Disclaimer: Personagens e universo pertencentes a Masashi Kishimoto.
Autor da fanfic: Akkarin Delvon
Capa por: My sunshine, arte de Ila Barattolo.
Gêneros: Drama, Mistério e Romance (casal: Sasuke e Sakura).
Observação: A história é universo Naruto e, portanto, o romance será trabalhado lento e gradual.
Rated: M
Encarcerado
Chapter I
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[AGORA]
Algo nos olhos dele estava diferente naquela manhã cinzenta.
Como se previsse que aquele dia seria o último de sua existência, que seu nome se tornaria apenas o assunto de um sussurro desprezado por algumas semanas e a única coisa que preservaria sua memória seria um túmulo feio sem visitantes. Ele não se sentia deprimido com isso, embora parecesse a reação normal, mas, tampouco, parecia contente. Para ser sincero, fazia muito tempo desde a última oportunidade que ele teve para sentir qualquer coisa.
Apesar de tudo, tinha a sensação de que seria tão livre quanto se é possível ser na morte. Um consolo sombrio.
Há quanto tempo esperava? Três meses? Um ano? Seu único indicativo de que o tempo passava era a barba e o cabelo negros que não paravam de crescer. Ele tentava apará-los com qualquer objeto afiado que conseguisse, mas já havia parado de fazê-lo à medida que ficava mais fraco – a última vez fazia uma semana.
Recentemente, já não possuía forças sequer para girar a cabeça sobre o travesseiro duro e grosseiro; todo esforço era muito e lhe causava náuseas, além de um cansaço excessivo e irritante.
Seus sentidos ninja também estavam comprometidos, esgotados. Não conseguia recordar da última vez em que usou o sharingan... Os selos de contenção de chakra cravados na pele, inclusive, não lhe permitiram ativá-lo mesmo que desejasse.
Às vezes, quando o silêncio era tão insuportável que ele só podia ouvir os próprios pensamentos, as lembranças das ocasiões em que usou seu dom precioso vinham à tona. O massacre de seu clã, a batalha com Naruto, o assassinato de Itachi, seus inúmeros mergulhos para cada vez mais fundo na escuridão...
Uma memória, em especial, revivia com frequência. Não era tão importante, ainda que também não fosse das mais agradáveis. Quando estava de bom humor, assumia que só lembrava-se disso porque tinha íntima relação com aquela pessoa.
Foi uma das poucas vezes em que não dirigiu seu dom a um inimigo, mas a uma inocente, num ímpeto de fúria. Pior, ele só havia percebido que seus sharingans estavam ativos quando andou vários metros para longe de seu alvo. Uma cena lamentável.
Ele sequer havia demonstrado arrependimento.
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[ANTES]
Havia sido num dia nublado.
Seus olhos escuros faiscaram de fúria e sua respiração tornava-se proporcionalmente mais pesada conforme olhava para ela. O cabelo rosa estava ligeiramente revolto, ela apertava os punhos, as unhas com certeza machucavam as palmas, mas a kunoichi sequer parecia notar.
Ele nunca perdia a calma com ela, não importava o quão frustrado estava com o resto do mundo. Ela sempre parecia capaz de absorver seu ódio, não miná-lo.
Mas, curiosamente, não daquela vez.
Ela era a causa de tudo aquilo.
─ O que você sabe, Sakura? ─ ele cuspiu. ─ Você que é tão inteligente... deve saber as coisas não são mais as mesmas.
Ele deu meio segundo para que ela respondesse, mas a ninja permaneceu calada. Sasuke balançou a cabeça, negando.
─ Esqueça. Não sou um livro médico que você possa ler e entender. Então, não gaste meu tempo sobre qualquer merda envolvendo o Naruto novamente.
A Haruno encrespou-se e reprimiu a vontade de apontar um dedo acusador.
─ Sei tudo que é preciso. Quando a você, você é... o maior covarde do mundo.
