Cuide bem de mim
Por: Kari Maehara
Presente de amigo oculto para Sabaku no Sah! Espero que goste, menina!
Esta fic foi feita para a fic "Amigo Oculto" da Oul-chan!
Inicialmente era para ser uma oneshot – tanto que era a proposta da Oul-chan – mas eu não resisti e acabei escrevendo demais. Eu sei, é um defeito meu. Na verdade, eu já tinha essa fic em mente antes do amigo oculto. Acabei unindo o útil ao agradável. Esta fic não vai ser muito grande. De fato, será mais uma shortfic. Bom, espero que ela tenha ficado razoável. Para todos que curtem casais improváveis aproveitem e Sabaku no Sah eu espero sinceramente que você goste deste presentinho! Beijos!
A Vila Oculta da Areia era um lugar próspero que passava por um período de paz graças ao Kazekage. Os habitantes daquele lugar amavam e admiravam profundamente seu governante que mais de uma vez provara seu valor protegendo a vila de ataques inimigos.
Entretanto, por ter feito sua vila crescer tanto, o Kazekage começou a despertar a ira de alguns países vizinhos. Não demorou muito para o País do Som atacá-lo.
Do mesmo jeito que aconteceu da outra vez com a Akatsuki, Gaara teve uma luta frenética para proteger sua vila. Ele tinha clara consciência do seu papel e se fosse necessário, ele morreria para proteger a vila. E isso quase aconteceu.
Durante sua luta contra os shinobis do Som, o quinto Kazegake ficou gravemente ferido. Embora felizes por terem ganho a batalha, os habitantes da Vila da Areia estava apreensivos com o estado de saúde do seu Kage. Os melhores médicos do país foram mandados para cuidar de Gaara. Nenhum deles conseguiu fazê-lo melhorar. Gaara estava morrendo.
Preocupado com a possibilidade de perder o Kazekage, o conselho enviou um apelo desesperado para o País do Fogo. Há tempos os dois países formaram uma aliança e se ajudavam mutuamente em tempos de crise. Estava na hora de mais uma vez Kohona socorrer Suna.
Assim que teve em suas mãos o pedido desesperado do Vento, Tsunade convocou sua melhor médica-ninja: Haruno Sakura. A jovem de cabelos rosados, então com 20 anos, apareceu prontamente no escritório da mestra e se prontificou a partir imediatamente para cuidar do Kazekage.
Poucas horas depois, Sakura estava em Suna juntamente com mais três shinobis. O treinamento que recebera da Godaime propiciou a Sakura benefícios incalculáveis. Estava mais ágil, mais forte, mais flexível, mais resistente. De fato, seus companheiros tiveram certa dificuldade em acompanhá-la.
Assim que chegou na vila, a discípula da Godaime foi prontamente recebida e encaminhada para o hospital. Ao chegar no edifício, Sakura foi levada até o quarto do Kazekage. Ao se deparar com Gaara, Sakura ficou chocada. Gaara tinha vários ferimentos por todo o corpo. Fazendo um exame mais detalhado, Sakura percebeu que o governante do Vento havia sido envenenado. Era um veneno raro que poucos médicos conheciam. Além disso, alguns dos seus órgãos internos estavam gravemente machucados. Parecia não haver escapatória para Gaara.
Contrariando todas as evidências, Sakura prometeu para si mesma que não perderia o quinto Kazekage. Ela o salvaria de qualquer maneira. Colocou as luvas, a roupa e então iniciou-se uma das batalhas mais difíceis – se não a mais - que a jovem já enfrentara.
Uma hora se passou. Duas horas. Três. Quatro. Cinco. Apesar disso, Sakura não demonstrava sinal de cansaço. Sua concentração estava como cinco horas atrás. Sua determinação também. Seus ajudantes comentavam entre si como ela era talentosa. Estavam admirados com a persistência da garota. Já haviam escutado sobre a discípula da Godaime. Ouviram histórias de como ela era talentosa e como salvara o irmão do Kazekage no passado. Mas nunca imaginaram que ela tivesse aquela persistência. A maioria ali, secretamente, já havia desistido de salvar o Kazekage. Ninguém tinha mais esperanças. Eles, que eram habitantes do País do Vento já haviam desistido. Mas ela, que era apenas uma kunoichi de Konoha, estava ali, em pé há cinco horas, fazendo de tudo para salvá-lo. Os ajudantes sentiram-se envergonhados.
