Fotografias

Disclaimer: Não é meu. Você deve saber disso agora.

N/A: Para Benn lá no LJ, que estava mais excitado sobre isso do que eu estava. Escrito para o changelle "em uma fotografia".

Fic by: Gwendolyn James

Tradução by: Serena Bluemoon

Capítulo Único

- Não me deixe. Não... Eu te amo.

Sangue mancha a grama do campo de batalha escurecido.

- Harry. Harry, por favor, não. Eu preciso de você. Eu preciso de você. Volte para mim.

Lágrimas misturam-se a gotas de chuva.

- Ele se foi, Ginny. Acabou.

Chuva bate calmamente contra a janela do quarto, enquanto ela leva uma mão a seu coração palpitante. Ela se desvencilha dos lençóis e põe seu fino peignoir, mais por conforto do que por aquecimento. Embora, para ser bem honesta, o conforto havia sido o mínimo esses dias.

Esses dias? Mais como esses anos.

É sempre o mesmo. Toda noite ela sonhava com aquele dia, com ele. Toda noite ela acorda chorando, ou gritando, ou apenas sem fôlego. Toda noite encara a realidade de que não pudera salvá-lo, que ele se fora.

Toda noite ela pega as fotografias.

Esta noite não é diferente. Retira a pequena caixa das profundezas do armário e senta-se de volta na cama, sentando sobre suas pernas e alcançando a tampa da caixa com as mãos trêmulas. Uma por uma ela tira as fotos. Uma por uma ela revive as lembranças.

O primeiro dia dela em Hogwarts. Percy tinha insistido em tirar aquela foto, "para preservar este momento como um para se olhar para trás orgulhosamente quando você se tornar Monitora-Chefe". Tinha sido um sentimento legal e uma fotografia legal dela mesma, mas tudo o que podia ver agora era uma cabeça morena de cabelos revoltos ao fundo, olhos verdes faiscando de rir em alguma piada privada com Rony e Hermione, completamente desavisado de que estava ao alcance da lente da câmera, completamente ignorante que o sujeito principal da fotografia era uma garota que o amaria até o fim de seus dias.

O time de Quadribol da Grifinória. Eles tinham apenas tinham acabado de ganhar a primeira partida da temporada e a excitação deles era evidente. Ele estava sorrindo – mostrando todos os dentes – e segurando uma ponta de uma grande faixa vermelha e dourada. Ela estava segurando a outra ponta e encarando-o mais do que a câmera. A vitória havia sido deles, e ainda havia sido quase fora de seu alcance.

Os dois. Ela havia persuadido-o a fazer uma cara de tonto antes que o clique fosse dado. Era uma fotografia ridícula – e era perfeita. Eles haviam sido tão livres, tão cheios de abandono. Tempos como aqueles haviam sido poucos e muito espaçados, e não haviam durado o suficiente. Não haviam durado sequer perto do suficiente.

Uma lágrima pousa entre seu rosto e o dele, causando a fotografia já manchada de lágrimas a borrar apenas um pouco mais.

Já faz cinco anos. É hora de seguir em frente.

Não, ainda não. Ela não quer seguir em frente. Ela não quer deixá-lo ir.

Ele se foi, Ginny. Acabou.

Não, não acabou. Não acabou até ela dizer que acabou.

Ela enxuga seus olhos, passando uma mão trêmula sobre eles, e puxa para fora outra fotografia. Sua favorita. Aquela que ela mais ama. Aquela que ela mais odeia.

O dia que ele pedira para ela casar-se com ele.

Como ela havia sobrevivido a esse dia? Estivera certa de que seu coração entraria em chamas por pura alegria. Havia sido uma trégua da batalha constante que acendia ao redor deles, e um dia para celebrar o amor em meio à guerra. Amor que ela sabia que duraria mesmo que suas vidas não.

Ela aperta a fotografia gasta a seu peito e permitiu que as lágrimas viessem. Ela aprendeu que era melhor do que tentar e pará-las; há simplesmente muitas para serem contidas. Ela odeia as lágrimas, mas elas se soltavam sozinhas. Ela odeia o vazio em seu coração, mas isso a lembra que ela não o esqueceu. Ela não pode esquecê-lo. Se ela o esquecesse, significaria que ela jamais o amara.

É hora de seguir em frente. Ele não gostaria que você ficasse desse jeito.

Mas as fotografias eram tudo o que ela tinha para se apegar, tudo o que tinha para trazer para si pelo menos uma pequena parcela de conforto.

Conforto, não. Culpa.

Sim, culpa. Culpa por não ter lutado mais. Culpa por não ter chegado lá mais cedo. Culpa por não ter sido capaz de salvá-lo.

Você não poderia tê-lo salvo. Ele já havia ido.

Mas talvez, apenas talvez... Alguns segundos mais cedo, alguns passos mais rápidos…

Se eu pudesse ao menos ter-lhe dito adeus.

Talvez seja isso que doa mais. Não é o fato de que ele não havia vivido para ver o dia do casamento deles. Não é que eles não haviam tido tempo suficiente juntos. Era o conhecimento que não pudera dizer adeus à pessoa que mais amara no mundo.

Sinto muito, Harry. Eu sinto tanto.

Horas passam enquanto chora sobre a fotografia, chora por ele. Ela perdera tanto, tanto de seu coração. Não parece justo o amor deles podia caber dentro de uma pequena caixa de madeira. Não parece certo. Ele não é um garoto numa fotografia. Ele é muito maior, muito mais. Ele preenchia a alma dela com a mera lembrança de sua presença até que ela mal pudesse respirar por amá-lo tanto.

Já faz cinco anos.

Cinco anos sem ele. Cinco anos com apenas uma caixa de memórias para companhia.

Era hora de seguir em frente.

Seguir para onde? Seguir como? Ela sequer sabe se isso é possível. Ela não sabe se mesmo tem a força para fazê-lo.

Por favor, não. Eu preciso de você. Eu preciso de você. Volte para mim.

Mas ele não está voltando. Não importa quantas lágrimas ela chore, não importa sobre quantas fotos ela enlutasse, ele não voltaria. Ela não pode mudar isso, não pode salvá-lo. Ele se foi. Acabou.

Eu o amava tanto, Harry. Você foi tudo para mim.

Ela gentilmente devolveu as fotos a o seu lugar e seca as lágrimas de suas bochechas. Passou os dedos sobre a superfície suave da caixa antes de pegá-la e colocá-la no fundo do seu guarda-roupa.

Acabou.

Ela fecha a porta, sobe na cama e apaga a luz.

Adeus, Harry.

FIM