Título da Fic: Por Estranhas Razões

Título do Capítulo: Filhinho da Mamãe

Autor: Marck Evans

Betas: Ivi e Lili (brigadão, lindas!)

Censura: NC-17

Desafios da Fic: № 9 (Antigos) e № 3, 31, 55 e 85 (Novos)

Desafios desse capítulo: № 3 e 55 (Novos)

Gênero: Romance e Angst.

Par: Harry Potter e Draco Malfoy

Disclaimer: A JK criou os personagens, mas o conceito dela de fazê-los se divertirem inclui apenas enfrentar bruxos das trevas e morrer. Eu pego os coitados emprestados para que eles possam ter outro tipo de diversão. Não ganho grana com isso, mas, em compensação, eu ganho o prazer de conhecer outras pessoas tão pervs quanto eu. :))

Resumo: De formas diferentes, Harry e Draco amadurecem durante a guerra. E eles têm razões muito estranhas para se aproximarem.

Fic escrita para o festslash do potterslashfics - Enderço no meu perfil.

Por Estranhas Razões

Capítulo I - Filhinho da Mamãe

Draco permanecia sentando na cama, com os ouvidos atentos aos passos no corredor. O velho castelo imapeável era a sede momentânea do Lorde das Trevas e seus seguidores, voluntários ou não. Ele havia recebido um quarto próximo ao de Snape e ao de sua mãe, e ordens para não sair dele. Narcissa ainda tinha alguma liberdade, contando que não saísse sem autorização. Draco sabia muito bem que os dois eram virtualmente prisioneiros do Lorde das Trevas, e que as coisas só não estavam piores graças à intervenção de Snape, o atual favorito do Lorde.

Ele e Narcissa estavam sob a proteção do ex-professor, o que era uma humilhação, mas também a sua única e frágil garantia. No entanto, as freqüentes ausências de Snape os deixavam a mercê de algum comensal carreirista. Ninguém faria coisa alguma para ajudá-los depois que ele fracassara em matar Dumbledore, nem mesmo sua tia.

A memória daquela noite, cinco meses atrás, quando ele confrontara Dumbledore no alto da Torre, estava viva em sua mente, e por mais que ele as afastasse durante o dia, elas voltam em seus pesadelos.

Ele reconheceu os passos de Narcissa e já estava de pé quando ela entrou no quarto. A mãe, que tinha ido visitar Bellatrix, não deveria estar de volta tão cedo. Os instintos de Draco detectaram perigo.

-Draco, pegue uma capa e venha comigo. Agora.

-O que houve, mãe? – Apesar do medo e da curiosidade, ele obedeceu imediatamente. Alguma coisa na voz de Narcissa indicava que não era hora para desobediência ou perguntas.

-Não discuta, Draco. Vamos rápido. Temos apenas alguns minutos de vantagem. Nós temos de fugir daqui. – Narcissa pegou uma segunda capa do filho e se encaminhou rapidamente para a porta, enquanto a vestia.

-Fugir? – Draco parou a meio caminho da saída, totalmente aturdido.

Fugir do Lorde? Como? Por mais que quisesse fazer isso, ele sabia que era uma idéia suicida.

-Mãe...

-Ouça bem, Draco, porque não há tempo para explicações. Se não sairmos daqui imediatamente, eles virão atrás de nós. Serei torturada e morta, mas isso não é nada comparado ao que acontecerá com você.

-Snape disse...

-Severus não sabe o que aconteceu. De qualquer forma, não acho que ele poderia nos ajudar outra vez. Ou que ia querer nos ajudar. Vem.

Draco seguiu a mãe pelo corredor vazio. Seguindo o exemplo dela, trazia a varinha na mão, mas escondida pela capa.

Sua mãe obviamente descobrira alguma coisa grave na visita à tia. Grave o bastante para valer a pena arriscar uma fuga. Terrível o suficiente para ela perder a fé na proteção de Snape.

Quase no final do corredor, ouviram passos, e passaram por um grupo de Comensais que conversava e ria. Pelo tom da conversa, Draco supôs que não se tratava de um grupo de busca. Ainda.

Já estavam quase no final do corredor quando viram Snape à sua frente. Pálido e frio, ele parecia estar esperando os dois ali.

Draco ouviu apenas o sussurro de Snape:

-Accio varinhas.

-Severus!

O protesto de sua mãe não pareceu comover Snape, e Draco detestou a sensação de estar desarmado na frente dele.

-Aonde pretendiam ir?

-Severus, por favor. Nos deixe ir. Você não sabe o que aconteceu. Não sabe o que eu tive de fazer.

-Eu já sei o que o Lorde pretende fazer com Draco, Narcissa, mas fugindo assim, vocês estariam se condenando a morte.

