THE ROGUE SLAYER AND THE RIPPER GANG

By Aline

Disclaimer: Buffy the Vampire Slayer e Angel the Series pertencem a Joss Whedon, Mutant Enemy, Fox, WB, upn e seja lá mais quem for. Não pertencem a mim. Eu não estou ganhando nenhum dinheiro com esta fanfiction, estou apenas me divertindo e matando as saudades.

Nota da Autora: Essa fanfiction pretende contar a história do que seria um spin-off com Faith e Giles como protagonistas. No entanto, eu modifiquei algumas coisas que eu considero péssimas nas temporadas anteriores. Willow teve seus problemas com drogas, quer dizer, com bruxaria, mas não se tornou Evil, porque Tara não morreu. E Kennedy nunca existiu (thanks God!). Xander ainda tem seu olho esquerdo e não casou com Anya, mas eles estão reatando, pois ela também não morreu. Spike morreu como um herói e pode aparecer a qualquer momento, já que sua morte foi mística (e ele jamais tentou estuprar Buffy). Sunnydale não foi destruída, mas sim, apenas a Boca do Inferno, ou seja, o colégio.

A princípio, haverá duas histórias se desenrolando. Giles, Buffy, Dawn, Xander e Anya estão na Inglaterra, investigando o que aconteceu com o Conselho de Sentinelas e pensando num modo de reerguê-lo, sob nova direção. Junto a eles estão metade das novas caçadoras (ex-potenciais).

Em Sunnydale, estão Faith, Wood, Willow, Tara, Andrew e a outra metade das novas caçadoras, combatendo o mal que ainda resta e cuidando para que a Boca do Inferno permaneça fechada.

Feedback é bem-vindo: aline.de.coelho@terra.com.br

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Parte I - Quem precisa de Conselho?

Voltar para casa é sempre reconfortante para a maior parte das pessoas. E quando se trata da terra natal, provavelmente não há quem não se sinta feliz em voltar. Mas é diferente se você fez da nova terra o seu verdadeiro lar e encontrou lá a sua verdadeira família. Então, ao voltar para casa, nem sempre você consegue sentir a paz que seu coração almeja.

É assim que se sente Rupert Giles. Sua vida na Inglaterra sempre foi solitária, pois ele, assim com as caçadoras, é um escolhido. Ele também foi predestinado. Não a caçar vampiros e demônios, mas a treinar e cuidar da caçadora. E ele também não pôde fugir de seu destino, embora tenha tentado. Mas seus anos de rebeldia ficaram para trás e ele acabou por abraçar seu destino. Até conhecer Buffy Summers, Giles era fiel ao pensamento do Conselho de Sentinelas e acreditava piamente em seu papel como defensor da humanidade. E ele nunca percebeu como o Conselho poderia ser cruel com suas próprias caçadoras. Nunca percebeu ou nunca se importou? Eis a questão. O rito de passagem das caçadoras, quando elas fazem 18 anos e são aprisionadas numa casa, sem seus poderes e na companhia de um vampiro louco, nunca pareceu absurdo para Giles. Era um teste, no qual as mais perspicazes sobreviviam. Era preciso que a caça-vampiros soubesse usar sua inteligência, além da força. Aquela que não sobrevivesse, não era adequada para o trabalho.

Mas quando chegou a vez de Buffy passar por esse teste, a reação de Giles não foi de indiferença. Seu estômago se revirava ao pensar que, aquela garota que ele aprendeu a amar como filha, poderia morrer por sua causa. Por causa de sua conivência com o Conselho naquele ritual homicida. Então, pela primeira vez em muito tempo, Giles se rebelou. Contou para Buffy o que estava sendo planejado e isso lhe custou seu emprego. Mais do que um emprego, custou o seu destino. Mas Giles já não desejava mais aquele destino. Então, quando Quentin Travers o demitiu, Giles sentiu uma mistura de desapontamento e alívio.

Dois anos depois, ao ser readmitido, a situação era outra. Buffy estava mais confiante de si e já sabia que não precisava do Conselho para fazer seu trabalho. Claro que eles deram informações importantes para combater Glory e O Primeiro, mas Buffy teria conseguido sem eles.

