Nota introdutória: Mais uma fic que eu jurava que já tinha publicado no FanFiction. Parece que me enganei de novo. A fic, que é bastante antiga, está totalmente escrita e conta com 13 capítulos (não muito extensos) que serão publicados ao ritmo de 1 por semana. Espero que gostem! COMENTEM!


Through Time

Capítulo 1

No Seguimento do Baile

Respirou fundo olhando o objecto em suas mãos. Aquele simples objecto atraia-a duma forma inacreditável. Só de o olhar a sua mente tocava em assuntos que ela nunca tinha considerado antes mas que agora pareciam mais certos do que nunca.

Ö – T.T - Ö

"-Vamos Gin, ainda temos de nos arranjar."

"-Ok."

Contra vontade subiu as escadas do dormitório seguindo a sua companheira, Ellena.

Era véspera de Natal e naquela noite decorreria um baile para os alunos que permaneceriam no castelo.

Entrou no quarto totalmente desarrumado, parecia que um furacão tinha passado por aquelas bandas. Não estava muito animada para aquele baile, na realidade, nos últimos dias não estava muito animada para nada. Caminhou até ao malão e retirou o seu vestido, não era nada de especial mas ela adorava-o. Era justo até à cintura onde alargava um pouco alcançando os seus pés. As mangas, compridas e largas, cobriam os seus braços e o decote redondo, não muito exagerado, completava o conjunto. Negro, de um material que facilmente se confundia com seda, debruado com belos bordados na zona da cintura, decote, na barra das mangas e no fundo do vestido.

Vestiu-se calmamente, não tinha pressa. Prendeu o cabelo no pequeno coque, com algumas madeixas a caírem-lhe para a face. Colocou uma maquilhagem ténue e um perfume suave, de seguida calçou umas sandálias de salto alto e preparou-se para sair.

"-Já vais Gin?"

"-Sim… Encontramo-nos no salão."

Desceu as escadas encontrando um monte de rapazes ansiosos.

"-Ginny, tu estás linda" – Disse Dean Thomas, o seu par, assim que ela se conseguiu aproximar dele.

Os rapazes tinham-na rodeado para saber se as suas acompanhantes demoravam e Ginny respondeu o mesmo a todos.

"-Provavelmente."

Mas agora estava de frente para o seu par, Dean Thomas, um Griffyndor do 7º ano.

"-Obrigada."

"-Descemos?" – Perguntou oferecendo-lhe o braço.

"-Claro" – Respondeu sorrindo suavemente.

Saíram pelo retrato da Dama Gorda e caminharam calmamente até ao salão Principal, onde decorreria o baile. Eram poucos os alunos que ocupavam o salão naquele momento e por isso não tiveram dificuldade de arranjar uma boa mesa. Aos poucos o salão começou a encher, alunos animados sentados nas mesas em volta da pista de dança. Muitos alunos tinham ficado em Hogwarts naquele Natal, para poder aproveitar o baile.

Suspirou ao sentir a mão do rapaz por cima da sua. Dean tentava algo com ela havia várias semanas mas Ginny não era capaz de gostar dele mais do que um amigo.

Minutos depois Ron e Harry juntaram-se a eles, acompanhados, respectivamente, por Luna e Hermione. As pessoas no salão, e mesmo aqueles ao seu lado, falavam animadamente mas a ruiva não fazia questão de ouvir ou participar nessas conversas, ela apenas olhava distraída um ponto qualquer do outro lado do salão.

"-Gin… Ginny" – Chamou colocando uma mão sobre o ombro da ruiva.

"-Sim?"

"-Vamos dançar…."

Ela assentiu e ergueu-se do lugar caminhando até à pista de dança com o rapaz. Dançavam uma música calma, abraçados, mas Ginny não prestava a mínima atenção. Não era de sua vontade estar ali, com ele, por ela nem sequer tinha saído do dormitório mas as suas colegas tinham conseguido convence-la, depois de muito esforço.

"-Aconteceu alguma coisa?"

"-Não, porquê a pergunta?"

"-Não sei Gin… Nestes últimos dias tens estado tão distante…"

"-Não foi nada…."

"-Tens a certeza? Se aconteceu algo podes contar-me."

"-Tudo bem Dean…"

Ao fim de algumas músicas voltaram à mesa. Ginevra tentou ao máximo concentrar-se nos assuntos em que falavam, para não parecer tão distante, mas a realidade é que não conseguia e nem queria faze-lo.

