Preso Por Barras Invisíveis

Amizade... O sentimento que está em disputa constante com o amor. Qual é o mais importante para você? Algumas pessoas possuem a resposta na ponta da língua. Infelizmente, há cicatrizes que nos impedem de desfrutar de ambos: o medo do sofrimento, a cisma de proteção, o egoísmo... Preferimos desistir e dizer adeus.

O prisioneiro do próprio desespero esquece que ninguém pode viver sozinho.

O silêncio enlouquece, tanto quanto gritos ensurdecedores.

Um garoto encadeou seu coração, buscando a vingança pela alma que lhe foi tomada; em seu interior se vê apenas o cinza, enquanto a rosada, que força a passagem, é barrada como uma irritante penetra.

Os momentos de infância não significam mais nada; são dois caminhos diferentes agora.

Se eles irão se cruzar, não é o destino que vai decidir...

Capítulo I - Adeus Que Deixou Saudades...

As férias não poderiam ser mais tediosas, podia se ouvir fogos de artifício quando a mesma teve seu fim. E a garota que tanto esperava por esse dia, não conseguia disfarçar seus olhos verdes cintilando. Em todos seus, longos, 16 anos nunca havia se sentido tão ansiosa, enquanto lia uma das cartas de seu grande amigo que havia viajado.

"Estou chegando, amanhã, finalmente, nos veremos... Estou com muita saudade de você, cabeçuda, e de todos... Menos do Naruto rsrs brincadeira... Tenho muitas coisas que gostaria de dizer, mas por carta fica difícil se expressar... Enfim não precisa ser um expert pra saber o quanto você é importante pra mim... E o quanto me faz falta... Mas agora acabou, tudo vai voltar ao normal".

Ela não podia conter o enorme sorriso nos lábios, pela alegria de revê-lo, depois de tanto tempo. Foram 12 meses, que para ela pareciam uma eternidade. Sentada em sua cama, enquanto lia a linda carta escrita por ele, lembrava dos momentos que passaram juntos, tanto os tempos de criança, quanto os dias mais recentes, antes da viajem que os separou:

– Quanta saudade eu sinto de você, saudade das nossas conversas, confusões e brincadeiras. – Observava uma foto dos dois, que estava junto à pilha de cartas, sentia-se impaciente, mas sorria por saber que o dia havia chegado.

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Em uma casa, um tanto, distante do local, um garoto havia perdido o sono, e no profundo de seus olhos ônix, tornava-se um desafio decifrar os seus sentimentos. Deitado em sua cama, com a cabeça apoiada sobre os braços, pensava naquela garota, que fazia seu coração chorar de saudade. Era um garoto frio e reservado, mas ao lado dela, tudo se transformava, não sabia explicar, mas a presença dela fazia diferença em sua vida, com certeza poderia contar com sua amizade para sempre. Voltou de viajem à 1h da manhã, por esse motivo, não conseguiu tempo para visitá-la, mas o que formava uma expressão feliz em seu rosto, era saber que logo a veria no colégio, depois de um ano:

– Como será que ela está? Será que mudou muito? Um ano é muito tempo. – Sua voz era baixa e abafada, com a mesma expressão sorridente, mas agora se encontrava mais pensativo.

Ele se vira e tenta dormir um pouco, antes do relógio despertar, mas o descanso se iguala a uma missão impossível.

Depois de, mais ou menos 1h, finalmente o relógio desperta, ele se levanta apressado e corre para tomar banho. Ao terminar, veste seu uniforme, calça preta e camisa branca com o emblema do colégio, e desce em direção a cozinha para tomar café. Sua mãe já estava acordada e seu pai estava a caminho do trabalho. Ele se senta à mesa, sua mãe o serve e percebe o sorriso animado em seu rosto:

– Bom dia, está animado hein? – Diz colocando leite no copo, também com um sorriso, sentando-se ao lado dele.

– Sim, muito, não vejo a hora de rever meus amigos! – Leva o copo de leite a boca.

– Mas eu sei, que tem uma "amiga" em especial. Certo? – Em seus lábios formara-se uma leve risada.

– Tem sim, a Sakura, estou com muita saudade dela. – Coloca o copo de volta a mesa, sem perceber que suas palavras inocentes despertaram pensamentos um pouco maliciosos em sua mãe.

– É só uma amiga mesmo? Porque... Você não parava de falar nela e sempre escrevia cartas ou ligava... – É interrompida.

– Não viaja mãe... É só amizade. – Corou um pouco, quase que imperceptível.

– Ah... Se você diz.

Ela solta mais uma risada, ele balança a cabeça rindo também.

– Só você mesmo. – Sasuke admirava o jeito simpático e gentil de sua mãe, apesar de tudo, ela conseguia ser feliz.

Após terminar seu café, ele pega sua mochila, dá um beijo no rosto da mãe e sai, seguindo pelas ruas que vão de encontro ao colégio.