E agora, olhando para as ruínas e cinzas do que outrora fora o Conselho, Giles percebe que não lamenta seu fim e nem sente falta dele. Então, por que ele havia voltado àquele lugar?

- "Por que estamos aqui? É só um prédio desmoronado, não serve pra mais nada."

- "Anya, eu tenho certeza de que Giles deve ter bons motivos para estar aqui." - Xander respondeu à sua atual namorada, ex-quase-esposa.

- "Fala, Giles. Você não nos trouxe aqui para uma expedição de arqueologia." - Buffy retrucou, sem muita paciência com a hesitação do ex- sentinela.

- "Sim, é claro que não. Este lugar não foi escolhido por acaso. O Conselho escolheu esta localização específica por razões especiais."

- "Você quer dizer que o Conselho também foi construído em cima de uma Boca do Inferno?"

- "Não, Xander, eu não diria isso. Os sentinelas eram estúpidos, mas não eram burros. Ninguém iria querer uma Boca do Inferno sob seus pés. Mas este lugar tem muita energia. Uma energia que me parece ser positiva. E acho que, se temos intenção de montar um novo quartel general, não há lugar melhor do que este."

- "Quartel? Soldado Harris se apresentando, senhor. Conheço toda a rotina de um quartel, desde o raiar da aurora até o toque de recolher."

- "Eh, Xander, acho que não foi isso o que Giles quis dizer. Acho que ele estava falando de um lugar para a gente se reunir." - Dawn falou pela primeira vez.

- "Mais do que isso. Nós estamos aqui com 15 caçadoras, além de Buffy, é claro. Elas precisam ser treinadas, orientadas, e precisam fazer isso num lugar seguro. Este lugar é protegido. Não apenas como a Magic Box e a casa da Buffy foram protegidas por aquele feitiço da Willow e da Tara. É mais do que isso. Há forças da natureza protegendo este lugar. Forças primitivas."

Buffy ergueu a mão.

-"Pergunta: aqueles homens que criaram o Conselho não eram maus? Quer dizer, eles podiam não ser maus "maus", mas eles usaram um poder que não era deles. Escolheram uma garota para que esta os protegesse, porque eles eram fracos. E não deram a ela a possibilidade de escolher. Escolheram por ela." - Giles percebeu que havia mais coisas na pergunta de Buffy do que ela deixava transparecer. Havia aquela antiga mágoa por ter tido o seu destino escolhido por outros. Mesmo depois de tantos anos, ele sabia o quanto ainda era difícil para ela aceitar isso.

-"Buffy, o Conselho, como nós o conhecemos, não existe mais. E não voltará a existir, no que depender de nós. Mas o poder que ele possuía ainda está por aqui e pode ser usado a nosso favor. E o poder que lhe deu origem também está aqui. Está nas suas mãos." - Giles olhou para a foice que Buffy carregava e que continha o poder das caça-vampiros.

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'Acho que teria sido melhor se B. deixasse a foice comigo.' Faith estava no meio de uma luta com dois vampiros que insistiram em permanecer em Sunnydale. Na verdade, eles não foram os únicos. A Boca do Inferno foi fechada, o selo de Dalthazar foi destruído, assim como todos aqueles seres que colaboraram com O Primeiro. No entanto, não havia modo de destruir o próprio mal, porque ele era incorpóreo, e também, porque ele era necessário.

O mal sempre existiu e sempre existirá. Existe, muitas vezes, junto com o bem, dentro da mesma pessoa. Faith sabia disso. Sabia que havia trevas dentro de si. Mas agora, ela também sabia que não era a única assim e que ela poderia fazer coisas boas, mesmo já tendo feito coisas más. E agora, talvez, ela pudesse entender melhor seus amigos e ser entendida por eles. E poderia chamá-los de amigos.

Os vampiros viraram pó diante dos olhos de Faith. E então, ela percebeu que não estava sozinha. Rona e Vi, novas caçadoras, chegaram por trás e golpearam os dois vampiros com facilidade.

- "Esta luta está se tornando muito desigual." - Vi sorriu. "Será que os vampiros ainda não perceberam que não dá para competir com todas nós?"

