Sirius Black estava deitado em sua cama de dossel, no dormitório de Hogwarts. Longe de parecer preocupado, ele lançava a goles para cima, aguardando-a voltar, como se fosse uma bola de basquete. Bem, era um equivalente, no mundo dos bruxos.
— Olhem só! O cara que debocha de mim por roubar o pomo de ouro, depois dos treinos — James empurrou a porta, fazendo-a bater fortemente.
— Se eu pegasse o bastão, as coisas não acabariam bem — ele disse, sem desviar a atenção de seu exercício.
James jogou a mochila no chão, dando a meia volta no quarto, incrédulo.
— O quê? — perguntou Sirius, ao perceber que o olhar do amigo não mudava, e estava dirigido diretamente a ele.
— Há quanto tempo você tá na fossa? — ele perguntou, sem rodeios.
Sirius continuou jogando a goles, parecendo pensativo.
— Uma semana, eu acho — respondeu, por fim.
— Uma semana? — repetiu James, desacreditado.
— É — retrucou o amigo.
— Deixe-me ver se entendi... Você tá há uma semana sem pegar ninguém? — perguntou James, novamente.
— É — ele repetiu.
— Você? — James insistiu.
Sirius revirou os olhos, sentando-se na cama.
— Qual é o problema, cara? Você tá há dois meses, só correndo atrás da Evans — ele retrucou, levantando uma sobrancelha, sarcasticamente.
James corou pela observação do amigo.
— Mas é porque eu estou apaixonado por ela. Vai me dizer agora que tá a fim da Lene? — o amigo replicou, fazendo com que Sirius arregalasse os olhos.
— Que isso, veado? Tá louco? Enlouqueceu? Pirou? — ele começou a gaguejar.
— Eu não vejo outra explicação — implicou James, jogando na sua cama, do outro lado do quarto — Ela parece ter partido para outra. Ou melhor, outras.
— Ela não vai demorar para voltar — garantiu Sirius, seguro de si.
— E até lá, você fica aí. Esperando... Esperando...
Ele deu de ombros, voltando a jogar a goles para cima.
— Quem diria... O grandioso Sirius Black sofrendo de abstinência — James continuou provocando.
Sirius apertou os olhos, olhando na direção do amigo, que parecia cada vez mais divertido.
— Você sabe o porquê de ela ter feito isso? — ele perguntou, tentando parecer desinteressado.
— Pensei que você já soubesse — disse James — Posso ter escutado uma coisa ou outra...
— Para mim, ela está tentando me enlouquecer — Sirius resmungou, quase deixando a goles escapar de suas mãos.
— Pensei que eu quem estivesse pirando — o amigo brincou.
— Vai ver a loucura é transmitida...
James observou a bola vermelha subindo e descendo, por alguns minutos, em silêncio.
— Ou vai ver, ela está tentando não enlouquecer — ele disse, repentinamente.
Parecia que aquele era o dia em que Lily e ele bancavam os psicólogos dos amigos.
— O que quer dizer com isso? — Sirius distraiu-se, fazendo com que a goles batesse em seu rosto — Ai!
— Ela acha que está dependente demais. E você pode dar um pé na bunda dela a qualquer momento — respondeu James, com a delicadeza que adquiriu do amigo.
— Eu não vou fazer isso! — ele franziu o cenho, a bola completamente esquecida no chão.
— Você já fez isso — James retrucou.
— E daí? Nunca fiz isso com ela!
O amigo bufou, percebendo que não importava o argumento, não ia conseguir fazê-lo entender.
— Ela está com medo — James defendeu-a — E é natural. Lily teve medo que eu não tivesse amadurecido...
— Ela não teve medo, ela teve miopia — disse Sirius.
Esse comentário, geralmente, o faria rir, mas ele decidiu ignorar, vendo que o moreno queria desviar o assunto.
— Você mesmo vive falando que não sente nada por ela, que é só sexo, mas todo mundo sabe que vocês sentem mais que atração — ele continuou falando — E não adianta negar!
Sirius revirou os olhos, jogando-se para trás na cama, a fim de deitar.
— Só pensa bem no que vai fazer. A Lene é como uma irmã para mim, e não quero vê-la magoada — terminou James, vendo que não conseguiria falar mais nada além daquilo.
Assim que terminou de falar, ele seguiu até a porta.
— Onde você vai? — perguntou Sirius.
— Dar uma volta com a Lily — James respondeu.
— Mas você acabou de chegar!
Ele deu de ombros, antes de sair, fazendo o amigo bufar, inconformado.
Não demorou muito tempo deitado, quando a porta abriu-se novamente.
— Esqueceu o quê? — perguntou.
— Não esqueci nada.
Sirius ergueu os olhos, vendo como Marlene encostava-se na parede do quarto.
— A gente precisa conversar.