- Eu preciso de ajuda aqui! – Sakura ordenou. Os olhos tinham um brilho felino. Aquilo era realmente uma batalha e a jovem não estava disposta a perder. Motivados com a persistência da garota, os ajudantes passaram a ajudá-la naquela batalha frenética. Todos deram o melhor de si para salvar o Kazekage.
OoOoOoOoOoOoOoOoO
Aos poucos sua consciência foi voltando. Gaara teve dificuldades para abrir os olhos. Estavam demasiado pesados. O corpo todo estava dolorido. A boca estava seca. A cabeça doía desesperadamente. Ao fazer um leve movimento, a dor forte veio e então ele soltou um gemido.
- Acordou, Gaara?
Lentamente ele olhou procurando o dono da voz.
- Kankurou...
- Estamos felizes que esteja bem.
- Temari...
- Você nos deu um grande susto. Toda vila estava preocupada.
- A vila! – Gaara exclamou se levantando rapidamente. Ao sentir uma dor aguda, o jovem se amaldiçoou mentalmente – O quê aconteceu? Estão todos bem?
- Acalme-se. – Temari disse deitando gentilmente Gaara na cama – Estão todos bem sim. Nós ganhamos a batalha contra o Som.
- E tudo graças a você! – Kankurou exclamou sorrindo para o irmão mais novo.
- Mas você ficou gravemente ferido durante a batalha. – Temari explicou – Achamos que iríamos te perder.
- É. – Kankurou concordou sério – Nossos melhores médicos não estavam conseguindo fazer você melhorar.
- O quê? Então quem me salvou? – Gaara perguntou confuso.
Antes que um dos irmãos pudesse responder, alguém bateu na porta.
- Entre! – Gaara ordenou para se arrepender logo em seguida. Até falar alto doía.
Uma jovem mulher de cabelos rosados que iam até a cintura adentrou no recinto. Trajava um jaleco branco e tinha um estranho brilho nos olhos verdes.
- Como está se sentindo, Kazekage-sama? – ela perguntou dando uma olhada no relatório que estava sobre a mesa. Segundo os papéis, Gaara estava se recuperando bem para alívio da médica.
O ruivo não respondeu a pergunta de imediato. Ficou observando aquela mulher. Não era nenhuma das médicas de Suna disso ele tinha certeza. Apesar disso, aquele rosto era estranhamente familiar.
- Gaara? Não vai responder? – Temari falou.
- Que irmão mais mal-educado eu tenho! – Kankurou exclamou provocando o irmão mais novo.
Gaara fingiu não ouvir. Ainda tentava se lembrar de onde conhecia aquela mulher. De fato, estava tão concentrado nisso que não notara que a jovem estava ficando incomodada com o olhar que ele lhe sustentava.
- Algum problema, Kazekage-sama? – ela perguntou.
- Quem é você? – Gaara perguntou curto e grosso.
- Gaara! Não fale desse jeito! Seja mais gentil! – Temari ralhou para logo em seguida virar-se para Sakura – Sumimasen, Sakura-san! Não foi intenção do Gaara ser mal-educado. – ela disse fazendo uma mesura.
Sakura riu.
- Está tudo bem, Temari-san. Eu já conheço o jeito do Kazekage-sama. – ela disse fazendo um gesto com a mão.
Ao ouvir o nome da médica, a mente de Gaara começou a trabalhar e ele finalmente descobriu de onde a conhecia. Aquela mulher parada a sua frente era uma kunoichi de Konoha. Bem que ele tinha a impressão de tê-la visto anteriormente. Eles já haviam lutado juntos outrora. Ela até ajudara a salvá-lo das garras da Akatsuki.
- Você... é amiga do Naruto, certo? – o ruivo perguntou.
- Hai, soodesu. – a mulher de cabelos róseos concordou – Naruto-kun lhe mandou lembranças e me fez jurar que o salvaria. Ele quis vir mas a shishou proibiu. Então ele decidiu vir escondido. Obviamente descobriram e ele agora está preso sob as ordens da Hokage.