- "Sabe como são os vampiros" - Rona retrucou, "pensam com os dentes. O cérebro deve ir embora junto com a alma."

As duas se afastaram rindo e Faith as seguiu de perto. Ela também sorria, mas com menos intensidade. Faith conhecia o mal há mais tempo; conhecia aquela batalha melhor do que as outras. E tinha certeza de uma coisa: o mal sempre retorna.

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- "Acho que Giles está querendo nos enganar. Se este lugar aqui fosse tão bem protegido, ele não teria explodido." Anya sorriu para Giles, feliz por ter encontrado um argumento de lógica indiscutível para usar contra o ex- sentinela.

- "Por mais que eu deteste admitir, acho que Anya tem razão. Esse lugar não me parece tão seguro assim, todo queimado e em ruínas." - Buffy concordou.

- "Bem, o lugar foi protegido há muitos anos. Não creio que os antigos sentinelas tenham incluído proteção contra explosivos. Mas tenho certeza de que o lugar é perfeitamente invulnerável, no que se refere a vampiros, demônios e forças místicas." - Giles respondeu, tirando os óculos e limpando-os com um lenço. Giles parecia ter abandonado de vez o antigo visual, em que ele usava terno com colete. Ele usava uma calça jeans, camisa de lã e gola rolê preta e casaco de couro marrom. Dos óculos, porém, ele não abriu mão. Lentes de contato lhe causavam alergia. Mas o seu visual, agora, era mais arrojado, mais ripper, e ele gostava disso.

Os cinco continuaram a examinar o local. O tempo estava frio e nublado, mas não chovia. E aquele local passava uma certa paz, apesar do clima melancólico, bem típico da Inglaterra. Mesmo estando próximos do centro de Londres, não havia muita gente na rua aquela hora da tarde e o silêncio era confortador.

Giles sabia o que fazer. Iria começar a trabalhar na reconstrução do prédio imediatamente. Era um direito e um dever que lhe cabia. Ele era o único representante do Conselho ainda vivo e este trabalho de reconstrução deveria ser feito por ele. Claro, ainda havia Wesley, mas ele nunca se mostrou interessado em voltar ao Conselho. Então, a missão estava mesmo nas mãos de Giles.

Mas não só dele.

Giles olhou afetuosamente para a sua gangue. 'A gangue do estripador', ele pensou, com um ligeiro sorriso. Buffy, Anya, Xander, Dawn e mais 15 novas caçadoras, que ficaram na sua casa, nos arredores da cidade. Em Sunnydale, eles montaram um segundo front, com Faith, Willow, Tara, Wood e Andrew, além do restante das caçadoras. Seriam eles suficientes? Quando chegar o momento da batalha, estarão eles preparados?

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Ruínas. O povo de Sunnydale já não considera estranho ver sua escola secundária em ruínas. É a segunda vez que o prédio desmorona, mas Faith tem absoluta certeza de que alguém irá sugerir em breve, a construção de uma nova escola, exatamente no mesmo local.

Faith suspirou. 'O mal sempre retorna.' Apesar da gangue nunca ter tido tantos aliados antes, tanta gente trabalhando junta, ela continuava apreensiva. Por algum motivo, talvez por causa de tudo o que ela já passou na vida, Faith sempre desconfia quando está tudo bem e todos estão felizes. 'É sempre nessa hora que as coisas ruins acontecem...'

- "Faith, o que faz aqui?"

- "Willow, Tara, nossa! Vocês me deram o maior susto."

- "Está admirando a paisagem?" Tara perguntou, levantando a sobrancelha direita.

- "Não, estou só pensando. O que, obviamente, não é meu forte. Então, é melhor a gente ir logo embora daqui, antes que eu pegue o jeito e me transforme na Buffy. Ou pior, no Giles.

As três sorriram e foram saindo dali.

- "E vocês, o que estão fazendo? Se é que eu posso perguntar..."

- "Estamos aproveitando a nova ordem vigente em Sunnydale: monstros e vampiros banidos para sempre."

- "Willow!!"

O aviso de Tara chegou um segundo atrasado. O demônio já havia chegado por trás e agarrado Willow. E começou a arrastá-la, deixando claro que sua intenção não era matá-la, mas levá-la dali.

