Setembro veio com todo seu brilho de vitória, carregando consigo o sabor da paz e finalmente a felicidade tão esperada. A guerra chegara ao fim, os acusados condenados, os heróis condecorados e todo aquele sufoco, submissão e desespero por fim não haveria mais.

Mas por que todo esse desanimo Severo? - Disse Dumbledore comendo uma tortinha de limão aconchegado em sua poltrona enquanto observava Snape olhando pela janela da sala do diretor as crianças correndo pelo jardim de Hogwarts feliz e cheias de esperança.

Não é desanimo. - O mestre de poções encarou bem o diretor e disse em desabafo – Mas e agora Dumbledore?

E agora o que? - Perguntou Albus curioso por seu amigo estar com o olhar tão perdido.

Eu... Não acho que estou apto para voltar a lecionar – Severo desviou o olhar e voltou a encarar a janela. - Não sei se estou nas minhas melhores condições.

Houve um breve silêncio, Dumbledore já havia percebido isso antes no seu amigo, mas custava aceitar a ideia em ter Snape longe, não por que ele foi seu peão nesses anos todos, ou porque talvez seja o seu mais leal amigo, no entanto o sentimento que Albus tinha sobre Snape era fraterno, como se ele fosse seu filho, ou uma missão de proteção, encontrar para Severo a sua felicidade como se esse fosse o pagamento por sua lealdade durante todos esses anos. Mas afinal o mestre de poções merecia ser feliz.

Severo, não vou obrigá-lo a ficar, mas se pretendes sair para onde irias? - Dumbledore falava firme, deixando de lado metade da sua tortinha de limão. - Pretendes ficar confinado em sua casa? Em uma escuridão profunda da qual adotou como prisão? Ou prefere dar um novo rumo em sua vida, uma nova oportunidade?

Não seja estúpido Dumbledore, o que eu poderia fazer? - Severo falava calmo, sem humor algum, sem expressão alguma, como se nada fizesse diferença. - Talvez eu não queira fazer mais nada.

Pelas barbas de Merlin, Severo! Como pode entregar assim ao nada? Acorde homem! Viva a vida!

Professor Snape olhou para Dumbledores como se nem tivera prestado atenção, até que alguém bateu na porta.

Entre. - Ordenou o diretor.

Alice Daroz entrou na sala do diretor elegantemente, como sempre fora. Seu vestido preto e decotado sem ser vulgar o bastante balançava com a pouca brisa que vinha de fora pela janela.

Desculpe-me, não queria interromper, mas já que estou aqui e hoje será meu primeiro dia de trabalho, acho que pode passar. - Alice falou sorridentemente.

Severo abaixou a cabeça e permaneceu quieto. Dumbledore pediu para que a moça que não tinha mais que trinta anos para que se sentasse.

Alice é brasileira, Dumbledore a conheceu três anos antes da batalha final, ela participava de um clã de bruxos que existe no Brasil conhecido como "Os Laicos", diferentemente dos outros países no Brasil os Bruxos se dividem em clãs e na maioria das vezes é baseado em algum Deus ou religião, sempre buscando uma maneira de encontrar a resposta pela existência da magia. Já os Laicos acreditavam que a magia via dentro por si só, que não havia escolhidos, ou um Deus, mas que simplesmente a pessoa nasceu com o privilégio. O problema era que a fama dos Laicos no Brasil era de rebeldia, violência e perigosos, no entanto uma parte é verdade, mas por outro lado havia uma pitada de exagero, como todo grupo sempre há pessoas extremistas ainda mais quando se reside em um país como o Brasil onde nada se controla. Dumbledore foi até esse clã na época, pois obteve uma fonte que Voldemort estava interessado em recrutá-lo, mas assim que os conheceram percebeu que era impossível alguém se juntar com o Lorde das Trevas, a ideologia eram completamente opostas, aliás era oposta até mesmo para as ideias de Dumbledore. Até hoje ele descreve como a melhor viagem e melhores pessoas que já conheceu, diferentemente dos outros lugares e cultura que estava acostumado a conhecer e frequentar jamais será igual ao Brasil. "Povo alegre, embora brigam entre si, o amor que eles possuam com o próximo e maior que ele já conheci". Alice é uma das lideres do clã, sempre espontânea, e se preocupando mais com o bem estar e sua felicidade interior do que com qualquer outra coisa, sempre arrumando festas, fazendo amigos e hospitaleiro, Voldemort não iriam corrompê-los com sua escuridão perversa.

