Capítulo I – Egocentric Little Bastard
Edward POV
Para ouvir: The White Stripes – 7 Nation Army
Sete e vinte e oito da manhã. Puta que pariu. Odiava ter que acordar a essa hora. O despertador do meu celular tocava desesperadamente enquanto eu ainda sentia dor nos músculos e tentava me concentrar nas recordações sórdidas da minha noite anterior. Tinha saído para beber com Emmett, meu colega de quarto, e voltei para casa com uma morena exuberante. Ah, como eu adorava morenas. Que noite perfeita.
Aqueles quadris faziam mágica! A mulher era insaciável; exatamente como eu gostava. Mantê-la de quatro na minha frente, gritando meu nome tinha conseguido me deixar duro a noite inteira, e só de lembrar me sentia enrijecer novamente. Ela não estava ao meu lado porque na madrugada resolveu ir embora. Mais um ponto pra ela. Não pegou meu telefone, não pediu dinheiro pra táxi. Simplesmente abriu a porta e saiu. Porque todas as mulheres não eram assim?
Levantei enrolando o lençol na minha cintura e me arrastei até o banheiro. Morar com colega de quarto tinha dessas desvantagens. Não gostaria de encontrar Emmett no meio do corredor, e ele me visse nu e duro, pensando na gata que tinha acabado de passar pela minha cama. Para minha sorte ele havia saído bem cedo para correr. Emmett tinha essas loucuras.
Somos amigos desde a época do colégio. Jogávamos juntos no mesmo time de Futebol Americano, torcemos pelos Atlanta Falcons e nossas famílias sempre foram muito amigas. Viemos para a mesma faculdade onde ele faz Economia e eu faço Direito. Sim. Edward Cullen aspirante a advogado. Até eu demorei a me acostumar com essa idéia. Mas - por mais que todos duvidassem - era realmente o que eu queria pra mim.
Me joguei no chuveiro sem pensar duas vezes. Gelado. Porra. Esqueci que ainda não consertamos o aquecedor. Mas foi bom pra acordar e tirar todos os resquícios de uma noite de muito álcool e sexo. Coisa que era rotina na minha vida e eu simplesmente não me incomodava nem um pouco. Foi tudo o que eu sempre quis, desde que me desgarrei das asas de Sr Carlisle e Dona Esme.
Saí do banho puto, percebendo que tinha esquecido a toalha no meu quarto. Dei graças a todos os Deuses por Emmett estar correndo. Afinal poderíamos ser amigos desde sempre, mas uma coisa que eu nunca admitiria era ele me ver assim. Saí molhando a casa inteira até o meu quarto, e finalmente achei a minha toalha, jogada em cima da televisão. Que alma desorganizada.
Me olhei no espelho assim que terminei de me enxugar e tirei a conclusão de que deveria voltar a malhar. Meu "V" ainda estava bem delineado, e meu "6-pack" ainda estava no lugar, mas tinha medo que meu abdômen começasse a dar sinais de que a cerveja estava me estragando. Não que as mulheres reclamassem, - muito pelo contrário – porém, era sempre melhor que eu mantivesse meu corpo perfeito.
Coloquei uma calça jeans e uma camiseta cinza justa. O frio de Atlanta me impediria de sair somente com ela, então depois do café da manhã colocaria uma jaqueta. Deixei meu cabelo do jeito que estava – despenteado – joguei a toalha na cama, pegando as chaves do meu Volvo e rumando para a cozinha.
Emmett filho da puta. A pia parecia um campo de concentração da Segunda Guerra Mundial. Até prato quebrado tinha. Abri a geladeira; e nada. Precisávamos fazer as compras. Comecei a lavar pelo menos os pratos que estavam jogados na pia.
Ouvi o barulho das chaves na porta. O som do Ipod de Emmett chegava aos meus ouvidos na cozinha, de tão alto que era.
- Abaixa essa porra, vai ficar surdo! – falei tentando dar um jeito na pia.
- Qual foi, ô dona de casa? – ele disse tirando o casaco rindo e jogando em cima do sofá.
- Dona de casa é a tua bunda, e a gente tá sem café da manhã.
- Não tem nada mesmo? – ele disse sentando-se no banco alto do balcão.
