Disclaimer: nem Glee nem essa história são meus. Cada um deles pertence a seus respectivos donos. Só fiz a tradução.
Dalton
Piloto: Casa Windsor
— … e eu disse para a sra. Ramsey que eu não me importava mesmo se tiver que ficar em um dormitório; é muita gasolina e eu simplesmente não posso pedir para meu pai pagar mais do que ele e Carole já estão pagando… — Kurt abraçou os livros em seu peito e manteve a cabeça baixa.
Blaine considerou essa postura. Kurt se postava com os ombros erguidos e a postura reta como sempre, mas o jeito como ele mantinha a cabeça baixa e se recusava a fazer contato visual com a maioria dos garotos de Dalton tornava claro que ele ainda precisava ficar verdadeiramente confortável com as mudanças.
Blaine olhou para David, que observava de onde estivera previamente estudando partituras de músicas, também com olhos em Kurt. Os dois Warblers trocaram um olhar compreensivo em relação ao que ambos tinham notado, e o líder dos Warblers voltou-se para o provável novo membro:
— Bom, nós ficaríamos mais que felizes em ter você no nosso dormitório, é claro.
— Ah, você é um aluno interno? — Kurt piscou, voltando a olhá-lo.
— Windsor. — Blaine assentiu, desviando o olhar da forma mais casual que conseguiu: toda vez que Kurt emanava o poder total do incrível calor em seus olhos (no momento amplificado pelos raios de sol que passavam pelas janelas) para ele, pensar racionalmente tornava-se complicado.
David fingiu não notar a acentuada queda no intelecto geral de Blaine e apenas revirou os olhos. Mas disse:
— Ainda há alguns quartos livres em Windsor, sabe.
A Casa Windsor, que ficava na ala Leste, era um dos três dormitório de Dalton, os outros sendo a Casa Hanover, mais ao longe, na ala Oeste, e a Casa Stuart, na ala Norte. O Sul e a área central eram onde ficavam a maiorias das salas de aulas e instalações.
Blaine assentiu — apenas com uma animação ligeiramente exagerada que não era notável.
— A gente pode falar com o sr. Howard para você. Ele é o chefe da Casa Windsor.
— Tem certeza que está tudo bem…? — perguntou Kurt cuidadosamente. Ele só tinha estado em Dalton por algumas horas e ainda estava apreendendo o local, mas até ele conseguia entender que haviam certas regras sociais na escola.
Cada dormitório era protetor de seu próprio orgulho fraternal e os garotos às vezes se dividiam como tal quando caminhavam em grupo. Kurt maravilhou-se com o tanto de fofoca relacionada a isso que ele tinha ouvido em um dia e concluiu que garotos geralmente falam tanto quando garotas.
— É claro que está tudo bem. — David sorriu amigavelmente. — Além do mais, mesmo que o grupo seja uma grande salada mista, tem mais Warblers em Windsor do que em Stuart e Hanover. Nós somos pressionados para treinar o tempo todo, e será mais fácil para você se você estiver praticando com a gente. Isso, é claro, se você conseguir entrar. — David parecia quase arrependido ao mencionar a última parte.
Kurt engoliu em seco e soltou o ar pela boca.
— Certo. — Ele assentiu. — Eu vou tentar afinal.
— Ei, não se preocupe muito. — Blaine sorriu. — Você vai entrar, tenho certeza.
Kurt sorriu para ele fracamente.
— Obrigado, mas, considerando que você nunca me ouviu cantar de verdade, vou tomar sua profecia como inspiração. — Ele sorriu torto e levantou uma charmosa sobrancelha.
— Ali está Wes. — Blaine olhou então para seu amigo na tentativa de não ser capturado por outra armadilha Kurt-me-dá-uma-expressão-adorável. — E ele ainda está vivo! Ele escapou do assassinato da Madame Saint-Clair.
Encontrando os outros três, Wes caminhou na sua direção, desviando da massa de garotos que tinham acabado de sair do fórum da professora de Francês. David o cumprimentou com sorriso irônico.
— E como foi? Teve sangue? Seu cérebro pelo menos parece intacto.
— Eu me recuso a estudar mais uma palavra de Francês. — Wes assentiu com um pouco mais de melodrama do que o permitido: ele tinha se manifestado determinado em ajudar Blaine a reinar sobre a loucura de Dalton para não assustar o garoto novo tão cedo. — Se eu prometer recusar as viagens anuais dos meus pais para Paris, não vou mais precisar disso, certo?
Os outros riram.
— Eu posso te ajudar, se quiser — ofereceu Kurt com um sorriso.
— Você? — Wes levantou uma sobrancelha. Ele olhou para os outros dois garotos antes de se voltar para Kurt. — Sem ofensa mas… McKinley era tão difícil para gente do terceiro ano do Francês Avançado?
