Prólogo
Tsunade Hime
Era com amargura que Tsunade relembrava o título que foi utilizado muitas vezes pelos membros do clã Uchiha enquanto a possuíam contra a sua vontade. Levou o copo de saquê aos lábios e bebeu todo o conteúdo de uma só vez, aprendeu desde cedo que a bebida ajudava a suportar todas as difíceis provações que lhe foram impostas. A embriaguez era o estado de paz que lhe protegia da terrível realidade que vivia desde criança.
Quando não estava sobre efeito do álcool, as lembranças horrorosas do que os malditos Uchiha fizeram com sua família desde a derrota de seu avô no Vale do Fim invadiam sua mente e ela só desejava estar morta como a maioria de seus entes queridos.
Uchiha Madara era sem dúvida a personificação de um demônio, ele não ficou satisfeito em apenas matar Hashirama, executar toda a linha masculina Senju e transformar Uzumaki Mito em sua prostituta. Mas, Mito era culta e educada demais para ser uma simples prostituta, o título de cortesã lhe cairia melhor. Madara prometeu que enquanto ela o servisse com empenho e dedicação, nenhum mal cairia sobre os poucos parentes que ainda estavam vivos, infelizmente após cinco anos ao lado de Madara, Mito se suicidou e o chefe do clã Uchiha como punição transformou todas as filhas, sobrinhas e qualquer mulher que compartilhasse o sangue de Mito em prostitutas para qualquer Uchiha que as desejasse.
Tsunade fez sinal para que o servo enchesse seu copo de saquê mais uma vez, a vitória do exercido Uchiha sobre a Vila Oculta da Nuvem resultou em uma esplendida comemoração oferecida por seu estabelecimento. Estava velha demais para cativar os jovens soldados Uchiha, por isso era seu dever cuidar das meninas que deveriam entretê-lo. Ela seria amaldiçoada se permitisse que sua neta, Sakura, fosse usada por qualquer um desses homens e por conta disso escondia-a na adega da casa. As outras meninas se ressentiam por Sakura ser poupada e eram hostis com ela, principalmente Karin.
Sakura seria casada com o filho do comerciante de tecidos e teria uma vida livre de todo aquele inferno.
A porta do quarto foi aberta repentinamente e Konan tinha uma expressão assustada no rosto. – Eu não sei como ele a encontrou, não sei mesmo! – A jovem informou com tristeza enquanto observava a mulher mais velha levantar depressa.
Tsunade saiu rapidamente pela porta do aposento, embora estivesse quase próxima a desmaiar devido ao excesso de bebida, o medo de perder a neta lhe deu forças, não sobreviveria se a perdesse. Relembrou do rosto frio e expressão travada de sua falecida filha, a mãe de Sakura e a promessa que fez a ela.
Quando finalmente encontrou a neta, ela estava nos braços de um dos jovens Uchiha, reconheceu-o imediatamente. Tratava-se de um dos netos de Madara, Uchiha Sasuke.
- Sasuke. – Um dos primos de Sasuke indicou Tsunade. Um sorriso arrogante estava estampado nos lábios nos lábios de Taiko enquanto observava a cena a sua frente. Os servos da casa não pensaram duas vezes em informar sobre a existência da neta de Tsunade, quando ofereceu algumas moedas de ouro e solicitou que encontrassem uma jovem virgem para que pudesse presentear Sasuke, não imaginou que se depararia com tamanho segredo.
Sasuke desviou os olhos da jovem de cabelos rosados e grandes olhos verdes, sem vacilar no modo como a segurava. – A pena para esse delito é a execução, Tsunade Hime, mas creio que a morte seria fácil demais. Vou levar sua neta comigo, creio que esse seja um castigo mais eficaz. – Concluiu com desgosto.
- Avó! – Sakura choramingou enquanto era arrastada pelo rapaz que não deveria ser muito mais velho do que ela. Ela sentia tanto frio, os trajes de dormir não eram suficientes para aquecê-la diante do rigoroso inverno, seus pés estavam gelados devido à neve que encharcava suas meias. – Por favor, deixe-me aqui, minha avó precisa...
- Cale-se! – Sasuke ordenou rispidamente enquanto a empurrava dentro da carruagem de madeira e fechava a porta. Irritou-se quando viu a menina abrir a pequena janela e tentar falar com a velha. – Sente-se antes que isso se torne pior! – Comandou, e então deu a volta no meio de transporte para vislumbrar a cena patética de Tsunade. A mulher estava ajoelhada no chão e chorando enquanto era amparada por suas prostitutas. Revirou os olhos, antes de entrar na carruagem.
- Por favor, senhor! – Sakura implorou. – Permita-me retornar para minha avó, sei que ela cometeu um erro, mas sou tudo o que ela tem.
- As outras putas são aparentadas dela também. – Sasuke relembrou. – Há mulheres o suficiente para ajudar a enterrá-la. Não aceito que façam meu Clã de piada.
- Nós não somos prostitutas, somos...
- Claro que são prostitutas. – Sasuke a interrompeu com diversão. – Só porque estão familiarizadas com artes de dança, música, poesia e caligrafia não mudam sua função. Existem outras casas de cortesãs em Konoha, mas a casa Senju é a favorita dos membros do clã Uchiha, pois nos dá a satisfação de ter as descendentes de Hashirama a nossa disposição. Não importa a cultura que vocês possuem. Os homens só vêm aqui para foder!
Sakura ficou em silêncio. Lágrimas grossas deixavam os belos olhos verdes e molhavam o rosto pálido.
- Tire suas roupas e se enrole nisso. – Sasuke ordenou e jogou um cobertor de pele de urso sobre a jovem. – Não quero que você morra antes que eu a utilize.
Sakura suspirou longamente, antes de obedecer. Tentou inutilmente conter o choro, mas embora não estivesse fazendo barulho, não conseguia controlar as lágrimas. O grosso cobertor estava em seu colo e mesmo que tentasse esconder o corpo com ele enquanto desfazia as amarras do quimono, a tarefa provou-se quase impossível. Podia sentir os olhos escuros dele sobre ela, observando cada parte de seu corpo. Os olhos de um falcão treinado que avaliava sua presa.
Quando terminou de despir-se e envolveu o grosso cobertor em volta do corpo, não teve coragem de encarar aquele que estava sentado no banco à sua frente.