Gaara soltou um grunhido que lembrava muito uma risada. Era típico do Naruto fazer essas bobagens. De repente, ele sentiu inveja daquela mulher. Ela estava sempre ao lado do Naruto podendo rir das trapalhadas dele. Naruto era uma das poucas pessoas que ele considerava amigo.
Sakura sorriu para Gaara feliz por ver que seu paciente estava bem. Havia sido um sacrifício fazê-lo viver. Foi a operação mais longa e delicada que ela já tinha feito. Só depois de oito horas que ela deixara a sala de cirurgia.
- Será que eu posso examiná-lo agora, Kazekage-sama? – Sakura perguntou polidamente.
O Kage consentiu com a cabeça. Sakura então aproximou-se dele e começou a despi-lo. Gaara sentiu-se desconfortável com aquela situação. Ao virar a cabeça para o lado afim de se distrair e não pensar naquela situação desconfortante, ele viu Temari sorrindo solicitamente para ele e Kankurou se segurando para não rir. Mentalmente ele amaldiçoou o irmão mais velho e prometeu para si mesmo que quando ficasse recuperado faria Kankurou pagar por aquilo.
As mãos de Sakura eram macias e delicadas proporcionando ao Kazekage uma sensação de bem-estar. Mais parecia que ela estava massageando-o do que examinando-o. Apesar do conforto que aquela médica passava, Gaara ainda se lembrava de que aquela era uma situação desconcertante mesmo ela sendo uma médica e ele um paciente. Quando a mulher anunciou que tinha acabado, o ruivo respirou aliviado. Kankurou ajudou o irmão a se vestir e Temari acompanhou Sakura para fora do quarto.
- Como ele está, Sakura-san? – a loira perguntou preocupada.
- Ele está bem. Sua recuperação é muito boa. Em breve ele poderá voltar para as suas atividades.
Temari suspirou aliviada. Além da vila, Gaara e Kankurou eram as coisas que ela mais amava nessa vida. Perder um dos dois seria o mesmo que perder uma parte de si.
- Ele agora só precisa se cuidar. Nada de extravagâncias. – falou Sakura.
- Entendo. Sakura-san...
- Sim?
- Será que você poderia ficar aqui em Suna até o Gaara se recuperar totalmente? – perguntou Temari um pouco sem-graça.
Sakura sorriu para a jovem.
- É claro. Eu ficarei o tempo que for necessário. É meu dever como médica.
Temari sorriu.
- Além disso – Sakura disse – Eu prometi para o Naruto que iria cuidar bem do Gaara...
Assim que as duas mulheres saíram, Kankurou começou a rir escandalosamente.
- Pare de rir, Kankurou! – Gaara exclamou irritado.
- Desculpe mas você tinha que ver a sua cara! Foi impagável!
Gaara soltou um grunhido. Dessa vez de irritação.
- Que situação mais desconcertante para um Kazekage...
- Ora! Vai me dizer que você não gostou daquela mulher te tocando?! – o irmão provocou.
- Pare com isso! – Gaara exclamou dessa vez extremamente irritado com a provocação do irmão.
- Poxa... Eu queria estar no seu lugar...
Gaara rolou os olhos. Definitivamente seu irmão era um idiota.
OoOoOoOoOoOoOoOoO
No dia seguinte, bem cedo, Sakura apareceu novamente no quarto de Gaara. Ao entrar, viu que o Kage dormia tranquilamente e sentiu-se mal por ter que acordá-lo. Enquanto se decidia se o acordava ou não, a jovem reparou que o rapaz tinha um semblante quase angelical.
"Olhando assim nem parece o Gaara que conheço..."
Como se pressentisse alguém observando-o, o Kazekage acordou de um roupante assustando a médica.
- O quê está fazendo aqui? – ele perguntou um pouco irritado com a presença da jovem.
Sakura, que não gostara nada do tom que ele usara, respondeu secamente:
- Vim examiná-lo. Eu sou sua médica, lembra?
- Não seja sarcástica comigo. Eu sou o Kazekage. Lembre-se disso.
Sakura sentiu o sangue ferver. Ontem o jeito do rapaz não a incomodara. Talvez fosse pela presença de Temari e Kankurou. Mas hoje...
