1- O homem que tinha tudo, menos a garota.
O mundo nunca é o bastante quando se pode ter tudo. Eu tenho tudo, menos àquilo que realmente quero. Dinheiro nunca foi problema e todos os prazeres a venda eu já tive. Isso é realmente o bastante? Ela apareceu na minha vida para provar que não. Minha obsessão, que atende pelo nome de Bella Swan.
As coisas eram bem simples na minha vida. Com uma vasta propriedade para cuidar, algumas muitas libras no banco, total independência da fortuna da minha família e possivelmente o melhor partido da cidade de Londres. O filho mais velho de Lorde Carlisle Cullen e Lady Esme, condes de Seafield, o homem que tinha o mundo nas mãos.
Minha vida começou a se complicar no dia em que deixei os negócios para fazer uma visita aos meus pais, no condadona vila Cullen, na Escócia. Meus irmãos mais novos e eu nos reuniríamos na propriedade Cullen para o natal, exigência da minha mãe, que não agüentava mais as tormentas da vida social na cidade e ansiava por encontrar os filhos. Obviamente eu sabia o que esse encontro acarretaria.
Eu, Lorde Edward Anthony Masen Cullen, era o filho mais velho e o único solteiro da família. Meu irmão um ano mais novo havia se casado há dois anos com Lady Rosalie Hale, a mulher mais linda e mais intragável do mundo. A entrada da senhorita Hale para o ciclo social da minha família trouxe consigo a presença enigmática de seu irmão mais velho, Jasper Hale, conde de Stamford, que acabou fascinando minha irmãzinha Alice. O resultado foi incomum, dois casamentos no mesmo dia e envolvendo apenas duas famílias. Isso colocava em xeque a minha posição de herdeiro e me recordava de algumas obrigações para com o titulo de . Eu precisava de herdeiros próprios para dar continuidade a um patrimônio que um dia seria meu.
Passar o Natal em Cullen House era a desculpa perfeita para meus pais reunirem uma ou duas moçoilas consideradas "aceitáveis" e solteiras para me encorajar. Essas moças passariam o tempo todo me perseguindo, tentando me convencer com seus dotes naturais e habilidades que eram as mais indicadas para a posição de senhora Edward Cullen e futura Lady de Cullen House. Entenda por atributos os seios saltando de decotes avantajados, e habilidades como horas e mais horas bordando e tocando piano muito mal.
Tomei um trem na estação de King's Cross. Odeio fazer viagens ao campo, mas minha mãe havia atuado tão bem em sua chantagem sentimentalemocional que eu não pude recusar. Foram horas intermináveis dentro daquela cabine, ouvindo o barulho ritmado da locomotiva, até avistar no horizonte os contornos da estação de destino. Saltei do vagão o mais rápido possível enquanto um dos empregados da ferrovia retirava a minha bagagem. Em meio à densa fumaça das maquinas e a característica neblina inglesa eu pude reconhecer a figura imponente caminhando em minha direção. Jacob Ephraim Black, conde de Fife, é uma pessoa impossível de passar despercebida, mesmo porque não é nada fácil ignorar seus dois metros de altura e seu físico nada modesto.
Jacob não demorou a me reconhecer e quando o fez veio até mim com seu sorriso despreocupado. Éramos amigos há anosde infância, chegamos a estudar juntos, mas Black tinha uma preferência pela vida no campo, o que o levou a assumir a propriedade e o titulo do pai, após a morte do mesmo, e viver em Dufftown aproveitando a vida bucólica de sua própria casa, Black's Hall.
- Você me parece mais pálido do que da ultima vez, Edward. – Jacob disse debochadamente ao me cumprimentar – Parece uma daquelas bonecas de porcelana que Alice costumava ganhar de presente quando era criança.