- Nada. E eu não quero ficar lavando essa merda não. Continua aqui. Tenho prova. Vou passar no Starbucks no meio do caminho e pegar alguma coisa.
- Daqui a pouco mulher nenhuma pisa aqui, cara. – ele disse olhando para a pia.
- Também acho. – peguei meu casaco que estava pendurado na cadeira da mesa de jantar. – Fui!
- Vai pela sombra. Boa Prova! E não se esqueça que tem jogo dos Falcons hoje!
- Não esqueço nem a pau. – bati a porta.
Entrei no meu Volvo e liguei o som. Meus cadernos e livros já ficavam no banco de trás dentro do carro, porque eu nunca estudava em casa. Graças à genética, eu tinha facilidade de aprender as coisas, e apenas prestar atenção na aula já era necessário pra mim. Carlisle, - meu adorável pai - era Chefe do setor de Cirurgia do melhor hospital de Atlanta, e Esme, - minha linda mãe - Professora de Engenharia Nuclear na minha faculdade. Ou seja, de inteligência minha família já estava mais do que farta. Sem contar que manter os livros de Direito no banco traseiro de um Volvo era um grande chamariz para o sexo feminino.
Hoje eu tinha prova na faculdade. Papai Cullen me mataria se eu reprovasse. Ele ficou meio traumatizado quando fui reprovado no colégio, mas não foi culpa inteiramente minha. Perdi um ano por causa de uma nerd gorda e idiota que tinha em nossa sala de aula.
Lembro que tínhamos nosso último jogo da temporada, e passei a noite inteira treinando lançamentos com Emmett e o técnico. Cheguei em casa com dor em todo meu corpo, e Carlisle me deu um relaxante muscular. No dia seguinte, eu não era ninguém. Não sabia nem o meu nome. Pedi cola para ela, e a escrota me passou todas as respostas erradas. De propósito. Prometi a mim mesmo que me vingaria, mas fui reprovado. Ela concluiu os estudos e eu tive que rever tudo de novo. Nunca mais a vi. A sorte que tive foi que Emmett também não estudava por causa dos treinos, e acabou reprovando em química, me acompanhando por mais um ano.
Dirigi rápido pelo asfalto molhado da chuva torrencial que teve na noite anterior. Nunca podia se esperar um clima certo em Atlanta. Quando você achava que iria fazer sol, chovia, nevava, ou vice versa. Granizo também era muito comum.
Subi as escadarias da Faculdade, correndo para a sala de Direito Processual Civil, área que eu particularmente odiava, mas era obrigado a fazer. Eu queria mesmo é trabalhar com Direito Criminal. Esse sim era o meu grande sonho de consumo.
Quarenta minutos sentado em frente àquele papel que continha vinte e duas questões, e a prova estava terminada. Fácil. Eu sabia que eu ia tirar de letra. Agora tinha que correr para encontrar minha querida professora de Direito Criminal, e usar do meu charme para que ela me indicasse a um estágio o qual todos diziam pelos corredores que era a melhor das oportunidades no momento.
- Sra. Flint? – disse batendo na porta.
- Olá Cullen, meu aluno preferido! – ela sorriu. – A que tenho o prazer da sua visita?
- Bom. – sentei me na carteira que ficava de frente para sua mesa. – Tô sabendo por aí que a senhora está indicando pessoas para um estágio de Direito Criminal. Vim me inscrever.
- Mas não existem inscrições, Cullen. Estou escolhendo o aluno aleatoriamente.
Há. Eu sabia. Eu tinha certeza que não havia inscrições. Isso ia ser mais fácil do que a prova de Processual Civil.
- Então que bom que a senhora já tem um nome. – dei meu melhor sorriso.
- E quem garante que eu te indiquei? – ela ajeitou os óculos.
- Sra. Flint, quem é o único aluno da turma com A em todo o semestre?
Ela revirou os olhos enquanto lia um livro.
- Você não vai dar conta, Cullen. Acredite em mim.
- Porque eu não daria? – me levantei da carteira. – Eu sou seu melhor aluno e você sabe disso. – me apoiei em sua mesa com os dois braços. – Só falta isso para eu complementar a minha grade e me formar, Sra. Flint. Eu preciso desse estágio. Eu já dei conta de todas as provas.