Era um demônio particularmente nojento, branco e viscoso, com uma grande cauda. Tara observou, com pânico e terror crescentes, que Willow tinha as mãos imobilizadas e a boca tampada, o que lhe impossibilitava o uso da magia.

Tara tentou se concentrar para proferir um encantamento, mas foi subitamente lançada uns 3 metros à frente, quando a cauda do demônio a atingiu. Levantando-se ainda atordoada, ela viu Faith saltar sobre o demônio e conseguir libertar Willow. O demônio também lançou Faith para frente e afastou-se bem rápido dali.

As três se entreolharam, atordoadas e confusas. 'O que está acontecendo?'

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- "Demônio branco e nojento, com um rabo enorme? Willow, há pelo menos uma meia dúzia de tipos que se enquadram nessa descrição. De qualquer modo, eu irei pesquisar, mas acho que os livros da Magic Box podem ser de grande ajuda também. Ligarei se descobrir alguma coisa." - Giles desligou o telefone, um pouco atordoado, depois de ouvir Willow falar sem parar por quinze minutos. Mas ela tinha razões para estar tão desesperada. E decepcionada. Pela primeira vez em muito tempo, o povo de Sunnydale estava se sentindo em segurança. E agora surge um demônio com aparência de lagartixa para estragar a festa.

- "Não é justo."

- "O que não é justo, ripper?" - Xander entrou na sala e escutou o murmúrio de Giles.

- "O quê? Não, nada, eu estava pensando alto. Willow foi atacada por um demônio, o que significa que Sunnydale não está tão segura como pensávamos.

- "Um demônio? Em Sunnydale? Que estranho!"

- "Não é hora de ser sarcástico, Xander. A Boca do Inferno foi fechada definitivamente. Os demônios deveriam ter recuado. Mas, pelo que Willow disse, esse demônio estava bem ... arisco."

- "Ela está bem?" - Xander abandonou o sarcasmo por completo, restando em sua voz apenas preocupação por sua amiga.

- "Sim. Um pouco decepcionada, eu diria. Ela não esperava ser atacada tão cedo." - Giles se levantou da cadeira. "Temos que pesquisar." - ele disse e se retirou. Xander o seguiu para a biblioteca, onde iriam iniciar a pesquisa.

Giles havia construído uma bela casa nos arredores de Londres. Uma casa bastante grande, que acomodava confortavelmente seus hóspedes, incluindo as novas caçadoras. Do lado de fora, havia um gramado bem tratado, com canteiros de flores ao redor da imponente casa de dois andares, cuja arquitetura remontava ao início do século XX. A casa ficou fechada durante os anos que Giles passou na Califórnia e parecia estar despertando agora, feliz por ter tantas pessoas sob seu teto.

No interior, as paredes eram revestidas de madeira, o que lhes davam um aspecto sólido e imponente.

Giles entrou em seu cômodo preferido, a biblioteca. Nem todas as pessoas se dão ao luxo de montar uma biblioteca em sua própria casa, mas Giles não é um homem ordinário. Ler sempre foi a sua paixão e era ali, naquela biblioteca, sentado confortavelmente perto da lareira, que ele se entregava ao seu hobby favorito: comparar referências e citações em seus livros. Mas agora não era o momento da diversão. Eles tinham um trabalho a fazer.

- "Willow poderia ter sido mais específica. Há vários demônios com esta aparência. Pode ser um Glodah, ou um Groderokah. Ah, e não podemos nos esquecer dos Kernesh."

- "Anya, por que você não nos explica melhor como são esses demônios?" - Giles queria descobrir logo o que estava acontecendo e não estava interessado na demonstração de erudição demoníaca da ex-vingadora.

- "Ei, ex-sentinela! Eu ajudo como posso e você nem me paga por isso! E ainda deixou nossa loja nas mãos daquelas feiticeiras insanas, que já devem ter feito a caixa registradora desaparecer a essa hora..." - Anya sentiu um aperto no peito, ao pensar que seu dinheiro poderia estar em perigo.

