Título: Espelho D'água

Subtítulo: Parte I - Reflexo do Destino

Gênero: Romance/Drama

Classificação: Slash / Yaoi / Homem x Homem - se não gosta, não leia.

Aviso: Harry Potter e personagens pertencem a J. K. Rowling todos os direitos reservados. Fic sem fins lucrativos.

Par: Draco x Harry

Observação: a fic é dividida em 3 partes.

Resumo: Draco tenta criar uma forma de ver o futuro e acaba por não gostar muito do que vê, ainda mais, quando há um certo grifinório no meio. SLASH!


Parte 1 - Prólogo

Um vento bateu de encontro à janela, e a cortina pôs-se a dançar suavemente, mostrando vez ou outra, que dentro havia luz, uma fraca luminosidade azulada, proveniente de magia, ao invés de fogo ou eletricidade. Em um silencio sepulcral, deixando o ambiente mortalmente angustiante, a figura adolescente estava exposta na cama, coberta de forma que apenas aparecia seus louros fios sedosos, num brilho hora prata, hora acinzentado, conforme a luminosidade refletia, que ao contrário de seu costumeiro penteado, mostrava-se desgrenhado, caído sobre a face, parcialmente encoberta pelo lençol. Então, esse silencio foi quebrado involuntariamente, pelo som inconfundível de um soluço, sucedendo-se um após o outro...

Olhando através da fresta da porta, o olhar cínico e dominante, estava levemente perturbado, ao constatar algo inadmissível em toda a geração Malfoy. Lúcio, inconformado, fechou o trinco com cuidado, apesar de estar alterado com o que estava acontecendo. Semanas atrás, enquanto estivera lendo em sua suntuosa sala de visitas, aguardando que o filho chegasse de Hogwarts para as férias de verão, se surpreendeu ao ver o garoto adentrar a porta num rompante, passando como um louco e logo se trancando no quarto. O quê de fato acontecera? Era a pergunta que não deixava sua cabeça. E já se passaram dias nessa agonia, Draco ao menos descia para o almoço ou o jantar, ficava trancado naquele quarto dia e noite, praticamente perdendo o tempo de descanso, atirado debaixo das cobertas e sufocado nos próprios prantos.

"Garoto estúpido!" – praguejou ao se lembrar, mais uma vez, sobre a suposta causa dessa desarmonia familiar. Não que a linhagem Malfoy fosse unida e confraternizadora, mas também não chegava ao ponto de deprimir ou emudecer pai e filho, como estava acontecendo. "Aposto mil ruliões de que foi o maldito Potter" – acompanhou o nome com um flamejo de ira nos olhos obscuro.

Draco abriu os olhos ao ouvir, mesmo que vagamente, a porta ser fechada. Não precisava olhar para saber que era seu pai, a lhe dispensar atenção e preocupação. De uma forma indireta, seu estado aproximara Lúcio de si, o fazendo se sentir um pouco melhor, ao saber que o pai lhe estimava. Descobriu um carinho que imaginou apenas ser em sonho, debaixo da barreira fria e tradicionalista do patriarca inatingível.

Sua vista correu o lençol sobre sua cabeça, formando um teto quente e levemente brilhoso de tom azul, devido à luz de sua esfera mágica. Seus olhos acinzentados tremulavam lacrimosos conforme seu peito se exprimia de dor, de repulsa e de autopunição. Como era vindo de uma família arcana, e de sangue puro, aprendeu desde criança a não se deixar influenciar por terceiros, a ser vaidoso, orgulhoso e confiante, jamais se permitindo se rebaixar, ou cometer erros, os mais despercebidos que fossem. E isso colaborava com o estado deplorável de seu espírito humilhado. Mesmo que não fosse, na consciência de Draco, o que se sucedeu até ali, foi humilhação, e não uma torrente de emoções arrebatadoras que ao chocar-se com seus conceitos e valores frios e distintos, ocasionou em um abalo violento em seu emocional, uma sacudida impiedosa em seu coração orgulhoso e recoberto de influências maléficas.

Sabia que as férias estavam acabando, e que logo teria de voltar para as aulas de magia, e isso era outro fator para, ultimamente, deixa-lo ainda mais angustiado. Não queria e ao mesmo tempo queria ver aquele indivíduo, descontar nele tudo o que estava passando, ou melhor, faze-lo passar por coisas ainda mais dolorosas. Sim, faria com que ele passasse por ridículo, cometesse erros e o submeteria à punições dos professores, inclusive de Dumbledore. Ao pensar assim, se sentiu mais aliviado, mesmo que ainda aquele sentimento de humilhação o sufocasse, não mais o reprimia a coragem e o cinismo. Voltaria às aulas de cabeça erguida, mais determinado e ciente de que Harry Potter se tornara mais que uma simples vítima para que risse se divertindo de sua cara assustada ou a de seus amigos, mas como uma pessoa inconveniente e acima de tudo – um rival a ser descartado.