Um filho da puta egoísta, ela gostaria de dizer, mas sabia que as palavras ficariam presas na garganta, e tão podre por dentro que não consegue aceitar que seus amigos ainda se importam. No fim, Sasuke deveria agradecer à inocência de Naruto que não o deixa notar essas coisas.
Sakura quis dizer todas as verdades que guardava sem medir suas palavras, já estava inflamada pela ira e o Uchiha não parecia propriamente calmo. Ela quase não se lembrava do por que aquilo começou, mas tinha a vaga impressão de ter sido por ter sugerido a Sasuke que parasse de tratar Naruto tão mal depois de tudo que eles fizeram. "Não é da sua conta", ele havia respondido e, dessa vez, ela não ignorou o comentário e jogou outro igualmente venenoso.
E talvez, por isso, as coisas desencadearam-se até este ponto.
Sasuke olhou para Sakura por um instante. Covarde? Assumiu seu melhor rosto inexpressivo e aproximou-se alguns passos, intimidante. Dada a distância anterior, não era muito. Quase podia sentir o calor de Sakura. Mas, naquela ocasião, Sasuke não estava interessado nisso.
─ Logo covarde, Sakura... chan? ─ Apesar do sufixo, a voz dele era fria e cortante como o inverno. A Haruno encarou seus olhos. Um lampejo de amargura.
Podia aguentar ser chamado de quaisquer nomes por qualquer um e isso resultaria apenas em um braço quebrado, caso estivesse num dia ruim. Mas usar deste insulto, em especial, era um erro.
Por essa palavra, ele seria capaz de matar.
Mas não a Sakura.
Saindo da boca dela, a ofensa caiu como uma segunda pele, pois, com ela e com Naruto, Sasuke havia sido nada mais que vil e cruel. Ele merecia o que ela dizia, mas isso estava longe de aplacar sua fúria, senão piorava, pois de nada lhe valeria admitir que ela estivesse certa. Sendo franco, machucava encarar a verdade de alguém que Sasuke considerava tão melhor que ele.
O vingador ergueu a mão direita e tocou no queixo de Sakura, num gesto quase fraternal, de início. Então, reteve o rosto da moça por ali e apertou sua pele com força. Ela ficou tensa, mas não arquejou nem por um instante, achou ser suficiente encará-lo com desafio.
Ele cravou os olhos nela como se fossem facas vermelhas.
─ Guarde essa opinião apenas para você. Eu não quero saber. Mantenha essa boca bonita fechada quando lhe convém e eu posso até perdoá-la ─ ele finalmente disse, pousando rudemente o polegar sobre o lábio inferior da mulher. ─ Eu não desejo machucar você, Sakura, mas isso não me impede que faça.
Dando a discussão por encerrada, Sasuke se afastou dela com a graça de uma tempestade.
Quando o shinobi estava longe o suficiente para sequer ser visto, a Haruno permitiu-se respirar de alívio. Devia ter desabado sobre o Uchiha novamente ou tê-lo acertado com um golpe que seria forte o bastante para imobilizá-lo, mas a visão dos olhos vermelhos de Sasuke fez a kunoichi perceber que, não importava o que dissesse, ele nunca ouviria ─ estava imerso demais dentro de si mesmo, protegido em seu casulo de ódio e pesar.
Fazê-lo ouvi-la seria uma coisa estúpida agora.
Sakura tocou sua boca, formigando por nenhuma razão que, outrora, poderia ter lhe causado uma impressão romântica. Agora restava apenas a sensação intimidante do dedo frio de Sasuke, tentando inspirar nela uma faísca de medo. Ela suspirou. Seu amigo havia se tornado o pior tipo de covarde. O que tem medo dos demônios que guarda dentro de si mesmo e não suporta sequer a menção dessa fraqueza.
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─ O Sasuke e a Sakura-chan não falam há semanas, Kakashi-sensei.