- "Desculpe. Agora, por favor, explique melhor o que você quer dizer." - Giles resistiu à tentação de entrar num embate verbal com Anya. Pelo menos dessa vez.

Anya deu um sorriso de superioridade e continuou:

- "Willow disse que o demônio não a machucou, mas começou a levá-la, o que me faz pensar que não era um caso de assassinato, mas de seqüestro."

- "E a população pobre de Sunnydale nunca tem dinheiro para pagar o resgate..."

- "Não seja tolo, Xander. Demônios não precisam de dinheiro. Além disso, não creio que a intenção fosse devolver Willow."

- "Explica de uma vez, Anya. Quem é esse demônio e o que ele quer?"

- "Essa é a questão, minha cara Buffy. Se eu fosse louca e apostasse dinheiro, o que eu não faço, eu apostaria que se trata de um demônio Groderokah. Eles não trabalham para si. São mercenários, pagos para fazer servicinhos sujos. Creio que ele queria raptar Willow pois seu contratante a usaria em algum tipo de ritual. E não acho que eles queriam só ela."

- "Isso quer dizer que ..."

- "O mal voltou a Sunnydale. E já está bem organizado."

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- "Veja só isso! É uma bagunça! Tudo muito desorganizado." - Willow tirou o dia para arrumar a loja de magia de Giles e Anya, a Magic Box, mas só estava piorando as coisas. Agora ela estava sentada no chão da loja, cercada por vidros contendo olhos de rato, pés de coelho, cristais diversos, globos de Thessulah, hamsters petrificados, além de caixas de incenso. Nesse momento, ela havia acabado de perder a mão da múmia, que devia estar andando por aí.

- "Querida, acho que você não deveria estar mexendo nisso. Eles nos pediram apenas para cuidar das vendas, lembra?" - Tara, como sempre, tentava ser razoável.

- "Ora, mas o que estamos fazendo é um favor, não é? Não custa nada colocar a mercadoria em ordem alfabética e dividir as estantes em diferentes subcategorias, cada uma correspondendo a um tipo específico de feitiço que a pessoa deseja. Além disso, também podemos passar a limpo os livros do movimento das vendas. Esse sistema de anotação da Anya é totalmente incompreensível. É preciso usar canetas de cores diferentes para anotar coisas diferentes. Azul para vendas, vermelho para compras. O cérebro funciona melhor assim, pois a percepção é instan..."

- "Socorro!! Socooorro!!! Tirem isso de mim!" - Andrew entrou gritando no salão de vendas, com a mão da múmia firmemente agarrada a seu pescoço.

- "Tire suas mãos daí!" Faith ordenou e Andrew obedeceu. Um segundo depois, um punhal atingiu a mão da múmia, "matando-a" e fazendo com que ela largasse o pescoço de Andrew e fosse cair no chão.

'Eu ainda sou boa nisso.' - Faith pensou.

- "Você é louca? Mais um milímetro e este punhal acertava meu pescoço!"

Faith deu de ombros.

- "É preciso arriscar."

Na verdade, ela não se importava muito. Andrew não era alguém que ela chamaria de "amigo". E para os outros, seria mais justo chamá-lo de inimigo. Ou ex-inimigo, pelo menos. Faith sorriu ao pensar nisso. 'Eu também não sou exatamente uma amiga e ex-inimiga também se aplicaria a mim.'

Andrew fez parte do Trio do Mal, junto com Warren e Jonathan e causou muita dor de cabeça a Buffy e seus amigos, dois anos atrás. Jonathan logo se arrependeu por estar conspirando contra pessoas que o ajudaram tantas vezes e acabou por sair do Trio, indo embora para Los Angeles. Warren foi se tornando cada vez mais louco e violento, chegando a entrar na residência Summers, atirando em Buffy. Uma bala perdida também atingiu Tara e as coisas ficaram realmente complicadas. Por sorte, Buffy foi atingida no braço, e com sua capacidade de curar rapidamente, mal precisou ficar no hospital.

