Romance Anacrônico.
Disclaimer: Code Geass não pertence a mim, mas a Cornelia sim!
Autora: Jeenn – Senju Yume.
Capitulo Um: E Ela era tão...
"Houve uma época em que eu me contentava com um simples olhar, mesmo que este fosse antecedido de alguma ordem barbaria. E naquele tempo me regozijava com qualquer pequeno toque. Era um romântico incurável a procura da dama perfeita para suas poesias no mais alto calar da noite que esconderia com afinco para não mostrar fraqueza. Afinal, um soldado tem de ser bruto. E ouvi certa vez, que brutos também amam. Naquele tempo eu poderia me aproximar sentindo meu peito apertar e ainda sim manter a compostura no olhar e a seriedade austera na minha fala.
Mas, agora meu peito calejado mal suporta o seu sorriso. Tornei-me um completo romancista que passa o resto do dia distraído se por ventura ela me toca. E mal posso empunhar uma arma, pois o cheiro da pólvora me lembra deliberadamente ela. Seus cachos perfumados liberam a mais doce fragrância que já senti frésias e pólvora. E quem um dia poderia dizer que este conjunto formaria tão sublime perfume.
Ainda estou distante, ainda sou um guerrilheiro, seu cavaleiro e ela, continua sendo uma Princesa."
Os pensamentos de Lord Gilbert G.P. Guilford voavam livremente enquanto estava ao lado de sua senhora. A Segunda Princesa do Sacro Império Britânico, Cornelia Li Britannia. Eventualmente olhava de relance os cabelos lilases da princesa, a textura mais suava que já teve a felicidade de sentir contra sua pele.
Guilford sentia-se mais realizado quando seu posto de cavaleiro da Segunda Princesa lhe reservava os direitos de se aproximar da orelha real para lhe confidenciar táticas de guerrilha e assim sentir a seda que são os cabelos de Cornelia lhe tocar suavemente o rosto.
As guerras haviam passado, e ele perdera todas as oportunidades. Perdera também a noção de quanto tempo estava de pé ao lado do trono real, Cornelia estava silenciosa demais. Olhou lentamente para os lados, estavam sozinhos na câmara real e aquilo apertou forte na garganta do Lord. Estavam ali porque Cornelia disse que precisava pensar, e o trono lhe obrigava a ser severa em qualquer decisão que tomasse. Assumira então o seu lugar, o trono ao lado direito do trono da 100ª Imperatriz, Nunnally Vi Britannia. E desde então estavam ali.
Certamente a noite se fazia alta, dado ao fato de que a tarde começara a cair quando entraram na sala do trono. Calmamente respirou, tentando tranqüilizar sua fala, curvou-se a fim de equiparar-se com Cornelia.
- Sinto em lhe interromper Princesa, mas... – ele disse levemente.
Porém foi interrompido por um suspiro leve, e de seus lábios brotaram o mais natural sorriso, a princesa adormecera. Permitiu-se mover e então a observou. As pernas cruzadas de modo imperial, o corpo descansado ligeiramente curvado, a mão esquerda sobre a coxa e a direita a apoiar a cabeça. As feições de seu rosto eram sublimes.
Guilford ficou durante alguns minutos a contemplando, os cabelos agora lisos, caindo sobre os ombros, a pela alva de seu rosto adormecido, o respirar lento saindo dos lábios entreabertos tão caprichosamente pintados de roxo.
Os cílios negros tremularam por um breve instante e em dois segundos as íris lavanda encontraram os óculos escuros. Atordoada piscou por algum tempo, suficiente para que o cavaleiro se recompor, assumindo novamente a postura rígida que apresentava na frente dela.
- Algum problema Guilford? – indagou com sua voz forte.
- Nenhum Vossa Alteza, estava apenas a alguns segundos de acordá-la.
A face de Cornelia tingiu-se ligeiramente de vermelho com o comentário de seu cavaleiro, levantando-se, esticou seus braços quase tocando os ombros de Guilford, que instintivamente corou imaginando-se em um abraço caloroso.
- Guilford?
- P-Princesa, acho que o jantar já foi servido.
Cornelia não entendeu a postura mais rígida que seu cavaleiro adquirira, passou a mão pelos cabelos ajeitando-os e tocou o ombro do outro.
- Peça jantar para dois em meus aposentos. – ela disse e saiu.
O toc-toc dos saltos da segunda princesa enchia a sala com ecos, tão logo ele estava sozinho ali. Jantar para dois, ela dissera, não conseguiu evitar um sorriso.