— Confie em mim, eu posso ajudar — disse Kurt confiantemente. — Eu sempre dei ênfase exagerada para o Francês. — Aquele uniforme vermelho e branco que ainda estava escondido nas profundidades do seu guarda-roupa era uma prova disso. — Se você não passar no próximo teste oral, eu te compro café latte por uma semana.
— Ora, quem diria… temos tanta sorte de ter você. — Wes se virou para Blaine, implicando algo que o outro garoto poderia ter dito antes. Blaine corou apenas superficialmente, mas então ele acidentalmente acotovelou Wes nas costelas enquanto pigarreava e movia-se para manter seu lugar ao lado de Kurt enquanto eles caminhavam. Os outros dois, atrás deles, olharam-se rapidamente e bateram os pulsos com risadinhas precariamente camufladas.
Blaine olhou para Kurt e lhe lançou um sorriso. Kurt retribuiu, ainda ansioso, mas se sentindo melhor.
Meu nome é Kurt. E está é a Academia Dalton.
Como você deve saber, eu acabei de me transferir com o objetivo de evitar certas… Dificuldades em McKinley. Não me leve a mal: eu adoro o Novas Direções — mas a verdade é, a água começou a subir e agora… aqui estou eu. Sou oficialmente um aluno de Dalton.
Meu problema é que meu plano ia até chegar à Dalton e ponto final. Agora que realmente estou aqui, percebo que não tenho a mínima ideia do que espero que ocorra comigo aqui.
Felizmente, tenho Blaine, David e Wes para, pelo bem ou pelo mal, me levar a alguma direção.
— Vamos lá! — chamou David ao descer os degraus. — Se a gente quer achar Howard, temos que chegar cedo ao refeitório!
— Por que vocês vão falar com Howard? — perguntou Wes ao seguir seu amigo.
— Vamos colocar o novato em Windsor.
A repentina risada zombeteira de Wes foi repreendida pelo olhar furioso de Blaine.
— Ah, quer dizer, claro. Ei, talvez Howard não mate a gente se pedirmos desta vez. Nossa, boa sorte em chegar à mesa dos professores, David. Eu não vou me juntar a vocês, mas mandarei flores para o seus túmulos.
— Tem algo sobre o sr. Howard que eu deveria saber? — perguntou Kurt, empalidecendo ligeiramente. — Eu estou prestes a conhecer o cara e gostaria de continuar inteiro depois disso.
— Não é você, somos nós. — Blaine suspirou. — Essa não é a primeira vez que tentamos colocar alguém em Windsor.
— Ou a segunda — resmungou David.
— Ou a terceira — acrescentou Wes.
— Ou a quinta.
— Ou a sexta.
— O que está acontecendo aqui? — perguntou Kurt.
— Gente nova não dura muito em Windsor… — Wes sorriu fracamente. — E quanto eles duram, não ajuda muito a causa de Windsor.
— Por quê?
Os outros três pausaram, olhando-se. Kurt olhou para eles e gesticulou expectativamente.
— Então?
David sorriu.
— Blaine disse pra gente não te assustar ainda.
O líder dos Warblers avançou nele — David se abaixou, virou-se e se levantou de novo —, mas Blaine se voltou para Kurt e respondeu:
— Não escute ele. É que só certas pessoas toleram algumas das loucuras que acontecem em Windsor. Não apenas na sala comunal. É… geral.
Kurt, um veterano em loucura que tinha sobrevivido mais de um ano de coral em McKinley, onde ele tinha estado bêbado, caminhado vestido de Lady Gaga, jogado no time de futebol americano, participado das líderes de torcida, tinha experimentado alucinações, algumas performances incrivelmente ferozes, lidado com uma treinadora de torcida psicótica, uma conselheira estudantil neurótica, um professor de coral preso nos anos 80, tinha se envolvido em uma estrondosa batalha com robôs sem alma (Adrenalina Vocal), e, mais importante, lidado com as confusões de um grupo de coral e Rachel Berry (que merece uma citação separada), agora levantou uma sobrancelha.
— Loucuras?
— Não.
Blaine aumentou a potência de seu sorriso.
— Vamos lá, sr. Howard, sério mesmo. Você não vai ter problemas com o Kurt.
— Foi isso que você disse quando trouxe Dwight.
— E Dwight ainda está em Windsor! — exclamou David alegremente.
— Infelizmente, ele ainda está. — O homem jovial e alto olhou para baixo repreensivamente. — Quando vocês me disseram que ele tinha hábitos estranhos, vocês não disseram que ele era ainda mais supersticioso que um construtor de casa de 1800.
— Então ele gosta de pendurar alho nas janelas — disse Wes, tentando adotar um tom indiferente, que, apesar de seu melhor julgamento, decidiu participar da missão de colocar o novato em Windsor para poupar-se da promessa de vingança infinita de Blaine caso ele se recusasse. — A gente já conseguiu convencer ele de parar de colocar sal nas portas!