Ela então suspirou e colocou os óculos em cima do livro para me olhar e eu sentei novamente na carteira.
- Você tem certeza que não vai dar pra trás? Não é um estágio fácil, Edward.
- Eu tenho certeza. – rebati.
- Não vai se importar de ter um chefe diferente?
- Não. – dei uma pausa. – Como assim chefe diferente?
- Uma mulher, Cullen.
- Que? – segurei uma gargalhada.
- Não me venha com seu machismo obsessivo, por favor. Se quer aceitar esse estágio tem que aceitar que sua chefe será uma mulher. Ela é filha de um grande amigo meu, que faleceu há pouco tempo e agora ela que manda no escritório. E manda muito bem, antes que você comece com alguma gracinha nepotista*.
- Eu não falei nada. – me segurei. Isso só poderia ser roubada. Ser mandado por uma mulher era o fim da picada. E ainda por cima uma filhinha de papai, que só manda no escritório porque ele morreu. Piada. Mas eu precisava dessa merda de um jeito ou de outro. – Eu aceito, Sra. Flint. E pode ter certeza que não vou decepcioná-la.
- Cullen. – ela suspirou. – Se você estragar isso. Eu te reprovo em Criminal. – ela disse olhando nos meus olhos. – Estamos entendidos?
Porra. Me fudi.
- Estamos.
Ela então pegou sua agenda e dentro havia um cartão. Bonito, de papel espesso, preto, e com letras em alto relevo na cor branca: Swan & Associates. Ficava em um dos prédios empresariais mais importantes do centro de Atlanta. Fiquei por um bom tempo olhando aquele nome, e eu sabia que conhecia de algum lugar, só não me lembrava de onde.
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A única coisa que eu odiava nessa história inteira de advogado era usar um terno. Aquela coisa certinha, apertada, ainda por cima com uma gravata, me deixava incomodado. Mas tinha certeza de que se esse estágio fosse meu, eu teria que me acostumar. Saí do prédio de Direito já encontrando um sol forte, e resolvi colocar meu inseparável rayban. Andei pelo Campus até o estacionamento, tirando minha jaqueta e xingando esse tempo ridículo de Atlanta. No meio do caminho senti o perfume que fazia meu soldado entrar em conflito. Jessica Stanley, presidente da Alpha Delta Pi, e GRANDE conhecedora do banco de trás do meu Volvo.
- Bom dia Edward, saindo tão cedo assim? – ela me acompanhou com os braços cruzados logo abaixo dos seios, investindo no volume que dava ao seu decote.
- Estou. Tenho coisas a resolver. – respondi tentando não olhar para aquele par de seios que me chamavam.
- Que coisas, posso saber? – ela passou a arrumar uns fios de cabelo na nuca, levantando-os para fazer um rabo de cavalo. Lembrei daqueles fios enrolados em meus dedos, enquanto.. Holly Mother Fucker... – Edward?
Sacudi minha cabeça tentando dispersar meus pensamentos. Era impossível não lembrar de nossas estadias no dormitório feminino, masculino, no meu apartamento, no banco do meu Volvo, no chuveiro do ginásio...
- Vou procurar um terno decente. Tenho uma entrevista hoje. – passei a mão em meus cabelos e apertei meu olhar para o decote.
- Compras? Conheço várias lojas boas pra isso. – ela sorriu. Eu sabia que ela queria entrar no carro comigo. Ela nunca perdia a oportunidade. Dei um sorriso sarcástico pra ela, que foi logo correspondido.
- Quer ir comigo? – abri a porta do carona, e a única resposta que obtive foi uma mordida de lábios. Fuck. Jessica sentou com seu short minúsculo e acomodou-se no assento. Do meu ponto de vista nesse momento o decote só se tornava mais desejoso.
O caminho inteiro até a Ralph Lauren, - onde ela me indicou como o melhor lugar para se comprar um terno – foi pura tortura. Suas pernas estavam muito próximas da minha mão, e cada vez que eu passava a marcha tive que pensar em muitas distrações para não parar em um acostamento e deixá-la sem sentidos por ali mesmo.
