Viram o episódio da semana passada? O 394? Depois disso tive até que escrever uma fanfic. Nem vou perder tempo expressando meu imenso amor por esse casal, porque acho que todos já sabem (e até devem compartilhar), só vou dizer que simplesmente amei ver os dois juntos nesse episódio e tive que escrever.
Como já escrevi uma fic tratando do pedido de casamento, aqui vai uma espécie de continuação (apesar de não ter, necessariamente, relação com a fic anterior).
Naruto não me pertence.
Um Conto Problemático
Estavam casados. E eles ainda nem sabiam ao certo como aquilo tinha acontecido...
Bem, mas o que importava é que estavam casados.
Casados.
Ah, como foi ótimo quando Naruto surgiu ao lado do Nara para parabenizá-lo mais uma vez! A alegria contagiante do loiro até espantou aqueles pensamentos perturbadores que começavam a assombrar a mente de Shikamaru. Pedir Temari em casamento tinha sido uma das poucas coisas que fizera no impulso, por isso pensar no assunto o assustava um pouco. Aquela mulher era tão problemática... Enquanto eram namorados as coisas iam bem, mas conviver diariamente com ela podia ser um desafio.
- Entendo como você se sente. –o Uzumaki falou, colocando a mão sobre seu ombro. O tom baixo do amigo o deixou desconfiado- Eu também fiquei assustado quando me casei com a Hinata.
- Não, você não entende. Mesmo.
De fato, ele não entendia. Hinata era um anjo se comparada com a Sabaku.
Naruto deu uma alta gargalhada, escandaloso como sempre. E não demorou para ele engatar um novo assunto. Ou melhor, vários novos assuntos. Em um certo momento, Shikamaru nem sabia mais do que ele estava falando. Como a conversa sobre a Hyuuga tinha chegado a um prato de ramen? Ele não fazia ideia, mas decidiu concordar com seja lá o que fosse que o loiro estivesse falando. Céus, ele falava tanto...
- Dá para encerrar logo a conversa? – a voz da Yamanaka cortou a fala de Naruto, que a encarou emburrado- Pare de monopolizar o noivo!
Shikamaru não sabia se agradecia por ter se livrado do Uzumaki ou se lamentava pela chegada da companheira de time. Não que não gostasse dela, pelo contrário, mas a conhecia bem e sabia que era tão tagarela quanto o loiro.
- Aiii, isso é tão lindo! – ela se aproximou com um largo sorriso e o abraçou- Meus garotos virando homens! Você sabe que o Chouji está pensando em pedir a Karui em casamento, não sabe? Eu não sei se ela está disposta a deixar a vila dela, mas...
Como imaginava, a conversa iria longe. E ele não estava interessado nisso naquele momento. Seus olhos vasculhavam cada milímetro do local em busca de sua esposa.
- Não é?
- Claro. –ele realmente esperava que fosse a resposta correta para a pergunta.
- Temari-san tem muita sorte. –continuou, arrumando a gravata do Nara- E ela que trate de ser uma boa esposa, se não vai se ver comigo! É como eu estava dizendo para a Karui...
Lá estava ela. Tão linda... Parecia estar tendo uma conversa bem divertida com a sogra. Ela e sua mãe tinham muito em comum.
- E eu fiquei tão furiosa! Não é um absurdo?
- É... –mas do que diabos ela estava falando?
- Muito obrigada! Quando eu disse isso pro Sai ele me olhou como se eu fosse doida!
Um segundo de distração e ela não estava mais lá. Sua mãe agora conversava calmamente com Chouji. Franziu o cenho. Para onde ela podia ter ido?
- Mas ele vai ver só. –a Yamanaka estava com as mãos na cintura- Logo, logo vou colocá-lo na linha.
Apesar de não saber do que se tratava, sentia pena pelo pobre Sai. Ino não era uma mulher fácil de se lidar. Riu. Se sentia pena dele, devia sentir mais ainda de si mesmo, se fosse seguir a lógica.
- Posso interromper? –aquela voz que ele conhecia tão bem soou logo atrás de si. Sorriu quando sentiu a mão dela escorregar por seu braço.
- Claro. –Ino sorriu para a loira- Com licença. –afastou-se, não antes de lançar um olhar de cumplicidade para o casal.
- Estava te procurando. –Shikamaru virou-se e imediatamente buscou os lábios da mulher.
Segurou firmemente a cintura da esposa, como se quisesse impedi-la de sumir novamente.
- Eu estava dando atenção aos convidados. –falou entre os beijos do marido- Acalme-se. Vou dar uma atenção especial para você depois. – completou com um sorriso malicioso- Aproveite a festa.
- Como posso aproveitar se não vejo a hora de ficar a sós com você, problemática? –sussurrou no ouvido da loira.
