Começou com Inglaterra e sua preciosa colônia, América. Típico pedantismo inglês, considerar a sua parte como o todo. Mas aquele não era o todo, e havia mais América além da fronteira.

E a América que França descobriu lhe era particularmente útil.

Havia água, madeira, minérios. Enfim, muito. E ficava convenientemente posicionada logo acima da menina dos olhos do Reino Unido.

Tendo em vista o contexto, a subsequente invasão inglesa não foi um choque para a França. Aquela foi a época de ouro da nação-ilha, entenda-se, com suas marinhas oficial e extra-oficial imbatíveis e uma megalomania encantadora.

Quando França atravessou o oceano, o cheiro de chá o alertou. Um par de botas pesadas de couro sobre a mesa, um casaco vermelho e dourado roçando o chão. E debaixo de um chapéu emplumado, um olho verde brilhava.

"Olá, meu caro."

"Sapo." Talvez o sorriso parecesse mais torpe pelo ângulo da cabeça. "Lugar adorável."

"Obrigado. Pensei que sua colônia fosse mais ao sul, não?"

E então ele estava de pé, um esgar sádico brilhando nos olhos e o cheiro de pólvora no ar.

Desafio aceito.

É uma espécie de tradição literária referir-se a batalhas por meio de metáforas elaboradas e comparações a jogos de xadrez.

Não havia peças naquele campo. Tampouco havia estratégias elaboradas. Havia sangue, fogo e fumaça. E no meio dos uniformes frios e da lama, uma aposta. Não era xadrez, era infinitamente mais interessante.

Inglaterra ria, os respingos de sangue se confundindo com o vermelho de suas roupas e de sua pele. Sorria, dentes e língua, lábios retorcidos. França dançava a seu lado, o aço reluzindo rubro e o cabelo grudado à pele. Um estalo do pescoço, um sorriso velhaco.

"Cansado?"

"Posso continuar o século todo, sapo."

Foram apenas Sete anos, no fim.