Enquanto Draco estava imerso no seu mundo interior, lutando contra sentimentos nunca antes passado, Harry escrevia uma carta para Hermione e outra para Rony, sentado na escrivaninha de seu quarto, perto da janela aberta, que abrigava em seu parapeito, sua branca coruja. Deixou de escrever e levou sem que percebesse, a pena de encontro aos lábios, passando a plumagem macia de um canto ao outro da boca que sustinha um estranho friso, não se sabe se de sorriso, ou de desgosto, e profundamente pensativo. Não no conteúdo que expunha na carta, mas em um bruxo arrogante e metido, cujos sorrisos, ao mesmo tempo que desprezível, era fascinante, carregado de emoção, tanto de raiva, quando suas artimanhas para expô-lo ao ridículo falhavam, como de entusiasmo, ao conseguir o que tanto almejava...

"Malfoy..." – suspirou desanimado. "O quê eu fiz de errado?".

Não sabia o que de fato aconteceu para que Draco fizesse o que fez e tomasse o trem completamente irado, magoado e injuriado, como acontecera, e ainda, lhe desfilasse uma porção de palavras agourentas, que juntando todas e as demais que ele havia lhe atacado no decorrer dos anos desde que entrara na escola, teria azar por pelo menos, dois séculos adiante. Não entendia essa rincha entre eles, aliás, a rincha era somente de Malfoy, pois, mesmo que não gostasse muito da personalidade arrogante e convencida do loiro, e desaprovasse muitos de seus atos, não o via como uma pessoa detestável e repugnante, jamais julgou os colegas de magia, não importando de que turma pertenciam, até mesmo os sonserinos, como sendo de baixo calão e dignos de serem excluídos – apesar que muitos até que mereciam isso, mas sendo ele, um estudante como outro qualquer, não tinha nenhum direito de julga-los.

De um pensamento à outro, alternando a delicada pluma dos lábios ao papel, refletindo nos fatos até o obscuro dia de volta à casa de seu padrinho, a tinta preta deslizava com agilidade ao correr do bico fino da pena, em caligrafia própria, notou ter escrito no canto inferior da carta de Hermione, o nome Draco Malfoy. À princípio assustado ao ler o bendito nome, sorriu em seguida, tratando de amassar o papel e mira-lo ao centro do lixo, como num ato estratégico de quem está no momento decisivo de um jogo, e tratou de desanuviar seus pensamentos por algo que de fato, só saberia se retomasse cada detalhe, sem se esquecer de nada. Mas antes, precisava escrever a última carta, ao qual, mandaria junto com a de Weasley.

"Se Hermione recebesse aquela carta, com o nome de seu desprezível colega de 'sangue-puro', obviamente me mandaria - a onde quer que ela esteja - um feitiço constrangedor, que duraria, o provável, até o início das aulas..." – e continuou a rir, pegando outro papel e molhando a pena no tinteiro, se esquecendo por hora, sobre suas dúvidas, apenas entretido em relatar à amiga, as novidades de suas férias.

Com as duas cartas seladas à caminho de seus respectivos destinatários, Harry se via deitado em sua cama, os braços cruzados atrás da cabeça e mirando as poucas estrelas que podiam ser vistas através do restrito ângulo da janela aberta. Os pensamentos corriam soltos em sua mente, se misturando e o confundindo de vez em quando, ao mesmo tempo em que queria a todo custo sentir raiva pelo sonserino, e que ao invés, lhe acalentava o coração uma certa angústia ao lembrar-se de seu estado, de sua ira infundada, como se houvesse lhe profanado o que de mais lhe era sagrado... Os olhos cinzentos num brilho fulminante, os lábios retorcidos por um desprezo sem igual, e as faces pálidas com um leve toque rosado a lhe delinear os traços regulares e suaves do rosto.

"Te odeio Potter! Te odeio!" – viera-lhe as palavras profanadas pelo loiro, e a dor do tapa latejou seu rosto, no mesmo lugar, como se acabara de sentir o formigamento ardendo-lhe a bochecha esquerda, e o via surpreso, sentindo cada letra de desgosto, ele correr para longe, afastando-se o mais rápido que suas pernas conseguiam, até se perder de vista, na multidão que embarcava no trem.

Um suspiro lhe escapou dos pulmões, suspiro de desalento. Percebia que jamais entenderia os Malfoy, assim como jamais conseguiriam conviver debaixo do mesmo teto, mesmo que em lugares totalmente opostos... Mas, e o motivo? Faltavam alguns dias, menos que uma semana, para que retornasse à Hogwarts e voltasse a se toparem pelos corredores, estava sem sono e a noite mal começara, não havia importância em passar as demais horas, refletindo sobre os últimos acontecimentos, talvez assim, acharia uma resposta, no mínimo, mais esclarecedora do que esses trechos obscuros e insustentáveis ao que se seguiu até ali.


N/A: esta é a introdução, eu já havia escrita faz tempo, minha primeira fic de Harry Potter e acabei editando, pois tinha muita coisa errada e situações que deixavam a desejar. Como ela já está escrita, atualizarei mais rápido. Espero que gostem! Obrigada por ler! E, por favor, deixem reviews!