- E você parece que passou uma temporada nos trópicos, está mais moreno a cada dia! – Jacob deu de ombros, sempre foi mais moreno e sua paixão pelos dias de sol o levavam a permanecer horas ao ar livre e naturalmente tornava-se mais bronzeado. – O que você está fazendo aqui, exatamente?
- Vim buscar meu velho amigo na estação. Isso é algum pecado? – eu o encarei desconfiado e ele riu, ele parecia um cão quando fazia isso – Sua mãe me pediu e eu quis vir. Lady Esme está ocupada com os preparativos para a festa de Natal na mansão e desta vez ela tem reforços. Alice chegou há dois dias e, mesmo com uma barriga grande de mais para sua pouca estatura, está botando os empregados loucos para dar a maior festa de Natal que este condado já viu. Juro, sua irmã tem o gene para o mal.
- Posso imaginar. – conhecia bem minha irmã para saber o quanto ela estava se divertindo com tudo isso. – Então é melhor ir logo, espero chegar em casa a tempo para o chá.
- Já mandei o carregador colocar sua bagagem em minha carruagem, podemos ir então. – Jacob e eu saímos em direção à carruagem dele, que já estava devidamente carregada com a minha bagagem e pronta para partir.
Mais duas horas até chegarmos aos portões de Cullen House. Jacob havia me colocado a par das novidades da região. Aparentemente Black's Hall estava com visitas indesejadas. A prima de Jacob, Leah, e o primo mais novo, Seth, estavam passando uma temporada com meu amigo. Não era segredo para ninguém que Jacob e Leah não se suportavam, mesmo que a família desejasse que eles se casassem um dia. Seth era um bom garoto, mas falava de mais às vezes, de modo que meu amigo estava se mantendo longe de casa o máximo possível.
Jacob também disse que meu irmão deveria chegar a tempo para o jantar daquela noite, junto com sua esposa, a quem Black chamava de "loira psicopata". Não posso negar, a melhor parte dessas visitas era ver a troca de sutilezas entre meu amigo e minha cunhada.
A carruagem parou em frente à mansão e não demorou muito para que minha mãe viesse me receber pessoalmente com seus sorrisos e seus braços abertos. Alice vinha logo atrás dela, mal agüentando sua barriga proeminente de oito meses.
- Finalmente você está em casa, querido. – ela disse me abraçando – Como é bom vê-lo de novo, mesmo estando tão magrinho. Aposto que passa horas naqueles clubes de cavalheiros e nem lembra de comer direito.
- Mãe, eu me alimento muito bem, mesmo que a senhora não acredite em mim. - me virei para minha irmã – Alice, mal consigo vê-la por trás desta barriga.
- Engraçadinho. – ela fez uma leve careta – Você terá um sobrinho ou sobrinha dentro de um mês e fica fazendo piadas. Quando nascer vou ensiná-lo a pegar suas partituras escondido e fazer barquinhos com elas. – Jacob riu sonoramente.
- Pode deixar que eu me encarrego disso, Alice. – ele disse.
- Obrigada por buscar meu filho, Jacob. – minha mãe agradeceu.
- Não há de que, Lady Esme. – Jacob curvou seu corpo numa breve reverencia que sempre parecia desengonçada devido à altura dele.
- Mandei que servissem o chá na sala de musica, aposto que estão com fome e este frio pede desesperadamente por uma xícara fumegante. – minha mãe fez sinal para que entrássemos, enquanto os valetes descarregavam a carruagem e encaminhavam a bagagem para meu quarto.
O chá na sala de musica era uma discreta exigência de minha mãe para que eu tocasse mais tarde. Ela sempre fazia isso quando eu estava em casa, adorava me ver tocando por horas a fio.
- Convidamos os Denali para o Natal, e os Clearwater. Será uma festa divertidíssima este ano. – minha mãe dizia com um entusiasmo do qual eu não compartilhava. Tanya Denali era a favorita de minha mãe para ocupar o posto vago como minha esposa e Leah e Seth Clearwater deixariam Jacob facilmente irritado durante a noite de Natal.
