Capítulo 1: Alô...

Lá estava eu, me arrumando para ir ao colégio. Acordei bem cedo como de costume, fui ao banheiro fazer minha higiene matinal. Arrumei meu material escolar, me despedi de meu pai e fui andando até o colégio, que não era muito longe do condomínio onde morava. Ando na calçada tranquilamente, quando o meu celular toca, vejo no visor "número desconhecido". Atendo.

- Alô. - digo de início, mas não obtive resposta do outro lado da linha. - Quem é?

Consigo ouvir a respiração da outra pessoa do outro lado da ligação, antes dele ou dela desligar a chamada.

Continuo andando em direção ao colégio, ignorando o fato deu ter recebido um ligaligação estranha. Será que era mamãe estava me ligando? Ou querendo retomar contato?

Minha mãe, Cristina Gomes, estava desaparecida há exatamente um ano. Desde então vivo com o meu pai, que nunca está em casa, para ele o trabalho vem em primeiro lugar e eu sempre estou no segundo plano da vida dele. Com o desaparecimento da mamãe à minha relação com o meu papai foi de mal a pior, o trabalho se tornou o meio dele esconder a vergonha do abandono ou desaparecimento de sua esposa. Eu sempre acreditei que a minha mãe desapareceu, não nos abandonando, já as conclusões que meu pai fez a respeito da situação, eu não faço à mínima ideia.

E se caso não fosse minha mãe quem estava me ligando e sim seu sequestrador. Eu teria que atender as próximas chamadas caso ele quisesse negociar o dinheiro do resgate?

Eu andava tão preso aos meus pensamentos que nem olhava para o caminho que fazia na calçada. Acabou esparando em um colega de classe meu.

- Desculpa - peço assim que nossos corpos se tocam. Acaba caindo sem querer um cigarro verde do bolso da calça de moletom dele, suspeito ser maconha, afinal eu estava no primeiro ano do ensino médio e sabia que tinham pessoas da minha idade que fumavam maconha.

- Seu desgraçado - fala o meu colega, me empurrando com força, fazendo eu dar passos para trás consigo manter o equilíbrio. - Você fez isso de propósito.

- Jovem, você acha mesmo que eu gostaria mesmo de vê a porcaria desse seu cigarro de drogas? - questiono, enquanto ele pega seu cigarro do chão o colocando novamente em seu bolso. - Eu tenho mais o que fazer.

Me afasto dele, ando em direção a entrada do colégio quando recebo aquela ligação anônima de novo.