-E o que acha que vai acontecer se ficarmos aqui? Por favor, Severus.

Draco tinha a sensação de estar sendo propositadamente ignorado.

-Narcissa, pegue Draco e venha comigo.

-Severus, não, por favor! Não nos entregue ao Lorde.

-Controle-se, mulher.

-Não! Eu não vou deixar Draco cair nas mãos dele!

-Estupefaça.

No átimo de tempo que o feitiço levou para atingi-lo, Draco se admirou da habilidade de Snape em usar duas varinhas ao mesmo tempo.

drarry // drarry // drarry // drarry // drarry // drarry // drarry // drarry // drarry // drarry //

Draco abriu os olhos ao som de vozes discutindo baixinho:

-Ficou louco de vez, Snape?

-Eu não podia deixá-los lá.

-E não podia trazer nenhum deles para cá. É perigoso.

Quando Draco reconheceu a voz do interlocutor de Snape, um leve arfar escapou de seus lábios, atraindo a atenção dos outros dois bruxos.

-De volta aos vivos, Malfoy?

-Potter!

Draco foi ignorado. Potter se limitou a encarar Narcissa.

-Acredito que também já esteja acordada, Sra Malfoy.

Narcissa abriu os olhos em silêncio.

O Garoto-que-insitia-em-não-morrer os olhou seriamente antes de falar:

-As cordas que estão prendendo os pulsos e pernas de vocês são apenas precaução com a qual Snape concordou. Elas impedem que desaparatem daqui. As varinhas de vocês ficam comigo, por enquanto.

Só então Draco se deu conta de que estavam amarrados em velhas cadeiras sujas, no que parecia um depósito trouxa abandonado.

-Snape – Draco encarou o ex-professor -, você nos vendeu para ele?

-Draco. – Narcissa tentou controlar o filho. –, Azkaban ainda é melhor do que poderia nos acontecer se Severus tivesse nos entregado ao Lorde.

-Azkaban? – Potter parecia surpreso com essa idéia. – Eu não vou enviá-los a Azkaban.

-Pretende nos matar, Potter?

-Nesse momento, o que eu pretendo fazer, Malfoy, é apenas entender que confusão é essa. – Potter virou-se para Snape. – Explique-se.

Draco não conseguia entender o que se passava na mente do outro bruxo. Sempre imaginara que Potter o queria morto porque estava envolvido na morte de Dumbledore.

-O Lorde já deve ter decretado a morte deles a essa altura. Eles precisam de abrigo.

-E você quer que eu providencie abrigo para esses dois?

-Exatamente, Potter. Eles são alvos do Lorde das Trevas agora. Pelo que eu sei, é sua função proteger os inimigos dele.

Draco encarava Snape sem entender. Havia uma certa familiaridade no trato dele com Potter. Algo que Draco nunca imaginara que pudesse existir entre os dois.

Na noite em que Snape matara Dumbledore, Potter havia corrido atrás deles, enlouquecido de raiva, e agora eles conversavam como se fossem aliados. Então Draco entendeu: Snape era um espião, não do Lorde das Trevas, mas de Dumbledore.

A realidade o atingiu. O favorito do Lorde estava na posição perfeita para ajudar seus inimigos. Olhou para Potter que discutia com o ex-professor.

-Talvez eu devesse deixar que os Weasley cuidassem deles. Você consegue imaginar o quanto eles adorariam proteger Malfoy depois do que Greyback fez com Bill em Hogwarts?

Draco estremeceu ao lembrar que Greyback estivera se gabando de ter arrancado pedaços de alguém na noite que Dumbledore morrera. Aparentemente, um dos Weasley.

-Não tenho tempo para joguinhos, Potter. Diga logo que vai acolhê-los. Eu preciso voltar para perto do Lorde.

Potter e Snape podiam ser aliados, mas estavam muito longe de serem amigos. Era óbvio, para Draco, que os dois apenas se toleravam.

Potter respirou fundo, com se procurasse se conter:

-Me dê uma razão pra que eu arrisque a vida dos outros para salvar a deles.

Narcissa interferiu:

-Draco só se envolveu nessa história para salvar a família. Ele...

-Sra Malfoy, eu ouvi seu filho se gabando de ser um Comensal vezes demais para acreditar nisso. Eu até admito que no final ele não desejou realmente a morte do Professor Dumbledore, e que gostaria de um jeito de sair do embrulho em que se meteu. Mas só porque percebeu que Voldemort queria apenas ter mais um peão. Me dê uma razão verdadeira pra que eu me arrisque a ajudar vocês.

Narcissa ergueu o nariz:

-Eu não vou me rebaixar implorando, garoto. Prefiro que você nos entregue aos aurores a me humilhar mais ainda.