- Eu também não vejo a hora, -seguiu o tom de voz dele, segurando com força a gola do paletó do marido e aproximando os lábios dos dele- mas...
- Atenção! Atenção! –uma voz ecoou pelo ambiente juntamente com o barulho de uma colher batendo em uma taça- Deixem-me fazer um discurso. Ei, tire as mãos dela. Não dá pra esperar a festa acabar?
Só pela última fala já era evidente quem era o dono daquela voz embriagada.
- Eu só queria dizer que eu nunca vou te perdoar por ter convencido a minha irmã a deixar Suna. -prosseguiu, apontando para o Nara.
- Kankuro, por favor. – Gaara tirou a taça da mão do irmão e tentou conter a situação.
- Não, não. –empurrou gentilmente o ombro do ruivo- Me deixe falar. Eu sei que você também odeia ele.
Temari colocou a mão sobre a boca, contendo uma risada. Shikamaru podia não estar gostando, mas ela estava achando aquilo hilário.
- Eu realmente não sei o que a Temari viu nele. –ele cambaleou um pouco, sendo amparado pelo irmão- Me solte, estou ótimo. O que eu estava dizendo? Ah, sim! Temari. –ele apontou agora para a irmã- Como foi se apaixonar por alguém como ele? É só por que ele é inteligente?
- Tudo bem, Kankuro. –Gaara tentou mais uma vez- Já chega.
- Se ele quer pagar mico, deixe-o. –a noiva comentou, ignorando o olhar de desaprovação de Shikamaru.
- Achei que depois de tanto tempo você tivesse se tornado meu amigo. –o Nara murmurou, cruzando os braços.
- Não. –Kankuro levantou o indicador. Estava visivelmente alterado pela bebida- Não confunda as coisas. Depois de todo esse tempo eu decidi tolerar você, é bem diferente. No começo eu tinha esperanças de que a Temari caísse na real e dispensasse você, mas como isso não aconteceu... Ei, Gaara, devolva minha taça! –ordenou, arrancando o objeto da mão do ruivo- De qualquer forma, quero fazer um brinde aos noivos. Apesar de você ser um preguiçoso, ter esse cabelo ridículo e me irritar profundamente com essa cara de desinteresse... -suspirou- apesar de todo isso, você faz minha irmã feliz... eu acho. Aos noivos!
E depois daquele discurso esquisito, ainda teve gente que se divertiu e aplaudiu. Mas, claro, ninguém se divertiu tanto quanto a noiva.
- De todos os discursos da noite, esse com certeza foi o melhor! –ela se apoiou no ombro do Nara enquanto dava risada.
Shikamaru se permitiu rir também, contagiado pela loira.
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No final das contas, Shikamaru tinha conseguido se divertir na festa. Apesar dos discursos constrangedores, da imensa vontade de ficar a sós com Temari e de ter sido jogado à força em uma piscina, até que tinha sido divertido.
Nenhum dos dois se importou com o rastro de água que se formou no corredor quando entraram encharcados na casa. Estavam ocupados demais tentando achar o caminho para o quarto sem precisarem separar os lábios. E teria dado certo, se uma cômoda – que parecia estrategicamente colocada no caminho- não surgisse atrás de Temari para acabar com a sessão de beijos.
- Filha da p...! –bradou, virando-se para avistar o objeto responsável pelo "acidente", enquanto passava a mão no local da pancada- Isso vai ficar roxo amanhã.
- Não se preocupe, esse não é o único roxo que você vai ter amanhã. –sorriu, malicioso.
- Hmm... –sorriu da mesma maneira, pendurando-se no pescoço do marido e roubando-lhe mais um beijo- Adoro quando você é malicioso.
Para evitar novos acidentes, Temari arrastou Shikamaru para o quarto pela mão.
- Essa roupa molhada está me enlouquecendo. –ela reclamou- O Kankuro vai se arrepender de ter me jogado naquela piscina!
- Também não aguento mais essa roupa. Vamos, tire logo.
- Pare! –Temari riu, afastando as mãos do shinobi, que, atrevidas, tentavam arrancar suas roupas- Você não costuma ser afobado assim. Estou toda encharcada, me deixe tomar um banho.
- Não, não faça isso. –ele quase implorou, abraçando-a e colocando o rosto na curva do pescoço da loira.
- Você já esperou a noite toda, custa esperar mais?
- Custa. Muito.
- Certo... –sorriu, e, com as mãos tão atrevidas quanto as dele, começou a desabotoar a camisa ensopada do Nara- Que tal se tomarmos um banho juntos?
- Seria ótimo.
Ahh, como seria...
