BAD BOY
Traduzida em: 06/07/2010
Autora: Tabitha – weareinnocent
Sumário: Quando o mal compreendido Pierre decide mudar de escola depois de finalmente sair da prisão, tudo o que ele quer é conseguir seu diploma (o primeiro em sua família a fazer isso) sem se distrair ou causar maiores danos a si mesmo ou a outra pessoa. Mas o tagarela David vai entrar no caminho, e possivelmente arruinar as chances de Pierre evitar hábitos antigos...
Capítulo 1: I'm The Son Of Rage And Love
O som da porta sendo aberta trouxe Pierre de volta ao momento presente. Seus dedos pararam de tamborilar sobre a mesa de madeira e seus olhos finalmente foram para algum lugar, que não o único anel em seu dedo anelar direito. Seu rosto estava branco, frio, inexpressivo. Era melhor dessa maneira. Não é como se existisse alguma emoção dentro, de todo modo. Ele tinha crescido para ser dessa maneira nos últimos anos. O capuz de seu moletom estava sobre sua cabeça, quase escondendo seus olhos, enquanto sua cabeça estava inclinada para frente, a mente quase tão em branco quanto sua expressão facial.
Richard Grant entrou pela porta. Ele e Pierre tinham se encontrado uma vez. Ele acontecia de ser o defensor público de Pierre. O homem tinha comiseração por Pierre, por algum motivo, e decidiu que seria seu novo Senhor e Salvador. Pierre era grato, mas não tinha certeza do por que esse cara estava tão desejoso por lhe ajudar. Pierre certamente não teria se ajudado, se estivesse na posição de Richard. Ele teria, na verdade, deixando-o em algum lugar onde ele pudesse criar mais destruição.
Ele era bom nisso.
O único som no cômodo todo era dos passos dos novos e extravagantes (sem dúvidas um Armani, aquele bastardo rico) sapatos de Richard, que sempre estavam limpos. O olhar de Pierre estava focado na mesa à sua frente, sem realmente querer falar com Richard nesse momento. Ele podia, também, tê-lo jogado de volta para a cela. Ele estava bem lá. Sem causar danos à ninguém, a não ser ele mesmo. Bem, ele tinha se metido em algumas brigas com os outros presos, mas fora isso, o único dano que ele tinha causado era mental e emocionalmente. Tudo nele mesmo.
Então, ele tinha conseguido fiança de mil dólares e foi forçado a passar os últimos dez meses dos seu dezessete anos num reformatório? Ele estava saindo hoje. Ele não queria falar sobre isso. Ele só queria deixar isso para trás; esquecer de toda essa bagunça e continuar com sua vida. Foi só um delito leve. Um acidente. Infelizmente, o juiz não viu desse modo. E não ajudou que Pierre não pudesse pagar um advogado.
A coisa estúpida era: Pierre podia ter saído bem mais cedo. Mas ele não tinha dinheiro, e ninguém que ele conhecia tinha, então sair sob fiança teria sido bem complicado. Infelizmente para ele, Richard só apareceu oito meses depois de Pierre ter sido posto atrás das grades. Então, agora, ele estava saindo só alguns meses antes do previsto. O que era melhor do que não sair absolutamente.
Richard colocou o arquivo de Pierre na mesa, chamando brevemente a atenção de Pierre, mas então seus olhos voltaram para onde estavam antes. "Foi um ano dos infernos, não foi?" Richard disse com seu forte sotaque inglês, uma risada meio afetuosa escapando por seus lábios. Pierre não disse nada, entretanto. Nem riu. Richard suspirou, as mãos sobre a mesa, enquanto se inclinava e olhava para Pierre, que estava de cabeça baixa. "Ouça, você podia falar algo. Eu estou te tirando da prisão. Eu não mereço, talvez, um 'obrigado' ou um 'eu sou muito grato a você, Richard, por ser tão mente aberta em relação a mim'?"
Pierre finalmente o olhou. "Por que eu deveria? Você só fez isso, por que eu sou o único que não te responderia mal."