Tara precisou permanecer em observação por um tempo, mas como a bala atingiu o ombro de raspão, ela não teve maiores complicações e, do incidente, só restou a cicatriz. Willow pensou em se vingar com as próprias mãos, mas percebeu que Buffy e Tara precisavam dela. Além disso, não valia a pena estragar sua própria vida por causa de Warren. Dessa vez, eles deixaram a polícia resolver o caso e Warren foi preso, tendo sido, logo depois, transferido para a penitenciária de Los Angeles, onde permanecerá por muitos anos.

Andrew se escondeu no México por uns tempos, esperando a poeira baixar. Por fim, resolveu procurar seus ex-arqui-inimigos e oferecer ajuda para vencer O Primeiro. Andrew foi aceito com desconfiança e sabe que ainda não é considerado um amigo. Mas poder ficar ali já é um começo. E na maior parte do tempo, parece que todos já esqueceram suas associações ilícitas do passado.

- "Faith, você matou a mão da múmia."

- "Ela não costuma estar morta?"

Willow ficou confusa dessa vez. Normalmente, a mão da múmia não tem vida própria. Buffy lhe contou que, durante o curtíssimo tempo em que trabalhou na Magic Box, essa mão tinha criado vida e também tentou esganá-la. Mas aquilo tinha acontecido por causa de um feitiço do...

- "Andrew! O que você fez? Você fez um feitiço para a mão criar vida?"

- "Bem, isso seria um exemplo literal de 'o feitiço se volta contra o feiticeiro'." - Faith falou para si, mas Andrew ouviu.

- "Ei, vocês pensam que eu sou tolo? Eu jamais faria isso! Eu estava ali sentado, calmamente lendo o manual de instruções do RPG Dungeons and Dragons, quando fui atacado por essa criatura. Ou pedaço de criatura." - Andrew estava na defensiva, mas Willow viu que ele estava sendo sincero. Isso a deixou mais preocupada ainda.

- "Então, é o segundo de nós que é atacado. O que está havendo? - Tara começou a ficar nervosa.

- "Willow, Giles conseguiu descobrir por que aquele demônio te atacou?"

- "Bem, vocês conhecem o Giles. Ele foi muito delicado e disse para não nos preocuparmos; ainda. Parece que o demônio trabalha para alguém e a intenção dele era me seqüestrar, para fazer algum tipo de ritual. Giles ainda não sabe maiores detalhes, mas acredita que o demônio não está atrás de mim, mas de todos nós.

- "E você acha que esse ataque ao Andrew está conectado com o ataque contra você?"

- "Faith, tem uma coisa que eu aprendi ano passado: tudo está conectado." - Os quatro se entreolharam apreensivos.

- "Ah, não. Vocês estão jogando o "jogo do sério" e não me esperaram! Ou será "assassino e detetive?" Vejam: a Faith piscou, é ela a assassina!" - Robin Wood chegou bem-humorado e não percebeu que havia tensão no ar.

Ao fim da batalha contra O Primeiro e seus discípulos, Wood pensou em continuar em Sunnydale, apesar de ter ficado subitamente desempregado, já que a escola desmoronou. Seu antigo ideal de vingar a morte da mãe, a caça- vampiros Nikki, já havia caído por terra há muito tempo. E agora, depois que Spike morreu, salvando todos eles, Wood já nem conseguia mais sentir aquela velha raiva.

Em compensação, ele tinha um novo interesse. Para ele, Faith era uma mulher especial, perigosa e vulnerável ao mesmo tempo. Ele queria ficar perto dela. Se ela deixasse.

- "Como assim: eu sou a assassina? O que você quer dizer com isso?"

Wood se arrependeu imediatamente da brincadeira.

- "Oh, desculpe. Eu não quis dizer ... Eu pensei naquele jogo, assassino e detetive, em que todos ficam se olhando e o assassino é aquele que pisca ..." - Todos continuaram a olhar para ele, sem entender.

- "Never mind." - Wood suspirou.

- "Eu já joguei isso. Quando era criança." Andrew tentou ser simpático.

- "Ok, vamos voltar ao assunto. Onde estávamos? Ah, sim. Novas ameaças, morte iminente, provável apocalipse. Puxa, eu não conseguiria viver sem isso."

- "Apocalipse? Apareceu um novo apocalipse enquanto eu fui ao supermercado?"