- Bom saber que Eleazar está vindo, será bom ter mais um para jogar conosco. – Jacob comentou animado – Alice, o que acha de ter a senhorita Swan junto a nós no Natal? – Black completou e eu me dei conta de que não fazia a menor idéia de quem era a senhorita Swan, mas Alice parecia extasiada com a idéia.
- Esplendida idéia, não acha, mamãe? – minha mãe pareceu considerar por um momento.
- Sem duvida, a senhorita Swan é muito agradável companhia, mas isso poderia constranger os Denali. – aquilo me deixou curioso.
- E por que está senhorita Swan constrangeria os Denali? – Alice riu diante do meu comentário.
- Isabella Swan é nossa nova governanta e eu a adoro! Ela tem me ajudado tanto nestes dias e é tão gentil e divertida. Já disse a mamãe que ela será preceptora do meu filho e não abro mão disso. – Alice tagarelava o tempo todo – Seria ótimo tê-la no jantar de Natal e quanto às roupas dela eu mesma posso cuidar disto.
- Eu acho apropriado que Alice tenha esta senhorita para lhe fazer companhia durante a festa. Não vejo porque os Denali não poderiam conviver com isso. – eu disse.
- Está bem, Bella pode participar e tenho certeza que será uma ótima companhia. – minha mãe finalmente cedeu aos pedidos, fazendo Alice vibrar de alegria e Jacob abrir um sorriso satisfeito. Eu não sabia quem era Isabella Swan, mas aparentemente ela havia se tornado a criatura mais adorada daquela casa.
Depois do chá eu me esquivei da minha tarefa de tocar piano, alegando que precisava descansar um pouco da viagem. É claro que minha mãe ficou inconformada, mas impôs que eu tocasse após o jantar. Jacob sumiu da minha vista por alguns minutos e conclui que ele havia partido. Sem mais o que fazer me dirigi ao meu quarto para descansar.
Foi neste breve momento que a vi pela primeira vez. Ela estava descendo as escadas, carregando duas caixas de vestido, quando ela levantou seus belos olhos castanhos na minha direção, poucos instantes antes de pisar na barra de sua saia e cair. Num movimento rápido eu a segurei antes que ela se machucasse, mas isso não evitou que as caixas caíssem e fizesse muito barulho.
- A senhorita está bem? – eu perguntei.
- Sim senhor. – nesta hora Jacob chegou ao pé da escada.
- Ai está você, Edward! Estava procurando você para me despedir. Vejo que já conheceu Bella Swan. – Jacob ria despreocupado – Estava procurando a senhorita também.
- Em que posso ajudá-lo, Lorde Black?- ela perguntou logo após pegar as caixas.
- Nada, exatamente. Só queria informar que a senhorita vai nos fazer companhia no jantar de Natal, por isso tome cuidado com Lady Hale, ela está determinada a cuidar de suas roupas para a festa. - um brilho de pânico passou por aqueles belos olhos castanhos.
- Oh não! – ela murmurou.
- Oh sim. – Jacob retrucou – E aposto que vai ter de nos acompanhar no chá em minha casa amanhã, Lady Hale já foi convidada e não dará um passo na direção de Black's Hall sem a sua companhia. – a garota corou violentamente. O que era aquilo? Jacob Black flertando com uma governanta da minha casa? – E é claro que você virá, Edward. Penso que Jasper, Emmett, você e eu poderemos jogar umas partidas de bilhar, ou cartas, talvez.
- Claro, Jacob. – eu estava meio chocado com a evolução da coisa toda. Meu melhor amigo flertando com minha governanta e tendo o apoio da minha irmã! Era surreal de mais para ser verdade.
- Eu preciso levar estas caixas para Lady Hale, se me dão licença. – ela pediu educadamente.
- Toda. – Jacob disse enquanto eu me limitei a um aceno de cabeça. Bella Swan sumiu de vista em direção a sala de desenho, onde minha irmã estava.
