por Kenpachi, mas acredito que sim. Estivemos muito distantes durante a guerra e... De certa maneira, estamos ainda nos adaptando a presente situação.
- Hm. – grunhiu Kenpachi, sem desviar os olhos do chão.
- O senhor sempre foi meu exemplo. Meu ideal. E agora eu nunca mais vou conseguir alcançar.
- Alcançar-me ou não sempre foi uma decisão sua, Renji. Acredito que não tenhas faltado com empenho, mas ainda assim... Eu estava aqui. Não gostaria que isso o abalasse, acredito que... apesar dos pesares, tens o potencial para ser um Shinigami tão excelente como eu.
Houve certo silêncio cortado aqui e acolá pelas risadas espásmicas de Yumichika. Zaraki se retirou por dois segundos e fez com que as risadas parassem, voltando enquanto massageava os nós dos dedos da mão direita.
- Então... É isso? – perguntou Kenpachi.
- Renji? – perguntou Byakuya.
- Sim. É isso. Desculpem-me pelo transtorno, eu vou voltar para a Sexta Divisão. – falou baixinho, tateando para encontrar sentidos para as palavras que pronunciava.
Renji deu as costas para os dois capitães e respirou fundo antes de se dirigir a porta.
- Ahm... Taichou...?
- Sim, Renji?
- Se não for muita impertinência minha... Como que... Ahm... o senhor se... Ahm?
- Desculpe? Acho que não entendi o que tentou dizer.
- Ehm... Quer dizer, o senhor é tão orgulhoso... Bom, é difícil de entender como o senhor se... ehm... ao Zaraki-Taichou.
- Renji, acredito que você seja um pouco mais articulado do que isso.
- E, além do mais... Eh... Não...dói?
As sobrancelhas de Byakuya saltaram. Os guizos de Zaraki tilintaram, loucamente.
- Bom... Essa é uma pergunta muito pessoal, Renji. Temo que não possa respondê-la.
- Mas... O senhor disse que iria ser completamente franco comigo, Taichou.
- É verdade, mas...
- E eu estou fazendo uma pergunta, Taichou.
- Renji... Não é que eu não queira responder, é mais o fato que... Eu não sou a pessoa mais... Indicada... Para responder.
Seguiu-se uma nova etapa de silêncio, onde praticamente podia-se ouvir Zaraki mudando lentamente de cor para o vermelho.
Seguido de um "Tuc" do queixo de Renji atingindo o chão.
- UKE!??!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?! – Bradou Renji apontando para Zaraki.
E com um berro que reverberou pela Soul Society inteira, Renji ficou sem oxigenação e desmaiou com o pensamento de que talvez, e apenas talvez, embora seu exemplo não fosse mais alcançável, ele ainda era um exemplo brilhante de como fazer Zaraki Kenpachi virar um Uke.
Sem notas finais, povo. Estou ocupado desviando de tijolos e outros projéteis nem tão convencionais.