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Sakura caminhava distraída quando vê Hinata, Ino e Temari, conversando perto da porta de entrada do colégio. Ela se aproxima cumprimentando-as:

– Vocês não vão entrar? – Sua expressão era deveras curiosa.

– Claro que vamos... Só estamos enrolando um pouco. – Ino, a garota loira de olhos azuis, se pronuncia com um grande sorriso.

– É, ainda está cedo. – Temari, também loira, mas com olhos escuros, diz olhando para seu relógio de pulso.

– Ah, você tem razão, nem tinha notado. – Concorda Sakura, também sorrindo.

Elas se entreolham sem pronunciar uma única palavra e ficam assim durante um breve instante. Mas, finalmente, o silêncio predominante é quebrado:

– Como foram suas férias Sakura? – Pergunta sua melhor amiga Hinata, uma morena de olhos perolados, na esperança de criar um assunto, que colocasse um fim aquele silêncio constrangedor.

– Um tédio... Não tem graça sem o Sasuke. – Estava com uma expressão desanimada, enquanto lembrava do amigo.

– Nada tem graça sem o Sasuke né. – Temari ria com seu costumeiro sarcasmo.

– Amizade estranha, parecem mais namorados. – Ino cutucava Temari e riam em conjunto.

– Nada disso! É que nós somos como irmãos e... – Ela corou um pouco. – Ah... Quer saber, vocês não tem nada a ver com isso! – Sakura já se demonstrava irritada com a situação em que se encontrava.

– Calma estressadinha, assim você só comprova que, o que eu disse, é verdade. – Diz Ino, com um certo ar de provocação.

Hinata percebe que Sakura começava a se alterar um pouco e então resolve cortar o assunto:

– Não liga pra elas, vamos entrar.

Ao dar míseros passos em direção ao pátio do colégio, logo foram interrompidas:

– Espera Sakura!... Ele está mais gato que antes? – Pergunta Temari com um olhar malicioso.

– Que pergunta Temari. Como eu vou saber? – Sakura voltava à expressão normal.

– Sei lá, você não é "amiga" dele? – A mesma responde exprimindo ênfase na palavra "amiga".

– Há, há... Engraçadinha. – Sarcasticamente.

– O que estragaria, é se ele não mudar só na aparência, imagina se ele fica mais frio do que já era... – Ino parecia desconfiada, o que um simples ano poderia mudar na vida de alguém?

– Claro que não! Sasuke pode ser um pouco frio, mas tem um grande coração, é isso que o torna tão especial. Ele nunca mudaria assim, tão bruscamente.

Sakura parecia estar totalmente certa do que disse, mas no fundo aquilo a fez pensar, será que seu amigo continua o mesmo? Será que algo vai mudar? Aquelas perguntas a deixaram confusa e, um tanto, inquieta, mas logo o veria e poderia obter suas respostas.

– Que profundo! – Ino e Temari riam sem parar.

– Palhaças! – Sakura altera o tom de voz, para tentar calar os risos das duas, e consegue.

– Sakura calma! – Diz Hinata preocupada ao ver o histerismo da amiga.

– Sakura... Você é muito boba... Tem um garoto lindo e perfeito tão próximo a você... E não faz nada. – Temari se pronuncia pausadamente, como se precisasse respirar fundo para voltar à seriedade.

– Ele é meu amigo, e só isso, um grande amigo. – Seu tom se acalmou consideravelmente. Sakura tinha um temperamento forte, irritava-se facilmente.

– Se fosse eu... Já tinha tirado proveito. – Ino não conseguia disfarçar sua natureza maliciosa e de segundas intenções.

– Está ai o problema... Eu não sou como você. – Seriamente. – Vamos entrar. – Já caminhava em direção a porta.

Elas se sentam em um dos bancos do pátio. Enquanto conversam, outros amigos chegam e se juntam a elas. Esses eram Naruto, Shikamaru e Gaara.

Sakura estava, demasiadamente, inquieta e não conseguia desviar o olhar da porta, um a um de seus amigos começam a notar a aflição da garota:

– O que aconteceu? – Pergunta Gaara tentando se mostrar indiferente a situação, mas não obteve muito sucesso.

– Ela está esperando pelo Sasuke. – Ino solta uma leve risada.

– Ah é, o baka já voltou de viajem né? – Pergunta de Naruto, que faz Sakura jogar sobre ele um olhar furioso e lhe dar um murro na cabeça.

– Idiota! Não chama ele assim! – Seu quase grito começou a chamar a atenção dos outros alunos.

– Aí! – Grita Naruto, com sua voz irritantemente estridente, enquanto acariciava a cabeça, onde se formara um galo enorme. – Exagerada!

Sakura lhe ignora e desvia, novamente, seu olhar para a porta principal, mas vê algo que desfalece sua expressão aflita e faz brotar um grande sorriso de alegria em seus lábios.