- "Não, ainda não há apocalipse. Willow estava apenas tentando ser sarcástica. Mas há novas ameaças surgindo. A mão da múmia atacou Andrew e nós acreditamos que isso tem a ver com aquele demônio que quis seqüestrar Willow." - Tara resolver dar alguma explicação ao pobre Wood.

- "E agora, Faith matou a mão. Não podemos interrogá-la."

- "Acho que ela não iria falar muito." - Faith deu um rápido sorriso. "Robin, o sol vai se por, vamos patrulhar. E vocês três, voltem direto para casa."

- "Sim, senhora."

Willow, Tara e Andrew voltaram para a residência Summers, atual QG da nova Scooby Gang, cheia de novas caçadoras, ex-potenciais. Willow desejava que Giles reconstruísse logo o Conselho para levá-las dali. Uma coisa que Willow nunca teve, certamente, é paciência. Ela já estava ficando desesperada por ter de dividir o único banheiro da casa com mais dezenove pessoas. 'Mas já foi pior' - ela pensou. 'Já fomos mais de trinta aqui dentro. Pelo menos, agora eu consegui ficar com o quarto principal só para Tara e eu. Como será que os outros estão se arranjando lá na Inglaterra?'

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- "Sr. Giles, apague a luz, eu quero dormir." - implorou Chris, uma das novas caçadoras. Giles teve que acomodar algumas delas na biblioteca, o maior cômodo da casa, mas já se arrependeu muito por isso. Agora, toda vez que ele entrava para pegar algum livro, elas começavam a reclamar. Mas havia um pensamento que o consolava. 'Amanhã mesmo eu vou começar a reconstrução do Conselho. Em breve, eu poderei me ver livre delas. Quer dizer, a minha casa se verá livre delas.'

O Conselho dispunha de uma boa quantia em dinheiro Uma fortuna, para ser mais exato. E esse dinheiro, por direito, pertencia a Giles. Uma outra pessoa qualquer, certamente se valeria do dinheiro para usos pessoais, mas este não é o caso dele. O dinheiro estava destinado ao Conselho e é para isso que ele seria usado. O que não significa que Giles montaria o Conselho do mesmo modo que os antigos sentinelas o montaram.

- "Não consegue dormir?"

- "Buffy, olá. Bem, na verdade, eu estou fazendo planos. Temos que pensar na construção do novo Conselho, qual vai ser seu formato, sua arquitetura..."

- "Xander!" - Buffy exclamou de repente.

- "Como?"

- "Xander é um construtor, Giles. Diga a ele o que você quer fazer, e ele fará. Basta contratar alguns funcionários. Vai ficar tudo perfeito, eu garanto."

Giles sorriu para ela.

- "Você não se preocupa?"

- "Com Xander?" - Buffy ficou confusa.

- "Com o Conselho. Com o que estamos fazendo. Sua relação com ele nunca foi das mais felizes, Buffy. Você não teme pelo que possa acontecer?"

Buffy pensou um pouco.

- "Não, eu não temo. Confio em você. Com você à frente disso, nada será como antes, eu tenho certeza." - Buffy falou com convicção e Giles a abraçou afetuosamente.

- "Não tenho intenção de reviver as injustiças e absurdos do Conselho, Buffy. Como você disse uma vez, os sentinelas precisam das caça-vampiros, e não o contrário. Vocês é que têm o poder." - Giles parou por um segundo. "Mas, por favor, não deixe essas novas caçadoras saberem disso."

Buffy sorriu.

- "Seu segredo está seguro comigo."

- "Certo. Então, venha me ajudar a montar a planta do novo Conselho. Eu pensei em construir dois prédios: um para treinar caçadoras e outro para treinar sentinelas. Portanto, cada prédio terá características diferentes. Cada prédio terá três andares, sendo que o último funcionará como dormitório. O prédio dos sentinelas terá uma ampla biblioteca." - Giles parou de falar e sorriu de modo sonhador. "Ah, sim, e também terá salas de aulas. Os novos sentinelas precisam estudar latim, grego, aramaico, sânscrito e outras línguas mortas. Também precisam aprender demonologia, seus vários clãs, raças, espécies, além da história dos vampiros. E um pouco de esgrima seria útil, o que acha?"