— E nós falamos para ele parar de "caçar fantasmas" na velha catedral! — contribuiu David. — … como está o zelador, por sinal?
— Eu não sei que tipo de corante alimentar Dwight usou, mas eu sei que aquela "marca" no braço do sr. Tamerlane ainda está lá! — rosnou Howard em voz alta. Blaine estremeceu, gratificado que eles tivessem encontrado o chefe da casa quando ele ainda estava no corredor. Eles estavam recebendo olhares estranhos de alguns garotos de Hanover que estavam passando e poderiam saber o que estava acontecendo. Kurt permaneceu em silêncio ao seu lado, aparentemente tentando ignorar o que estava ouvindo.
— E, falando sério, Kurt é mais normal que muitos de nós — disse Blaine com um sorriso. — Ele era parte do coral da sua outra escola. Só isso. Estamos esperando que ele se junto aos Warblers.
— Se você quer que ele junte seu grupo, tudo bem, mas ele vai vir reclamar comigo em uma semana, tenho certeza. — Howard cruzou os braços sobre seu peito.
— Na verdade — Kurt finalmente disse, e todos olharam para ele —, eu tive que aguentar algumas coisas bem estranhas na minha antiga escola. Tenho certeza que vai dar tudo… certo.
Howard pareceu surpreendido por isso e passou pelos outros três garotos. Ele olhou para Kurt através dos seus óculos. Kurt olhou para cima devido a altura do homem e manteve o olhar firme.
Todd Howard era chefe da Casa Windsor por quase vinte anos. Ter recebido essa posição lhe permitiu observar futuros líderes da nação chegarem e partirem da Casa Windsor, algum deles retornando para visitar hora ou outra. Nos últimos anos, as coisas não continuaram tão pacificamente como ele gostava. Às vezes até preocupantemente. Windsor podia ser uma casa muito popular, mas se havia algo que era notável, era que a vida lá nunca era (pelo bem ou pelo mal) entendiante. Ter feito uma vida disso ao mínimo lhe permitiu entender o comportamento do garoto de primeira. Ele olhou Kurt dos pés a cabeça.
— Qual o seu nome, filho?
— Kurt Hummel, senhor. — Kurt sorriu.
Howard considerou o pequeno garoto com aspecto de duende.
— Então você canta?
— Sim.
— Só isso?
— Bom… Eu gosto de moda.
— E?
— E o quê?
— Hábitos de dormir incomuns? Alergias alimentícias? Hobbies estranhos? Tendências para destruir propriedade? Compulsão de arrancar magnólias? Andar para trás? Soltar animais de laboratório? Recitar a Summa Theologica por inteiro? Em latim?
Kurt mal conseguiu se conter em lhe dar uma expressão de "Você está louco?" Ao invés disso, ele olhou pelo canto dos olhos para Blaine. Blaine apenas deu de ombros, tentando não sorrir. Howard viu onde ele estava olhando e olhou para Blaine, que imediatamente trouxe outro sorriso charmoso para os lábios. David e Wes eram autênticos anjos gêmeos que pareciam não ter ideia do que Howard estava falando.
Howard voltou-se para Kurt.
— Você tem certeza que gostaria de ficar em Windsor?
— Não vejo por que não.
As tosses de Wes e David quase estragaram tudo, mas até Howard parecia entender. Ele suspirou e olhou para Kurt.
— Tudo bem. Windsor que seja. — Ele se virou para os outros três. — Vou manter os olhos nesse aqui, para ter certeza que vocês não assustam ele muito. Depois que Marcus Holland fugiu de Windsor para Stuart…
— Perda dele — zombou David
— … Reed achou que ele estava doente e estava apenas tentando ajudar… — adicionou Wes.
— É por isso que ele jogou trinta e dois acolchoados sobre ele enquanto ele dormia?
— Gente! — exclamou Blaine.
Silêncio. Os três garotos olharam para sr. Howard esperançosamente, e Howard olhou de volta para o garoto novo, considerando. Kurt tomou a oportunidade para lançar sua melhor expressão de "Eu não ligo a mínima" para sr. Howard.
— Então, quando eu posso me mudar?
Kurt tinha lido sobre as habitações escolares no panfleto que ele acabou usando para matar tempo durante a verdadeiramente incômoda viagem de uma hora e meia para Westerville com seu pai no primeiro dia de aula. Até onde ele conseguiu entender, os dormitórios eram desejáveis e extravagantes em padrões ordinários já que a maioria do seleto corpo estudantil de Dalton ficava neles. Tal como estava, a Casa Widnsor era de longe a mais desejada, com uma grande parte de ex-alunos honrosos se formando de lá e todos serem simplesmente entregados à mão para universidades da Ivy League.