"Não acredito que cheguei a pensar que ele fica bonitinho enquanto dorme."
- E então? – o ruivo perguntou com uma sobrancelha arqueada – Vai me examinar ou não? Eu não tenho o dia todo, sabia?
- Não? E pretende fazer o quê?
- Obviamente eu irei voltar para as minhas tarefas como Kazekage. – ele respondeu.
- Obviamente eu irei te impedir. Kazekage ou não, você é meu paciente. Eu sou responsável pela sua saúde. Portanto, você vai ficar aqui até eu achar que você pode sair.
- Não pode me fazer de prisioneiro. Eu sou o Kazekage. – Gaara disse sério. Não estava acreditando nas palavras da médica. Que mulher mais audaciosa! Ninguém em toda a sua vida o tratara daquela maneira! Nem quando ele era Gaara do Deserto e nem agora como Kazekage.
- Com todo o respeito, Kazekage-sama mas eu quero que o seu título se dane. Eu tenho ética. Além disso, eu fiz uma promessa e não pretendo quebrá-la de jeito algum. Agora tire essa roupa, por favor, para eu poder examiná-lo. – por mais irritada que estivesse, Sakura ainda tentava ser educada afinal, apesar de tudo, ele ainda era o quinto Kazekage.
Gaara amarrou a cara mas obedeceu a jovem. Ele sabia que sua saúde estava nas mãos daquela kunoichi petulante de Konoha. Enquanto estivesse debilitado, ele a obedeceria – ou pelo menos tentaria – mas quando se recuperasse... Ah! Aí sim! Aquela mulher iria ver porque ele havia se tornado o Kazekage!
Sakura examinou Gaara rapidamente. Dessa vez de um jeito não tão delicado quanto antes. Mais de uma vez o rapaz gemeu de dor com o toque da mulher. O ruivo tinha certeza de que ela estava fazendo de propósito.
- Pronto! Acabei!
- E como eu estou? – ele perguntou vestindo a blusa.
- Sua recuperação é realmente impressionante. Mais alguns dias e estará novinho em folha.
"E então eu poderei ir para casa e não ver mais essa sua cara de quem comeu e não gostou!"
- Ótimo! Mal posso esperar para voltar a ativa.
Sakura arqueou as sobrancelhas.
- Kazekage-sama...
- Sim?
- Posso lhe dar um conselho?
Foi a vez de Gaara arquear as sobrancelhas surpreso.
- E qual seria?
- Mesmo depois do senhor se recuperar, eu aconselharia a tirar umas férias. Nem que seja por alguns dias. Eu sei que o trabalho de um Kage é bem cansativo. Vejo isso pela minha shishou. O senhor foi gravemente ferido. Seu corpo ficou muito debilitado. Apesar da ótima recuperação, acredito que um tempo descansando seria muito bom.
O ruivo pareceu considerar o que a outra havia dito. Realmente o trabalho de um Kage era algo extremamente desgastante. E apesar de tudo, ele ainda sentia o seu corpo debilitado.
- Por que o senhor não vai passar alguns dias fora com seus irmãos? – Sakura sugeriu temerosa. Algo dentro dela dizia que estava indo longe demais.
"Ótimo! Agora eu virei palpiteira da vida do Kazekage!"
Gaara ficou alguns segundos em silêncio. Parecia pensar no sugerido. Por fim, soltando um suspiro, ele disse:
- Está certo. Chame meus irmãos.
OoOoOoOoOoOoOoOoO
A partida do Kazekage aconteceu três dias depois. Mesmo debilitado, ele resolvera ir até o interior descansar. Sua ida foi mantida em total sigilo. Escoltado de longe por alguns membros da ANBU, Gaara viajou acompanhado dos irmãos e de Sakura, sua médica particular.
O pequeno grupo então se estabeleceu em uma pequena casa no meio de um bosque. Sakura ficara impressionada. Imaginava que o interior do País do Vento era apenas cheio de dunas de areia. Não sabia que havia um lugar tão verde e belo como aquele.
- Eu e os meninos costumávamos passar as férias aqui. Nosso pai nos mandava para aproveitarmos. – Temari explicou.
