Naruto não me pertence, seria muito azar dele.
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Sempre acreditei em inverno e chocolate quente, flores e amor verdadeiro. Costumava pensar que o príncipe loiro viria montado em um sapo me buscar. Ansiava perder a timidez e ganhar a fala e a atitude. Mas tudo isso não passava de sonhos de menina, e observando do ponto de vista de hoje, eu percebo quanto tempo eu perdi.
Dizem que a vida muda as pessoas, as tornam más, frias. E também que o tempo passa e com ele leva todos os sonhos bobos. Bom, não posso dizer que mudei tanto assim, mas não sou a mesma Hinata de 5 anos atrás.
O príncipe loiro não veio em seu sapo, mas sim a pé. E com ele trouxe todas as desilusões possíveis pra me fazer acreditar que realmente perdi muitos anos dizendo apenas "N-naruto-kun...". Seu beijo não era assim tão doce quanto eu imaginava, nem seu abraço tão quente; por isso o devolvi a minha amiga Sakura de bom grado. Percebi que não era ele que era errado, nem eu, apenas nós dois não nos encaixamos; a pecinha dele é inegavelmente a garota doce dos cabelos rosados.
Passei a ser mais realista e nunca mais sonhei com o amor verdadeiro. Aplicava uma maiêutica socrática: "O que é o amor?" e as pessoas não me reconheciam. Eu me apaixonava às vezes, mas nunca encontrei amor escondido em parte alguma do meu coração. Oh, não me julgue, você vai passar por uma fase assim na sua vida e vai me entender.
Estava a fazer reflexões deitada em uma esteira de casa, com os olhos fechados vendo apenas a cor vermelha que vinha do sol, quando o vermelho ficou preto e eu abri os olhos.
- Você está tampando o meu sol.
- Eu sei.
- Não sei como te deixaram entrar assim na minha casa sem avisar.
- Você fala assim, mas eu sei que por dentro está muito feliz em me ver.
Debochado, exibido. Eu caí na gargalhada.
- Kiba eu te odeio!
Ele sentou na esteira comigo e me abraçou, então eu encostei a cabeça em seu ombro.
- Qual é a novidade, Sr. Inuzuka?
- Mulheres e drogas.
- Entendo. Qual é a da vez?
- Cocaína.
- Idiota. A mulher, não a droga.
- Ah... Ino.
- Ino? Por que ela?
- Bom, ela é gostosa...
Minhas bochechas esquentaram e eu contei até 10 para controlar a minha raiva. Eu odiava quando ele falava bem de alguma menina na minha frente, não era ciúmes, era baixa autoestima.
- Sei... Ela é gostosa...
- Você ficou brava, Hina? Acho que eu estou fazendo mal?
- Não, cãozinho. – eu ri – apenas acho que Ino é muito amiga pra você pegar e depois esquecer.
- O que tem isso?
- Bom, vocês não vão conseguir manter amizade.
- Não sei não, lembra quando você ficava com o Naruto e eu com a Sakura? Bem, ela conversa normal comigo hoje. Demorou um pouco, mas tudo está bem agora.
- Você que sabe, Kiba. Mas sejamos realistas, você acha mesmo ela gostosa?
- Claro, todos acham.
- Certamente.
Separei-me do abraço dele e encostei-me à árvore ao lado, com a cara fechada.
- Ah, não fique com ciúmes, eu te amo muito e você sabe. – ele enlaçou minha cintura ao dizer isso, e me deu um beijo no rosto.
- Não estou com ciúmes! – me afastei e cruzei os braços.
Akamaru me olhava com olhos sarcásticos, tudo em volta ria da minha infantilidade. As folhas das árvores balançavam ironicamente.
- Ei, olha pra mim!
Mas eu fitei o chão.
- Estou falando sério, olha pra mim agora!
Continuei fitando o chão.
- Ei, ei! – agachou na minha frente e passou a mão pelo meu rosto, tirando os fios de cabelo dos meus olhos. – Você sabe, não sabe?
- O que?
- Que eu te amo.
- Eu sei.
- Então por que o ciúmes? Eu te conto porque você é a minha caixinha confidencial, a melhor de todas. A amiga mais fofa, mais retardada que existe.
- Obrigada, não é ciúmes... Eu apenas quero que você tome cuidado e não se machuque com essas ficadas.
- Ora, eu não me machuco mais, já me machuquei muito por você e agora ninguém mais alcança meu coração, amiga. Ele está soldado, ninguém mais entra.
Pausa para momento tenso e de grau elevado de vergonha. Era isso que eu tinha pendente com Kiba. Que enquanto eu sonhava com Naruto, ele sonhava comigo.
E falava isso livremente como se não sentisse nada sobre nós, mas ficava algo no ar.
Mesmo ele sendo meu melhor amigo, algo era estranho. Não que eu quisesse beijar ele, porque ele era muito criança. Ele queria garotas fáceis pra ficar 1 ou 2 dias, não era maturo o suficiente para ficar com alguém complicada como eu... Sem contar os anos de amizade que seriam jogados fora. Mas rolava alguma coisa, isso era inegável; nós não conversávamos sobre isso, era um sentimento transparente que deixávamos passar por despercebido.
- Bom, Kiba, você sabe o que é melhor pra você. Seja feliz com a Ino gostosa.
Ele riu e ficamos conversando sobre coisas banais até o anoitecer. Era uma daquelas melhores noites da minha vida, em que você parece estar num psicólogo, pois fala tudo que acontece para seu amigo e é avaliada com brincadeiras e ocasionais "vai se foder!".
Era nossa amizade, ele me aceitou como menina boba, também aceitou meu período metafísico de transição, e me aceita hoje, um tanto quanto fria.
Digamos que ele merece um troféu por me aguentar.
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Pronto, isso foi escrito num acesso de nostalgia às 2 da manhã. Então não tenho culpa se ficou meio estranho. UIHASA
Entenda, eu não quis dizer que o Kiba é drogado nem fiz apologia às drogas, aquilo foi apenas uma brincadeira deles.
Provavelmente vai ter continuação. É quase certeza, só não continuei agora mesmo porque daqui algumas horas eu tenho aula.
Ideias e reclamações são bem vidas (:
#loomanini.
