Ela assistia a neve cair e seu coração estava tão gelado quanto as ruas de Moscou.

Pensava na vida, fazia tanto tempo que apenas a via passar, fixada no chão, o que vinha depois?Ainda existia algo?Tudo era um deserto, formas difusas, silêncio.

Se ela gritasse, ninguém a ouviria, ninguém se importaria.

Ela estava vazia, fria , congelada, perguntara-se tantas vezes se não seria sufocada por esse vazio, porém ela estava de pé, como sempre esteve , em um mundo de pessoas medíocres ,um show de aparências, um lugar onde lágrimas precisavam de plateia, ela era a "sem coração", contudo, ninguém sabia da dor que ela carregava, a saudade.

O tempo não curara nada, aquelas eram cicatrizes que não podiam ser fechadas.

Aquela dor a rasgava por dentro, ela havia aprendido a suportar, ainda lembrava-se da sensação de perder tudo, derrota não era algo que ela aceitava.

Todas aquelas memórias, doíam demais , doía demais lembrar dele, nada os traria de volta, aquelas lembranças eram como chuva sobre uma redoma de vidro.

Prometera a si mesma que não olharia para trás, prometera a si mesma que se não se arrependeria de novo, agora não se tratavam apenas de sentimentos, disso ela não precisava mais.

Agora ela estava perdida no próprio labirinto e não faria o caminho de volta.