Sakura estava maravilhada com o lugar. Talvez tivesse sido bom ir com eles afinal de contas.
O quarto da jovem era conjugado do de Gaara. Sakura não havia gostado nada disso – e nem Gaara – mas ela sabia que aquilo era necessário. Como médica particular dele, ela tinha que estar sempre perto para socorrê-lo caso ele passasse mal.
Enquanto arrumava as coisas, Sakura pensava em Konoha. Tinha saudades de sua vila e de seus amigos. Como estariam todos? Até quando ficaria tomando conta de Gaara?
Seus pensamentos então foram desviados por duas batidas na porta. Ao ordenar que entrassem, Sakura viu uma Temari preocupada.
- Sakura-san. Gaara quer vê-la. Diz que está sentindo dor.
A mulher de cabelos rosados soltou um pesado suspiro. Sabia que aquilo aconteceria. Apesar de não terem tido problemas ao longo do percurso, a viagem era cansativa principalmente para alguém que estava se recuperando. Sakura insistira para eles viajarem só dali a uma semana mas Gaara se mostrara tão teimoso quanto Naruto.
Um pouco irritada, Sakura se dirigiu para o quarto do seu paciente.
"Bem feito! Quem mandou não me ouvir? Tomara que esteja sentindo muita dor!"
Ao chegar no quarto, a kunoichi viu o rapaz deitado. Estava mais branco do que o normal.
- O que está sentindo, Kazekage-sama? – ela perguntou preocupada.
- Sinto dor aqui. – ele respondeu apontando para o peito.
Sakura suspirou.
- Muito bem. Por favor, tire a sua blusa, sim?
Um pouco a contra-gosto, Gaara começou a tirar a blusa. Viu Kankurou sorrir maliciosamente para ele. Isso fez com que o ruivo amarrasse ainda mais a cara.
- Kankurou! Saia daqui! – o Kage ordenou.
- O que foi que eu fiz? – o irmão perguntou com falsa inocência.
- Temari, tire o Kankurou daqui.
- Como você manda. Vamos, Kankurou.
- Droga!
Quando a porta bateu, Gaara e Sakura se viram sozinhos. Um silêncio incômodo então pairou sobre os dois. Como nenhum dos dois dizia nada, Sakura passou a se concentrar nas dores do seu paciente. Ao contrário das vezes anteriores, ela agora examinava Gaara com delicadeza como na primeira vez. A irritação do ruivo logo passou e ele se viu reconfortado por aquelas mãos macias e quentes. Definitivamente aquilo parecia mais uma massagem do que um exame.
Gaara estava tão entretido no toque que acabou sem querer soltando um gemido de prazer. No mesmo instante Sakura parou o que estava fazendo e olhou sem-graça para o paciente.
- Por que parou? – ele perguntou.
- Você gemeu. – ela respondeu.
Então, pela primeira vez na vida, Gaara corou.
- Acabei. – Sakura disse – Vou te dar um remédio que irá aliviar a dor. Não faça muito esforço hoje, está bem?
- Sim. – Gaara concordou sussurrando. Ainda estava envergonhado por ter gemido. Ele era o Kazekage e aquilo definitivamente havia sido muito, mas muito desconcertante.
- Você vai ficar bem, Kazekage-sama. – ela disse sorrindo.
E foi então que Gaara percebeu o quanto Sakura era amável e bonita.
O remédio que Sakura dera fizera com que Gaara dormisse pesadamente acordando só no dia seguinte. Aliviado por não sentir mais dor, o jovem resolveu que poderia ir até a cozinha comer alguma coisa.
Ao chegar na cozinha, o rapaz se deparou com sua médica particular sentada na cadeira tomando uma xícara de chá. Vestia um roupão rosa claro felpudo e olhava pela janela. Estava tão concentrada que nem percebera a presença do jovem. Gaara então pigarreou para ver se ela o notava.
- Ah! Kazekage-sama! Nem o vi entrar! Bom-dia!
- Bom-dia.
- Aceita uma xícara de chá?
- Por favor. – ele disse sentando-se.
- Como está se sentindo hoje? – Sakura perguntou colocando o líquido na xícara do rapaz.
- Melhor graças ao remédio que você me deu.
Sakura sorriu.
