Capítulo 1:
Tudo estava em paz no Santuário. Finalmente as batalhas cessaram e os pobres e nobres cavaleiros tiveram seu merecido descanso.
Àquela hora da manhã, um suave perfume de rosas frescas vinha da direção da casa de Peixes (o que era bem comum), alguns pássaros entravam e saíam sem cerimônias da casa de Virgem e esporádicas explosões eram ouvidas da casa de Câncer, atrapalhando a malhação de Aioria na casa ao lado. Mas dêem um desconto, estamos falando do querido-amado-idolatrado-salve-salve Máscara da Morte, que passava por um perrengue daqueles. Por favor, eu sei que vocês querem saber o que aconteceu, mas isso é para uma outra hora. Vamos nos ater ao fato importante: o burburinho em frente à casa de Áries, que estava sem seu dono.
"Mas que bando de preguiçosos!! Eu disse que chegava hoje!!!" Saori gritou, tirando os óculos escuros e prendendo os cabelos em um coque desconexo. "Seiya faz alguma coisa, seu molenga!! Val chamar o Aldebaram, ai que saudades do meu megafone!" (é, a tia tem um super megafone que ela usa pra atravancar a vida dos pobres e nobres cavaleiros).
"Estou indo meu docinho!" o garoto falou, saindo de trás de algumas malas e acabando por tropeçar em algumas caixas antes de subir a interminável escadaria.
"Ô sem jeito mandou lembrança, hein, Seiya! Pelo amor de Zeus, se você quebrou meus cristais eu juro que mando o Shura usar aquela Excalibur dele você sabe bem aonde."
"Ei, golpe baixo, eu ouvi!", Seiya gritou, já afastado dela. "Com o que você vai se divertir depois?"
Saori não respondeu e sentando-se em um dos degraus, conteve uma gargalhada, que saiu assim mesmo. "O danadinho tem razão, ele sempre tem", ela pensou, lembrando-se de como tudo começou.
Quando as batalhas acabaram, Saori ordenou que um enorme banquete fosse oferecido aos heróis. Já haviam passado por muitas provações e só de estarem ali, perdoados e vivos, já era uma dádiva que merecia comemoração. No fundo, ela estava com certos planos caso um certo cavaleiro não tomasse a iniciativa, ela teria de faze-lo e aquele banquete era uma excelente oportunidade.
Na festa, já passava de 3 da manhã quando Miro anunciou que aquela seria a última música da noite e que eles poderiam escolhe-la. Cada um dos cavaleiros deixou que sua deusa o fizesse porque sabiam que se dependesse dos outros, a escolha seria no mínimo inusitada. Ela cochichou no ouvido do DJ-Cavaleiro, que revirou os cds e achou a tal música. Imediatamente o salão ficou com sua iluminação mais fraca e a suave introdução de "You don't have to let go" começou. Alguns casais foram para a pista, incluindo Shiryu e Shunrei, Hyoga e Shun (SIM!! Finalmente eles assumiram!), Aioria e Marin e claro, Saori e Seiya, que ainda não tinha entendido muito por quê a deusa o havia chamado para dançar aquela música, com tantos outros cavaleiros mais bonitos que ele (por Zeus, como é que ele pode ser tão lesado? Se bem que eu meio que concordo com ele...tanto cavaleiro bonito e ela babando no Seiya.....vai entender o amor). Voltando à música....
I don't need your strenght anymore
Não preciso mais da tua força
'cause you've made me strong
porque você me fez forte
You may not see the woman in me
Você pode não ver a mulher em mim
That you dreamed of holding in your arms
Que você sonhou em segurar nos braços
"Seiya, preciso te falar uma coisa", Saoir começou, tentando encontrar palavras, mas achando muito difícil, uma vez que o cavaleiro estava tão perto dela, que ela conseguia sentir os batimentos do coração dele, tão acelerados quanto os dela.
"Fala Saori, mas eu to com a boca suja?" ele perguntou.
"Não, por quê?", ela respondeu, sorrindo, achando aquela besteira a coisa mais engraçada do mundo. (puro nervosismo, se querem a minha opinião).
"Porque você ta com uma cara estranha, mas vai, fala..."
All the days that you gave
Todos os dias que você cedeu
All the moments you saved me
Todos os momentos em que me salvou
Praying for my life
Rezando pela minha vida
Sacrificed just to make me
Sacrificou-se só para me fazer
Who I am on my own
Quem eu sou
You don't have to let go
Você nao tem que desistir
"A gente já passou por tanta coisa, não é mesmo?"
"Com certeza! Mal posso esperar para voltar aos tempos de antigamente, aproveitar a vida....", Seiya disse, sonhador.
"Aproveitar?", Saori pareceu surpresa, mas o cavaleiro não notou.
"É, namorar, curtir a vida, você sabe....", ele disse, dando um sorriso maroto.