O copynin olhou para o Uzumaki, acenando em concordância. Então, era por isso que o aluno havia lhe convidado para comer rámen mais cedo que o normal. Pelo que havia sido informado antecipadamente, Naruto também providenciara convidar Sakura e o relutante Sasuke jantar ali também, meia hora depois. Decerto, um não sabia do convite do outro, senão declinariam o jantar polidamente ou sequer apareceriam.
─ Já notei também. ─ Sakura havia lhe contato com detalhes contidos o fiasco com o Uchiha, mas Kakashi achou melhor que Naruto não soubesse disso. ─ Sabe por que eles estão assim?
─ Eu estava esperando que você me dissesse, 'ttebayo.
─ Não seria uma... como vocês chamam? Crise? ─ o ninja comentou distraído, com a voz levemente divertida por alguma razão.
─ Como de namoro? ─ Naruto pareceu considerar aquilo, mas logo balançou a cabeça. ─ Impossível para aqueles dois, sensei, você sabe disso.
─ Sim, eu sei ─ o Hatake respondeu, adotando uma postura séria. ─ Mais cedo ou mais tarde eles irão... hn, se dar bem de novo, não se meta nisso, garoto.
─ As coisas só têm piorado, no entanto ─ Naruto soltou um muxoxo, comendo parte de seu rámen de porco. ─ Estou pensando em intervir, sensei, os dois são cabeças duras demais para se ajeitarem sozinhos.
À Naruto não agradava o fato de que seus amigos estavam muito dispostos a ignorar a existência um do outro, a situação era terrivelmente incômoda e, para alguém com sua personalidade, era inconcebível que os dois companheiros não se falassem. Toda vez que tentava tocar no assunto com o Uchiha ele tornava-se excessivamente insuportável com seu mau humor; já Sakura estava muito instável, a simples menção ao nome do vingador a fazia cuspir marimbondos.
─ Você tem um jeito especial para lidar com conflitos ─ Kakashi elogiou com o rosto inexpressivo, virando-se para o antigo aluno. ─ Mas Sasuke e Sakura não são um terreno sólido onde outras pessoas possam se envolver.
─ Eeh, e o que diabo isso quer dizer? ─ Naruto olhou de forma confusa para o Hatake, parando o hashi cheio de macarrão a meio caminho da boca.
Kakashi sorriu como quem guarda um segredo que merece ─ mas não pode ser compartilhado.
─ Só estou dizendo para que você não exagere e respeite o espaço deles. ─ O jounin foi levantando-se da mesa, deixando duas moedas prateadas sobre o balcão. ─ Eu já terminei, Naruto, boa sorte. Não force as coisas com a Sakura, ela não vai gostar e não quero o Uchiha magoando minha menina de novo.
─ Ora! Eu sei, deixe de ser superprotetor!
O Hatake deu de ombros e continuou saindo.
─ Espera... Você não comeu nada, sensei!
O copynin acenou com uma mão preguiçosamente.
─ Coma por mim, então. Não me importo.
Antes de Naruto responder, o jounin sumiu numa nuvem de fumaça. O Uzumaki virou-se para a tigela intacta do homem e a puxou para si, enquanto pedia a Teuchi que preparasse mais uma e vencia os minutos que faltavam para seu encontro com seus dois amigos orgulhosos.
Talvez a tentativa de conciliá-los se transformasse numa pequena batalha, um simples confronto de ideias, claro, mas ainda assim... Naruto sempre concordou com o fato de que as palavras tinham um poder de ferir muito maior do que qualquer kunai, e não havia dúvidas que Sakura e Sasuke sabiam se armar muito bem delas quando lhes convinha.
To be continue...
É a primeira vez que posto aqui, e também postei no Nyah! Mas, antes de tudo: Peço que me avisem nos erros que captarem, por favor.
Sobre a fanfic, ela é atemporal. "Agora", "depois" e "antes" são presente, futuro e passado, mas é possível encaixar o enredo sem se prender ao original e colocar os personagens com a idade que o leitor quiser pensar. Espero que tenham gostado da introdução e, se ficaram muito no ar, as coisas se explicarão depois.
