Cap. 1 – O algoz
Era um Lugar sombrio. As paredes naquele tom verde escuro com pequenos entalhes em prata, o mármore negro que encobria o chão dava um aspecto frio ao lugar onde os principais comensais da morte se encontravam.
E no meio deles estava Hermione Granger.
A garota estava no meio de uma sangrenta batalha quando em um momento de desatenção foi estuporada e seqüestrada, ela além de ser sangue-ruim era amiguinha do Potter, merecia um castigo cruel. E só havia uma pessoa, na opinião do Lorde, que poderia executar esse castigo, Draco Malfoy.
Após seu fracasso em matar Dumbledore, Voldemort começava a duvidar da lealdade de Draco, e nada melhor que matar alguém com quem conviveu durante anos para provar o quão leal era a seu mestre. E com a prisioneira ainda no meio de todos os Comensais, o Lorde das trevas dizia as palavras que seriam a sentença de morte para Hermione:
- Draco Malfoy, meu mais jovem comensal – Voldemort dizia num tom frio e calculista. – E também uma decepção para mim, você sabe o quanto me aborreceu não ter sido você quem matou Dumbledore... Você era uma esperança de honra para o nome Malfoy.
- Peço desculpas Mi Lorde, eu me arrependo de não o ter matado. – Ao final que dizia isso, ainda de joelhos diante da presença de Voldemort, sentiu um tapa forte em seu rosto.
- Arrependimento é para fracos e covardes! – Voldemort falava no seu tom frio e calmo, como quem discutia o tempo – Agora você tem uma chance de se redimir e limpar a honra de seu nome, mas esta, jovem Malfoy, será sua última chance, não sou misericordioso duas vezes com os que falham. – Draco continuava na mesma posição morrendo de ódio por dentro e ainda tendo que ocultar isso não só com o corpo mas com a mente também, não tinha duvida de que o Lorde examinava cada canto de seus pensamentos, em busca da sua fraqueza, mas ela estava bem guardada, nunca a mostraria para ninguém ainda mais com Ela por perto.
Hermione Granger observava tudo com medo e calada devido ao feitiço que lhe foi lançado, se entregava aos pensamentos, sabia que aqueles eram os últimos instantes de sua vida e aquilo a destruía, ainda mais vendo aquela cena, o orgulhoso e arrogante Draco Malfoy, curvado e deixando-se ser humilhado daquele modo, pelo rumo que a conversava andava tinha certeza de que ele seria seu algoz.
- Malfoy, eu quero que mate essa sujeitinha de sangue-ruim amiguinha do Potter, aqui na minha frente, sob o olhar de todos os Comensais – Se alguém tivesse tirado os cabelos da frente dos olhos de Draco naquele momento, teria visto neles a sombra do medo, mas o medo durou por apenas alguns instantes, ele era um Malfoy, não poderia demonstrar fraqueza.
- Como queira, Mi Lorde, eu irei pegar minha varinha no meu quarto e executo a tarefa que o meu Sr. manda. – E dizendo isso saia da sala com a cabeça erguida como se nunca tivesse sido humilhado naquela sala tenebrosa.
Hermione não podia acreditar, não queria acreditar, nunca pensara que o ódio que Draco sentia por ela pudesse ser tão grande a ponto dele mata-la completamente indiferente, pois foi assim que ela o viu durante sua sentença de morte, ele não moveu um músculo se quer, não protestou, iria matá-la cumprindo sua ordem como um elfo cumpre as ordens de seus donos; nem ao menos a olhou nos olhos.
Mas ao pensar isso, momentos de toda a sua Hogwarts lhe vieram à cabeça, mas em nenhuma das pequenas discussões com Malfoy, nem uma cena passada com ele, haviam trocado olhares, ela sempre olhava nos olhos gelados do sonserino e nunca fora correspondida, talvez ele não a achasse digna nem de seu olhar. Mas não importava, Draco Malfoy e desprezo sempre tiveram o mesmo significado para ela, e agora nos últimos momentos em que respiraria, preferia pensar em coisas mais agradáveis como tudo que viveu, sua infância, seus pais... Ah como era horrível à sensação gelada de seu coração por saber que jamais os abraçaria novamente. Harry, Rony, Gina... Os melhores amigos que poderia ter tido na vida... E nem ao menos se despedira.
De repente tudo lhe pareceu tão banal, como havia desperdiçado a vida! Estudara tanto e agora todos os livros que leu seriam inúteis, perderia sua vida sem jamais ter feito tantas coisas que gostaria, jamais havia dito "Eu te amo" para alguém, jamais saberia o sabor de um beijo de amor verdadeiro, sempre fora tão romântica por trás da mascara de grifinória forte e destemida e ninguém jamais saberia disso, falhara na batalha, nem seu nome seria lembrado, se não fosse sua estúpida compaixão que a impedira de matar o comensal com quem lutava não estaria lá. Pensamentos mais desesperadores invadiam sua mente, não teria se quer um enterro digno e um epitáfio. Com toda aquela maré de pensamentos as lagrimas lhe escaparam pelos olhos, contra sua vontade, não queria dar esse gosto a eles, mas já não importava muito, diriam de qualquer forma de que ela morrera de maneira covarde, ajoelhada pedindo clemência.
Então Draco voltara, seus últimos momentos de vida, tinha de se lembrar como era bom respirar e sentir cada fibra do corpo, não iria morrer com uma expressão triste, lembraria de tudo o que mais ama na vida, teria saudades dela, e a saudade é a certeza de que valeu a pena.
- Último desejo? – Ela ouviu a voz de Malfoy lhe falando ao longe. Mas não respondeu, de repente pareceu leve, livre, não tinha obrigação nenhuma, mas essa sensação acabou tão rápido quanto um gosto horrivelmente amargo invadiu sua língua, e ela se viu bebendo todo o conteúdo de um copo que segurava em mãos. Malfoy havia sido um gênio, ele se sairia com fama de matador de amiguinhas do Potter enquanto ela morria envenenada sem que ninguém soubesse, sentia as forças vitais irem embora em uma velocidade absurda, não imaginava o veneno que havia tomado, mas sabia que era poderoso, antes de sentir a última parte do seu corpo cedendo ao efeito do veneno seus olhos olharam diretamente no azul dos de Draco, e então viu um clarão verde e tudo ficou escuro.