Mas o que mais intrigou o Diretor era o conhecimento de poções e feitiços que eles tinham, completamente diferente dos que ele conhecia, alguns mortais de mais e outros incompreensíveis. Mas as poções tinham um grande toque indígena, antigo e poderoso. Por fim em sua viagem ele explicou os acontecimentos, o clã estava ciente dos planos de Voldemort sabiam da guerra que estava acontecendo, mas disseram que não se envolveriam, pois seus interesses nada coincidiam com o Lorde das Trevas, no entanto Alice prometeu ajudar apenas o diretor indiretamente. Deu-lhe uma um franco contendo uma poção poderosa, uma poção muito importante para Dumbledore algo que mudaria todo o percurso da historia.

"Essa poção ti deixará em estado mórbido, você conseguirá pertencer ao outro mundo, mas jamais vai poder partir de fato, só se depois que a acabar o efeito e alguém for lá e ti matar, mas enquanto isso apenas assistirá de camarote a vida passar. Depois de doze dias após que começar a tomá-la, sua duração termina depois de um ano ou um pouco menos, é um tanto incerto varia de organismo de cada pessoa, mas preste bem atenção, alguém precisa a cada vinte dias aplicar em de suas mãos em quanto estiver em estado mórbido para que ainda haja efeito, usamos isso em enfermos de doenças graves a risco de vida, mas antigamente era usado para enganar inimigos fingindo estar morto, pois a aparência e o cheiro dá a impressão de que a pessoa está fedendo esgoto." Alice explicou cada ponto, ingrediente e toda a sua historia referente a poção, não era complicada, mas uma gosta ou qualquer coisa errada que houvesse nela poderia levar a verdadeira morte e não apenas uma encenação.

E foi assim que Dumbledore fingiu sua morte, ele nada contou a Severo, pois tinha medo que Voldemort o torturasse caso desconfiasse da verdade, ele pediu para que outra pessoa visitasse seu tumulo a cada vinte dias quando entrou em estado mórbido, Alice tinha garantido que assim que começasse a tomar a poção nenhum feitiço o atingiria, ou surtiria efeito suficiente para matá-lo ou prejudicá-lo, mas quem tomar essa poção só pode fazer uma vez, na segunda ela se transformaria em pó.

Quando Harry enfrentava Voldemort em sua batalha final Dumbledore apareceu, mas deixou com que Harry terminasse a sua missão. Ele colocou um fim na guerra capturando os comensais e aniquilando a maioria deles, muitos ficaram espantados e houve um longo período de explicação e especulações. Alice havia aparecido para ajudar, mas logo foi aceito a ideia do plano de Dumbledore, afinal a guerra havia terminado e Voldemort estava por fim morto. Enquanto a Severo, Albus secretamente havia pedido para que Alice o observasse e que quando algo acontecesse com seu mestre de Poções ela o ajudasse. E assim ela o fez, e essa era a qualidade que o diretor mais admirou nos brasileiros, a solidariedade com o próximo e de ajudar sem se quer receber algo em troca. Alice brincou uma vez dizendo que Albus não havia conhecido brasileiros o suficiente e que se morasse apenas um ano no Brasil, logo mudaria de opinião.

Depois que a guerra acabou Dumbledore convidou para que Alice viesse a Hogwarts lecionar uma nova matéria, algo de acordo com o diretor somente ela poderia lecionar: Os Trouxas.