XV LIGHTS

Escrita por jimmyfriki para Mi_Kurosaki

Beta: _haniten

Capeadora: Onuki_Yumi

Capítulo 1: A Light in the Darkness

15 de julho. Mais um dia normal no décimo terceiro esquadrão da Soul Society. Nenhuma ocorrência, nada de grave acontecendo, então todos os shinigamis estavam tendo um bom e merecido descanso. No máximo, alguns esparsos shinigamis estavam treinando ou conversando com suas Zanpakutôs. E no meio deles, em um salão amplo no prédio desse esquadrão, uma bela jovem, com cabelos pretos curtos, estava sentada em posição de Jinzen, com sua Zanpakutô no colo.

Entretanto, sua mente muito instável e seus pensamentos voavam para uma coisa completamente diferente, o que a impedia de conversar com Sode no Shirayuki, fazendo-a uma exceção em meio a muitos que ali estavam conversando com seus companheiros de batalha e, mais que isso, uma parte deles mesmos. Sua posição e imobilidade impecáveis, contudo, enganavam quaisquer outros aprendizes. Porém sua inquietude não passou desapercebida ao capitão da divisão, Ukitake Jûshirô, que estava supervisionando a atividade. Ele foi em direção a ela e falou em seu ouvido:

-Kuchiki-chan, saiamos daqui. Eu sei que você está fingindo. E devo dizer que finge muito mal.

Rukia não se moveu.

-Kuchiki-chan... Podemos conversar?

Ela continuou imóvel e Ukitake começou a falar, bem baixo, com sua usual expressão de quem cometeu um erro bobo que não deveria ter cometido:

-Ih, será que ela realmente está em Jinzen? Ups... Ah, já sei a maneira perfeita pra fazê-la levantar...

Dito isto, abaixou-se e sussurrou no ouvido de Rukia:

-Eu sei perfeitamente bem que dia é hoje. Não adianta tentar me tapear. Sei o que está lhe atormentando e devo dizer que está enganada ao pensar que consegue esconder isso tão facilmente. Afinal de contas, hoje é dia 15...

Rukia travou. E apesar de ter disfarçado tanto quanto podia, seu movimento sutil fora perceptível aos olhos de Ukitake, fazendo-o rir da tentativa frustrada de Rukia em esconder seu nervosismo. A jovem ainda ficou parada por alguns segundos, mas percebeu que não adiantava mais tentar fingir. O capitão já sabia mais ou menos o que se passava em sua cabeça. Ela finalmente se levantou, embainhou sua Zanpakutô e começou a seguir o capitão. Eles saíram do salão de treinamento, viraram de frente para ele, fizeram uma reverência e continuaram sua caminhada, após se calçarem novamente. Ao passarem pela região, eles viram alguns poucos shinigamis (para o número de guerreiros do mesmo) em treinamento. Continuaram a andar até chegar ao prédio principal do esquadrão, onde entraram, saindo por uma porta traseira para tomar chá próximo a um lago.

O capitão rapidamente aprontou um chá oferecendo-o a Rukia, ainda pensando sobre o motivo de sua inquietude. O que ele não desconfiava era que aquele era um dia especial. Não só para a shinigami, como também para uma pessoa de quem ela gostava muito. Um jovem que, desde que havia perdido seus poderes shinigami, não conseguia tirar da cabeça.

Desde esse fatídico dia, mais do que qualquer outro shinigami no décimo terceiro esquadrão, Rukia treinava e aumentava suas habilidades, tanto como lutadora quanto como usuária de Kidôs e suas habilidades com a Sode no Shirayuki – apesar de haverem alguns dias em que ela não conseguia se concentrar muito bem. Percebendo esse fato, Ukitake usou de sua inteligência para tentar descobrir um padrão e concluir que havia um decorrer similar de tempo entre os dias em que Rukia se desconcentrava. Cerca de um mês humano. E sem exceções, ela ficava meio atrapalhada no dia 15 de cada mês humano.

Ainda assim, ela avançava a passos largos e, pelo que Ukitake pudera observar, talvez um ano ou dois ela conseguiria convocar a sua Zanpakutô para a dimensão da Soul Society, o que significaria atingir o primeiro estágio para o Bankai. O esforço de Rukia era notável e admirável, aos olhos do capitão. E ele via que isso tinha algo a ver com esse alguém que Rukia tinha deixado para trás.

Nesse dia, entretanto, a desconcentração de Rukia estava atingindo níveis maiores, o que alarmou Ukitake. Ele preferiu cancelar o treinamento de Rukia e questioná-la sobre o que estava acontecendo.

-Rukia... Eu notei algo interessante. – bebericou o chá – No dia 15 do mês de todo o calendário humano você fica inquieta. Preferi não lhe questionar, deixei passar. Mas o que tem de especial no mês de julho para você? – Rukia corou.

-N – não é nada, Ukitake-taichou, não se preocupe com isso. – falava enquanto afastava o chá. Estava, sem dúvidas, nervosa e embaraçada por alguém ter percebido sua inquietude mental.

-Não há como nem porque eu não me preocupar. Afinal, desde que chegou, após a batalha contra Aizen, mais do que todos os seus companheiros aqui do 13º esquadrão, você tem se esforçado. Nesse passo, eu já posso lhe pedir para ser minha tenente sem nenhuma preocupação.

Do nada, Kiyone e Sentarô surgiram através da porta traseira da sala que ambos haviam passado para chegar ao jardim, chegando à área onde estavam Rukia e o capitão do esquadrão. Sentarô entra primeiro e Kiyone logo depois, caindo em cima dele

-COMO ASSIM TENENTE, CAPITÃO? – Os dois questionaram em uníssono.

-Nossa, vocês estavam ouvindo por trás das portas DE NOVO, Kiyone, Sentarô? – Ukitake levantou um pouco a voz, preparando-se para dar um sermão e se desconcentrou um pouco da Kuchiki presente. Ela rapidamente aproveitou a oportunidade de ouro e correu para uma floresta ali perto. Ainda portando a Sode no Shirayuki, entrou na floresta, subiu em uma árvore e, por ser leve, não quebrou o galho. A jovem começou a pensar e relembrar de sua vida desde que fora à Terra...

Seu tempo na escola, suas conversas com Orihime, as lutas ao lado de Chad, de Ishida, de Inoue, as tentativas de aprender a falar como um humano normal, as lutas contra Hollows enquanto ela ainda não conseguia usar seu corpo shinigami, as verdades reveladas sobre seu Gigai, o fatídico reencontro dela com Byakuya-no-nii-chan e Renji, sua quase execução pela Soukyoku e diversos eventos subseqüentes.

Ela pelejava, tentava ocultar uma pessoa de sua mente, mas não conseguia. Sabia bem que se suas memórias se resumissem a somente aquilo que ela estava se lembrando nesse momento, ela não estaria confusa, atordoada, desconcentrada, inquieta, melancólica ou triste como estava agora. Seus pensamentos todos se voltavam para o aniversariante do dia. Aquele rapaz inquieto que havia mudado sua vida definitivamente e que ela carregaria consigo sempre, independente do que ocorresse a qualquer um dos dois. Uma fina lágrima escorria pelo seu rosto quando finalmente não conseguira mais suportar. Precisava verbalizar tudo o que sentia.

-Feliz Aniversário, Ichigo. Você mudou a minha vida.

O que a shinigami não sabia é que não só ele havia mudado a vida dela, como também havia mudado a vida dele. E ela nunca sairia de suas memórias. Não só isso, mas eles continuariam mudando um a vida do outro.

Mais cedo do que ela imaginava...