O Preço de ser humano

Ele apenas não sentia. Nem dor, nem alegria, nem tristeza, nem amor. Naquele omento, nada sentia.

Repassava mentalmente o momento em que seu vizinho irrompera pela entrada de sua casa, dando-lhe a notícia.

Não perdera tempo. Seguiu com pressa jamais tida em direção ao seu destino. Sem ao menos sentir o cansaço causado pela subida íngreme.

Ao chegar, deparou-se com a pessoa a quem mais amava. Ele perdera toda a sua família, e agora jazia aos seus pés o corpo de quem tanto amou.

Aqueles finos lábios sem o tom avermelhado de sempre, pareciam-lhe tão sublimes sobre a pele pálida e agora azulada. E os olhos, que antes lhe dirigiam tanto ardor, agora estavam apagados. Sem brilho ou emoção.

Ele observou o corpo, de tão belas formas, que havia sido tomado pelo frio, pela escuridão.

Apenas foi capaz de ajoelhar-se e acariciar os lisos fios rubros que espalhavam-se desordenadamente pelo chão frio de pedra.

Lágrimas formaram-se em seus olhos e escorreram por sua face. Sim, agora sentia. Sentia toda a dor e solidão de sua perda. A concretização dela fez com que as sensações viessem a tona e tomassem controlhe de suas reações.

Porém, não havia nada que pudesse ser feito. Aquela pessoa de aparência tão fria e severa, que em sua presença tornava-se doce e gentil, se fora. E ali estava a maior das provas - A forma, coberta por belas vestes, não tinha mais pulso. Aquelas finas mãos jamais se moveriam em direção às suas, mostrando-lhe o caminho. Tudo havia perdido-se no abismo da morte.

Ele dirigiu novamente suas orbes azuis em direção à face da pobre vítima. Contornos perfeitos. Deslisou levemente so dedos pela fina pele, e com um leve roçar de seus mornos lábios aos arroxeados de sua grande paixão, selou um laço eterno.

Não, jamais amaria alguém com tal intensidade. Apenas não tinha mais um coração que isto possibilitasse. Ele se fora com a alma de quem o deixou.

A morte não só acaba com uma vida, como arruina outras tantas. E esse é o preço de ter sentimentos, de nutrir esperanças, de ser humano.

oOo

Isso está realmente um lixo, fiz na aula de história para a aula de português, mas eu precisava de algo para homenagear minha querida amiga Dede, que hoje virou estrelinha...

-- Dede, você sempre estará em nossa memória, sua vida foi curta, mas extremamente significativa. --

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Baisers a todas, e mesmo se non mandar review, muito obrigada por ter lido.