"Bem, você está fazendo um ótimo trabalho nisso agora." Richard retrucou. "Eu podia, facilmente, deixá-los te jogar de volta àquela cela. Você parece se esquecer que eu vi sua inocência, que é o motivo por que eu escolhi pegar seu caso." Pierre deu de ombros e olhou para baixo novamente, os dedos batucando uma música do MxPx, enquanto Richard continuava. "O tribunal determinou que você ficasse aqui do dia dezenove de novembro do ano passado, até o dia dezenove de outubro desse ano. Ainda é vinte e um de agosto. Você não está feliz por estar saindo quase dois meses e meio antes?"
Tudo o que Pierre fez foi dar de ombros. Ele não realmente não se importava. Ninguém ao seu redor tinha esperanças de que ele fosse ficar fora da prisão por muito tempo.
"Você mesmo disse, Rich," ele falou em um tom monótono, incomodado e cínico. "Há uma chance bem grande que eu termine aqui de novo." Ele olhou para o homem. "Então, não," ele balançou a cabeça. "Eu não estou feliz." Ele finalmente abaixou o capuz do moletom. "Se, aparentemente, eu vou voltar logo, qual o sentido em sair?"
Um papel foi retirado da pasta sobre a mesa, e Richard o estendeu para Pierre ver. Assim que Pierre viu, ele abaixou a cabeça novamente, rindo guturalmente e balançando a cabeça. Tinha o irritado ver essa foto. "Vê isso?" Richard perguntou, segurando a foto de Pierre. "Esse é Pierre Bouvier, dezessete anos. Ano passado. Agora esse Pierre Bouvier tem dezoito anos, ele não vai acabar em uma dessas fotos de novo, vai? Não. E você sabe por quê? Por que eu acredito que ele tem potencial para fazer melhor do que passar o tempo com punks que foram longe de mais, e não têm esperanças."
"Eu sou um desses punks, e você sabe disso. Você vem dizendo isso desde o começo." Pierre murmurou.
"Pierre, eu tenho uma fé tremenda em você." Richard disse, colocando a foto de volta dentro da pasta e a fechando. "Eu acho que você é um homem brilhante e você pode ser o que você quiser ser. Mas você não vai conseguir fazer isso se você decidir usar as desculpas de 'eu acho que eu já era'. Certo? Agora vamos sair desse lugar e ir para casa. E eu não te quero ver nem perto desse lugar novamente, especialmente enquanto em condicional."
Pierre sorriu afetadamente. "É, obrigado pela lição de vida, senhor Grant. Eu vou me certificar de lembrar que eu vou acabar na rua, por que ninguém vai me contratar por causa da ficha suja." Ele murmurou, balançando a cabeça e começando uma música nova – Blink 182 dessa vez – com seus dedos na mesa de madeira.
"Vamos lá, seu pessimista, você tem você tem sorte por estar saindo. Você tem sorte por que eu me preocupar o bastante com você, para te tirar daqui sob fiança." Richard disse. "Vamos. Eu te levo para casa, se você precisar."
Levantando-se, Pierre colocou o capuz novamente, fechando o zíper do seu moletom, cobrindo a camiseta do Plain White T's que usava. Ele não respondeu a pergunta de Richard, entretanto. Richard abriu a porta para ele, e Pierre saiu na frente. Eles saíram pela porta da frente, e Pierre piscou sob a luz do sol, sob a qual ele não ficou muito nos últimos dez meses. O máximo que ele teve foram quatro paredes de concreto e luzes no teto. Ele não tinha saído muito. O que era mais sua decisão, do que a de qualquer outro.
Pierre parou nos primeiros degraus, quando ele notou que estava realmente quente do lado de fora, sendo um dia de agosto, e era apenas por volta das duas da tarde. Então, ele tirou o capuz e abriu o zíper do seu moletom de novo, percebendo que era uma estúpida idéia tê-lo fechado, em primeiro lugar. Ele desejou que ele tivesse seu maço de cigarros consigo, mas ele o tinha perdido enquanto dentro da prisão.
A porta de vidro do prédio se fechou e Richard apareceu ao lado de Pierre. "Então," ele disse. "Você quer uma carona para casa, ou precisa usar meu celular para ligar para alguém vir te buscar?"
"Não," Pierre balançou a cabeça. "Eu vou andando. Não é muito longe, e eu preciso parar na loja."
