- Artificial –
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- O destino é uma questão de escolha –
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- o - O - o -
O menino de cabelos negros inspecionava cada milímetro do seu cativeiro, tentando achar alguma brecha que lhe mostrasse a luz da saída. Tudo estava tão silencioso que a única coisa que podia ser ouvida era seus passos apressados sobre o soalho. Suas mãos tremiam devido ao espancamento, enquanto tateava as paredes e moveis, mas tudo era em vão. Aparentemente o homem que o seqüestrara tinha pensado em tudo.
Então, estrondos foram ouvidos no andar superior, indicando que seu seqüestrador estava voltando, e seu tempo de busca acabara.
A aflição tomou conta do seu ser, dificultando a respiração. Lágrimas saiam incontrolavelmente de seus olhos... Será que nunca mais veria seu irmão?
Com esse pensamento, nutriu a lucidez em sua mente, tentando manter a calma, para que não percebessem a recente agitação na sua tentativa de fuga e não ser severamente castigado. Todavia, o nocivo destino ainda não achava suficiente o que padecera nas mãos do maníaco, e antes de chegar à cadeira, a porta do seu cativeiro foi aberta, e ele pode visualizar a imagem do seu raptor:
Um homem alto - de cabelos negros e logos, com a pele muito pálida e aparência aristocrata - era emoldurado pela porta, olhando o jovem garoto com superioridade.
– Não creio... Tentou escapar, Sasuke-kun? – Disse o homem com uma falsa voz infantil, esbanjando sarcasmo.
Sasuke recuou até topar na parede, os hematomas recentes em seu corpo latejavam, e sua vertigem aumentou, fazendo-o deslizar até chegar ao chão.
– Por favor, não me machuque mais – O jovem choramingou, devido aos danos que já sofrera – Por favor... Só quero ir pra casa!
O adulto riu com desdém, inclinando a cabeça para o lado, num gesto pueril:
– Sinto desapontar-lhe... mas você não vai voltar para casa, Sasuke-kun – O moreno aproximou-se lentamente do garoto, vendo que o mesmo tremia de medo e deliciava-se com isso.
O menor se encolhia pelo medo e a dor dos recentes ferimentos, e desejava fervorosamente que a morte lhe chegasse rapidamente.
– Por favor, pare, pare com isso! – Implorava o Uchiha, colocando os braços na frente do rosto, em um movimento tolo, para sua proteção.
A risada de desprezo do mais velho ecoou pelos ouvidos do Uchiha:
– Acha mesmo que vai se livrar de mim, Sasuke-kun? – e sussurrou em seu ouvido, colocando as mãos na garganta do mais jovem.
Sasuke arqueou o pescoço, tentando respirar. Colocou suas mãos por cima da do mais velho, tentando tirar os dedos dele de seu pescoço. Tentativa inútil, já estava fraco e a cada respirar, era como se fosse o último.
Então, o homem, torceu o pescoço do Sasuke, matando-o imediatamente, mas era apenas mais uma de suas inúmeras vitimas. Não era a primeira, nem seria a última. E... o que poderia dar errado?
Matava adolescentes há quase 10 anos, era seu vício. Nunca nada nem ninguém conseguiu juntar provas contra si. Seus crimes eram perfeitos e sem vestígios, dando as vitimas uma morte sem sangue derramado. O que ele não esperava, era que logo aquele garoto que jazia no chão do seu porão, fosse mudar isso em sua vida drasticamente, mesmo depois de morto.
- o - O - o -
A delegacia da cidade nunca foi muito movimentada: Na pequena vila de Konoha, poucos crimes eram cometidos anualmente, e em sua maioria, eram apenas pequenos furtos feitos por jovens delinqüentes que não possuíam casa ou familiares. Mas dessa vez, a história era outra.
O rumor ia de leste a oeste rapidamente, espalhando que um corpo adolescente tinha sido encontrado na fechada floresta da cidade.