- Ela é uma beleza, não é mesmo? – Jacob perguntou, mas eu não prestei muita atenção. – Os pais faleceram enquanto ela terminava o colégio, o dinheiro da família foi para um primo distante e a senhorita Swan ficou apenas com um pequeno dote, por isso veio trabalhar para Lady Esme, mesmo que Alice insista que ela poderia ser uma excelente professora.
- Você parece muito interessado nesta empregada. – eu disse sem perceber o tom esnobe em minha voz.
- E quem não ficaria? Com aqueles olhos... Céus, ela é linda! E quando foi que o senhor ficou tão esnobe? – ele me encarou com a sobrancelha arqueada.
- Só acho peculiar. Você já se apaixonou por tipos estranhos antes, mas uma governanta é inusitado de mais até para você. Mas creio que no próximo verão já terá achado outra pra lhe despertar o interesse. – conhecia meu amigo muito bem para saber que suas paixões não duravam, mas ele pareceu espantado quando eu disse isso.
- Espero que não, meu amigo. Isso atrapalharia meus planos e muito.
- O que quer dizer com isso? – eu questionei.
- Lhe conto em outro momento, preciso ir. – Jacob se virou em direção a entrada - Até amanhã, Edward.
Aquela não se parecia nem um pouco com a minha casa. Estava tudo absolutamente confuso com a chegada desta nova governanta, Miss Swan. Mesmo desaprovando terminantemente o interesse de meu amigo nesta garota, nem mesmo eu poderia negar que aqueles olhos eram arrebatadores, como o mais profundo dos mares ou a mais negra noite. Isabella Swan era um mistério.
Eu me deitei um pouco, até a hora do jantar. Foi impossível ignorar a chegada de meu irmão, Emmett, e sua esposa. Parecia que a casa estava recebendo uma verdadeira trupe circense quando eles chegaram, tagarelando sobre a viagem de segunda lua de mel que havia durado seis meses. Rosalie havia insistido em fazer o Grand Tour pela Europa e Emmett fazia qualquer coisa, menos contrariar sua esposa.
Pouco tempo depois, meu pai e meu cunhado chegaram do povoado, onde haviam passado o dia resolvendo a compra de algumas terras e presentes de natal. Finalmente a família estava completa e minha mãe ordenou que o jantar fosse servido após os devidos cumprimentos e breves comentários sobre a minha viagem de Londres até Cullen e os negócios.
Novamente fui surpreendido pela presença de Isabella Swan. Alice havia insistido que ela jantasse conosco, ignorando solenemente a casa de desagrado de Rosalie quando esta soube que teria de tolerar a presença de uma governanta a mesa. Meu pai não se importava, parecia gostar da presença da moça tanto quanto minha irmã e minha mãe, até mesmo Jasper apreciava o efeito que a garota tinha sobre minha irmã. Alice parecia muito mais disposta quando Bella Swan estava por perto.
Eu esperava que a garota não soubesse como se portar numa mesa como aquela e fui surpreendido com maneiras exemplares, digna dos melhores educandários da Inglaterra. Ela sabia comer e beber como uma dama, e mantinha uma conversa agradável, sempre que lhe dirigiam a palavra. Durante o jantar, Alice questionava sua nova amiga todo o tempo, pedindo sua opinião para o nome do bebê.
- Eu gosto de Alfred, e também de William. O que acha Bella? – Alice perguntava durante a sobremesa.
- São lindos nomes, mas William é menos usado neste dias. Já tem alguma idéia, caso seja uma menina? – Isabella respondeu.
- Estava pensando em Georgiana, ou quem sabe Hellen. – Alice parecia empolgada com a idéia de uma menina, mas não mais que seu marido.
- Eu penso que o menino deve se chamar Jasper, como o pai. Lorde Jasper Cullen Hale, 5º conde de Stamford, soa perfeito. – Rosalie disse com seu jeito afetado – Não é mesmo, Lady Esme?