Richard pegou sua carteira e ofereceu uma nota de dez dólares para Pierre. "Aqui. Eu sei que você não tem dinheiro." Falou.
Pierre balançou a cabeça novamente. "Eu não preciso do seu dinheiro." Respondeu. "E não se preocupe, eu não vou roubar nada. Eu recebi meu dinheiro de volta." Richard ainda insistiu que ele aceitasse o dinheiro, então Pierre apenas pegou a nota para calá-lo. Ele a colocou no bolso da sua calça e desceu alguns degraus. "Uh, até depois, Rich." Falou, mas quando ele ia embora, ele sabia que ele tinha que dizer algo mais. Então, ele parou e se virou para falar brevemente, "Uh, obrigado."
Ele assentiu, acenando para Pierre. "Sem problemas. Fique fora de problemas, garoto." Ele disse, enquanto Pierre começou a andar pela calçada. Ele correu uma mão pelo seu cabelo bagunçado, enquanto seus pés se arrastavam pelo chão. Sua cabeça estava abaixada, como ele usualmente andava. Sua casa era apenas uns cinco quarteirões dali. Ele provavelmente conseguiria chegar antes de escurecer. Se ele conseguisse passar pela parte 'boa' da cidade, enquanto ignorava as pessoas convencidas da 'classe de cima' lhe lançando olhares sujos. Ele estava acostumado a isso, entretanto.
Felizmente, ele não vivia realmente nessa parte boa da cidade. Ele vivia na parte ruim, e era um lugar que ele podia realmente tolerar, embora ele preferisse não estar dividido entre partes da cidade desse modo.
Um quarteirão longe da prisão havia uma loja de variedades. Felizmente, Richard tinha lhe dado o dinheiro. Pierre sabia que não tinha o bastante, e estava planejando pedir na rua de algum modo, enquanto ele era grato pelo que Richard tinha feito. Mesmo que ele não tivesse certeza de que suas intenções eram completamente gentis. Pierre tinha certeza de que Richard não tinha fé em si. Ele tinha que agir desse modo em sua direção. Nada disso era genuíno. Nada era genuíno. Cara, Pierre tinha aprendido isso.
Ele entrou na loja de esquina e recebeu um olhar da pessoa que estava saindo. Qual era seu problema? Um adolescente não podia entrar em uma loja sem ser olhado como se fosse seqüestrar o lugar? Pierre apenas ignorou e andou até o balcão, onde ele pediu um maço de cigarros, tendo que mostrar seu documento para poder comprar. Isso era estranho, por que ele nunca realmente comprou cigarros com seu próprio documento. Ele fez dezoito na prisão, então antes disso, ele sempre tinha que mostrar um documento falso para comprar esse hábito sujo que tinha adquirido há um pouco mais de quatro anos.
Assim que ele saiu, ele saiu da frente da porta, e se escorou na parede. O sol estava brilhando do outro lado do prédio, então uma sombra estava do seu lado, deixando Pierre em um pouco de escuridão, mas estava fresco ali, então ele estava bem.
Na prisão, ele tinha entrado em vários jogos de poker por cigarros, então ele achou que teria alguns quando saísse. Mas ele tinha perdido mais do que ganhado, e os únicos que ele tinha, ele já tinha fumado, enquanto ele sabia que teria que comprar um maço assim que saísse. E inalar os tóxicos que lhe davam satisfação em sua vida tísica, estressante e deprimente. E isso pode ter soado um pouco melodramático, mas era verdade. Tísica, estressante e depressiva eram algumas palavras para descrever a vida de Pierre Bouvier.
Enquanto ele continuava a andar, sua mão livre foi parar no seu bolso; a outra tirando o cigarro da sua boca para que ele pudesse bocejar. E isso não era apenas por causa da falta de sono que ele teve na cela. Pelos últimos oito anos da sua vida, seu padrão de sono tinha sido... Errado, para dizer o mínimo. Por que, por mais que Pierre odiasse pensar nisso, foi quando tudo (e isso era tudo) desmoronou.
Antes disso, Pierre teve o que ele estava certo de ser a família perfeita, feliz, da classe trabalhadora. Eles eram funcionais, eles eram saudáveis, eles eram amigáveis com todos os seus vizinhos. Pierre era um aluno que só tirava dez e se dava bem com todo mundo na escola. E isso era excelente.
