Perto Demais
Não sabia exatamente onde estava com a cabeça quando iniciou aquela conversa. O álcool, como sempre, levou embora o pouco bom senso que tinha. E, a partir daí, a confissão surgiu com tanta naturalidade que o assustou.
- Ora, Camus, é óbvio que eu estava interessado em você quando veio pra cá, uns dois anos atrás. Eu não te dava mole: eu me derretia por você. Vai dizer que nunca reparou?
- É claro que reparei...
Milo parou a mão, o copo no meio do caminho até a boca. Encarou absorto os olhos do outro. Procurou algum traço de brincadeira naquele olhar. Não encontrou. Camus falava tão sério quanto ele. Engoliu em seco e deixou a mesa. Sentiu o olhar do outro o seguindo no trajeto até o banheiro, mas preferiu tentar ignorar.
Lavou as mãos, os pulsos, a nuca. Encarou o reflexo do espelho com as mãos espalmadas na pia e os cabelos úmidos grudando-se ao pescoço. Tão absorto que estava em seus pensamentos, não notou quando Camus parou à porta. Virou-se de repente, ao notá-lo pelo reflexo do espelho.
- Se queria usar o banheiro era só me dizer... Pode ficar a vontade. – encaminhou-se para a porta.
Camus, porém, não se moveu. Milo, ao tentar passar pela porta, sentiu o hálito dele em seu rosto.
- Não se aproxime tanto, Camus...
- Ou o quê, Milo?
- Senão...
- Senão?
As palavras ficaram no ar. Em um único movimento, Milo colou os lábios aos de Camus que, receptivos, partiram-se e permitiram que as línguas se encontrassem e acariciassem. Perderam o fôlego quase ao mesmo tempo e, nesse ínterim, os corpos reagiram. Não sem surpresa, Milo sentiu que o membro de Camus crescia e forçava-se contra o seu. Prensou o corpo contra o dele, esfregando-se quase a ponto de machucar e ouviu um gemido escapar da garganta do outro. As mãos, das nádegas, escorregaram para o zíper, que foi aberto com rapidez. Escorregou a mão para dentro da cueca e pode sentir os pelos lisos que rodeavam a base da ereção de Camus. Gemeu contra o pescoço de Camus com o contato. Correu a mão pela carne quente, alcançando a glande. Apertou-a de leve, molhando a ponta dos dedos, que logo foram levados à boca.
Camus, de olhos nublados, acariciava a pele sob a blusa com uma das mãos enquanto a outra apertava as nádegas de forma faminta. Atrás dele, a porta tentou ser aberta ao menos um par de vezes, mas o peso dos corpos contra a madeira mantinha-a fechada. Sem pensar a respeito, congelou a fechadura por dentro enquanto enfiava as mãos por dentro da calça de Milo, apertando-o ainda mais contra si. Foi Milo quem rompeu o contato para libertar-se da camiseta que estava embolada acima do peito.
Ajoelhou-se em frente a Camus, tomando-lhe o membro entre os lábios. Chupou-o até sentir que estava molhado o suficiente para o que viria a seguir. Colocou-se de pé e, com poucos movimentos, baixou calça e cueca. Colocou-se de frente para a parede, empinou-se para Camus e olhou-o por cima do ombro de forma convidativa. Nada precisou ser dito.
Ao sentir que o membro do outro começava a abrir caminho dentro de si, Milo deixou escapar um gemido dolorido. Mas Camus não parou. Sequer deu-lhe tempo para se acostumar. Meteu até o final, e começou a mover-se, indo cada vez mais fundo e mais forte. À sua frente, Milo agarrava o ar, as unhas cravando-se na parede enquanto se forçava a manter-se de pé. As estocadas, duras e rápidas, começaram a excitá-lo ainda mais e não conteve os gemidos. Sentia-se cada vez mais próximo do orgasmo e, pela força com que Camus segurava seus quadris, podia imaginar que o outro também não estava muito longe. Não bastasse o desejo que ambos tinham acumulado por tanto tempo, a situação oferecia estímulo adicional. Gozaram quase juntos, um soluço escapando dos lábios de ambos.
Camus apoiou-se contra as costas de Milo, respirando fundo e segurando-o para impedir que este descesse ao chão. Escorpião buscava o ar em fortes golfadas, os membros ainda tremendo com a intensidade do prazer a que fora submetido. Empurrou as mãos que enlaçavam sua cintura para longe antes de encostar as costas na parede e deixar o corpo cair lentamente até o chão. Buscou num dos bolsos da calça arriada o maço de cigarros. Escolheu o menos amassado e acendeu, expirando a fumaça com um sorriso entre triunfante e constrangido enquanto erguia o olhar para Camus.
Aquário, com as faces afogueadas, tentou não encará-lo. Milo chutou-lhe um dos pés e, sorrindo de forma sacana, sussurrou:
- Eu avisei para que não chegasse perto...
FIM
Mudoh Belial
17h 32min
27.03.2009.
N.A.:
Desculpem se usei termos eventualmente agressivos, mas a crise de enxaqueca não me permitia pensar em nada mais eufêmico para usar em determinadas passagens.
Agradeço antecipadamente a leitura e comentários.
