Disclaimer: Não não, os cavaleiros não pertencem a mim, crianças... Não se enganem! u.u' O responsável pela criação deles é o Tio Masami. Já a responsável pelo que eles fazem nessa fic, aí sim, sou eu...


Prelude

O Sol já estava se pondo. Sentada nas pedras que ficavam em um dos extremos daquela pequena praia, uma criança grega observava com curiosidade o céu e a areia se tingirem de um suave laranja. O cabelo, cumprido e de belíssimos cachos dourados, balançava com o vento forte. Se houvesse alguém a observando a certa distância, poderia muito bem pensar que se tratava de uma garotinha. Mas a praia estava deserta, e ninguém observava. E definitivamente não se tratava de uma garotinha. Apesar dos cabelos longos, do rosto infantil e da túnica branca, a criança era um garoto. E se alguém insinuasse o contrário, Milo chutaria suas canelas furiosamente para provar que estava enganado.

Naquele momento, aliás, Milo estava louco para chutar as canelas de alguém. Sabia que no vilarejo próximo seus pais o aguardavam para a janta, mas não sentia a menor vontade de ir. Estava possesso porque havia sido proibido de acompanhar os garotos mais velhos do vilarejo em sua ida a uma grande e movimentada praia não muito distante dali, para comprar um barco de pesca novo para a família de Aiolia e Aiolos. Sua mãe temia que se perdesse entre tanta gente, ou que atrapalhasse os negócios da outra família, e o próprio Aiolia não acompanharia o irmão mais velho. Por mais certa que ela estivesse, Milo se sentira ultrajado, e passara o dia fora. Para um garoto de sete anos, aquilo parecia o fim do mundo. Ainda que fosse esquecer tudo no dia seguinte.

Perdido em planos de pequenas vinganças, como esperar escurecer para aparecer em casa, Milo avistou algo estranho na beira do mar. Algo decididamente estranho. O pequeno grego sempre ia até aquela praia, sozinho ou com seus amigos, por ser a mais perto do vilarejo e ser praticamente só freqüentada pelos moradores de lá, de forma que era considerada segura. Milo adorava aquele lugar, e sem dúvida o conhecia de cor. A orla em formato de meia lua, as pedras altas ótimas de se escalar no extremo esquerdo da praia, o penhasco no extremo direito, a floresta que separava a praia da pequena vila... A areia muito branca, geralmente adornada com pequenas conchinhas, e dependendo da época do ano algumas algas verdes. Ah, era esse o problema! As algas deveriam ser verdes, e não vermelho sangue! Mas olhando melhor, aquilo não se parecia em nada com algas.

Milo desceu as pedras, curioso. Correu um pouco em direção da estranha massa vermelha, tentando enxergá-la melhor. Foi quando se deu conta do que aquilo realmente parecia. Cabelo! E, confundindo-se com a areia e o mar, havia algo mais ali. Havia... Alguém. Milo arregalou os olhos. Então correu em direção da pessoa, perguntando-se se estaria viva. Mas quando chegou realmente perto, não acreditou no que viu. Caído aos seus pés, um garoto provavelmente de sua idade. Os longos e lisos cabelos vermelhos estavam esparramados em volta de seu rosto delicado e muito claro, assim como seu peito nu, confundindo-se facilmente com a areia. Mas a parte assombrosa era outra. Ao invés de pernas, o rapazinho tinha uma bela cauda de peixe, proporcional ao corpo, de um verde-mar claro.

Milo caiu sentado no chão, estarrecido, observando a figura. Muitas eram as histórias que eram contadas em seu vilarejo... Histórias de pescador, lendas antigas, sobre as mais variadas criaturas do mar... Mas nunca eram realmente levadas a sério. E o que ele via a sua frente se encaixava perfeitamente na descrição de uma sereia. Ou quase... Levando em consideração que Milo tinha certeza de que se tratava de um garoto.

- Vai ficar só olhando ou vai me ajudar, donzela? – Milo engasgou. Em sua confusão não percebera que o ser havia despertado, e o fitava com brilhantes e perigosos olhos vermelhos. O tom de sua voz era irônico e cortante, mas aquilo não desviou a atenção de Milo do fato de que havia sido chamado de donzela. Seus olhos brilharam de raiva, mas como chutar as canelas do outro se ele não tinha canelas, pra começar?

- Não sou uma garota, idiota, muito menos donzela. – Respondeu Milo, levantando-se e mirando o outro de cima.