Draco viu sua mãe lançar um olhar frio na direção de Snape, obviamente culpando-o pela situação degradante em que se encontrava.

Potter sentou-se em uma cadeira baixa exatamente de frente a Narcissa.

-Talvez isso fosse uma solução para a senhora. Mas seu precioso filho estaria morto em algumas horas. O Ministro sancionou uma lei que acelera a execução de Comensais.

-Pena de morte? – Pelo tom da voz de Snape, ele também não sabia dessa nova lei.

-Sim. A lei vai ser publicada amanhã. Nosso pessoal dentro do Ministério nos informou pouco antes de eu vir para cá.

-Scrimgeour é um imbecil.

Potter fez um gesto cansado e disse meio irônico:

-Pelo menos nisso, eu concordo com você, Snape.

-Mas, e Lucius? – A voz de Narcissa soou trêmula no silêncio que se seguiu.

-Provavelmente, terá um julgamento sumário. A menos que consiga comprar alguém, mesmo estando preso. Portanto, Sra Malfoy, nós voltamos ao início: eu preciso de um motivo muito forte para acreditar que não estão agindo a mando de Voldemort.

Draco estremeceu. Ele não se lembrava do pai há algum tempo. Em determinado momento, manter-se vivo e proteger sua mãe tinha se tornado muito mais importante que pensar em formas de tirar seu pai de Azkaban. Ou talvez fosse o ressentimento crescente. Lucius nunca lhe dissera o que era realmente ser um Comensal, o que era ser um escravo do Lorde. Sempre fizera parecer que matar era fácil e natural. Draco andava se perguntando se ele era o fraco, ou se seu pai é que o tinha enganado. E agora Lucius estava por um fio, se não obtivessem ajuda de Potter, eles também estariam praticamente mortos. Viu sua mãe ficar em silêncio, uma máscara de frieza tomando conta de sua expressão. Draco quase podia ver a luta entre o orgulho e o medo.

Ele entendia muito bem como ela se sentia. Eram parecidos. Ele odiava com todas as forças ter de estar sujeito ao Santo Potter. Se não fosse o desespero que vinha crescendo há meses em seu peito, ele teria preferido arriscar suas chances numa fuga. Se não fosse pela segurança de sua mãe, ele não aceitaria depender do maldito Potter.

Então, ela olhou para Draco, e ele soube que ela havia cedido. Por ele. Odiou-se por isso, mas também sentiu uma considerável dose de alívio.

Narcissa estava pálida e sua voz soava monótona e fria quando ela começou a contar:

-Eu matei Bella. Eu tive de matar minha irmã, Potter. E essa é apenas uma das razões pelas quais o Lorde quer nos matar.

Draco olhou para o rosto pálido de sua mãe e soube que era verdade. O queixo dela tremeu levemente, como se tocar no assunto trouxesse seus sentimentos, até então totalmente controlados, à tona. Ela virou-se para Snape:

-Você tinha razão sobre lançar uma Imperdoável. O preço é muito alto.

-Por que, Sra Malfoy? Por que fez isso?

Draco achou que Potter tentava soar gentil, sem conseguir realmente.

-Porque ela não ia me deixar fugir com Draco.

-Narcissa, é melhor contar do início.

Sua mãe encarou Snape em silêncio. Draco a conhecia o suficiente para saber que ela precisava dizer algo doloroso. Não se deixou enganar pelo tom indiferente na voz dela:

-Cerca de um ano antes de Draco nascer, eu fiquei grávida. Eu devia ter uns dois meses de gestação quando houve uma reunião com o Lorde, e todos fomos intimados a ir. Ele estava decidido a punir alguns seguidores que haviam falhado, e todos devíamos assistir, como uma forma de aviso. Em um determinado momento, eu desviei os olhos, ele se irritou e me lançou um Cruciatus. Naquela noite, eu perdi o bebê e nunca mais pude engravidar.

Draco sentiu um arrepio percorrer sua coluna.

-Lucius escondeu da família. Mas ele precisava de um herdeiro, alguém para continuar o nome dos Malfoy. Algum tempo depois, ele me levou para a casa de campo e lá me disse o que tinha feito. Lucius havia encontrado uma trouxa loira, razoavelmente parecida comigo e a havia engravidado. Ele disse que o sangue dos Malfoy era tão puro que o filho dele seria um puro-sangue, não importando quem fosse a mãe.

Draco estava achando cada vez mais difícil respirar. Não podia ser verdade.

-Eu cuidei dela durante a gravidez com a ajuda de uma elfa. Lucius disse a todos que eu estava grávida, mas que desejava ficar sozinha. No início, ela rejeitava a criança. Depois, não. Depois, seu ódio se concentrou em Lucius.

Draco mal sentia seu corpo, era como se estivesse saindo dele, perdendo o contato com a realidade.