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Os dias que seguiram o casamento foram espetaculares. Parecia um sonho: não tinha trabalho e ninguém para incomodá-lo. Eram apenas ele e sua esposa, sem nenhuma preocupação. Ainda que a princípio não tivessem nada para fazer naquela casinha isolada na floresta do clã Nara, os dias passavam mais rápido do que gostariam. Quando acordavam de manhã –ou melhor, de tarde- permitiam-se observar as nuvens antes de se trancarem novamente no quarto. Depois, um mergulho no lago parecia ideal. E, de noite, perder alguns minutos –ou horas- admirando as estrelas parecia perfeito.
Era uma pena que a realidade não fosse como sua lua-de-mel. Quando retornaram á "vida normal", as coisas não saíram bem como Shikamaru tinha planejado. Também, ele devia ter imaginado que não poderia ter uma vida tranquila e pacata casando-se com a Sabaku.
Ela implicava com a sua preguiça. Bem, isso também já era de se imaginar. Como era irritante quando chegava em casa e encontrava o marido esparramado no sofá, tirando uma soneca. Fazia questão de acordá-lo e enchê-lo de reclamações. Ele, então, decidiu ir dormir na cama, o que não diminuiu a irritação da esposa, muito pelo contrário.
Não podiam viver assim. Aquilo era uma guerra, e um dos dois tinha que vencer. E Temari não aceitava perder. Era ela quem ganhava, sempre.
Mas talvez não daquela vez...
Mordeu a ponta da caneta. Sabia muito bem como Shikamaru era quando aceitou se casar com ele. Não era justo querer muda-lo. As pessoas não são perfeitas, afinal, e o defeito do Nara era estar sempre caindo de sono pelos cantos. Separar-se estava fora de cogitação, teria que lidar com isso. Devia conversar com a sogra e pedir algumas dicas de como conviver com a preguiça do marido... Mas pensaria melhor nisso depois. Shizune entrar pela porta fazendo cara feia era sinal de que devia terminar logo o trabalho. Não que tivesse medo do novo Hokage e muito menos da morena, só não gostava de não cumprir seus deveres.
Voltou para casa um pouco mais tarde do que o normal. Claro, não sairia antes de terminar todos aqueles relatórios. Respirou fundo. Entraria e não se importaria com Shikamaru dormindo no sofá. Isso. Agiria como se ele nem estivesse lá.
E não é que ele não estava? Por mais estranho que fosse, encontrou Shikamaru sentado em uma cadeira, com uma xícara de café na mão. Ele parecia cansado.
- Por que está me olhando assim? –indagou ao ver a cara de espanto da esposa.
- Não está dormindo. –falou para si, como se não acreditasse.
- Sei que isso te incomoda. –largou cuidadosamente a xícara sobre a mesa e se levantou- Eu... –por mais irônico que fosse, apesar de seu QI extraordinário, era extremamente difícil para ele achar as palavras certas para dizer à loira- te amo.
Aquilo podia ser algo comum para a grande maioria dos casais, mas não para eles. Agora Temari não sabia se se espantava mais com o fato de ele não estar dormindo ou com a declaração de amor. Aquelas palavras tinham sido ditas tão poucas vezes que ela sentiu seu coração acelerar e, por um momento, não soube o que dizer.
- Você é muito importante para mim. –prosseguiu, agora já bem próximo dela. Desfez o habitual penteado da kunoichi e passou delicadamente a mão pelos cabelos dela antes de toma-la em seus braços- Não me deixe.
- Idiota! –bradou, apertando-o mais contra si- Nunca pensei nisso. Você pode ser um preguiçoso irritante, mas... mas eu te amo. Não quero ficar sem você. -talvez aquelas tivessem sido as palavras mais sinceras que ela já tinha dito em toda a sua vida- Eu andei pensando muito sobre nós. –não desfez o abraço, apenas afastou-se o suficiente para poder encará-lo- Acho que posso conviver com isso. –Shikamaru abriu a boca, surpreso, mas foi impedido de falar- Você está com uma cara horrível, pode descansar.
- Você não tem noção de como esse trabalho é cansativo! –suspirou aliviado pelas palavras da loira- O Naruto não sabe fazer nada, então eu tenho que explicar dez vezes a mesma coisa pra ele. E chega ao ponto de eu ter que fazer o trabalho dele, quando ele não entende de jeito nenhum o que deve ser feito.
- Sempre achei que ele não tivesse capacidade para ser Hokage. Mas enfim...
- Uma hora ele vai aprender. Eu espero...