- Se for um menino – Jasper disseinterrompeu a conversa de sua irmã – deverá ter o nome que Alice desejar, particularmente prefiro que seja uma bela garotinha e Hellen me parece o nome perfeito para uma condessa.
- Não seja bobo, meu irmão. Um menino herdaria o nome da família. – Rosalie continuou sua conversa desagradável.
- De fato, mas adoraria uma menina rosada e linda como a mãe. – Jasper segurou a mão de sua esposa enquanto ela sorria e alisava sua barriga com a outra mão.
- É uma visão adorável, Lorde Hale. – Bella Swan disse sorrindo delicadamente e eu senti uma instantânea empatia por ela e sua delicadeza. Agora eu começava a entender o estranho efeito que ela causava em toda família. – Se for uma menina, ela será realmente linda.
- Assim espero, Miss Swan. E adoraria poder contar com sua amabilidade para educar a futura Lady Hale. – Jasper ergueu brevemente sua taça em uma saudação à senhorita Swan, enquanto Rosalie olhava com desagrado o triunfo da jovem.
- Obviamente uma governanta não entende a importância de um herdeiro varão. O que seria da família se não tivesse um belo garoto para levar nosso nome adiante? – Rosalie comentou venenosamente, fazendo a jovem governanta corar violentamente devido ao insulto. Eu mesmo fiquei furioso com tamanha insolência dirigida a uma pessoa que não fez nada além de felicitar o sucesso de um jovem casal.
- De fato, Rosalie, um herdeiro é necessário para levar o nome da família adiante e isso me recorda que a senhora já deveria ter ao menos a suspeita de ter concebido um após dois anos de casamento com meu irmão. Posso saber quando teremos a honra de receber o futuro visconde de Seafield? - foi a minha vez de reverter o jogo. Rosalie tinha adoração por crianças, mas não havia dado sinais de capacidade para produzir uma até o presente momento, o que era um grande aborrecimento para Emmett, que ansiava por um filho dês do dia em que recebeu a noticia da gravidez de Alice.
- Ele virá no devido tempo, querido Edward. – Rosalie me encarou furiosamente. O clima da mesa já estava comprometido o suficiente para que minha mãe sugerisse uma rodada de licores, uísque, e café na sala de musica, o que me colocaria ocupado pelas próximas duas horas tocando o piano.
Isabella se encarregou de ajudar Alice a levantar e logo em seguida todos fomos para a sala de musica, onde me sentei junto ao piano de cauda. Selecionei algumas partituras e comecei meu breve conserto. Minha mãe ordenou que servissem chá e café às senhoras enquanto meu pai, meu irmão e meu cunhado se entretinham com brandy. Rosalie continuava intragável, mas depois de nossa troca de sutilezas ela parecia menos encorajada a falar qualquer coisa que envolvesse crianças ou a importância de um nome respeitável.
Bella Swan mantinha-se silenciosa e somente respondia quando era solicitada. Na verdade, eu a observava pelo canto dos olhos, tamborilando seus dedos ao som da musica enquanto seu rosto mostrava sua total absorção pela peça que eu tocava. Aquilo me fazia notar que ela possuía paixão pela melodia e uma compreensão incomum. Eu estava fascinado por aqueles olhos perdidos.
- Gostaria que eu tocasse algo em especial, Miss Swan? – perguntei num esforço de gentileza.
- O senhor por um acaso conhece Moonlight Sonata, Lorde Edward? – ela perguntou timidamente.
- Não só sei, como ela é a minha peça favorita. – não era uma mentira, Mozart sempre foi uma paixão para mim. Sem mais delongas eu comecei a tocar, enquanto eu a via se aproximar do piano cuidadosamente para ouvir a musica. Ela era realmente digna de admiração. – A senhorita parece gostar bastante de música, não é mesmo?