Caminhava pelos corredores, em direção a sala de jantar quando encontrou com a cadeira de rodas de Vossa Alteza a Imperatriz Nunnally Vi Britannia, a seu lado o loiro, Segundo Príncipe Schneizel El Britannia. Os sorrisos de Nunnally abririam os céus em uma tempestade de tão puro e sincero.
- Lord Guilford, Boa noite.
Ele curvou-se a ela. – Boa Noite Vossa Alteza Nunnally, Vossa Alteza Schneizel.
- Lord Guilford poderia me dizer onde a minha irmã está? – a menina perguntou ainda sorrindo.
- Neste momento nos aposentos reais. – ele disse levantando-se. – venho pedir sua refeição.
- Intriga-me não saber o porquê de Cornelia não ter jantado conosco hoje. – a voz macia do segundo príncipe encheu o corredor. – Poderia nos elucidar, cavaleiro?
Guilford engoliu em seco, não gostava do modo que o Segundo Príncipe tratava Cornelia, nunca gostara do modo com que ele a olhava e a delicadeza em seus toques. Era nojento, eles eram irmãos. E a antipatia piorara quanto Schneizel atirara em sua princesa.
- Não tenho ordens de revelar o que minha Princesa fazia. – Curvou-se novamente perante Nunnally. – Peço licença Vossa Alteza.
- Sinta-se a vontade para cumprir as ordens de minha irmã. – Nunnally segurou a mão do cavaleiro. – Cuide bem dela, ela é preciosa para mim.
Os dois saíram deixando Guilford com suas ordens.
Tão breve quanto o possível Guilford estava do lado de fora dos aposentos de sua princesa, com o carrinho de refeições. Bateu a porta duas vezes e não obteve resposta, tocou então a maçaneta oval e a girou, a ante sala estava vazia, a pequena mesa redonda estava coberta com uma toalha branca, as únicas duas cadeiras dispostas uma de frente para a outra. O enorme sofá carmesim abrigava a capa real de Cornelia. A outro canto um pequeno bar e inúmeros quadros da família real. Guilford entrou e seus ouvidos foram tomados pelo som do chuveiro. Cornelia banhava-se no outro cômodo.
Mais uma vez a face de Guilford tingiu de vermelho com o pensamento da Segunda Princesa sob o chuveiro. Censurando-se ele se, pois a arrumar a mesa para a refeição. E então sua visão foi tomada pela magnificência da Segunda Princesa. Vestida com um leve tomara que caia marfim, os cabelos presos em um elegante coque.
- O-O Jantar está servido.
- Sempre tão articulado Lord Guilford, o que está acontecendo com você ultimamente? – Perguntou ao aproximar-se da mesa.
- Desculpe-me Vossa Alteza.
- Poderia parar de desculpar-se por tudo? – ele disse sorrindo-lhe.
- Descul...
- Guilford!
Ele sorriu, puxando a cadeira para que ela se sentasse, circulou a mesa e sentou-se de frente para ela. Aquilo parecia o jantar de um encontro, e por mais que Guilford se forçasse a pensar que era apenas uma gentileza de Cornelia, uma parte dele desejava fervorosamente que fosse realmente um encontro.
- Encontrei Vossos irmãos. – disse casualmente ao servi-los vinho.
- Eu sei o quanto lhe desagrada falar de Aniue Guilford, então, deixe este assunto de lado.
O jantar foi pontuado por risadas de Cornelia, que após a liberação da área 11, atual Japão, tornaram-se cada dia mais constante. Tomando a taça em mão Cornelia terminava seu vinho, enquanto seus olhos esquadrinhavam seu cavaleiro.
- Guilford?
- Pois não Princesa.
- Eu não me lembro de ter perguntado, se já o tiver feito perdoe-me, mas... O que aconteceu aos seus olhos?
Guilford estudou o rosto de Cornelia, os lábios parcialmente limpos do batom que caracterizava sua superioridade sanguínea. Ela não havia perguntado isto ainda, e mesmo que já o tivesse feito, responderia sem o menor dos problemas. Antes, porém ele franziu o cenho.
- Quando estava sob o efeito do Geass, eu defendi Zero da FLEIJA. – as palavras eram duras. Aquela era uma parte de sua vida da qual ele não se orgulhava nem um pouco, trair Britannia, trair a sua Princesa. – Por causa das minhas lentes de correção, fiquei hipersensibilizado a luz.