Minha avó na ceia de Natal. Professor Joseph e os pêlos na orelha. Emmett suado em cima do sofá.
É, parecia que ia adiantar. Contanto que eu parasse de olhar para aquele par de pernas perfeitas.
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- Qual sua cor preferida? – ela perguntou olhando cabide por cabide.
- Qualquer uma. – respondi dando de ombros. – Eu não ligo muito pra isso.
Jessica parou e me olhou de cima a baixo.
- Eu acho que você fica bem de preto. Ou cinza. Um dos dois. – ela disse procurando pela cor. Tirou dois ternos da arara e jogou-os em cima de mim. – Toma. Experimenta esses. Vou olhar umas gravatas.
Entrei no provador e experimentei os dois ternos. Ficaram ótimos. Jessica realmente tinha razão ao dizer que cinza ficava bem em mim. Apesar de que todas as cores ficavam bem em mim. Enquanto ajeitava a camisa branca por debaixo do paletó, a porta do provador se abriu e Jessica entrou com duas gravatas penduradas no braço e sorrindo.
- Que sorriso é esse? – falei enquanto tentava me concentrar nos botões, mas parecia difícil ao vê-la atrás de mim e com aquele short da seleção de futebol da faculdade.
- Nada. – ela mordeu os lábios ainda sorrindo, passando os dedos pelo tecido de uma das gravatas que estava em sua mão.
- Nada? – semicerrei meus olhos. Eu já sabia o que ela queria.
- Não... nada mesmo... – ela sussurrou aproximando-se de mim e posicionando a gravata em meu pescoço, para dar o nó.
- Você não veio aqui só para me ajudar a comprar um terno. – falei de um jeito que eu sabia que ela ia ficar prontinha pra mim.
- É que... lugares públicos meio que me deixam... excitada. – ela mordeu o lábio sem tirar os olhos do nó da gravata.
- Shorts curtos e seios quase a mostra também me deixam assim. – rebati falando baixo, olhando em seus olhos e abaixando meu olhar para o decote que já mexia para baixo e para cima, por conta de sua respiração acelerada.
Para ouvir: Kanye West – Stronger
Jessica não terminou o nó e encostou no espelho do provador, me puxando para mais perto pela gravata. Apoiei minhas duas mãos, uma de cada lado de sua cabeça, e foi inevitável não investir meu quadril de encontro com sua barriga. Os dedos dela desabotoaram a minha camisa com urgência, e suas mãos percorreram meu peito nu. A loira tinha mãos quentes, que pareciam deixar um rastro de luxúria por onde passavam.
Essas mesmas mãos desceram um pouco mais, encontrando meu membro já duro. Fuck. Abri a boca e soltei um sussurro rouco, quase que como um gemido em seu ouvido. Isso pareceu estimular Jessica ainda mais, pois em poucos segundos senti o zíper descendo e a mão invadindo o elástico da minha cueca.
Peguei em seu braço conforme ela investia nele e controlei a velocidade. Sim, eu gostava de ter o controle de tudo, até mesmo do meu próprio prazer. Jessica já estava acostumada com o meu modo de ser, e apoiou sua testa no meu ombro, enterrando os dentes em minha pele.
Rosnei baixo, abaixando com velocidade sua blusa, deixando a mostra seus volumosos seios. Não demorei para cair de boca. Senti as unhas dela no meu couro cabeludo, puxando meus fios com força. A mulher era doida pelo meu cabelo, cara. Toda vez era a mesma coisa. Eu ficava puto.
Levantei minha cabeça e lhe dei um beijo furioso. As unhas então passaram pras minhas costas. Ali eu gostava. Senti meu membro retorcer com a sensação.
- Não vai terminar seu trabalho não? – sussurrei em sua boca, imprensando-a novamente no espelho e fazendo-a sentir o tamanho da minha excitação em sua barriga.
- Quero terminar de outro jeito. – ela sorriu passando a língua por meus lábios. Pegou minha camisa já aberta e mudou nossa posição, me colocando de costas para o espelho para ficar de joelhos na minha frente. Entranhei meus dedos em seus cabelos. Essa mulher era minha perdição.
Agora sim eu tinha certeza que ela sabia comprar um terno.
* N.A.: Nepotismo é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos
