Título: As areias do tempo

Autora: Dark Lady

Shipper: Severus/ Hermione

Gênero: Romance/ Drama

Censura: fiction rated M / NC-17

Disclaimer: Eu sei que você já sabe disso, mas vale à pena lembrar. Por incrível que pareça essas personagens, em sua maioria, não me pertencem e sim a J.K. Rowling e seus afiliados comerciais. Funciona mais ou menos assim: Reconheceu? Não é meu e sim da tia J.K. e muitíssimo ao contrário dela eu não ficarei rica depois dessa publicação.

O que você faria quando tudo que você construiu de repente parece não fazer sentido algum? Hermione voltou no tempo para consertar sua vida.

As areias do tempo

Prólogo

Ela ajeitou mais uma vez as flores de seu cabelo, que hoje por incrível que pareça estava perfeito.

Aliás tudo hoje estava perfeito.

Seus longos cabelos cacheados, antes tão rebeldes, estavam hoje lindamente presos numa espécie de coque, com algumas mechas soltas, deixando que os cachos bem feitos emoldurassem seu rosto.

Um semi-arco de flores brancas estava preso na parte de trás de sua cabeça, ajudando a manter o véu preso.

Seu vestido longo e branquíssimo caía com perfeição por sobre suas curvas delicadas.

_Hoje é seu grande dia! – Gina com olhos marejados falou da porta do quarto – Oh, Mérlin, parece que foi ontem que nos conhecemos e veja...!

Ela se aproximou da amiga, abraçando-a desajeitadamente devido a sua enorme barriga que denunciava todos os seus sete meses de gestação.

_ Droga! Nem posso abraçá-la decentemente – ela afastou-se enxugando as lágrimas – Você está linda!

Hermione sorriu para ela verdadeiramente feliz. Gina não era somente sua melhor amiga. Era sua cunhada e hoje juntamente com Harry seria sua madrinha de casamento.

Mais algumas horas e Hermione Granger tornasse-ia Hermione Weasley.

Ela estava quase pronta para viver feliz para sempre ao lado de Ron. Quase.

A ruiva afastou-se indo sentar-se pesadamente na cama, alisando o ventre arredondado.

_ Como você está se sentindo Mi?

_ Ansiosa. – Hermione mordeu o lábio.

_ Só ansiosa?

_ Eu deveria estar mais alguma coisa?

_Não sei... sabe, eu sempre amei o Harry casar-me com ele certamente foi a melhor escolha que eu já fiz em toda a minha vida mas...

_ Mas...? – Ela torcia as mãos em frente ao corpo.

_ No dia do meu casamento eu fiquei em dúvida.

_ Você...?

_ Eu não me arrependi, nada disso. Mas no dia... Bem, no dia eu tive medo. Isso tudo parece ser tão... tão eterno. É pra sempre.

_É com isso que estou contando – Hermione olhou nervosamente pela janela, visualizando um pedaço do jardim belamente decorado d'A Toca.

_ Oh... Eu que estou sendo muito estúpida de ficar falando essas coisas pra você hoje... Não ligue... Acredite quando eu digo que você não se arrependerá. Vocês se amam.

Gina despejou um beijinho rápido na testa de Hermione.

_ Eu preciso descer... Mamãe vai ficar louca se eu deixar que Fleur cuide de tudo sozinha. Você realmente está bem? – ela olhou preocupada para a face repentinamente pálida de Hermione

_ São somente borboletas no estômago, nada demais! – ela sorriu para a ruiva.

_ Vai tudo ficar bem – ela disse já a porta. E depois desceu lentamente, colocando uma das mãos nas costas para ajudar a segurar o peso extra de seu filho.

Hermione observou enquanto Gina ia embora, deixando-a sozinha com todas as dúvidas que havia lutado o dia inteiro pra reprimir.

Pegando sua varinha ela se trancou para depois jogar-se sentada na cama, irrompendo numa crise de choro que certamente levaria embora toda a sua maquiagem, cuidadosamente feita por Fleur.

Permanência.

Seria isso sinônimo de casamento?

Perpetuidade.

Ela certamente amava Ron. Ele havia sido seu companheiro por tantos anos. Eles haviam praticamente crescido juntos. Haviam compartilhado tantas coisas. Haviam descoberto o amor juntos.