"Ele apresentava vários hematomas em seu corpo, deve ter tido uma morte sofrível", diziam os moradores.
Todos pareciam se importar com o garoto morto e estavam chocados com o acontecimento, mas ninguém estava em uma situação pior que a do irmão da vitima: Uchiha Itachi.
Itachi era investigador criminal, e um dos melhores. Órfão, estava passando as férias com seu irmão mais novo, Uchiha Sasuke, na pacata cidade de Konoha. Tudo tinha sido planejado cuidadosamente, com meses de antecedência. Sasuke sempre teve vontade de conhecer a cidade onde os pais moraram na juventude, e Itachi o levou. Passagens de volta já tinham sido compradas, infelizmente a do mais jovem nunca seria usada.
- Flash Back –
As poucas árvores dançavam em perfeito sincronismo, devido ao suave sopro do vento. Infelizmente, poucas pessoas sabiam apreciar a beleza da natureza. Preferiam morar naquela floresta de concreto, onde homens eram feras no atual mundo capitalista. As feras passavam rapidamente pelas ruas cinza, carregando suas maletas e andando como robôs, programados apenas pro trabalho.
Mas mesmo naquela cidade movida ao dinheiro e tecnologia, existia uma praça, que era o refúgio de muitos. Crianças brincavam alegremente no pequeno parque; adolescentes passavam em seus skates, disputando quem era o melhor; Mães conversavam, cada qual elogiando sua criança; E dois irmãos planejavam uma viagem, sentados em mais um dos bancos da praça:
- Aniki, vamos mesmo para Konoha? – perguntava o mais novo, de aparentes quinze anos e negros olhos.
- Sim, sim, otouto – Respondeu-lhe o mais velho, com um pequeno sorriso se formando em seus lábios – Finalmente você vai conhecer a cidade do papai e da mamãe.
O menino tentou conter sua agitação, sem êxito. Desejava essa viagem desde os cinco anos, e agora ela seria feita.
- Agora, iremos arrumar nossas malas... Vai ser bom deixar esse centro tecnológico e conhecer novos ares – O mais velho disse, levantando-se do banco.
- Correto, aniki – Concordou o menor, com um sorriso no rosto.
- Fim de Flash Back –
Itachi socou o volante do carro, saído momentaneamente da estrada. Sua visão estava embaçada pelas lágrimas, e ele mal conseguia enxergar a estrada. Resolveu obedecer a prudência, e estacionou o carro no acostamento.
Como, - Pelos céus – como ele poderia ter deixado seu irmão sozinho?
Estiveram juntos sempre, sempre, e justamente quando não estão, uma catástrofe dessa acontece.
Oh, a culpa, a maldita culpa, estava tomando completamente o seu ser para si. Momentos que não voltariam; Acontecimentos não registrados; Frases não ditas... frases não ditas.
Qual a última vez que tinha lhe dito 'eu te amo'? Itachi se esforçava para lembrar, mas o vão permanecia em sua mente, sufocando-o, matando-o.
Itachi bateu a cabeça no volante, enquanto lágrimas silenciosas – com a dor da perda, da saudade – desciam pelo seu rosto, deixando o rastro que logo sumiria – e a dor? Ia junto com o rastro? Não, não ia.
Voltou a colocar o carro na estrada, em direção a cena do crime. Recebera a notícia de imediato – uma das vantagens de trabalhar como investigador – e mal pôde acreditar.
O crime ocorreu em um lugar bem afastado do centro, totalmente conveniente para um assassinato. Pelo que ouviu dizer, aquela área era já conhecida pelas tais mortes, mas o culpado nunca tinha sido encontrado.
- o - O - o -
O lugar era realmente sombrio. O caminho era sinuoso, e árvores gigantescas beiravam a estrada. Um vento fraco soprava as folhas, que faziam as árvores dançarem solenemente, ao ritmo de uma música fúnebre.