- Tanto faz. – Disse o sereiano, estreitando os olhos. Chamava-se Kamus e, detestava admitir, estava precisando de ajuda. Haviam o alertado para ficar longe da praia, pois era muito jovem e sem experiência, mas ele não dera atenção. Se Saga e Kanon podiam, por que ele não? Os gêmeos podiam ser mais velhos, mas eram completamente irresponsáveis. Tinha certeza de que conseguia se virar tão bem quanto eles, mas estava enganado. Agora estava humilhantemente encalhado na areia, onde seus amigos não ousariam ir para ajudá-lo, e um humano idiota o vira. Se aquilo chegasse aos ouvidos do Rei Shion, o jovem sereiano teria que dar explicações.

- O que você é? Um sereio? – Milo perguntou, engolindo a raiva. A curiosidade era maior.

- Sereiano! – Corrigiu Kamus, irritado.

- Tanto faz. – Milo deu de ombros, com um sorrisinho debochado, usando as palavras do outro. Se não podia acertar as canelas do ruivo, podia irritá-lo de outras formas. – E por que você precisa de ajuda? Está encalhado por acaso?

- Não está vendo? – O humor de Kamus ia de mal a pior. Mas como precisava da ajuda do outro, estava se controlando.

Milo piscou. Então caiu na risada. O garoto estava encalhado! Kamus fechou a cara, corando de humilhação e raiva, visivelmente ofendido. Milo parou de rir. Apesar de tudo, ficou com um pouco de pena do sereiano. Seu desconforto era palpável no ar, e Milo se perguntou por um instante como o ruivo havia se metido naquela situação. Se aquilo podia acontecer, certamente o haviam alertado para tomar cuidado. E pelo visto o garoto não havia obedecido. Milo sorriu. Talvez eles tivessem algo em comum, afinal! Nem que fosse o gosto pela liberdade. Decidiu ajudar o sereiano. Afinal, apesar de ser constantemente confundido com uma garota, Milo estava longe de ser fraco. E o corpo do sereiano era consideravelmente menor que o seu.

- Está bem, posso ajudá-lo. – Sorriu o garotinho grego, para tranqüilizar o outro. Então, sem cerimônia, o ergueu pela cintura e jogou sobre o ombro. O sereiano arregalou os olhos e guinchou, sua idéia de ajuda era um pouco mais delicada que aquilo. Mas em poucos segundos estavam os dois no mar, até onde Milo dava pé.

- Pode me soltar agora. – Resmungou o ruivo, que ainda era firmemente segurado pelas mãozinhas do loiro. Mas Milo não o soltou. Precisava dizer algo antes.

- Quem é a donzela agora? Você grita como uma garota! - Mal terminou de pronunciar as palavras de deboche e sentiu um baque forte nas pernas. Seus pés perderam o chão e o grego afundou, engolindo água e engasgando. Ao voltar à superfície, mirou o outro furioso. Como o ruivo ousava passar uma rasteira nele com aquela cauda?

- Obrigado pela ajuda, donzela. – E antes que Milo pudesse responder ao sereiano, este, livre de suas mãos, mergulhou e sumiu de vista.

Naquele dia, quando voltou para casa, Milo já havia esquecido completamente da raiva que o manteve fora o dia todo. Contou a história do sereiano apenas aos seus amigos, mas estes riram de sua cara, insinuando que Milo estava com tanta fome aquela tarde, por conta de sua birra que o fizera perder almoço e jantar, que tinha começado a enxergar peixes gigantes. O loiro não insistiu. E conforme o tempo passou, esqueceu a história no fundo da memória...


N/A: Ola, caros leitores! o/ Sabem, desde que eu vi uma linda imagem yaoi com um rapaz sereia, a idéia pra uma fic assim ficou impregnada na minha cabeça! x.x E eu adoro universos alternativos, wah! n.n Esse é só o prólogo, como podem ver... No próximo capítulo teremos nossos lindos cavaleiros já crescidos! E não se preocupem, os que atormentaram o pequeno Milo por ser uma criança afeminada irão morder a língua, huhuhuh!

Por favor, qualquer comentário, sugestão, reclamação (Erm... Kamus igual a Pequena Sereia? XD), ou sei lá mais o que, que vocês tiverem... Não guardem pra si! Podem mandar reviews! XD Eu ficarei imensamente feliz. Se quiserem a imagem que eu mencionei, podem pedir também...

Kisses! ;)