"Ah, sim...eu sei...", ela disse, desanimada. Do jeito que as coisas estavam indo, ela ficaria sozinha mesmo. Todas as indiretas que lançou, e até mesmo a música mais escancaradamente romântica da noite não eram capaz de fazer com o tão sábio, forte e indestrutível Cavaleiro de Pégasus reparasse que ela não era apenas uma deusa, mas uma mulher que amava, sim. E que o amava muito.
"Mas o que você queria falar mesmo?"
"Nada não, esquece", Saori respondeu, recostando a cabeça no ombro do cavaleiro e aproveitando aquela última dança.
You don't say it
Você nao diz
But it's in your eyes
Mas está em seus olhos
All the fear of goodbye
Todo o medo do adeus
But I can promise
Mas eu posso prometer
You'll always have a place and a way
Você sempre terá um lugar e um caminho
To my heart
Para o meu coração
Os outros casais conversavam sobre a deusa e o cavaleiro, que não percebiam nada, cada um absorto em seus próprios pensamentos. Todos sabiam os sentimentos de Seiya por Saori e vice-versa, mas ninguém comentava nada, nem mesmo os amigos mais próximos do cavaleiro. Era como se vivessem em uma cidadezinha pequena, onde todos soubessem dos segredos mais escabrosos de todos, mas fingiam não saber de nada e conviviam naquela super mentira.
Do lado de fora da pista de dança, um cavaleiro circulava de um lado para o outro procurando companhia para a última lenta da noite. Jogou os longos cabelos verdinhos para trás e se ajeitou. "Não custa nada tentar, apesar de que...", ele pensou, já prevendo as conseqüências.
"Que tu quer, biba?"
"Vamos dançar?", o outro perguntou melodicamente.
Uma sonora e sombria gargalhada ecoou naquela área, arrepiando quem estava por perto, mas principalmente o cavaleiro em questão. Às vezes não era bom brincar com a sorte...
"Tá me estranhando, Afrodite? Vai procurar a tua turma!", Máscara da Morte disse, ainda rindo e saindo de perto do cavaleiro de Peixes.
"Eu disse que não custava tentar...", ele resmungou, não deixando transparecer que aquilo o afetara mais do que estava disposto a admitir.
"OK, você venceu, vizinho. Você deve estar muito desesperado por uma dança pra se arriscar, falando com Máscara da Morte. Eu danço com você.", uma voz agradável e amigável, vinda de Camus o despertou.
"Meu herói!", Afrodite exclamou, colocando as mãos afetadamente no coração, fazendo com que o cavaleiro de Aquário apenas sorrisse levemente.
Do outro lado da pista de dança, um revoltado Ikki fuzilava o irmão, que dançava apaixonado com Hyoga, não muito longe deles. Sentiu duas pessoas se aproximando dele e sabia que não estavam ali para "apreciar" a vista.
"Sabe...você deveria relaxar. O amor é tão bonito", uma voz suave começou.
"Vai tomar conta da tua vida, Krishna!", ele respondeu, arrancando uma risada gostosa do outro.
"Sabe Ikki, tem doido pra tudo. Tem gente que nasceu pra andar pra frente, enquanto outros só engatam a ré, se é que você me entende...", a terceira voz disse, segurando-se para não rir diante da expressão de ira que se apoderou do rosto de Ikki.
"AHHHHH.....eu odeio esse Santuário!!!", Ikki gritou, empurrando os dois cavaleiros e saindo do salão, enquanto os outros ainda se divertiam com as piadas.
"Entendeu ele?", a primeira voz perguntou.
"Nem um pouco.", o segundo respondeu suavemente.
"Quando eu digo que esses cavaleiros de bronze têm um parafuso a menos, ninguém acredita. Não sei como conseguiram passar por nossas Casas."
"Eles tinham Atena do lado deles. E claro, sorte de principiante."
"De acordo. Vai uma cerveja?"
"Não, não bebo álcool, você sabe bem."
"Essa é sem álcool."
"Ah, então ta!"
E ali estava o exemplo mais esdrúxulo de amizade que o Santuário criara. Ninguém entendia muito bem e não estavam nem um pouco interessados em saber que tanto Shaka de Virgem e Máscara da Morte de Câncer tinham tanto em comum.
I can live
Eu posso viver
Because you live for me
Porque você vive por mim
And I can love
E eu posso amar
Because you love me
Porque você me ama
A música acabou na hora em que um grito veio do meio do salão. Seiya estava com os olhos arregalados, olhando para Saori, que só sorria, maliciosamente. A cena assustou a todos, que esperavam por uma explicação. Até Shura, que estava de bate-papo com Shina (más línguas diziam que eles estavam fazendo outra coisa, mas deixa quieto) do lado de fora do salão, voltou acompanhado da amazona para conferir o que estava acontecendo.