Era assim que parecia no branco e preto. Quando Blaine, Wes e David trouxeram Kurt para Windsor pela primeira vez, aquela gigante construção em forma de mansão com colunas antigas que poderia envergonhar algumas das melhores fraternidades universitárias do país, parecia que tudo seria como havia sido aclamado. E foi, de um jeito ou de outro.
— Vocês… todos moram aqui? — perguntou Kurt, observando alguns garotos entrarem no dormitório. Por dentro, além das portas de carvalho, o arqueado hall de entrada os acolheu. O chão era de mármore e além das enormes vigas de madeira acima que bloqueavam a luz do sol estava uma grande bandeira azul royal cortada por um raio dourado, as cores de Windsor.
A arquitetura era requintada. Das ricas tiras de madeira aos tons elegantes nas paredes e às bem-escolhidas decorações, Windsor poderia muito bem ser uma exibição de museu sobre elegância do velho mundo.
— Bom, sim… Wes costumava ficar em Hanover. — Blaine sorriu.
— Verdade? — perguntou Kurt, seguindo os outros pelo corredor. — Por que você mudou?
— Era mais interessante aqui.
— Certo, eu posso estar começando a ficar um pouco nervoso — disse Kurt, franzindo a testa para eles.
Blaine riu e colocou um braço sobre os ombros de Kurt. Enquanto Kurt tentava impedir seu coração se sair voando do seu peito com a repentina ação, Blaine tentou transparecer falsa tranquilidade.
— Certo, olhe, aquilo que a gente disse para o Howard… Aqueles são casos extremos. Os garotos aqui são racionais… na sua maioria. Não se preocupe. Nós não colocaríamos você em perigo.
Algo no andar de cima explodiu, fazendo Kurt pular. Todos no corredor mal piscaram. Sem nem parar de andar, Wes pegou um extintor de incêndio que estava por perto e o entregou para um garoto que parecia ter chegado ao corredor especificamente para isso. Todos continuaram como se nada tivesse acontecido.
Antes que Kurt pudesse se maravilhar com isso, seu celular tocou. Ele o pegou no seu bolso e leu a mensagem.
Oi, Kurt! Está em Dalton? Que você está aprontando? — M
Kurt sorriu e respondeu rapidamente. Pensando em ser aluno interno. — K
Então… Você só vai estar por aqui nos finais de semana? — M
Kurt sentiu um aperto no coração. Ele tinha visto a expressão de Mercedes quando ele tinha anunciado suas intenções de partir. Ela devia ter sido a primeira pessoa com quem ele falara sobre isso, e, no final, ela tinha sido umas das últimas a saber. Mesmo ele tinha que admitir que depois de tudo que ele e Mercedes tinham passado juntos, ela merecia mais que um anúncio de última hora sem nem consultar sua opinião sobre a decisão dele.
Me desculpe, M. Achei que ia ajudar o pai e Carole se eu parasse de viajar tanto. — K
Eu entendo. Não se preocupe com isso. — M
Você sabe que eu chego aí em um segundo se você precisar, certo? — K
Kurt, relaxe. A gente entende. E não se preocupe, vamos recuperar o atraso nos finais de semana. — M
Ali estava o "a gente" que Kurt temia. Não tinha sido apenas Mercedes. Era todo o grupo. Ele tinha começado a se perguntar o que eles estavam fazendo agora. Era horário de almoço, então eles deviam estar no refeitório, ou talvez até na sala de música ensaiando para qualquer que fosse a performance que sr. Schuester tivesse planejado agora. Mike, Tina e Mercedes estariam dançando a uma música que Puck poderia estar tocando no violão, e Artie poderia estar tentando explicar para Brittany que faciais não eram coisas feitas por fascistas. Santana e Quinn poderiam estar discutindo alguma loucura que a treinadora Sylvester fizera enquanto Sam mantinha um braço ao redor de Quinn. Rachel estaria desorientando Finn ao ficar falando obsessivamente sobre ensaios, e desde que Kurt não estava mais por perto, ela poderia muito bem estar tomando o solo que supostamente seria dele.
Se ele não tivesse partido.
— Kurt?
Ele olhou para cima e viu os outros três o observando com preocupação. Ele piscou.
— O quê?
Wes olhou para Blaine, que tentara chamar a atenção de Kurt duas vezes e só agora teve sucesso. Como ele esperava, Blaine parecia apreensivo.
— Está tudo bem?
— Sim — suspirou Kurt, guardando o celular no bolso. — Tudo bem. Por quê?
David ergueu uma sobrancelha e olhou para Wes. Wes olhou para ele e então olhou para Blaine. Blaine manteve os olhos em Kurt ao andar para frente.
— Tem certeza…? — perguntou ele.
