~Os personagens pertencem a Kubo Tite, Bleach ©.

~As imagens da capa são do perfil "ひな" (Hina) id 3598414, no pixiv.
A montagem: minha

~ Heh, sempre quis escrever algo com esses dois, então aí está. Nem acredito que estou finalmente me arriscando. E, é claro que a ideia de juntar Byakuya e Kenpachi surgiu dos mais "puros" dos pensamentos, rs. Esse lemon é mais um daqueles: leia por sua conta e risco.
Serão dois capítulos, espero postar o próximo semana que vem.

Boa leitura!


...


O velho Genryuusai certamente não deveria ter tomado aquela decisão usando o lado mais racional de suas faculdades mentais. Enviar Byakuya e Kenpachi para liderarem juntos um grupo de soldados em missão era o mesmo que implorar de joelhos para uma desgraça acontecer. Precedentes do comportamento daqueles dois enquanto respiravam o mesmo ar o comandante tinha. Mas isso não pareceu o afetar nem um pouco quando elegeu os nomes para convocação.

A não ser, é claro, que estivesse com planos de se livrar de um ou de outro e planejava que o fizessem por si só. Fora isso, era realmente uma escolha isenta de qualquer sensatez. Os oficiais ficaram boquiabertos ao tomarem conhecimento de quem iria os liderar. Alguns tentaram desistir da missão, mas para o azar desses, não lhes foi possível.

No Gotei a notícia já havia gerado motivo para apostas. Os ânimos, porém, estavam bastante estremecidos de um lado — exceto pelas bandas do décimo primeiro esquadrão a mando de Kenpachi. Sempre fanáticos e farejadores de uma boa luta, eram os mais entusiasmados com aquilo. Mas, infelizmente, os oficiais escolhidos para acompanhar os capitães em missão eram novatos que ainda não pertenciam a nenhuma das treze divisões. Aos outros restava apenas esperar.

O resultado daquele despropério não poderia ser outro além do esperado. Tinham sido enviados para um distrito um tanto quanto ermo. Havia mais mata do que gente vivendo por ali. Foi numa clareira em meio à floresta que Byakuya e Zaraki decidiram por em dia suas pendências competitivas.

Parte dos soldados estava distante cumprindo ordens, e a outra parte que havia ficado não ousava sequer se aproximar da luta. Ambos os capitães esperaram por aquele dia. De certa forma sempre foi inevitável. Onde quer que fossem, qualquer que fosse a gravidade da situação, a rivalidade estava ali, gritando, roubando o centro das atenções para si. Causalidades poderiam adiar o momento, mas a certeza de que ele continuaria os perseguindo era uma garantia fatal.

— Não existe a menor possibilidade de me vencer, Zaraki Kenpachi. — Byakuya estava a poucos metros de distância. Senbonzakura ainda estava embainhada, mas a mão já firmava os dedos em volta do cabo.

— Isso você não vai decidir com pose e palavrinhas floridas, Kuchiki. — O homem de quase dois metros deu dois passos à frente. Arrancou a zanpakutou do cinto e cortou ar em desafio.

Byakuya estreitou os olhos sem demonstrar alteração. Estava tão acostumado a ouvir aquelas provocações que elas já não surtiam efeito algum em seu humor. Na verdade sabia várias delas de cor e conseguia até prever alguns insultos dependendo do contexto. Mas era imune a toda aquela agressividade verbal. Ou pelo menos tentava fortemente se convencer disso.

— É deprimente ter que ouvir um bárbaro com tanta presunção. — Disse, aproximando-se também. — Tenho pena de você por não saber a hora de se colocar em seu lugar. Mas não me espanta que a sabedoria não esteja ao alcance de gente do seu nível.

Zaraki rasgou um sorriso assassino no rosto. Já ouvira algo parecido antes.

O Kuchiki tinha um orgulho monstruoso. E o tamanho só tornava as coisas ainda mais divertidas para Kenpachi. Adorava cutucá-lo, atiçá-lo, expor sua impulsividade, ver até onde ele conseguia aguentar. Todos têm um limite, afinal. E Zaraki estava disposto até a última gota de sua gigantesca reiatsu a descobrir até onde o Kuchiki iria pelo seu orgulho. Combustível para alimentar a luta ele tinha de sobra.

Sei dos seus crimes, pensava, cospe suas leis feito pragas, enaltece a própria grandeza, mas por trás do capitão exemplar conheço seus podres, Kuchiki. Byakuya desfilava sua aristocracia afetada pela Seireitei sempre com algo moralista a dizer. Instrui soldados a submeterem-se às regras, quando sua própria história era marcada por não obedecê-las. Olhava de cima àqueles que não partilhavam de seu nascimento nobre, mas era com a ralé do Rukongai que esquentava seus lençóis. Primeiro a esposa moribunda, depois o tenente vira-lata.