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É evidente que as brigas não acabaram depois disso. Volta e meia acontecia alguma discussão, porém nada que os outros casais também não vivenciassem. Mas, com o passar do tempo, Shikamaru tinha aprendido a lidar com a esposa. Ele analisou seu comportamento, imaginou algumas dezenas de soluções para os problemas e começou a colocá-las em prática. Com isso foi possível descobrir o que era eficiente contra os ataques de fúria da mulher, o que tornou a convivência muito mais fácil.
Estavam vivendo bem, afinal. Só tinha um assunto que ainda causava discordâncias: um filho. Temari parecia irredutível, por mais que o Nara sonhasse com aquilo, ela não estava disposta a engravidar.
Um dia, porém, algo lhe deixou surpresa. Por que aquele garotinho que nem conhecia, que tinha aparecido repentinamente ao seu lado e puxado gentilmente a ponta de seu vestido, tinha derretido seu coração?
E de repente a ideia de ter um Shikamaruzinho correndo por aí –ou melhor, dormindo por aí- não lhe parecia tão absurda. Muito pelo contrário.
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Quando Shikadai nasceu, a reação do marido não lhe espantou nem um pouco. Ele chorava e não queria desgrudar do pequeno. Típico dele.
- Continua um chorão. –não podia perder a oportunidade.
- Me dê um desconto, é meu primeiro filho.
- Tudo bem. –sorriu, esticando o braço para acariciar a cabeça do bebê.
Na verdade, quem deixou a kunoichi muito surpresa foram seus irmãos. Principalmente o mais velho. Kankuro também não queria desgrudar do bebê e era incrivelmente estranho vê-lo fazendo voz de tio babão para o garoto. Gaara era mais contido, embora sorrisse mais do que o normal. Ficou um pouco receoso, mas no final decidiu segurar o sobrinho. Temari olhou atentamente para o ruivo e em seguida começou a alternar entre Gaara e Shikamaru como se dissesse "mato os dois se algo acontecer com Shikadai".
- Não seja paranoica, mulher. –Shikamaru falou mesmo antes da loira abrir a boca- Ele não vai derrubar o bebê.
- Eu acho bom mesmo, porque se isso acontecer você vai pagar também, Shikamaru. –ela não parecia estar brincando- Aproveitem enquanto eu estou imobilizada nessa cama, porque depois vocês nunca mais vão segurar o meu filho.
- Tenho pena de você, bebê. –Kankuro falou, fazendo biquinho, enquanto segurava gentilmente a mãozinha do sobrinho- Ninguém merece ter uma mãe louca dessas.
- Vá pro inferno.
Kankuro fez um gesto e apenas moveu os lábios, mas todos tinham entendido muito bem o que ele tinha dito: doida. Shikamaru sentiu vontade de rir, no entanto seu amor pela vida era maior e decidiu ficar em silêncio. O Sabaku iria embora logo, mas ele não tinha para onde correr. Era melhor usar a "política da boa vizinhança" e não irritar a mulher.
E, de fato, logo os irmãos Sabaku deixaram o hospital. Temari suspirou e fechou os olhos. Amava seus irmãos, mas estava feliz com o silêncio que ficara quando eles saíram. Shikamaru levou o bebê até o berço e deitou-o com todo o cuidado do mundo. Se fosse como ele, devia estar achando problemático demais ser o centro das atenções. O garoto merecia um descanso. Assim como os pais. Sentou-se em uma cadeira ao lado da cama e acariciou os cabelos da esposa, que já estava com os olhos bem abertos, observando o filho.
- Ele se parece muito com você. –comentou, sem tirar o olhar da criança.
- Mas tem os seus olhos.
- Ainda bem. Pelo menos em alguma coisa ele se parece comigo. –sorriu.
- Pode ser que tenham mais coisas. Não sabemos se ele não vai ser problemático como você.
- Não... ele é igual a você. Aposto que vai ser um preguiçoso.
- Tsc...
Shikamaru também se permitiu admirar o pequeno por mais algum tempo. Já Temari mudou o foco de seu interesse do filho para o marido. Ele esboçava um pequeno sorriso e olhava tão ternamente para o bebê que ela até se sentiu contagiada pelo momento.
- Eu te amo, preguiçoso. –segurou a mão dele, fechando os olhos em seguida.
- Eu também te amo, problemática. –depositou um calmo beijo nos lábios da mulher e logo ajeitou-se na cadeira, aproveitando para descansar os olhos também.
Estavam muito cansados. Tinha sido um longo dia.
Bem, é o seguinte: ia ficar uma fic gigantesca se eu escrevesse tudo que eu queria escrever, então decidi parar por aqui. Ainda pretendo contar mais detalhadamente a história do nosso pequeno Shikadai, porque ele merece uma atenção especial, não é?
Como sempre, quero saber a opinião de vocês, leitores. Então deixem reviews e me digam se acham que uma continuação seria uma boa :D
Beijos e até a próxima!