- Admiro quem sabe tocar tão bem, a pesar de ter tido aulas, receio não ter talento para a música. – ela disse modestamente.
- Aposto como está sendo modesta. – ela corou levemente.
- Não estou, eu realmente não sei tocar como se deve. – ela disse sem desgrudar os olhos do piano.
- Mas deve ter algum talento maravilhoso. – eu estava sendo gentil, o que não era difícil perto dela.
- Nenhum, eu suponho. – a senhorita Swan disse simplesmente. Ela não via, mas tinha o dom de cativar as pessoas a sua volta e eu me sentia particularmente enlaçado por aqueles olhos tão comoventes.
- Não seja tão modesta, Bella! – Alice falou, interrompendo nossa conversa – Bella sabe recitar poemas como ninguém.
- Mesmo?- eu a olhei interessado – Adoraria ouvir.
- Recite o soneto XIV de Shakespeare. – Alice pediu.
- Está bem, recitarei... Não é das estrelas que retiro o meu julgamento – os olhos dela brilhavam – E com tudo talvez seja um praticante de astrologia – como as próprias estrelas do poema – Mas não para falar da sorte boa ou má – dizia cada palavra como se fosse a minha sorte se pronunciando naqueles lábios – De peste, fome, ou tipos de estação – era como ver o meu destino personificado – Nem posso ler o destino – ela era o futuro – Determinando a cada qual seu quinhão – poemas nunca fizeram o menor sentido para mim até aquele momento – Ou prognosticar aos príncipes se tudo irá correr bem – ela tinha o dom - Predizendo o que vislumbro dos céus – ela hipnotizava – Mas dos teus olhos meu conhecimento tiro – o poema falava dos olhos dela – E (estrelas constantes) neles posso enxergar tal arte – os olhos dela eram o universo – Como a verdade e a beleza florescerão juntos – eu estava deslumbrado – Se de te guardares só para ti te convertesses – pelas constelações daqueles olhos – Ou então isso eu prognostico de ti – eu estava cego e louco – Que o teu fim será o termino e a catacumba da verdade e da beleza.
- Esplendido! – Alice disse em algum lugar, mas eu não a via.
- Nada nunca me pareceu tão verdadeiro em uma poesia, até agora, senhorita Swan. – ela ficou corada e eu compreendi o que o poeta dizia em seu ultimo verso com uma força desconhecida. O fim dela era o termino e a catacumba da verdade e da beleza. O mundo sem Bella Swan era um lugar insuportável. - A senhorita definitivamente tem o dom.
O restante da noite transcorreu sem mais detalhes relevantes. Aparentemente todos pretendiam descansar para a visita à Black's Hall no dia seguinte, coisa que não estava me interessando nem um pouco. Eu não estava disposto a ver Jacob cortejando aquela garota simplória e absolutamente intoxicante. Fui para o meu quarto, esperando um pouco de paz de espírito para uma noite de sono tranqüila, mas aqueles lábios se movendo suavemente e aqueles olhos cintilando como estrelas tornavam minha tentativa inútil. Ela era como o ópio do oriente, viciante.
Edward, seu imbecil! Ela é uma criada! Uma reles governanta e você parece que nunca viu uma mulher bonita na vida! Minha cabeça não parava de gritar e eu sabia que o meu comportamento era totalmente reprovável. Eu precisava impor limites as minhas fantasias. Ela não passava de uma jovem atraente, como tantas outras jovens. Ela não possuía nada que pudesse chamar a atenção de um nobre.
Tanya, eu tinha que pensar em Tanya. Ela era linda, divertida, rica e só freqüentava os mais altos ciclos sociais. Seus cabelos eram loiros, seu rosto era perfeito, o corpo era atraente. Mas eu nunca me interessei por loiras, uma birra por causa de Rosalie, e os seios saltando para fora do decote me pareciam muito vulgares, e os olhos da senhorita Denali eram tão comuns que me entediavam.