Sim, ela o amava.

Mas a dúvida ainda existia.

Não que houvesse outra pessoa, outro alguém que ela estivesse deixando pra trás para se casar com Ron.

Mas ela sentia que estava SE deixando pra trás. Que a partir de hoje ela não voltaria mais a ser a mesma.

Hoje Hermione Granger morreria para que Hermione Weasley pudesse nascer.

E um buraco parecia ter-se instalado em seu peito, feito uma cova onde ela enterraria uma parte de si mesma.

Ela sabia que era tarde. Ela sabia que provavelmente nada nesse mundo a faria desistir da vida que sonhara ter com Ron.

Mas ela queria ter mais tempo. Mais tempo para viver sua vida.

Mais tempo para ser somente Hermione.

Mais tempo para que pudesse se dedicar aos seus projetos.

Hermione retirou de baixo do colchão um livro. Na realidade um rascunho de um.

Esse era o único segredo que ela mantinha com Ron.

Ele jamais entendeu essa obsessão dela. Ele sempre a recriminou por ficar remexendo dessa maneira no passado de pessoas mortas.

Mas ela nunca pode evitar. Estava em sua alma essa necessidade. Ele era sem dúvida o homem mais enigmático que ela já conhecera.

Tirando o fato de que ela jamais o conhecera de verdade.

E hoje ela teria que abandonar isso.

Essa que era somente uma das coisas que ela teria que abrir mão em nome do juramento de fidelidade que ela trocaria com Ron. Fidelidade em todos os aspectos.

Não... Ela não poderia abandonar dessa maneira um trabalho de anos.

Ele merecia mais do que as bobagens escritas pela Skeeter.

Por mais cruel que ele pudesse ser, ela já sabia que ele não era tão cruel assim.

Tempo.

Esse era seu problema.

Essa era sua solução.

Hermione procurou em suas vestes cuidadosamente dobradas a sua antiga bolsinha de contas. Encontrou-a perdida em um de seus muitos bolsos e ficou aliviada por não tê-la esquecido.

Suas mãos apalparam indecisas o seu interior, procurando a fina corrente.

Retirou lá de dentro um vira-tempo. Fora uma sorte incrível encontrá-lo. E mais incrível ainda foi descobrir que era capaz de concertá-lo.

Seu cérebro eficiente não teve muitas dificuldades em descobrir o número exato de voltas que precisaria dar para que retornasse na data correta. Alguns poucos anos bastariam, somente para que pudesse ter a chance de conversar com ele.

Uma sensação quente que ela não foi capaz de reconhecer percorreu seu corpo quando ela analisou seriamente a possibilidade de ouvir aquela voz profunda. De encarar aqueles impassíveis olhos negros.

Ela usou a varinha para fazer o vira-tempo mover-se. Ela havia feito o que chamava de "melhorias necessárias" no acessório, que agora atendia mais adequadamente suas necessidades.

Olhando desconfiada para a peça em suas mãos, Hermione envolveu-se com a corrente, ainda segurando firmemente a varinha em uma das mãos e sua bolsinha em outra.

Um toque. A ponta de sua varinha roçando pela superfície dourada e pequena e aquela sensação famíliar de tantos anos, invadia-lhe.

Ela fechou os olhos. Concentrou-se.

Mas o que era isso?

Passos se aproximando além da porta fechada, Hermione pensou ter ouvido a voz de seu pai.

Seria hora de ele levá-la ao altar?

Depressa! – ele pensou nervosamente fazendo com que as peças girassem mais velozmente.

Ela virou-se desesperada, agarrando também o livro que jazia sobre a cama. Inconcebível deixá-lo ali.

Com sorte ela estaria de volta muito antes que eles notassem que havia saído.

Depressa! Essa era sua última chance.

Ela olhou com desespero para a porta sendo forçada, levando automaticamente a mão que segurava a varinha ao vira-tempo numa tentativa vã de protegê-lo.

O objeto girou muito velozmente em resposta, emitindo um zunido agudo que não deveria existir.

Ela nem teve tempo para pensar que havia alguma coisa errada.

No momento seguinte Hermione não estava mais no quarto.

Ela viajava.

Viajava de encontro ao passado.

De encontro a uma vida que não era sua.

Viajava para um mundo que ainda era habitado por Severo Snape.