"-Dean, importas-te que te roube o teu par por uns minutos?"

"-Não, se ela não se importar."

"-Gin, vamos dançar?"

Ela olhou para o moreno, curiosa.

"-Tudo bem" – Levantou-se e seguiu o rapaz até à pista de dança.

"-Posso saber o porquê do convite?"

"-E são precisos motivos extraordinários para convidar a irmã do meu melhor amigo para dançar?"

"-Não… Mas a Lavander ficou sozinha…."

"-Ela não se vai importar que dance contigo… Mas na verdade o meu convite tinha mesmo uma razão…."

"-Que era…?"

"-Saber o que se passa contigo. Gin tu tens estado tão diferente, tão estranha…."

"-Não se passa nada…"

"-Tens a certeza? Nestes últimos dias não tens parecido muito bem…"

"-Obrigado pela preocupação mas não se passou nada…"

Começava a ficar farta de todas aquelas perguntas, nunca se tinham preocupado, não valia a pena começar naquela altura.

Voltou para a mesa com Harry. Tocava uma música calma quando se fez ouvir um grito no meio da pista de dança. Várias pessoas acorreram ao local mas Ginny continuou sentada na mesa, achando o acontecimento muito pouco interessante, ao contrário das outras pessoas do salão. Ouviu-se outro grito, este vindo duma outra pessoas, duma outra rapariga. O burburinho começou a espalhar-se, parecia que as duas raparigas discutiam por um motivo qualquer.

"-É a Parkinson…."

"-E a Padma."

"-Não é a irmã… a Parvati…"

Os gritos das duas raparigas misturavam-se agora com os risos dos restantes alunos. Ginny levantou-se, não com o intuito de ver o que se passava mas sim para sair do salão. Aquele baile já tinha dado tudo o que tinha a dar e ela decidiu sair sem ser notada, estava farta de perguntas às quais não queria responder.

No caminho viu de relance o que se passava no centro do salão, duas raparigas completamente desgrenhadas, aos berros e vestidas de um rosa-choque capaz de encandear qualquer um. Ginny reparou que os vestidos das duas eram iguais, concluiu que esse era, provavelmente o motivo da briga.

Caminhou até à sala comum dos Griffyndor, naquela altura completamente vazia. Sentou-se numa das poltronas em frente da lareira. Era cedo, não tinha vontade de se deitar e o baile só terminaria dali a três horas, o que lhe rendia muito tempo sozinha. Respirou fundo e relaxou como já não fazia há muito. Aqueles eram tempos difíceis, a guerra estava eminente e a qualquer momento aquele castelo podia deixar de ser tão seguro como sempre fora. Era uma época que as pessoas viviam em medo, com receio de perder alguém querido e esse era o motivo da permanência de tantos alunos em Hogwarts, os pais receavam cada vez mais pela segurança dos filhos.

Os minutos foram passando e Ginevra começava a ficar farta do silêncio daquela sala. Levantou-se e, decidida a dar uma volta pelo castelo, saiu da sala comum. Caminhou pelos corredores silenciosos amaldiçoando profundamente as sandálias que calçava e que lhe provocavam uma dor intensa nos pés. Arrependida de não ter trocado de sapatos e sem vontade de voltar à sala comum entrou na porta que se encontrava mais perto.

A sala estava escura, iluminada pelo fraco luar que entrava pelas amplas janelas de vidro. Andou dentro da sala tentando encontrar algo onde se sentar.

O seu olhar foi atraído por um objecto que brilhava ao luar. Colocado sobre um pequeno pedestal reluzia ao luar um magnífico punhal.

Ficou apenas a observar, durante longos minutos, a fabulosa obra de arte. Tinha um aspecto delicado mas ao mesmo tempo poderoso. Muito brilhante, de um material prateado, muito provavelmente prata. O cabo era a cabeça de uma serpente e a lâmina o restante corpo. O punhal, ao contrário de tantos outros que já tinha visto, não tinha uma lâmina recta e sim sinuosa como se de uma real serpente se tratasse. Os olhos da serpente, duas esmeraldas incrustadas, pareciam seguir os seus movimentos, reflectindo o luar numa tonalidade esverdeada.