— Sim. — Kurt assentiu e sorriu adequadamente.
O problema em ter tanto em comum com Kurt era saber quando ele não estava contando tudo. Mas, por enquanto, Blaine decidiu deixar isso passar e segurou a mão de Kurt com um sorriso deslumbrante.
— Vamos lá, eu vou te mostrar os quartos.
Kurt, cego pelo sorriso, não pode fazer muito além de sorrir de volta e o seguir acima pela escada esculpida à mão. David e Wes se olharam e apenas sacudiram a cabeça com um risada.
— Eu seriamente queria que eles se ajeitassem logo — reclamou David, soltando sua gravata. — Se eu ouvir ele resmungando sobre ele mais uma vez…
— Eu não sei. Da última vez que Blaine estava a fim de alguém, levou dois meses para ele dizer algo para ele… — disse Wes duvidosamente.
— Não vamos falar disso. Odeio lembrar do que a gente teve que enfrentar — estremeceu David. — Eu lembro quando ele ouviu aquela música e decidiu que era perfeita para a situação deles e era a única coisa tocando no seu quarto por uma semana.
— Eu evitei o quarto dele como uma praga.
— Eu realmente tive que viver com isso; a gente dividia um quarto, Wes. A GENTE DIVIDIA UM QUARTO. Eu mantinha protetores de ouvido ao lado da minha cama!
— E agora aqui estamos nós de novo… — Wes suspirou, acenando para as escapas por onde Blaine e Kurt tinham desaparecido. David soltou o mesmo sofrido suspiro.
— O que não fazemos pelo bem da amizade…
Kurt tinha certeza que Blaine tinha ido por aquele caminho pelo corredor, mas depois que ele tinha soltado sua mão por um momento para falar com um Warbler em um dos quartos, Kurt se encontrou perdido. Certamente ele não podia ser tão problemático em navegação, mas os corredores de Windsor não apenas pareciam idênticos mas eram iguais em qualquer andar. Kurt tinha simplesmente caminhando despreocupadamente por um momento, observando as pinturas penduradas na paredes, os móveis, o fato de que o chão era acarpetado e que os móveis de madeira pareciam como aqueles que trariam um infarto para vendedores de antiguidades se eles os vissem.
E agora ele não tinha ideia de onde estava.
E ele tinha a sensação de que estava sendo observado.
E agora eu lembro aquela coisa que disse para a treinadora Sylvester… sobre me sentir como se estivesse num filme de terror… Kurt olhou ao redor preocupadamente. Ele achou que tinha ouvido movimento às suas costas, mas não havia nada ali quando ele olhou. Ele quase pulou para fora da sua própria pele quando voltou a olhar para sua frente e encontrou um garoto loiro ali parado com um sorriso típico do Gato de Cheshire.
— Olá, Alice — disse ele, os olhos azul-gelo brilhando.
— Desculpe? — disse Kurt.
— Bem-vindo ao País das Maravilhas — disse uma voz idêntica às suas costas. Kurt se virou rapidamente e encontrou o mesmo garoto, com o mesmo sorriso, parado do mesmo jeito. Ou… pelo menos era assim que parecia.
— Certo… — Kurt olhou para frente e para trás entre os dois garotos.
O gêmeo às suas costas deu um passo suave com sua longa perna e agora estava parado ao lado do seu irmão. O par de belos gêmeos estava sorrindo.
— Você parece perdido, Alice — disse um deles. — Caiu pelo buraco do coelho e bateu a cabeça?
— Porque, se você estiver perdido, podemos indicar o caminho certo — disse o outro.
Kurt decidiu que até as alucinações de Brittany faziam mais sentido que isso, mas sacudiu a cabeça, tentando clarear a mente, e lançou um sorriso nervoso para os gêmeos.
— Meu nome é Kurt. Eu sou…
— Novo — os gêmeos disseram em coro. — A gente sabe.
— E… vocês são…?
O gêmeo da esquerda levantou uma mão.
— Sou Ethan.
— Sou Evan — disse o outro gêmeo.
E, em união, cada um segurou uma mão de Kurt.
— Vamos lá, Alice! — disseram em coro. — Nós vamos te ajudar!
Não tendo a energia para protestar e incapaz de escapar do aperto dos gêmeos que no momento puxavam seus braços com força suficiente para amputá-los, Kurt afobou-se:
— Na verdade, eu estava com o Blaine…?
— Blaine?
— A gente sabe onde ele está.
— Ele está lá em baixo!
— Procurando por você!
— Ele não vai se importar se a gente emprestar você por um instante!
E Kurt era jogado sem cerimônia dentro de um quarto Windsor pela primeira vez.