"Seiya....Seiya...você está bem?", Aioria, um dos mais próximos perguntou, ajudado por Marin.
"Ela....ela falou....ai meu Zeus....", Seiya murmurou, fechando os olhos, tapando os ouvidos com as mãos e se sacudindo para frente e para trás.
"Alguém deu drogas à ele?", Aldebaram perguntou, saindo de trás do bar.
"O que aconteceu Senhorita Saori?", Marin perguntou, virando-se para a outra garota, que ainda mantinha um sorriso nos lábios.
"Nada demais. Eu só fiz uma pergunta à ele.", ela disse e um gemido de dor veio de onde Seiya estava parado. Podia-se ouvir também as palavras, murmuradas bem fracas: "pergunta...a pergunta...ai ai...."
"Pergunta? Que pergunta? Fale logo! Ai que curiosidade!!", nem precisamos tentar adivinhar que era Afrodite chegando perto do aglomerado, certo?
"Ué, se ele queria casar comigo, ora bolas!", Saori disse, colocando as mãos na cintura, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.
"O QUÊÊ????????", ecoou-se uma interrogação em uníssono.
E foi assim que aconteceu. Um mês depois, Saori e Seiya embarcavam, casados, para a lua de mel, uma super viagem de volta ao mundo.
"Ei, docinho! Docinho!!!", a voz de Seiya acordou Saori e ela sorriu. Ele não estava sozinho. Um robusto homem usava roupas normais ao invés da tão conhecida armadura e sorria cerimoniosamente para ela.
"Minha deusa! Como sentimos sua falta!", ele disse, tomando as mãos dela e beijando-as.
"Mesmo, Aldebaram? Não parece. Eu receio ter dito que chegava hoje."
"Sim, sim...mas a senhorita tem que entender. O coitado do Mu está lá em cima cuidando de tudo. Esse Santuário nunca esteve tão movimentado. Pensando bem, já esteve sim...", ele respondeu, olhando, divertido, para Seiya, lembrando-se de quando ele e os outros 4 cavaleiros de bronze adentraram naquelas casas sem a menor cerimônia. Só que daquela vez as circunstâncias eram outras. E nem um pouco alegres.
"Aconteceu alguma coisa?", ela perguntou receosa. Queria que a lua de mel fosse ali na Grécia mesmo, mas diante das promessas de Mu e de Camus de que tudo ficaria em ordem, ela cedeu e viajou com o marido.
"Não, minha deusa....tudo em ordem, mas a senhorita sabe como Mu e Camus são. Eles estão aterrorizando todos os cavaleiros, fazendo com que eles paguem multas caso perturbem a paz, essas coisas. Um tanto quanto chato, se a senhorita me permite a opinião. Máscara da Morte é o que mais leva multas, mas ele não paga nenhuma. Disse que ia explodir a Casa de Aquário, caso alguém entrasse na casa dele pra cobrar alguma coisa, mas sinceramente acho que ninguém vai tentar, já que aquele lugar fede. O único que tem coragem é Shaka, mas aquele lá também só fica meditando e meditando. Mas teve o dia em que o Ikki...."
"Ta bom, Aldebaram!!! Pode parar de falar! Não quero saber disso agora!!", Saori interrompeu, porque percebeu se não o fizesse, o cavaleiro de Touro ia ficar até o outro dia contando tudo o que aconteceu durante o tempo em que ela e Seiya ficaram fora.
Antes que Saori pedisse para Aldebaram ajuda-la com as malas, uma presença calma materializou-se bem ao lado dela. O homem, com longos cabelos cor de lavanda e sorriso encantador não assustou os três, mas arrancou um sorriso da deusa.
"Mu de Áries. Não sabe como me agrada ver você aqui ao meu lado.", Saori começou, sorrindo pra ele.
"Minha deusa, eu é que estou contente de vê-los, tão felizes...", Mu começou, mas foi interrompido pela deusa novamente.
"Preciso que você leve essas malas todas lá pra cima, não posso contar só com o coitado do Aldebaram. Mas primeiro você pode transportar lá pra cima, não pode?", ela perguntou, mas aquilo soava mais como uma ordem do que qualquer outra coisa.
"Ai, os dias de sossego no Santuário acabaram....", Mu pensou, antes de sumir da entrada do Santuário com Seiya.
"Acho que ela te esqueceu, Seiya.", Aldebaram comentou.
"Deixa ela, coitada. Já vai ter que aturar muitos problemas. Mas vamos conversando. Você tem que me contar todas as fofocas. Que história é essa do Máscara da Morte com o Shaka? Isso ta me cheirando a romance....", Seiya disse, rindo.
"Você é incorrigível, cavaleiro de Pégasus!", Aldebaram disse, rindo também e pegando uma das malas e subindo as escadarias.