A rigidez de seu corpo destoava o quanto aquele assunto era difícil para ele, Cornelia levantou-se lentamente e pousou ambas as mãos nos ombros de seu cavaleiro. Sentiu-o tremer. Ela abaixou-se então, apoiando o queixo sobre o ombro direito.
- Não se martirize Guilford, não foi culpa sua, estava sob um... 'feitiço' que não era o meu. – ela disse suavemente, tendo plena consciência do que aquilo fazia ao homem entre seus braços.
Guilford mantinha os olhos firmemente fechados, a proximidade de Cornelia era desgastante, e então sentiu os lábios quentes dela acaricia o seu rosto, em um beijo totalmente casto e fraternal.
Afastou-se dele com um sorriso brincalhão de uma criança que aprontara recentemente. Cornelia tinha plena consciência de seus sentimentos por Guilford, eram Cavaleiro e Princesa, sim, mas isto não a impediu de em seu coração julgado frio e insensível, construir um local dedicado apenas a ele. Guilford a tinha desde sempre, apenas ele não sabia.
- Estive dormindo por toda a tarde, isto atrapalhará a minha noite. – disse com uma nota de pesar, encaminhando-se para a janela aberta, passando pelo portal, sumindo na noite.
Guilford precisou do dobro de concentração para forçar-se a seguir a princesa até o mezanino. E lá estava ela, sob a luz da lua cheia. E ela era tão perfeita que sua mente recusava-se a aceitar somente aquela relação. Guilford se doara a ela desde muito antes e ela tinha total consciência daquilo.
- Princesa?
- Me diga Guilford, o que faria se eu não o tivesse tornado meu cavaleiro?
Era a questão mais fácil do mundo, ele não precisava pensar para responder. Aproximou-se mais e tomou a mão enluvada entre as suas, apoiando-se sobre o joelho esquerdo ele a olhou de baixo.
- Simples Princesa, prostrar-me-ia a seus pés e lhe serviria sempre de bom grado. – ele beijou a mão dela. – Nasci para ter minha existência oferecia somente a ti Cornelia.
- Levante-se. – o rosto dela estava corado. – Não quero me sentir uma pessoa onipotente perante você Guilford, somos iguais.
- Iguais em um ideal Princesa. Diferentes na essência. – ele afastou-se cordialmente. – Cavaleiro e Princesa.
- Homem e Mulher. – ela corrigiu.
O silencio tornou-se constrangedor, a pele de Cornelia se arrepiava, mas ela não tinha certeza se pela brisa noturna ou pela intensidade do olhar de Guilford.
- Entre Princesa, não posso permiti-la ficar ao tempo.
Ela sorriu, entrando em seguida, sentando-se no sofá que acomodava sua capa real, cruzando as pernas como a etiqueta mandava. Era estranho que com Guilford não sentisse necessidade de ser sempre tão imperialista. Ela podia ser mais Cornelia e menos Princesa quando estava a sós com ele.
- Poderia lhe servir uma bebida?
- Pretende me embebedar Guilford?
- Jamais minha senhora. – ele disse corando extremamente. – Somente sendo gentil.
- Pois saiba que eu sempre acompanhava Darlton quando ele bebia. – ela lembrou-se. – não caio facilmente.
- Nunca foi esta a minha intenção Princesa, Peço as mais sinceras desculpas se parecei...
- GUILFORD! Pare com isso, era apenas uma brincadeira. – ela suspirou. – Prepare dois Martinis.
Guilford conhecia bem a segunda princesa, sabia que ela não gostava de beber sozinha. Lembrava-se da vez que ela disse a ele e Darlton que beber sozinha lhe parecia extremamente triste e patético. Que enquanto fosse princesa obrigaria alguém a beber com ela. Lembrava também do riso alto de Darlton ao dizer que não precisaria nunca obrigar alguém, pois era um prazer para ele beber com a Princesa mais bonita no Sacro Império. E mesmo sendo relativamente mais fraco para bebidas, Ele próprio jurara em silencio que também beberia com ela.
- Aqui está. – entregou a ela a taça de cristal. – Espero não acordar com dor de cabeça amanhã.
Cornelia despejou novamente o seu riso. E somente aquilo não mais compensava para ele, gostara demais da textura dos lábios de Cornelia, queria senti-los com mais freqüência.
N/A: Eu não consigo ficar sem eles... *-* São tão perfeitos um para o outro que esta noite tive o vislumbre de uma história. Então me coloquei a escrever e por enquanto saiu isso, prometo que tão breve termine o cap 2 o postarei!
Vou encher de Cornelia x Guilford PT! o/