Os corredores apenas o haviam preparado parcialmente para o que um quarto de Dalton realmente era. Era como pisar dentro do set de filmagens de The Tudors. Não parecia muito de fora, mas por dentro era do tamanho de um apartamento grande, sem paredes separando a área coletiva das camas. Havia uma área central onde móveis confortáveis estavam. No caso dos gêmeos, havia um luxuoso sofá branco, uma mesa de café de vidro, com uma larga televisão. A mesa de café estava ocupada por gigantes armas de brinquedo Nerf que pareciam extremamente fora do lugar ao lado de uma pilha de livros escolares.
Adiante da sala circular estavam as camas, uma em cada canto do quarto, cada uma sobre um estrado de madeira que servia para separá-las da área coletiva. As camas eram de quarto colunas, antigas e bem conservadas com cortinas finas. Uma cama estava feita e a outra não (mas esta tinha roupas escolares jogadas sobre ela). Havia um terceiro estrado, diretamente na frente da porta, que poderia servir para sustentar outra cama, mas que, neste caso, servia como uma extensão da área coletiva.
— Ok! — disse um dos gêmeos, provavelmente Evan, puxando Kurt sem cerimônia para o luxuoso sofá branco. — É assim que um quarto Windsor parece.
— Na verdade, é assim que todo quarto de dormitório parece — disse o gêmeo que provavelmente era Ethan.
— Nós já vimos os outros.
— Mas Windsor ainda é melhor.
— É claro.
— Hum… Eu não quero ser rude, mas vocês poderiam falar um de cada vez, por favor? — pediu Kurt, confuso.
Ethan riu.
— Blaine diz que ajuda se você pensar na gente como uma pessoa só. Se você é novo, quer dizer. Você se acostuma com o tempo.
— Obrigado. — Kurt sorriu.
Evan continuou:
— Aqui em Windsor tem três pessoas por quarto. A não ser que você seja especial, daí você pode pedir pelo seu próprio quarto. Como se você for capitão de algum time. Como se você for capitão de algum time. Ou se você estiver acima de noventa e oito por cento do resto da turma.
— Mas isso é difícil — disse Ethan brandamente. — Porque todo mundo aqui ter notas incríveis.
— Todo mundo.
— Com certeza.
— Excelente é mediano aqui.
Kurt hesitou levemente, tentando apreender tudo isso. Enquanto ele procurava por "desafios" lá em McKinley, não era exatamente isso que ele estava esperando.
— Todo mundo. Tudo bem…
— Há três dormitórios: Windsor, Hanover e Stuart, e o que menos gostamos é Stuart. — O outro gêmeo fez um sinal de negativo com o polegar e franziu a testa. — Por quê? — continuou ele antes que Kurt pudesse sequer abrir a boca para perguntar. — Porque eles são um bando de puxa-sacos de nariz-empinado e isso é basicamente tudo que você precisa saber.
— E você protege seu colega Windsor até a morte, e nós faremos o mesmo por você. — O outro gêmeo assentiu sabiamente. — Windsor é, sem dúvida alguma, a melhor casa… não se preocupe com Hanover, eles são inofensivos… mas Stuart está sempre tentando nos derrubar. Não confie neles.
Depois dessa frase, o brilho louco nos olhos deles desapareceu para o alívio de Kurt.
— O toque de recolher é dez nos dias de semana, onze nos finais de semana — disse Ethan. — Até então, você pode andar por aí fazendo o que quiser. Mas se você não chegar a tempo, fica fechado pra fora.
— O que torna útil nos ter como amigos. — Evan sorriu. — Porque nós podemos te colocar dentro de qualquer jeito e Howard nunca saberia!
Ethan parecia orgulhoso.
— Nós podemos destrancar qualquer porta ou janela no campus. Ambos literal e figurativamente.
— Isso deve ser o de vocês. — Kurt ergueu uma sobrancelhas, perguntando-se se esses dois eram reais. Eles pareciam do tipo que poderiam estar enganando ele. — Disseram que todos aqui têm algo de errado neles.
— Bom… Não somente.— Evan sorriu suavemente e ofereceu uma das armas de brinquedo para Kurt.
Kurt considerou, e então sorriu e aceitou a arma.
— Boa escolha — disse Ethan. E então ele pegou a própria arma e atirou na testa de Kurt.
Quando Blaine entrou no quarto dos gêmeos não mais que dez minutos depois, ele estava lívido por algumas razões: uma, depois de gritar com o gêmeos por terem raptado Kurt sem avisar o resto deles onde ele estava; dois, por ter envolvido Kurt na sua batalha de armas de brinquedo semanal (que na verdade acontecia duas vezes por semana); e três, por terem atacado ele com as ditas armas de brinquedo no momento que ele chegara. Deixar o garoto novo sozinho na Casa Windsor nunca foi uma boa ideia, mas pelo menos Kurt estava respirando quando ele o puxara para fora da guerra de armas de brinquedo que estava acontecendo. Escassamente, pelo menos.