Michelle Bouvier, o pai de Pierre, trabalhava numa oficina mecânica que ele era o dono (Bouver Body Shop & Towing) não muito longe da casa. Sarah, sua mãe, trabalhava como gerente no mercado local. Johnny, seu irmão mais velho (três anos mais velho) era seu melhor amigo. Até aquela tragédia de quebrar o coração, no dia vinte e um de fevereiro, antes de Pierre fazer onze anos, mudar tudo. De várias, várias maneiras.
Quando Pierre tinha dez anos – o que fazia Johnny ter treze – o pai deles morreu de câncer de pulmão. Talvez fossem os dois maços por dia, desde que ele tinha quinze anos, que tinha feito isso. Ele tinha apenas quarenta e nove anos quando isso aconteceu. E isso devastou a família toda. A perda era algo que ninguém conseguia lidar. A oficina foi fechada, o mundo deles foi fechado, e eles caíram do radar popular de Montreal.
Sarah foi demitida do mercado, e eles quase perderam a casa. Mas ela rapidamente conseguiu dois empregos para garantir que tivesse dinheiro o bastante. Um dos trabalhos era na lavanderia do centro, o segundo era em outra loja. A loja de hardware dessa vez. Mas a maior mudança tinha que ser o súbito vicio dela em droga/álcool e a necessidade de se prostituir para todos os imprestáveis desse lado da cidade. Ninguém sabia sobre isso, entretanto. As pessoas comentavam sobre como ela parecia 'diferente', mas nunca realmente se importavam em adivinhar se ela tinha um problema. Ninguém se importava mais com a família Bouvier.
Pierre culpava esse fato de ser o porquê ele entrou nas mesmas coisas. Ele era outra mudança drástica na família. Depois de alguns poucos anos de luto, ele encontrou uma vazão para aquele vazio dentro dele. Drogas. Um antigo 'amigo' da Beaubois High School o apresentou à maconha primeiro, e isso começou tudo. Ele se envolveu com péssimas pessoas e péssimas situações. Álcool, drogas, notas ruins (isso não importava muito para ele) e vandalismo. E uma péssima experiência o jogou direito para a cadeia. Mesmo que não tivesse sido intencional.
Seu irmão, Johnny, entretanto, não foi pelo mesmo caminho. Ele parecia prestes a desmoronar (ele fumava, mas Pierre não tinha certeza se ele fazia algo mais sério), mas então ele decidiu largar a escola e sair de casa. Ele encontrou para si um apartamento no centro da cidade, perto da oficina dos Bouvier. Antes disso, ela estava fechada por cinco anos. Assim que Johnny fez dezoito anos, ele a abriu novamente e a tinha funcionando desde então.
Ele era o único da família que não 'estava acabado'. Ele raramente entrava em contato com Sarah ou Pierre, o que meio que machucou Pierre. Mas, hey, dor não era nada para ele. Se ele conseguiu resistir à brigas de punhos com os outros detentos da prisão, ele era capaz de resistir a algo como sua família estúpida e quebrada.
Em uns quinze minutos, Pierre finalmente chegou em casa. A casa que ele tinha visto tantas vezes, mas ainda assim parecia tão diferente. Ele não tinha estado lá em dez meses, afinal. Ele sabia que seu pai iria se revirar na cova se pudesse ver o estado da casa. Estava suja, incontrolável, e um completo chiqueiro. Parecia com o resto do lixo que esse lado da cidade parecia ter. Não era tão ruim há oito anos. Parecia ter ficado pior. A maioria culparia Pierre por isso.
Ele entrou na casa, sendo recebido pelo forte cheiro de cigarro. Seu próprio cigarro já tinha terminado há um tempo, tendo sido jogado lá fora em algum lugar. Ele ia acender outro quando ele entrou, mas sua mente foi distraída pela mulher apagada no sofá. A mulher apenas acontecia de ser sua mãe.
