Um. Dois. Três. Quatro. Ela olhou para o relógio em seu pulso novamente, agitada. Um. Dois. Três. Quatro. Ela voltou sua atenção para a fila, analisando quantas pessoas ainda estavam esperando para pedir café antes dela. Um. Dois. Três…
Um sino, alguém entrou na loja, ela ouviu passos e duraram mais que o esperado, alguém estava passando ao lado da fila. A mulher sentiu uma ponta de enervação diante da ideia de alguém querendo furar a fila, fez menção de ir na direção da pessoa, quando o homem parou diante do balcão da Starbucks, encarando a moça que atendia.
- Bom dia. - ele disse simplesmente, Elizabeth sentiu uma estranha familiaridade vindo dele, contudo, não conseguiu definir a causa. - Querida, eu pedi para o meu amigo aqui comprar um café para mim… Isso foi há quase uma hora, a fila não está se movendo muito, não é? Faça-me um favor?
A atendente o fitou interessada, então assentiu tímida.
- Faça o seguinte, vá lá dentro, chame o seu gerente, diga que quero falar com ele. - o homem pediu, a moça pareceu tensa, o cavalheiro apenas sorriu para ela, essa hesitou antes de fazer o que ele pedira.
Enquanto aguardava, a curiosa figura olhou ao redor e, em um momento, ele cruzou olhares com Elizabeth, ela viu traços de reconhecimento e um sorriso largo surgir nos lábios dele.
- Lizzy! - ele soltou alegre e acenou, ela sorriu e acenou de volta, a memória de uma madrugada no metrô voltando a sua mente.
- Red. - ela sorriu. - O que está fazendo?
- Agilizando as coisas, nada com que se preocupar. - ele afirmou.
Antes que ela pudesse fazer mais perguntas, a atendente voltou acompanhada de um homem gordo vestido formalmente, ele usava uma touca na cabeça como se sua careca soltasse algum cabelo.
- Posso ajudar, senhor…? - ele perguntou, parecendo pronto para brigar com a atendente quase encolhida ao seu lado.
- Reddington. Amigo, qual o seu problema? - perguntou Raymond com um sorriso nos lábios que fez o homem o fitar confuso.
- Desculpe?
- Você está deixando essa jovem para atender o público sozinha, enquanto seus outros funcionários estão fumando atrás do prédio. Os clientes se estressam, ela se estressa, os clientes descontam nela e tudo desanda e você não alcança a meta do dia, nem do mês e todos acabam tendo um dia horrível. Então me diga, por que ela está fazendo tudo sozinha e você fica lá no seu escritório atirando dardos na porta e assistindo pornografia?
O gerente ficou vermelho, agitado, abaixou o olhar parecendo envergonhado.
- Eu garanto que vou dar um jeito nisso, senhor. - ele falou sem jeito. - Elize, desculpe por isso…
Ele deixou o local, a atendente fitou Red com um sorriso gentil, esse retribuiu.
- Continue com seu trabalho, Elize, mas lembre-se sempre de que você pode se sair muito bem, só precisa se dar voz.
O sorriso dela se alargou.
- Obrigada, senhor.
Raymond seguiu sorridente e parou ao lado de um homem negro e alto que estava na frente de Elizabeth.
- Pode ir para o carro, Dembe, eu peço e levo o nosso. - disse o homem mais velho, o outro o fitou por um instante, o primeiro assentiu, fazendo com que o segundo aceitasse a proposta e deixasse a cafeteria.
- Quem é? - perguntou Elizabeth com alguma hesitação.
- Um grande amigo. - respondeu Reddington, então se voltando para ver a morena. - É bom vê-la novamente, Lizzy.
- Posso dizer o mesmo. - ela comentou. - Foi legal com aquela moça.
- Não é culpa dela a falta de pulso do gerente, ela não merece metade das barbaridades que iria ouvir hoje se continuasse atendendo naquele ritmo. Um gerente ruim queima a imagem de toda uma franquia, infelizmente.
- Verdade… Conseguiu voltar para casa tranquilamente naquela noite?
- Ah, sim, mas devo dizer que a dificuldade estava em acordar cedo no outro dia.
- Entendo bem isso.
- Indo para o trabalho?
- Na verdade, sim.
- Quer carona?
Ela parou por um instante.
- Não precisa, mesmo.
- Ora, vamos, Lizzy, vai ser divertido. Você pode descer quando quiser.
Ela o analisou por um longo momento, então deu de ombros, incerta do motivo de aceitar, contudo, sentia uma certa curiosidade estranha envolvendo o homem a sua frente.
- Muito bem, eu aceito.
Eles trocaram sorrisos.
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- Ela gostou mesmo de você, tem calda por todo o copo. - comentou Lizzy divertida.
- As pessoas gostam de empatia. - comentou Reddington rindo.
O veículo parou diante de um prédio, Elizabeth reconheceu a área, observou o homem ao seu lado e sorriu.
- Obrigada por isso. - ela disse.
- Sem problemas. - respondeu Red. - É muito bom vê-la outra vez, Lizzy.
- Igualmente. Tem o hábito de frequentar aquela Starbucks?
- Ah, não, não, foi um acaso ter me encontrado lá, mas podemos tomar um café qualquer hora, se for de seu interesse.
- É, eu gostaria disso.
- Muito bem, está marcado então. - ele falou tirando um cartão do bolso, depois entregando a ela. - Quando estiver disponível, é só ligar.
- Okay. - ela sorriu para ele e foi seguindo para fora do carro. - Tenha um bom dia, Red.
- Você também, Lizzy.
Ela deixou o carro e seguiu andando ao redor do prédio, entrando para mais um dia na Academia do FBI.
