Disclaimer: Fic com conteúdo yaoi, isso quer dizer, narra a estória de relações homossexuais entre homens. Escrevo apenas por diversão, Saint Seiya e Lost Canvas infelizmente não me pertencem.
E antes de vierem falar. Dégel não é o Camus, e o Kárdia não é o Milo. E quis mostrar isso na estória.
Minha primeira fanfic com os lindos de LC.
Marcas de Ontem
Os orbes genuinamente de tonalidade malaquita, formavam uma sintonia perfeita entre emoções. Costumeiramente frígidos, eram poucos que conheciam o brilho cálido que poderiam tornar-se – porém ele conhecia – personalidades praticamente opostas, completavam com perfeição um ao outro. Palavras muitas vezes eram desnecessárias entre os dois. Eles se conheciam.
Seus olhos eram de um tom lápis-lazúli, vivazes e radiantes. Desde muito novo sua personalidade era contagiante a todas em sua volta. Mas para terem algum tipo de contato fora preciso tempo. Desde muito cedo o francês o interessava, mas ele não perecia demonstrar interesse em si, diferente da maioria.
- Sou um dos aspirantes do cavaleiro de escorpião – começou assim a tentar uma apresentação, sentando ao lado do menino ruivo que parecia imerso em páginas de um livro – Hei. – Chamou de um modo impaciente o outro quando este apenas o ignorou.
- Eu sei quem você é – ralhou o pequeno francês, sem volver o olhar ao outro menino.
Sinto que te conheço faz tempo
De outro milênio, de outro céu
Escondia-se nos livros, sabia que neles encontraria a soluções para todos os problemas que buscasse.
- Dégel – o chamou, encontrando-o enfurnado na biblioteca. Comia uma maçã quando se colocou ao lado do ruivo. Um sorriso ladino adornava seus lábios, pousando a atenção ao amigo, que parecia preso nas páginas de um dos volumes que não cansava de reler.
Mordeu a fruta uma vez, e o silêncio. Outra mordida e a mesma resposta.
Respirou de forma audível, retirando o objeto das mãos do outro cavaleiro, que logo lhe desviou a atenção. Antes que o aquariano pudesse manifestar alguma coisa pela interrupção, inclinou seu corpo, tocando em sua nuca, acariciou seus lábios com os do ruivo, lhe roubando um beijo lacônico, com a outra mão segurava o restante da fruta. E o abandonado livro estava chão.
- Deixe essa chatice para lá. Quantas vezes você já releu isso? Mil? – Perguntou um escorpiano impaciente.
- Não seja exagerado, Kárdia – suas faces tornaram de um carmesim protuberante, toca nos próprios lábios com um dos dedos, desviando o olhar do loiro que agora estava sentado ao seu lado na mesa – Por que fez isso?
- Por que eu quis, oras. – Os sinuosos cabelos dourados caiam sobre seus ombros, terminando de comer o restante da maçã, mas o observava, divertindo-se com a situação do aquariano. Apoiava ambos os cotovelos sobre a mesa. Segurou a mão do francês quando este tentou recuperar o livro.
- Kárdia – exclamou, ainda deixando evidente seu embaraço pela situação.
E novamente outro ósculo ocorreu – com sabor de maçã – em um tom cálido. E foi ali naquela biblioteca que se amaram pela primeira vez.
Posso te revelar minha alma
Me diz se reconhece minha voz
Um soco, dois, três e um machucado – os olhos do menino loiro tornaram-se marejados – frustrado, decidiu sair da área de treinos.
- O que aconteceu?
Seus passos foram interrompidos quando o ouviu, e o dono daquela voz o surpreendeu. Desviou o olhar, não querendo demonstrar sua fraqueza.
- Nada. – Estava a beira de lágrimas, apertando a mão machucada com o intento de escondê-la, mas fora um ato dolente, o que lhe fez gemer baixinho em cosequência da dor.