A televisão estava ligada e havia garrafas por todos os lados. Mas não eram todas de hoje, ele sabia. Talvez apenas algumas poucas fossem. O cinzeiro estava cheio, com um cigarro pela metade descansando na borda. Pierre suspirou e andou até lá para pegar quantas garrafas ele conseguisse de uma única vez. Ele foi para a cozinha, para deixá-las sobre o balcão próximo a pia. Ele estava acostumado a essa tarefa. Ele desejou silenciosamente que ele pago por todas as vezes que ele tinha que limpar a bagunça dela. Bem, parte da bagunça era dele, ele não podia negar.
A cozinha podia ser vista da sala, então quando a mãe de Pierre acordou, apenas cinco minutos mais tarde, ela viu Pierre, que tinha estava procurando por algo para comer na geladeira. Algo bom, não a merda da prisão. "Pierre?" ela falou, grogue e como a puta sórdida que tinha virado. Especialmente enquanto bêbada. "Que infernos você está fazendo aqui? Eu pensei que você ainda estava atrás das grades. Eles te soltaram?"
Pierre pegou algumas fatias frias de pizza de pepperoni da geladeira. "Sim, sem qualquer ajuda sua." Falou. "Eu devia ter sabido que você nunca ia sair de cima da sua bunda e apenas iria me deixar apodrecer lá."
"Não fale comigo desse jeito. E você não acha que você merece essa porra?"
"Legal." Ele falou, lançando-lhe um olhar sujo, antes de atravessar o corredor e ir para seu quarto. Ele abriu a porta coberta de adesivos e grafites do não-tão-grande quarto, que continha apenas uma cama, uma escrivaninha bagunçada, pôsteres nas paredes, e uma bagunça enorme por todos os lados. Ele tirou algumas roupas sujas de cima da sua cama, então se sentou, as costas apoiadas na parede.
Pierre notou algo nos últimos meses, que ele estava na prisão (ele demorou tudo isso para perceber isso). Ele tinha mudado. Ele tinha planos para quando saísse de lá. Ele ia se limpar, largar as drogas, a bebida, o mau comportamento e, finalmente, continuar sua vida. Ele ia voltar para a escola. Isso mesmo. Ele ia ligar amanhã para se matricular, por que ele jurou para si mesmo naquela cela de prisão, que era isso que ele ia fazer assim que saísse. Pierre Bouvier ia ser o primeiro em sua família a receber o diploma do colegial.
Mas ele não ia voltar para a mesma escola. Isso seria estúpido. Aquelas influências foram o que arruinaram as coisas antes. Não mesmo que ele ia deixar acontecer de novo. Se ele ia mesmo fazer isso, ele precisava mudar o cenário escolar. Então, do outro lado da cidade, havia uma escola (dava para ir andando), uma escola pública, Montral District High School. Ninguém o conhecia lá, desde que ficava do outro lado da cidade do Beaubois. Podia ser um novo começo. Ele teria que fazer o terceiro ano tudo de novo, mas não era uma coisa tão ruim.
Então, enquanto Pierre ficou sentado lá, ouvindo MxPx no seu som velho e ruim, tudo no que ele pensou foi no seu plano. O plano para as próximas semanas, antes que as aulas começassem.
Qualquer que fosse o plano tinha que ser melhor do que o que ele estava fazendo agora.
[...]
As crianças usualmente se sentem estranhas quando voltam para a escola, depois da pausa de natal ou depois das férias de verão; eles têm problemas em voltar para o ritmo da escola. Mas Pierre não tinha estado dentro de uma escola desde o começo de novembro do ano passado. Então, entrar em uma escola com pessoas limpas e sem cheiro de cigarro e sangue, era estranho. Eles todos estavam sorrindo, eles todos estavam limpos, e eles todos agiam como adolescentes normais. Ao contrário do adolescente que Pierre vinha sendo desde que virou um.
Como esperado, Pierre se sentiu inconfortável quando ele andou até os portões da frente da escola, que estava quase bloqueado por todos os tipos de adolescentes parados por todos os lados e conversando, provavelmente estando separados o verão todo. (Ou provavelmente não. Sabe, vários adolescentes pensavam que não ver seus amigos por alguns dias era uma eternidade). E isso não era apenas por estar voltando para a escola. Ele estava voltando para uma escola completamente diferente. Onde ele era um rosto novo e, por sua experiência no Beaubois, ele sabia que carne nova era a diversão deles.