- "Acho ótimo. Concordo com tudo o que você diz."

- "O prédio das caçadoras precisa de espaço para treinamentos físicos. Treinamento de artes-marciais, lançamento de dardos, arco e flecha. Ah sim, elas também precisam de aulas teóricas sobre técnicas de guerra e estratégias militares. Uma boa caçadora é uma boa estrategista. Vou desenhar as plantas agora mesmo."

- "Fica tranqüilo, Giles. Amanhã mesmo, Xander vai começar o trabalho."

- "Você sabe que eu conto contigo. Preciso de você para me ajudar a administrar o prédio das caçadoras. Você será meu braço direito."

- "Não é para isso que eu estou aqui?"

Os dois trocaram um sorriso.

- "Boa noite, Giles. Eu vou descansar um pouco."

- "Durma bem e até amanhã."

Giles observou enquanto Buffy se retirava e voltou ao trabalho. Em pouco tempo, ele já havia criado as plantas para a construção dos dois prédios.

'É isso! Amanhã já podemos começar. Vai tudo ficar mesmo perfeito.' Ele tirou os óculos, esfregou os olhos e se retirou para seu quarto.

**********

- "Vejam só o que nós achamos!" - Faith e Wood entraram em casa, praticamente carregando o tal demônio branco e nojento pelas orelhas.

- "É ele! É o Groderokah que me atacou! O que vamos fazer? Interrogá-lo, matá-lo ou apenas torturá-lo?" - Willow perguntou, com um sorriso esperançoso.

- "Acho que faremos as três coisas, mas não nessa ordem. Primeiro interrogamos, depois torturamos e, por fim, matamos." - Wood respondeu.

- "Ok. Então, primeiro passo: amarrá-lo."

Faith e Wood o amarraram e começaram o interrogatório.

- "Por que você atacou Willow. Para quem você trabalha?"

- "Sou um demônio. Eu ataco pessoas."

- "Não foi isso o que eu quis dizer. Você trabalha para alguém. Quem é? É O Primeiro?"

- "O Primeiro Mal pode ser o mais antigo, mas não é o único. Eu trabalho para o Mal, o mais forte e mais poderoso. Vocês podem me matar, mas ele retornará. O mal sempre retorna. Vai retornar de uma maneira que vocês nem imaginam, quando vocês menos esperarem. Não adianta querer se preparar, vocês vão todos ... aaaaargh!!!" - Faith rapidamente torceu e quebrou o pescoço do demônio.

- "Por que fez isso? Agora, não podemos torturá-lo."

- "Sorry, red. É que eu estou cansada desse discurso de Big Bad. Vocês vão todos morrer, bla bla bla, eu sou poderoso, bla bla bla." - Faith respondeu. "Esse cara não ia falar mais do que isso."

- "Mas ele falou algo. Ele trabalha para alguém mais poderoso que O Primeiro."

- "Quem poderia ser mais poderoso que O Primeiro?"

- "Qualquer um." - Tara respondeu.

Todos olharam para ela.

- "Explica melhor, T."

- "O Primeiro não tinha nenhum poder. A não ser o da palavra e da persuasão. Mas ele, sozinho, não podia machucar ninguém."

- "Isso quer dizer que ... "

- "Esse novo Mal vai poder nos machucar."

**********

A princípio, Giles pensou que estava sonhando. Ele já havia sonhado com este rosto antes, em alguns de seus piores pesadelos. Não que o rosto fosse horrível. Mas era horrível o modo como ele fazia Giles se sentir. Giles não costumava compartilhar seus temores, culpas e remorsos, mas eles existiam. E quando eles apareciam, Giles sempre dizia para si a mesma coisa: 'eu fiz o que precisava ser feito.'

Foi o que ele disse dessa vez. Ele fechou os olhos e esperou que o rosto desaparecesse, mas ele continuou lá. Era um rosto jovem e belo, com feições regulares, olhos azuis e cabelos castanhos. O rosto tinha um corpo agora, que usava scrubs de médico.

Ben sorriu para Giles.

- "Olá, Sr. Giles."

CONTINUA