Kuchiki Byakuya era qualquer coisa, menos o homem que se esforçava tanto para ser: inflexível e obediente. Podia enganar os outros, mas Kenpachi farejava os pecados do Kuchiki de longe, mesmo através de todo aquele polido disfarce. Certo disso, Zaraki estava convencido de que conseguia dobrá-lo ainda mais do que fazia com meros insultos e provocações.

"Não sabe a hora de se colocar em seu lugar", Kenpachi riu para si mesmo refazendo as palavras de Byakuya.Sua hora vai chegar, Kuchiki. Vamos por um fim nessa história de cada um no seu lugar.

— Você e essa sua mania de falar enfeitado. Não sei como aquele seu tenente te aguenta com tanta merda. Aposto como deve recompensá-lo bem.

— Não faço ideia do que está falando. É melhor começar a se preocupar com sua derrota.

Kenpachi rosnou tomado de fúria e sede de sangue. Flexionou os joelhos e projetou-se para frente na ofensiva, pronto para o assalto. Mas deteve-se de súbito mostrando os dentes num sorriso demoníaco. A ponta da espada raspou o chão a sua volta roubando o olhar cheio de suspeitas do Kuchiki.

— O que acontece se eu te provar o contrário? — Devolveu.

O capitão da sexta parecia surpreso. Kenpachi refreando ímpetos de cólera para argumentar logo no início da luta não era do seu feitio. Não tinha ideia do que se passava dentro daquela mente selvagem, mas também não fazia questão de saber. De nada iria acrescentar.

— É realmente de se admirar essa sua ousadia. Mas fique tranquilo. Não há nada o que esperar de uma coisa dessas.

— Tsc. Ninguém te disse o quanto é irritante essa sua mania de antecipar as coisas?

— Não me importo.

— É bom que não se importe mesmo. — Zaraki lançou-se na direção do rival, a espada apontada para frente em convite e ameaça. — Porque se não for como diz, Kuchiki Byakuya, vai pagar pelo que disse de um jeito bem especial.

Pétalas afiadas começaram a dançar entre os homens, ganhando volume e forma. Byakuya comandou-as com as mãos em posição de ataque. Kenpachi não viu quando foi que aquela peste desembainhara a zanpakutou, mas não pretendia deixá-lo levar vantagem com esses truques baratos. Guerreiro que se preze não luta à custa de fuleiragens.

— Faça como quiser. — Byakuya disse.

— Rá! vou tomar isso como um acordo. Agora me mostre o que sabe fazer, me dê uma diversão memorável! Faz um tempo desde que não me exercito pra valer. — Gargalhou, enquanto contorcia o pescoço de um lado para o outro fazendo os ossos emitirem estalos irritantes.

Não havia mais tempo a perder. O sangue de ambos ardia, pedindo para que acabassem logo com aquilo. Zaraki foi o primeiro a avançar. Sua espada investiu feroz com força para esmagar cem homens de uma só vez. Mas seu oponente desviara antes que pudesse piscar. Pensou rápido e girou os calcanhares bloqueando um golpe traiçoeiro que vinha pelas costas.

O choque do aço contra a saraivada de pétalas cortantes reverberou pela floresta, espantando uma revoada de pombos. Byakuya recuou com seushunpo, mantendo a distância segura outra vez. Zaraki não perdeu tempo dando brecha para o Kuchiki planejar outra investida.

Ergueu os braços e saltou como uma besta na direção do rival, dessa vez decidido a abrir um talho no peito do outro capitão. Esperou ver o sangue tingindo de carmim o gume da espada, mas havia dado de frente com a shikai de Byakuya.Correu mais uma vez para o ataque, ávido pelo êxtase daquela luta, mas o Kuchiki esquivara-se para longe.

— Que merda. Vai ficar só fugindo? Para de trapacear com esses truques de bicha. Até parece que vai conseguir me cortar com essas suas florzinhas. Lute feito homem! Ou será que não dá conta?

— Entendo — disse o Kuchiki — é realmente um bárbaro. Se é de força bruta que sente falta, posso lhe dar o quanto quiser. — As pétalas de sua senbonzakura retornaram ao cabo de origem. Com a lâmina refeita, largou-a com ponta virada para baixo e deixou que a espada fundisse com o solo enquanto chamava seu bankai. — Vai se arrepender por isso, Zaraki Kenpachi.


...


Obrigada aos que leram =3
Até o próximo.