O aquariano mesmo após a resposta do outro, aproxima-se, coagindo o grego a destampar o ferimento – mas o fez de uma forma sutil – tocando com a ponta de seus dedos enquanto o analisava.
- Acho que você terá que enfaixar. Está vermelho. Meu mestre sabe...
- Por que está me ajudando? – Interrompe o ruivo, além das lágrimas, deixavam um semblante dúbio emergir.
- Não sei – ainda segurava sua mão, foi peremptório – Que tal tentarmos de novo?
Seus olhos estavam envoltos em uma seriedade, porém, existia algo de diferente neles. Milo conseguia notar. Ternura?
- Tentarmos? O quê? – Não compreendera aquelas palavras. Ainda tentava decifrar seu olhar.
- Sou Camus, estou treinando para ser o próximo cavaleiro de aquário. – Tocava de forma branda sobre a parte posterior da mão do loiro.
- Eu sou Milo... Eu sabia o seu nome, só não entendia por que você nunca quis falar comigo. – De maneira maquinal, deixou sua mão sobre a do francês, ela já não doía tanto.
E pela primeira vez o viu desviar o olhar para esconder seu rubor.
Sinto que desnuda minha mente
Quando beija minha testa
Os corpos dos dois amantes estavam desnudos – Kárdia dormia; Degel não –, nos braços do escorpiano, estudava os traços de seu rosto, sentindo a respiração dele acariciar sua face sutilmente.
Sabia que teriam pouco tempo juntos. A leitura das estrelas revelava o futuro. Mas nunca comentou ou pensou em dizer isso ao outro cavaleiro.
- Kárdia – tocou sobre seu peito, o fazendo com a ponta de seus dedos.
- Hum? – Abriu apenas um dos olhos, lhe fitou por um momento lacônico e tornou a tentar retornar a seu sono.
- Kárdia... – tentou novamente, em um timbre mais alto.
- O que foi? – Sua voz saiu áspera, mal-humorado e sonolento mesmo após o olhar terno do ruivo.
- Queria conversar.
- Conversar? Ah, Dége! Deixa isso para outra hora – ainda o tinha em seus braços, bocejou.
- É sério, Kárdia. É que não sei quando podemos ter esta conversa – estava rubro, umedecendo os lábios ressequidos.
- O que inventou agora? – A aspereza de antes retornara em seu tom, suspirou.
- O que nós temos? – Ignorou a acrimônia do amigo, fixando seu olhar no loiro.
Uma risada foi uma ouvida inicialmente, mas o grego não o respondeu.
- É sério, Kárdia – aquilo o deixou amuado, em seus olhos e semblante evidenciou isso.
- Somos amigos, não é mesmo? – Indaga, como se a pergunta fosse óbvia, tornava a observá-lo, franziu seu cenho.
- Ah. Amigos! – Desviou o olhar do escorpiano, e saiu dos seus braços, dando as costas para ele. Respirou fundo, tentando segurar as lágrimas.
O silêncio entre os dois foi incômodo, porém breve.
- Não pedi para criar expectativas, Dégel. – Tentava concertar a situação, mas só conseguia piorá-la.
- Esqueça – sua voz saiu em um timbre firme e uma lágrima molhou sua face.
- Dégel. Não vai ficar aí chorando como uma menininha, não é? – Conhecia bem o aquariano, mas não compreendera tamanha fragilidade, não que este fosse um homem frio, longe disso. Mas notaram uma débil mudança nas ações do ruivo.
- Não estou chorando... – fungou, limpando algumas lágrimas insistentes com os dedos.
- Está sim. – Insistiu, o fazendo tornar a virar seu corpo de frente para o seu, limpou as lágrimas dos olhos ametistas, com carinho.
- Pára com isso! É só sexo para você, não é? – Segurou a mão do escorpiano, impedindo que continuasse o que fazia.
- Não sei... só sei que não quero falar de sentimentos – colocou seu corpo por cima do dele – e não o quero longe de mim.