Depois da última curva, Itachi pôde finalmente ver a cena do crime: Várias viaturas estavam no acostamento, enquanto policias e outros homens andavam pelo local. Faixas de isolamentos foram colocadas para afastar os curiosos – que não eram muitos, devido a distancia do ocorrido - e o cheiro de morte era notório no ar.
Então, Itachi viu algo que fez todo o ar abandonar seus pulmões: Um corpo coberto por um plástico branco. Apenas uma mão ensangüentada saindo do plástico era visível.
Itachi respirou fundo e passou pelo cordão de isolamento, se aproximando do corpo.
Cada passo parecia uma eternidade. As coisas ao redor giravam, vozes eram ouvidas, mas Itachi não conseguia entender o que eles diziam. Então, uma mão pousou abruptamente em cima de seu ombro esquerdo.
O Uchiha olhou para o dano da mão, e encarou dois olhos azuis: Uzumaki Minato, seu colega de profissão, estava ao seu lado.
– Itachi... – começou o loiro – Sei que é difícil, mas creio que seria melhor para você não ver o corpo.
O mais jovem balançou a cabeça negativamente:
– A culpa é minha, eu o abandonei – disse, com a voz embargada – Preciso... preciso vê-lo...
Itachi disse aquilo desnorteadamente, ainda não tinha aceitado a idéia da morte de seu jovem irmão... não podia aceitar nunca mais vê-lo.
– E... e acharam o culpado? – perguntou, olhando profundamente nos olhos azuis do outro.
Minato hesitou um pouco, até que respondeu:
– Infelizmente, não temos nenhuma pista. – falou com pesar – O assassino é realmente inteligente, acho difícil capturarmos.
Itachi olhou atônito para Minato.
– Não existe isso de 'difícil'... Vamos achá-lo – ele aproximou o rosto do de Minato, ficando a centímetros de encostar no rosto do mesmo – E quando encontrarmos, vou matá-lo com minhas próprias mãos. Isso é uma promessa.
Após sentenciar, Itachi andou até o corpo de seu irmão.
Abaixou-se, até ficar sentado sobre os calcanhares, e levantou o plástico branco levemente.
Não estava preparado para aquela imagem.
Não estava.
Itachi colocou as costas da mão direita na boca, enquanto encarava a imagem de seu irmão, sem vida, deitado na grama:
Sua pele estava mais pálida que o comum; seus lábios adquiriram a coloração azulada; seus cabelos estavam sem vida, sem brilho; e sua pele... sua pele, fria como gelo.
Então, por um instante, sua expressão teve uma leve alteração. Itachi olhou para os lados, e tirou um pequeno lenço branco do bolso. Olhou novamente para Sasuke, e acariciou seus cabelos negros, puxando um dos fios. Colocou o fio negro no pequeno lenço, e voltou a guardá-lo.
O que ia fazer não era algo legal – duvidava que, mesmo na época em que estavam, a bioética iria aprovar aquilo –, seus colegas não aceitariam, nem seria um negócio sem vitimas. Mas com vitimas pelas quais poucas lágrimas seriam derramadas.
Iria achar o culpado, e ele pagaria com sua própria vida.
- TBC –
N/A: Finalmente, finalmente, postei o primeiro capítulo da sua fanfic, Viiq 3 Peço sinceras desculpas pela merda de capítulo – e pelo atraso para o mesmo – mas eu juro que tentei. Você sabe como sou, e, bem, tentarei fazer algo melhor pro capítulo dois.
Então... cof cof, o que será que vai acontecer no próximo capítulo? O que Itachi quis fazer tirando um fio de cabelo do Sasuke? E, o que diabos a bioética tem a ver com essa história? [/sevocêprestaatençãoembiologiavaisaber
Marida, provavelmente te deixei em choque nesse primeiro capítulo, mas... confia em mim.
Amo-te, Viiq, nunca esqueça que é muito importante pra mim.
Com carinho,
Danie.