Kurt estava rindo tanto que ele estava tropeçando enquanto andava, a mão de Blaine segurando a sua firmemente, e ele olhou para o Warbler mais velho e embargou:
— O que aqueles dois querem?
— Nós queríamos saber. — Blaine sorriu, impressionado com como Kurt parecia estar se divertindo. Ele se inclinou um pouco para avaliar a testa escarlate de Kurt. — Eles te pegaram ali de jeito.
— Valeu a pena para assistir Evan ir todo matrix depois do meu primeiro tiro certeiro na direção dele — disse Kurt, seu sorriso tornando-se um pouco estranho com a proximidade de Blaine. Blaine, porém, parecia intrigado.
— Como você sabe que aquele era Evan?
— Eu não sei — admitiu Kurt. — Ele apenas… parecia Evan?
— Na verdade, era Ethan. — Blaine sorriu. — Ele é o mais alto.
— Ah, então eles têm diferenças. — Kurt riu.
— Poucas. — Blaine parou em frente a uma porta e a abriu. — Esse é o meu quarto.
Kurt olhou dentro e viu que apesar de ser completamente igual ao dos gêmeos na arquitetura, o quarto também era muito… Blaine. Os móveis na área coletiva eram diferentes, com cores e materiais confortáveis e acolhedores. Havia um espesso tapete na área coletiva, e apenas uma cama parecia usada. Como era cercada por uma área de estudo entupida de livros, canetas, papéis e um lustroso laptop e havia um álbum de fotos apresentando os Warblers, Kurt assumiu que essa era a cama de Blaine. O outro estrado tinha uma cama, mas ela fora puxada para o lado e o espaço deixado era repleto de almofadas grandes o bastante para sentar. O estrado do meio, para a extrema fascinação de Kurt, tinha sido transformado em um pequeno teatro com uma tela de cinema.
— Como… como aquela tela chegou aqui? — admirou-se Kurt.
— Na verdade é bem velha… Costumava ficar em uma das salas de áudio-visual, mas quando eles se atualizaram, perguntei se podia ficar com ela.
— E eles deixaram?
Blaine sorriu.
— Não é só para mim. Muitos dos Warblers vem aqui passar o tempo. Então nós puxamos alguns nós.
O coral de McKinley nem podia pagar transporte, imagine uma tela de cinema, maravilhou-se Kurt. Ele caminhou ao redor do quarto, olhando para a coleção de cartazes de teatro e parou ao lado do quadro de fotos, que, além dos Warblers, mostrava outras pessoas que não estava usando o uniforme de Dalton. De repente ele percebeu que o quarto estava bem silencioso. E então ele olhou para cima.
— Espere… Você fica sozinho?
— Se uma pessoa tem em média dez garotos aparecendo a toda hora para harmonizar, fazer barulho e em geral causar confusão, colegas de quarto não duram muito.
Kurt sorriu e sentou-se no sofá com um suspiro, olhando ao redor.
— Então você fica aqui, só você… — Ele apreendeu a grandeza de tudo.
— Me ajuda a apreciar o silêncio melhor, quando os garotos não estão aqui — admitiu Blaine, sentando-se ao seu lado.
Um silêncio nem estranho nem tenso surgiu. Ambos pareciam cansados sem realmente ter conhecimento do porquê de estarem cansados. Ambos pareciam perdidos em pensamento por um momento. Blaine se moveu primeiro, e viu Kurt olhando para seu celular. A tela estava em branco.
Blaine o cutucou gentilmente.
— Ei.
Por um instante, Kurt o olhou em resposta antes de se inclinar contra seu ombro, nem tentando sorrir desta vez. Blaine olhou para ele, um pouco surpreso, mas acolheu a situação enquanto durasse. Ele colocou um forte braço sobre os ombros de Kurt, incerto se estava procurando por calor ou emprestando-o para o outro garoto. Embora não quisesse, Kurt virou seu rosto no ombro de Blaine e soltou um suspiro sofrido, e Blaine usou sua mão livre para segurar a de Kurt.
— … fica mais fácil — ele finalmente murmurou.
Uma pausa.
— …quando…? — sussurrou Kurt sem se mover, apertando sua mão com um pouco mais de força.
— Pois é… — Blaine suspirou, olhando para Kurt de novo. Ele estava sempre tão perto daqueles sedutores lábios que o tinham hipnotizado pela primeira vez naquela tarde na úmida escada em McKinley. E nesse instante, ele afastou-se antes que fizesse algo de que fosse se arrepender depois.
Ele queria contar tudo para Kurt terrivelmente, mas embora ele pensasse sobre isso dia após dia, simplesmente não havia palavras no presente que explicassem como ele se sentia. Ele não entendia nem ele mesmo como um garoto tinha, em um dia, conquistado suas atenções sem nem ao menos saber que o tinha feito.