Ele tirou o seu capuz, enquanto passava pelas portas de madeira da escola, para dentro de um corredor que ele tinha visto apenas uma vez. Quando ele se matriculou nesse lugar há algumas semanas. Estava um pouco cheio, mas provavelmente era por que a escola não era grande. Nem sequer tinha um segundo andar, ao contrário da Beaubois. Mas, hey, não havia nada de errado em ser menor. Isso provavelmente significava que era mais integra; amigável, como uma família.
A primeira semana passou bem. As salas eram legais e pequenas, boas o bastante para se aprender. A comida da cantina não era tão ruim quanto esperado. Um pouco pior que a do Beaubois, mas pelo menos comível. E mesmo que ele não quisesse ir à cantina, tinha uma lanchonete popular no fim da rua, que os adolescentes iam quando cansavam da comida da escola. Pierre ainda tinha que ir, mas ele entreouviu isso de algumas pessoas, enquanto estava na biblioteca.
Pierre ainda tinha que encontrar alguém com quem ele pudesse fazer 'amizade', mas então ele percebeu algo. Ele não queria amigos. Por que ele ia querer amigos, se sua única meta era terminar a escola? Amigos o tinham impedido de ser formar antes. E Pierre sabia que os únicos amigos que ele iria atrair seriam exatamente as pessoas com quem ele não queria passar mais o tempo. A prisão realmente abriu seus olhos para o fato.
Aquela sexta-feira, Pierre entrou na escola com a mente um pouco aberta. Ele estava feliz que tinha conseguido ir a semana toda, sem se meter em uma briga ou matar aula. Mas se é bom demais para ser verdade, provavelmente não é.
Quando ele andou até seu armário, ele notou algo diferente nele. E suas esperanças caíram, quando ele viu o que tinha sido feito. Por seu armário, com tinta spray, estava escrito 'Pierre é foda!'. Quem tinha feito isso no seu armário? E era o plano perfeito também, quem quer que tenha feito isso. Ao invés de escrever 'Pierre é um merda!' – o que teria deixado óbvio o fato de que outra pessoa fez isso – a pessoa escreveu 'Pierre é foda!' para fazer parecer que Pierre tinha feito isso. E Pierre só tinha uma idéia de por que alguém faria isso. Trote. Bem, seus pensamentos sobre essa amigável escola tinham, certamente, mudado.
Ele chutou levemente seu armário, aborrecido, então o abriu. Mas bem quando ele jogou sua mochila lá dentro, ele ouviu a voz do direto Roberts soar pelo sistema de som. Assim que ele ouviu seu próprio nome, ele fechou o armário, se escorando nele, um suspiro desapontado deixando sua boca.
Ele recebeu algumas risadas e olhares das pessoas ao redor, que claramente viram a 'obra de arte' em seu armário, e isso fechou sua mente novamente. O que a abriu, em primeiro lugar, foi a mesma razão pela qual a fechou novamente.
Com sua cabeça abaixada, ele andou até a sala do diretor. Onde ele recebeu uma semana de detenção pelo que 'ele' tinha feito. Desde que Pierre não levava jeito com as palavras, ele não sabia como provar que não tinha sido ele, então foi culpado pela coisa toda. Ele não se importou, entretanto. Detenção não era a pior coisa. A punição era de limpar tudo, mas isso não ia realmente afetar seu trabalho escolar, de todo modo, que era no que ele estava mais focado.
Então, começando na segunda-feira, Pierre tinha que cumprir sua detenção no período do almoço daquela semana. Quando segunda-feira chegou, as pessoas pararam de rir de Pierre, e o trote estava completo. Eles não se importavam mais. Eles tinham feito o que queriam com ele. Na hora do almoço, ele andou até a sala 214, onde os alunos ficavam para a detenção. Ele atravessou a sala como um estranho, e se sentou no canto do fundo. Um lugar onde ele podia ser ignorado por todos.