- Kárdia... – iria começar uma frase, mas foi calado com um novo beijo.
Me diz se trago marcas de ontem
Só com o toque de suas mãos
- Vou para a Sibéria, Milo. – Não existia emoção em seu tom, dissimulava com perfeição seu descontentamento e melancolia.
- Você vai o quê? – Aquela notícia o deixou aturdido, arfou, demorando alguns segundos para aceitar o que ouviu.
- Sim, ordens do Santuário. – Escorou suas costas sobre a árvore, estavam ambos sentados sobre relva.
- Por que você só me disse isso agora? Quando você vai? – Fixou seu olhar no ruivo, querendo respostas.
- Achei apenas desnecessário. Amanhã e...
- Amanhã? – Interrompe Camus, seus olhos deixavam evidente uma mescla de surpresa e tristeza – E desnecessário?
- Milo, olha...
- Olha você! – E não o deixa falar novamente, colocando-se de pé – Camus, você é meu melhor amigo, como é desnecessário? Você tinha que me falar!
O ruivo fechou o semblante, deixando de observá-lo, não o respondeu. O escorpiano sentiu um aperto no peito, sabia que ficaria sem o francês por muito tempo. Estava ciente que ele devia ir, não poderia se opor, mas ao mesmo tempo, sentia-se traído pelo outro ocultar este fato.
- Por que não quis me falar? – Limpou com a parte posterior de sua mão uma lágrima.
- Eu sabia da sua reação – e então, levantou – queria...
Quando o ruivo se colocou de pé – rapidamente e de um modo repentino – tocou em seus ombros, o fazendo encostar sobre a árvore, não foi delicado em sua ação, o francês gemeu em um timbre baixo.
Pressionou seu corpo contra o de Camus, e não quis ouvi-lo continuar falar, acariciando seus lábios com os dele, iniciando um ósculo lento ao mesmo que cálido.
O cavaleiro de aquário se submeteu aquele beijo, deixando ambos os braços cingir o pescoço do loiro. O ósculo se findou quando o fôlego de ambos cessou. Estavam ofegantes. Camus se recuava a fitá-lo, surpreso pela ação do amigo e por ter o correspondido.
- Por que fez isso? – Cortou o silêncio o ruivo, finalmente tornando a observá-lo.
- Por que eu quis, oras. – E outro beijo ocorreu. Não queriam pensar em despedidas, tempo ou futuro. Apenas no que ocorria no momento.
Queriam ter o poder de congelar o tempo.
Posso te revelar minha alma
Me diz se reconhece minha voz
Sinto que te conheço
Sinto que lembra de mim
Me diz se reconhece minha voz
Aquário e Escorpião, unidos por um passado tão antigo quanto à alma deles.
Seus espíritos sempre voltavam juntos. Corpos diferentes, futuros similares.
Eram como uma antítese – o inverno e o verão – mas se completavam com harmonia e perfeição.
Isso é o que os homens dizem ser alma gêmea.
Foram separados apenas fisicamente, pois espiritualmente continuavam unidos por toda eternidade.
N/A: Essa fanfic é para a Pandora, a minha aquariana favorita! Espero que sinceramente você goste, Pan.
E claro, se eu tiver errado em alguma coisa, pode me dizer. Fiz o Dégel aquela nossa coisa fofa. hahaha
Como eu falei, amei escrever com os dois! E quis colocar o Camus e o Milo.
Deu até vontade de escrever mais sobre eles. E eu juro que ainda escrevo um lemon com os dois. *Vergonha exorbitante* rs
E me desculpe aos leitores da minha fanfic sobre os gêmeos, é que eu não tenho idéias assim, então tive que escrever.
Passei por um momento Poison e Ice e coloquei aqui.
N/A²:O título vem da música - Marcas de Ayer, Adriana Mezzadri - que achei tão a cara da fanfic que não mudei.