E com tudo que tinha acontecido, ele simplesmente machucaria Kurt agora; ele tinha certeza de que Kurt não precisava dessa nova complicação. Em seu estado atual, qualquer ação dele seria vista como tomar vantagem da situação. E ele nunca se perdoaria se desse um jeito de ser adicionado à lista de problemas de Kurt agora.
Por enquanto… Eu vou te proteger. De tudo… até de mim.
Blaine sorriu para Kurt.
— … quando você confiar em si mesmo para ser você mesmo de novo.
Kurt levantou os olhos para ele. O sorriso de Blaine aumentou.
— Você deve ser uma pessoa incrível, Kurt, para ter sobrevivido tudo aquilo por tanto tempo. — Ele desviou os olhar, pousando-o sobre o quadro de fotografias. — … eu não durei tanto.
— Blaine…? — Kurt sentou-se reto, olhando-o, a testa franzida em preocupação.
Mas Blaine apenas olhou para ele com a mesma expressão acolhedora.
— Você realmente é muito mais forte do que pensa. Kurt… Coragem também pode ser acreditar em si mesmo para superar tudo e tornar-se quem você quer ser de novo, num momento em que tudo parece estar arruinado. — Ele pegou ambas as mãos de Kurt. — Mas, desta vez… Eu estou com você. Sempre. Como eu disse antes, vou cuidar de você. Tudo bem?
Kurt abaixou os olhos para suas mãos, e então os levantou de volta para o sorriso de Blaine. Ele sentiu os olhos arderem ao se encherem de lágrimas mas seu orgulho as impediu de sair, piscando até que elas sumissem. Ele riu através da névoa nos seus olhos e assentiu.
— É. Tudo bem.
Blaine riu e sorriu para ele.
— Aguente firme.
Kurt apenas riu, secou os olhos e assentiu.
— É quase algo saído de um filme da Julia Roberts — resmungou Wes, revirando os olhos de bom humor lá no corredor, tendo assistido a toda a cena.
David sorriu para ele e então olhou de volta para os dois no quarto de Blaine.
— Vou ter que concordar. Mas eles são quase repugnantemente adoráveis.
— Blaine até que parece feliz. — Evan sorriu, e Ethan adicionou:
— O que é melhor que assistir ele olhando para seu Blackberry esperando por uma mensagem do seu belo belo ninfo.
— Já é oficialmente o belo belo ninfo dele? — perguntou David.
— Não ainda, se o jeito inquieto que eles agem um com o outro serve de dica. E você sabe tão bem quando eu que se Blaine nunca tivesse estado oficialmente "com" alguém, bem… — Wes revirou os olhos. — Ele não estaria tão preocupado agora. — Ele indicou os dois conversando amigavelmente dentro do quarto.
— Ele canta? — perguntou Ethan curiosamente. — Vocês mencionaram que ele era do coral de McKinley.
— O único vídeo que temos de McKinley é daquela garota baixinha de vozeirão cantando solo — comentou Evan. — E o ninfo de Blaine era parte do vocal de apoio.
— Bem, Blaine insiste que ele pode cantar… Eu não sei como ele sabe, sendo que até o Kurt diz que ele nunca ouviu ele cantar. — David deu de ombros.
— Vamos descobrir logo. — Wes assentiu, cruzando os braços, mantendo os olhos no casal no sofá. — Ele vai ter que cantar para Harvey e Medel. Eles decidem.
— Ele vai se dar bem — disseram os gêmeos em coro.
— E como vocês sabem disso? — David ergueu uma sobrancelha.
Evan — ou seria Ethan? — sorriu ao estudar o brilhando sorriso de Kurt ao olhar para Blaine.
— Apenas um pressentimento.
N/T: então, aqui está. Essa fanfiction foi originalmente por CP Coulter. Eu mandei uma pergunta no site dela para saber se ela permite mesmo traduções - tem um link que diz que sim - mas como ela não respondeu, foi postar de qualquer jeito xP Eu já tenho alguns capítulos traduzidos, mas vou postar uma vez por semana (todo sábado) porque os capítulos são grandes e eu não quero deixar ninguém esperando muito. Ouvi dizer que tem outra pessoa traduzindo para o português, mas eu realmente só quero treinar o meu inglês e minha tradução - eu quero ser uma tradutora - então eu realmente não me importo. A história também não está completa, mas assim que a autora terminar traduzo. Por sinal, se vocês encontrarem algum erro, me avisem, por favor, que eu arrumo. Até semana que vem :)
P.S.: se alguém estiver interessado em ver a original, o link é, sem os espaços: http:/www . fanfiction . net/s/6515261/1/Dalton, pela maravilhosa CP Coulter.
Edição: betada por golden stars.