Ele apoiou sua cabeça na sua mão direita e olhou para a mesa, onde seus dedos começaram a desenhar formas aleatórias. Até agora, seus planos de não se meter em problemas tinham sido arruinados. Ele ainda estava firme academicamente, então isso era tudo o que importava para ele. Ele não se importava se ficasse de detenção todos os dias. Se ele conseguisse manter suas notas, pelo menos, na média, então ele teria alcançado sua meta.
Uns quinze minutos depois de Pierre ter se sentado, a porta se abriu novamente e um garoto pequeno, fino e de cabelos escuros, vestindo uma camiseta social entrou tropeçando na sala, soando como se ele estivesse apressado e murmurando 'desculpe' a cada cinco segundos. Ele se desculpou mais algumas vezes para o professor que os observava, também, antes de procurar por um lugar. A sala estava bastante cheia, então os únicos lugares vazies eram perto de Pierre, à sua esquerda. Ótimo.
O garoto se sentou na cadeira ao lado da de Pierre, respirando fundo e olhando para Pierre. "Eu nunca fiquei de detenção antes." Ele disse. Pierre não sabia como responder, então ele não o fez. "É por que eu disse a palavra 'foda' para o professor, pelo que eu teria me livrado exceto que aquele diabo de professor me odeia. O Senhor Ritman, você o conhece? Idiota, é o que ele é."
Sem nada a dizer sobre o jeito que esse garoto estava falando, Pierre apenas alternou seu olhar da mesa para o (sem duvidas, hiperativo) garoto sentado lá, brincando com um bracelete que ele tinha no pulso direito. O professor os mandou ficar quietos, embora fosse mais o menor. "Sem conversas!" o garoto ao lado de Pierre apenas girou os olhos perante a figura de autoridade à frente da sala e batucou na mesa com seus dedos, um pouco impaciente. Esse professor era um 'diabo', também?
Ao invés de seguir a ordem do professor, o garoto apenas abaixou o tom de voz e continuou falando com Pierre. Mas Pierre não entendeu o motivo, por que ele estava tentando deixar claro para o garoto que ele não queria falar nesse momento. Ele nem estava olhando para ele, então por que ele assumiria que ele estava a fim de conversar? "Por que você está aqui?" o garoto perguntou. Pierre não respondeu. "Oh, desculpe. Eu não me apresentei. Eu sou o David. David Desrosiers."
O garoto ofereceu sua mão para Pierre, o que deixou além de 'desconfortável'. Por que ele estava agindo assim? Ninguém tinha interagido com ele ou agido de tal forma. Depois de uma breve pausa, Pierre apertou a mão do menino brevemente, apenas para ser educado. Era rude deixá-lo sem resposta dessa maneira. "Pierre." Disse numa voz baixa e inexpressiva. Ele não queria expressar nenhuma emoção para o caso de 'David' entendesse errado. Ele estava ficando com a sua regra de 'sem amigos'.
"Sem sobrenome?" David perguntou, enquanto afastava a mão e tirava uma mecha de cabelo da frente dos olhos.
"Bouvier." Pierre respondeu. Ele não olhou para David. "Pichação. É por isso que estou aqui."
David apenas piscou, como que tentando se lembrar de ter feito essa pergunta. Então, ele pareceu se lembrar e apenas assentiu. "Oh." Falou. "Eu nunca te vi por aqui antes. Acabou de se mudar para Montreal?"
Pierre balançou a cabeça. "Transferido de Beaubois." Isso era só um pouco mais de informação do que Pierre tinha planejado dividir com qualquer aluno dessa escola. O que mais ele ia dizer? O tamanho do seu pênis? Não mesmo que ele ia dar mais informações sobre si mesmo. Ele preferia muito mais apenas deixar David tagarelar, o que ele parecia saber fazer tão bem.
"Você sempre morou em Montreal?" David perguntou. Pierre assentiu levemente. Outro pedaço de informação. Só mais um pouco e David ia pensar que eles eram melhores amigos. Antes que David pudesse falar mais alguma coisa, o professor os interrompeu com mais um aviso para que parassem de falar. David apenas abaixou ainda mais sua voz. "Primeira semana na escola e já está na detenção? Não é muito bom para sua reputação, se você tem uma."
