Orgulho

por Esme Cullen

Uma mãe não deveria per preferências entre seus filhos. Ainda assim, eu nunca pude controlar o fato de que, entre todos os meus meninos, Edward sempre tenha sido o mais próximo ao meu coração. Talvez por ele ter sido o primeiro... ou pelo fato de que, quando o conheci, tinha acabado de perder meu bebê e todos os meus sentimentos de dor e carência tenham então se voltado para ele.

Eu não saberia explicar. Tampouco me preocuparia em fazê-lo. Sentimentos não existem para ser racionalizados; ao contrário do que meu querido Edward pensava até se dar por vencido pelo que sentia por Bella. E, por essa razão, eu não poderia estar mais feliz.

Por muitos anos eu o observei atravessar dia após dia de sua eternidade completamente sozinho, lutando contra uma amargura que ele próprio não percebia... Numa casa cheia de casais felizes e realizados, ele era o único que estava sempre mergulhado em si mesmo, passando seu tempo entre seus livros e o piano... Acreditando piamente que estava tudo bem, que ele não se sentia triste, que não importava o fato de ser o único que não possuía uma metade...

Então, Bella tropeçou em nosso mundo. E tudo em que Edward acreditava virou de pernas para o ar, como se um furacão tivesse passado por sua vida. Não, não apenas por sua vida... pela vida de todos. Pela primeira vez desde que conheci meu filho mais velho, eu o vi realmente feliz. Transbordante de felicidade, se for para ser absolutamente correta, de forma tal que todos ao seu redor podiam percebê-la, como se tal sentimento fosse palpável.

Carlisle apertou levemente minha mão e, pela primeira vez desde que Bella surgira, caminhando na direção do altar, eu desviei o olhar dos recém-casados e voltei-me para meu marido. Ele me observava com um sorriso orgulhoso e, ao mesmo tempo, doce. Por um instante, meus pensamentos, que até então tinham estado fixos em Edward, voltaram-se todos para meu marido e, não pela primeira vez, eu me perguntei o que tinha feito para merecer tantas bençãos.

- A primeira dança terminou. Você pode roubar seu filho por um momento agora. - ele observou, sem deixar de sorrir - Alice também quer conversar com Bella.

Foi a minha vez de sorrir, assentindo minimamente antes de me levantar, o balançar do vestido fazendo cócegas em meus tornozelos antes que eu o ajeitasse, começando então a caminhar nas fronteiras da pista de dança, esperando que Edward me percebesse. Eu jamais poderia caminhar até lá e separá-los, ainda que realmente quisesse, nesse momento, ter meu filho por um momento comigo.

Meu filho. O pensamento quase me fez inchar de orgulho. Tudo pelo que eu já tinha passado, todas as minhas perdas anteriores podiam ser compensadas por este pensamento. Meu filho.

Eu o observei falar algo em voz baixa para Bella, os olhos dourados brilhando de contentamento, antes de deixá-la ir para junto de Alice. Em seguida, ele voltou o rosto para mim, abrindo um sorriso ao mesmo tempo em que me estendia a mão.

Não era necessário um segundo convite. Talvez um pouco mais rápido do que deveria, eu atravessei a pista até encontrá-lo, lutando contra meu desejo de abraçá-lo firmemente e dizer o quanto eu estava feliz por ele ter encontrado aquilo que esperara e procurara por tanto tempo. O quanto eu estava absolutamente radiante por saber que Bella era agora, oficialmente, parte de nossa família... O quanto eu o amava.

Palavras, contudo, nunca tinham sido necessárias quando se tratava de Edward. Ele me encarou profundamente - e eu tive certeza de que, se ambos fôssemos capazes de chorar, estaríamos fazendo-o neste momento.

- Obrigado. - ele disse baixinho - Mãe.

Eu meneei a cabeça, sabendo que sorria.

- Eu que tenho de agradecer... filho.