-Lucius me prometeu que não a feriria quando a criança nascesse, que apenas apagaria a memória dela e a largaria perto de onde a capturou. Alguns anos depois, eu descobri que ele havia matado a garota.

Draco sentiu seu peito começar a doer intensamente.

-Eu fiz o parto do bebê. Lucius o chamou de Draco. Ele ainda manteve a garota por ali um mês antes de sumir com ela. – Narcissa olhou fixamente a parede, quando deu um pequeno sorriso triste. – Ela tinha olhos cinzentos, como os Black.

Tudo se tornou escuro por alguns minutos até que Draco sentiu que o forçavam a beber um copo de água. À medida que sua visão clareava, percebeu que era Snape quem o auxiliava, tendo sumido com as cordas que o prendiam. Ao lado deles, Potter soltava os pulsos de Narcissa e a ajuda a se sentar.

Snape perguntou:

-Quem mais sabia disso, Narcissa?

-Ninguém, Severus. Apenas eu e Lucius. As regras entre os Malfoy são claras. Apenas os filhos legítimos e de sangue limpo podem herdar. Qualquer outro é deserdado e expulso da família.

-Se só você e Lucius sabiam, o que aconteceu?

-Hades Malfoy descobriu. Ele seria o herdeiro de Lucius, no caso de não termos filhos. Não sei porque ele desconfiou. Aparentemente, usou algum feitiço de família e descobriu que Draco não tem sangue Black. Então, ele usou veritaserum em mim e descobriu o resto da história. Ele se dispôs a servir ao Lorde se Draco lhe fosse entregue. Foi assim que Bella ficou sabendo.

Draco se lembrava das histórias sussurradas sobre o primo Hades. Em especial, seu gosto por garotos jovens que acabavam mortos depois de algum tempo.

-Quando fui visitar Bella, ela me confrontou. Me chamou de traidora do sangue. Disse que Draco merecia o que quer que Hades fizesse com ele. Foi quando eu descobri o acordo entre Hades e o Lorde. Eu implorei que ela nos deixasse fugir. No final... No final, eu tive de matá-la.

Draco tentava assimilar o que sua mãe dissera. Ele não era filho dela. Não era um Black, nem mesmo um puro-sangue. Era um bastardo mestiço. Seu sangue não era limpo. Ele tinha o sangue de uma trouxa nas veias. Ele era um mestiço. Um nojento e conspurcado mestiço.

Houve um breve silêncio cheio de tensão até que Potter, parecendo convencido, disse:

-Vou chamar Lupin. Pelo menos, ele não vai pular no pescoço de nenhum de vocês antes de ouvir uma explicação. Vou pedir que me ajude a encontrar um esconderijo onde eu possa deixá-los.

-Qual o preço dessa ajuda, Potter?

Por um instante, Draco achou que Potter responderia a pergunta de sua mãe com um sonoro "nenhum", mas o bruxo pareceu mudar de idéia:

-Informações. Todas as que vocês puderem dar. Sem sonegar nada, sem esconder para depois usar como barganha.

-Certo.

Com um aceno de cabeça Potter se afastou em direção à janela. Só então Draco se atreveu falar:

-Sou filho de uma trouxa?

Narcissa empalideceu.

-Meu filho, eu ...

-Eu não sou seu filho! – Ele se afastou, e parou de costas para ela, fixando o olhar em uma pilha de caixotes vazios. - Eu não sou nada seu.

Narcissa se calou, assumindo a expressão distante que indicava que ela não iria discutir o assunto na frente de estranhos.

Draco queria sumir dali. Sumir de perto da mulher que o mimara toda a vida, da mulher que ele admirava. Ela não era nada dele. Era só uma estranha que não podia ter filhos. Draco se sentia sujo, pequeno. Um reles mestiço sem tradição, sem família. Um bastardo sem direito a herança.

Toda sua vida havia sido uma fraude e ele fora desmascarado na frente de Potter. Novamente fora humilhado na frente do outro bruxo. O desgraçado mais uma vez o derrotara sem esforço, sem nem mesmo se importar. Tão facilmente que nem se dava conta.

Quando ouviu Potter se aproximando, Draco teve a sensação de que, enfim, o destino tivesse batido o último prego em seu caixão.

Continua

Respondendo ao desafio novo de número 3 - Narcissa Malfoy seria capaz de fazer qualquer coisa para proteger seu único filho. Qualquer coisa mesmo. Desafio proposto pela Ivi

Respondendo ao desafio novo de número 55 - Draco sempre se orgulhou de ser Sangue Puro. Narcissa nunca pôde ter filhos. Lucius engravidou uma vítima trouxa. Bônus se Draco não for nem filho de Lucius. Desafio proposto pela Paula Lírio.