O professor interrompeu. Felizmente, por que Pierre não queria ter que responder ao que David disse. Passar a primeira semana em detenção já era comum para ele. Exceto que dessa vez não era sua culpa. Dessa vez, na escola, Pierre ia sem uma 'briga' ou uma série de 'suspensão' no seu histórico. "Senhor Desrosiers, por favor, troque de lugar com o senhor Michaels." Tudo o que David murmurou foi um 'desculpe' para Pierre, antes de trocar de lugar com o outro garoto.
Pierre apenas ficou sentado lá, extremamente desconfortável, enquanto o outro garoto se sentava na cadeira antes ocupada por 'David' e ignorou Pierre do jeito que ele queria. Graças a Deus. Ele definitivamente podia continuar sem ter de lidar com David, ou com alguém parecido com ele, nessa escola.
Esse era seu lugar para se limpar, e ele ia fazer isso. Ninguém o deixaria em dúvida, mesmo que todos duvidassem dele. Ele ia provar que eles estavam errados.
Demorou mais quarenta e cinco minutos até eles serem liberados da detenção. Pierre pegou sua mochila e a pendurou nos ombros. Ele não fez contato ocular com ninguém na sala, enquanto ele saia, arrastando os pés pelo corredor, embora um pouco mais lento do que ele gostaria.
Mas, é claro, ele não foi rápido o bastante. Quando ele estava prestes para virar a esquina do corredor para ir para as portas da frente da escola, ele ouviu a voz de alguém chamá-lo de trás. "Hey!" a voz chamou. "Hey, Bouvier! Espera!" merda. Pierre, relutantemente, diminuiu para que David pudesse emparelhar com ele. "Nós não conseguimos conversar direito lá."
As mãos de Pierre estavam nos bolsos do seu moletom, enquanto ele assentia. "Bem, isso é a detenção." Ele murmurou.
"Eu sei, mas eu não tive muita das minhas perguntas respondidas."
"Eu não gosto realmente de responder." Pierre disse honestamente, os olhos fixos em qualquer lugar que não David.
"Bem, eu sou uma pessoa que gosta de perguntar." David disse. "Talvez pudéssemos sair alguma hora e minhas perguntas pudessem ser respondidas? Ou você não gosta de sair?"
Pierre deu de ombros. "Eu saio." Ele disse. Ele estava prestes a dizer 'mas não com você', mas achou que isso só soaria cruel, então não o fez.
David sorriu e Pierre viu isso pelo canto dos olhos. "Mas e se eu pagar pelas vitaminas que podemos beber essa sexta-feira?" David sugeriu com um tom esperançoso em sua voz. "Eu tenho a sensação de que você é o tipo de cara que gosta do sabor morango com banana."
Enquanto eles finalmente saiam pela porta da frente da escola, Pierre deu de ombros. "Eu acho que não." Falou, balançando a cabeça levemente. Eles pararam uma vez que alcançaram a calçada e se viraram para olhar um para o outro, mesmo que Pierre não quisesse. "Olha, você é um cara legal, David. Bem, pelo que eu aprendi na quase uma hora que te conheço. Mas... Você não quer se envolver comigo. Eu não o tipo de cara de quem você quer ser amigo."
David colocou as mãos nos bolsos do seu jeans apertado e deu de ombros. "Eu não tenho problemas com caras que gostam do sabor morando com banana." Ele brincou. "Pessoalmente, eu gosto de blueberry, mas..."
"David!" Pierre o interrompeu e os olhos de David se arregalaram em choque. "Desculpe, mas eu estou falando sério. Nada de bom vem de estar perto de mim. Você vai ficar bem melhor se sair com seus próprios amigos." Ele falou e se virou para começar a ir embora.
Ainda assim, David falou mais alto para que Pierre pudesse ouvir. "Mas e se eu não tiver amigos?" perguntou.
Honestamente, ele estava indo por esse caminho patético? Como se Pierre realmente fosse suposto a acreditar que ele não tinha nenhum amigo? Ele falava tanto, que ele podia convencer um cara a matar o primeiro ministro e se jogar na Catarata de Niágara em um barril. Ele definitivamente podia convencer alguém a ser amigo dele. Pierre se virou, mas não parou de andar. "Desculpe, David. Você está fazendo a escolha certa ao não se envolver." Então, se virou novamente e virou a esquina da escola.