Esticou a mão com cuidado, tocando levemente no cabo do punhal. Ao ver que nada acontecia pegou-lhe e colocou-o ao nível dos seus olhos. A lâmina do punhal não era lisa como imaginara, pequenas sombras simulavam as escamas da serpente sem ao menos diminuir o brilho que emitia.

Passou o dedo indicador suavemente sobre o gume do punhal e suprimiu um gemido ao sentir a dor provocada pelo corte. Surpreendeu-se com o quão aguçado era o punhal, pois tinha sido capaz de feri-la mesmo com a pouca pressão sobre a lâmina. Respirou fundo olhando o objecto em suas mãos. Aquele simples objecto atraia-a duma forma inacreditável. Só de o olhar a sua mente tocava em assuntos que ela nunca tinha considerado antes mas que agora pareciam mais certos do que nunca.

Se o punhal era capaz de fazer aquilo ao seu dedo com um simples toque o que faria se aplicado com uma pressão maior? Ela poderia faze-lo, não iam sentir a sua falta, nunca ninguém se preocupava mesmo. Era simples, simples de mais.

Ergueu o punhal ao nível do seu peito. Cravado no coração seria praticamente indolor, passados alguns segundos tudo estaria terminado. Respirou fundo e fechou os olhos, não tinha coragem suficiente para encarar a morte de frente. Contar mentalmente parecia a melhor opção.

"Um…"

Ouviu a porta a ranger.

"Agora já é tarde para desistir. Dois…"

"-Hei!" – Ouviu alguém dizer, um rapaz, mas ainda assim não abriu os olhos.

"Três…"

Sentiu o seu braço direito a ser puxado violentamente e voltou-se para encarar a pessoa que a tinha interrompido.

"-Larga-me!" – Exclamou afastando-se do rapaz violentamente.

Era difícil vê-lo no escuro mas pode perceber os cabelos longos, invulgares nos rapazes daquela escola.

"-Weasley" – Murmurou ele ao vê-la banhada pelo luar.

Ela notou a voz arrastada dele mas ainda assim não soube identifica-lo, o seu coração ainda batia depressa de mais para que pudesse faze-lo. Estava confusa com toda a situação, ela estava prestes a acabar com a própria vida e entretanto tinha sido salva por um qualquer rapaz que se via incapaz de reconhecer. Sentia a adrenalina a correr-lhe nas veias, o sangue a pulsar-lhe nas têmporas e a boca a ficar subitamente seca.

"-Que… quem és tu?" – Gaguejou com a respiração ofegante.

"-Muito assustada para quem se queria matar ainda há pouco" – Comentou sarcástico.

"-Quem és tu? E o que é que isso te importa?"

"-Importa? Não, não poderia ligar menos para a situação."

"-Mas ainda assim impediste-me." – Rebateu.

"-Não o nego, mas começo a arrepender-me."

"-Aí sim? E porquê, se é que posso perguntar."

"-Porque sempre era uma Weasley a menos."

Aquela frase foi como um estalido na sua cabeça.

"-Voz irritante, sarcasmo, piadinhas sobre Weasleys… "– Começou a enumerar – "…cabelo comprido. Claro! Como é que eu não pensei nisso antes?"

"-Tu não pensas!"

"-Tu és o Malfoy."

"-O inesquecível."

"-O otário, melhor dizendo."

"-Eu acabo de te impedir de fazer uma loucura e tu chamas-me otário? Weasley onde está essa educação?"

"-Ninguém te pediu para fazer nada e como tu mesmo disseste era uma Weasley a menos no mundo, não é como se te preocupasses."

"-E não preocupo, só não quero ser acusado de matar uma Weasley."

"-Então se não te importas de sair." – Disse friamente.

"-Tu não queres fazer isso." – Disse calmamente.

"-Eu acho que por acaso até quero." – Disse erguendo o punhal de novo ao nível do peito.

"-Tu não vais fazer isso" – Ele não estava muito certo do que acabara de dizer.

A seu ver aquela rapariga parecia completamente maluca.

"-E és tu que me vais impedir?"

Draco viu a ruiva a fechar os olhos e não pensou duas vezes em segurar no pulso dela novamente.

O que aconteceu a seguiu nenhum deles soube dizer, tudo o que conseguiram perceber foi uma enorme escuridão.

Ö – T.T – Ö Fim do 1º Capitulo Ö – T.T - Ö

Kika Felton87

05/09/2008