- Agradeça a Tsunade-sama. Foi ela quem me ensinou tudo o que eu sei. – ela disse.
- Agradecerei da próxima vez que encontrá-la. – ele falou para logo em seguida sorver um pouco do líquido fumegante.
Durante todo o tempo que estiveram ali, Sakura falou e Gaara ouviu. A garota não calava a boca um minuto mas isso não irritava tanto o rapaz. De fato, ele percebeu que gostava de ouvir as histórias que ela contava. Os casos envolvendo Naruto era engraçadíssimos e a jovem contava de um jeito que fazia qualquer um rir. O próprio Gaara esboçou um sorriso uma vez ou outra.
Quando as duas xícaras ficaram vazias, o silêncio reinou. Sakura por ter esgotado seus assuntos com o rapaz e Gaara por se sentir constrangido. A situação estava tão incômoda que a moça queria ir embora dali mas não podia levantar até que Gaara a dispensasse. Ele era o Kazekage no final das contas.
- Desculpe-me. – o ruivo disse de repente.
- O quê? – Sakura perguntou confusa.
- Desculpe-me por ontem.
A jovem não entendeu o que o rapaz queria dizer. O que tinha acontecido ontem? Vendo a expressão de confusão da moça, Gaara resolveu ser mais claro.
- Desculpe-me por ter gemido durante o exame. Não foi educado.
Seguiu-se alguns instantes de silêncio. Logo em seguida, Sakura caiu na risada.
- O que é tão engraçado? – Gaara perguntou desconcertado. Não gostava da idéia de ser motivo de piada para a garota.
- Você até agora estava pensando nisso?! Não precisa se preocupar. Não é a primeira vez que um paciente meu geme durante um exame. Eu sei que tenho as mãos dignas de uma massagista. – a garota brincou.
- Mesmo assim. Não é o tipo de coisa que um Kazekage faz.
A expressão de divertimento de Sakura mudou para uma mais séria.
- Você não deveria pensar tanto nisso. Foi justamente por isso que veio para cá: para esquecer por alguns dias que é o Kazekage.
- Mas...
- Tente relaxar um pouco. Esqueça que é o Kazekage. Pense em você apenas como Gaara do Deserto. – Sakura aconselhou.
O ruivo olhou admirado para a garota. Era a segunda vez que ela lhe dava um bom conselho. O rapaz pensou seriamente em fazer dela sua conselheira particular.
- Tem razão. Durante esses poucos dias eu serei apenas Gaara do Deserto.
Sakura sorriu para o jovem.
- Mas para isso, eu gostaria de lhe pedir uma coisa. – ele disse.
- O que o senhor quiser.
- Não tem como eu tentar esquecer ser o Kazekage se você me trata como um. Por favor, não me chame mais de "Kazekage-sama" e nem de "senhor".
- E como o sen... desculpe... você quer que eu lhe chame?
- Gaara. Apenas Gaara.
- Certo. – Sakura disse com um belo sorriso – Então me chame apenas de Sakura.
No instante seguinte, Kankurou e Temari adentraram na cozinha.
- O quê? Gaara tendo uma conversa amigável com alguém? Vai chover hoje! – Kankurou brincou.
- Pare com isso. – Temari disse dando uma cotovelada no irmão – Fico feliz que estejam se dando bem. O Gaara não é muito sociável.
- Temari! – Gaara exclamou.
- Mas é verdade! Não é, Kankurou?
- Com certeza!
- Como Kazekage eu ordeno que vocês parem com isso agora!
- Ué?! Não era você que queria esquecer por alguns dias que é Kazekage? – Kankurou perguntou.
- Vocês estavam ouvindo a nossa conversa? – o ruivo perguntou indignado.
- Tecnicamente...
- Vocês estavam ouvindo a nossa conversa! Eu não acredito!
- Acalme-se, Gaara. Você não pode ficar nervoso. – Temari falou.
- E como você quer que eu não fique nervoso com vocês dois ouvindo a minha conversa?
Sakura não falava nada, apenas via toda a cena se desenrolar. Nunca imaginara que aqueles três seriam tão problemáticos como diria Shikamaru. Mas a verdade era que ela estava se divertindo horrores com aquele trio de irmãos.
