Era só mais um dia comum como todos os outros no William McKinley High School, o colégio funcionava desde 1854, como havia pregado na sua fachada para lembrar a todos os alunos a tradição que estava naquelas paredes. Milhares de rostos já haviam passado por ali, só esperando para que o seu futuro chegasse, mesmo que eles nem soubesse o que era seu futuro.
Aquele ano como se pode imaginar não se tratava de um ano diferente de todos aqueles anteriores, e os professores e o diretor sabiam por cada um deles um destino que os esperava por já terem visto tantos outros jovens tomarem o mesmo caminho que eles, no meio desta massa estavam os alunos do Glee Club, estes eram uma surpresa para todos os que cruzavam por ali, já que por anos ele havia deixado de existir porque todos os alunos se sentiram embaraçados de fazerem apresentações que eles achavam ridículas, de músicas bregas, na frente de toda a escola, eles já eram todos os dias humilhados o suficiente para dar somente mais um motivo para que isso acontecesse. O Glee Club, havia se iniciado pela ideia do seu professor de espanhol que havia encontrado na sua época uma espécie de luz em participar de um club em que ele pudesse fazer o que ele gostava e se expressar em forma de arte, mostrando tudo aquilo que o apaixonava ou o confundia nos seus tempos de colégio. Era exatamente assim que o Glee Club era visto por todos os integrantes do New Directions, podíamos falar de cada uma dessas pequenas e fascinantes histórias de descobertas e de amor pela música, que cada um desses alunos carregavam consigo, mas não estamos aqui para falar de cada um deles. Mas de somente um, em especial:
A ex-líder de torcida, Quinn Fabray, a menina loira de olhos verdes, que havia chegado naquela escola e se transformado desde então em uma promessa de que teria um futuro brilhante fora dali, até que cometera o grave erro de se deitar com um dos jogadores de futebol americano, Noah Puckerman, o qual não era o seu namorado e engravidado dele. Desde então, Fabray passa por cada corredor daquela escola sendo tão notada como antes mas não admirada, os olhos que a cercam são de julgamento de torcidas discretas para que ela se dê mal ou que tropece enquanto anda.
Às vezes Quinn se escondia atrás da arquibancada só observando o treino das líderes de torcidas e lembrando que um dia ela foi como elas, agora ela pensava que talvez isso não lhes dê nenhum futuro brilhante, talvez isso só sinalize que toda a glória que um dia aqueles garotos e garotas terão será ali, jogando futebol e sendo animadoras de torcida.
E ela já havia tido o seu momento, agora ele havia terminado. Quinn tirou seu celular do bolso e observou a foto de sua filha Beth com os olhos marejados, nada disso importava mais realmente, porque a única coisa verdadeiramente perfeita que ela fizera não estava com ela e só ela sabia o quanto machucava despertar todos os dias e dormir, sem poder ouvir seu choro e sentir seu cheiro. Saber que ela jamais a veria tentar dar seus primeiros passos ou se virar para ela e balbuciar "mama" em uma tentativa ruim de lhe chamar de "mamãe", se Quinn tinha um arrependimento esse era o de ter entregado Beth para a adoção.
Quinn ajeitou o seu vestido e tocou a tela de seu celular com os dedos como se pudesse assim tocar o rosto de sua filha e sim, não importava quantas pessoas a julgassem por seus erros, ela ainda era e sempre seria sua filha. Essa era a única coisa boa que ela já havia tido em sua vida a qual ninguém podia lhe tirar, ela havia desistido de lutar pela guarda de Beth porque ela própria se sentia como uma louca tendo aquela atitude, mas isso não significava que ela não a amasse como uma mãe, porque ela amava e por mais que acreditasse que Beth estava em boas mãos sendo cuidada por Shelby, ela sentia o que toda mãe sente, que só ela seria capaz de dar a vida pela pequena Beth se fosse necessário e que ninguém mas, nem mesmo Shelby, a amaria como ela ama.
Quinn estava agora soluçando enquanto olhava a foto de Beth, seu rosto tinha rastro de lágrimas por todo o percusso, ela olhou para o lado e viu uma sombra parada, uma mão oferecendo um lenço azul e delicado, como de um bebê, ela pensou em se levantar e atacar aquela vítima. Mas observando melhor, notou que se tratava de Rory Flanagan, o aluno de intercâmbio que havia vindo da Irlanda para viver com a família da cheerleader Britanny, ela aceitou o lenço e limpou suas lágrimas tentando se recompor, o garoto ainda tinha o rosto sério e seus olhos azuis polsados nela.
-Obrigada. Um cisco havia caído em meu olho... Quinn ofereceu o lenço de volta para Rory, por algum motivo sua resposta havia feito ele gargalhar e isso havia enfurecido ela. -Qual a graça, do que você está rindo?
-Você dizendo que havia caído um cisco no seu olho. O garoto sorriu para ela, olhando nos seus olhos e fazendo ela mesma sorrir com a sua estúpida desculpa, ele tinha um jeito estupidamente inocente e cativante, um sotaque fofo também, mas Quinn tinha uma queda secreta por garotos de sotaque eles sempre faziam ela se arrepiar enquanto falavam e o dele era ainda melhor, pois não era um simples sotaque britânico ele pertencia a um pequeno irlandês.
-Viu. É engraçado... Ele pegou o lenço e guardou de volta em seu bolso. -Rory Flanagan... Disse erguendo a mão para Quinn que retribuiu e deu sua mão para ele.
-Eu te conheço, do Glee Club, não lembra de mim? Falou Quinn agora mais calma e serena, ocasionada em partes pela paz que a doçura do menino lhe provocava.
-Sim, lembro. Mas todas as vezes que eu te vi lá, você estava cantando, agora eu estou se conhecendo. Rory Flanagan, prazer... Ele se apresentou mais uma vez e ergueu a mão para Quinn novamente.
Ela sorriu timidamente da doçura do menino e ergueu sua mão novamente.
-Quinn Fabray!
-Se me permite... Disse Rory, segurando delicadamente a mão de Quinn próximo aos seus dedos e fazendo uma reverência, em seguida seus lábios tocaram a mão da menina, Quinn notou que ele havia fechado os olhos naquele instante e o seu gesto causou nela um pequenos choques que percorreram todo seu corpo.
Ela viu o pequeno irlandês pigarrear e ficar corado após aquele ato, ele não tentará dizer mas nada. Ele sorriu para ela sem graça mais uma vez, antes de colocar as mãos nos bolsos de sua calça e sair andando.
Quinn riu sozinha da situação achando fofo a forma como ele havia achado que ela era uma espêcie de princesa e por isso havia lhe cumprimentado com um beijo em sua mão. Na verdade, ela havia gostado disso. Mas ela nunca iria assumir isso para ninguém, um irlandês de intercâmbio, de 15 anos de idade e pequeno, fofo e com um sotaque doce, encantando Quinn Fabray?
Aquilo realmente nunca saíria dali...
