''Alice.'' Sussurrei enquanto tentava fazer o mínimo de barulho possível dentro daquela coisa chamada floresta que eu odiava naquele momento. Veja bem: Meu diploma diz que sou formada em biologia, tendo como área exata a virologia, então, o que eu posso dizer? Eu deveria amar matos, deveria mesmo, contudo, é difícil amar matos quando um monte de gente que foi morta e agora vive, (isso mesmo, mortos-vivos, zumbis, The Walking Dead e toda essa merda) está correndo atrás de você, está tomando conta do mundo todo e está atrás de tudo o que tem carne e sangue fresco para a) comer, b) comer e matar, c) morder e te transformar ou a minha melhor opção: D) todas as outras alternativas.

Em nenhum momento da minha vida inteira, ou os seus vinte e nove anos, cheguei a pensar que viveria tempo o suficiente para criar a bosta de um virus que fazia tudo aquilo que estava sendo visto nas séries de televisão e nos filmes, mas eu fiz, sim, eu, Isabella Swan, sou a maldita filha da puta que fodeu com o mundo e que, agora, está tentando não pagar por isso ao andar o mais rápido e silenciosamente possível no meio deste mato inteiro.

No inicio, há uns quatro anos atrás, você poderia achar que deixar Forks inteira em quarentena serviria de alguma coisa, mas foi questão de semanas para que o vírus se espalhasse por todo o continente Americano e, em seguida, uma boa parte das Americas e, então, quase o mundo inteiro e quando eu digo quase, quero dizer que o único que conseguiu escapar fora Londres que teve todas as passagens - ferrovias, ciclovias e o caralho a quatro - explodidas, fechadas, mortas. Londres sobreviveu tendo como única rota de chegada a água e nós, os poucos, ao menos eu acho que somos poucos, sobrevivemos com o que podemos, ou com quem podemos.

No meu caso, eu sobrevivo com Alice e minha picape laranja que fazia um enorme barulho ao ser ligada, atraindo atenção para nós que, com o tempo, descobrimos que esses walkers, ou zumbis, eram rápidos o suficiente para chegar na gente em menos de três minutos e eles precisavam de metade disso para vir com sua orla, bando ou manada, depende do dia e do meu humor para nomear. Criei monstros, eu sei, e as pessoas deveriam estar furiosas comigo por esse simples fato, afinal, eu sou a virologista maluca que deu vida, ou morte, ao mundo das HQs e da ficção, eu merecia morrer, eu acho. Contudo, Alice pensava o contrário e achava que viver era uma dádiva nesses tempos e que eu não tive culpa porque não sabia se funcionária e não pensei que um babaca vulgo Mike Newton, um parceiro, iria descobrir a experiência e enfiar num remédio idiota do seu departamento. Então, como eu posso dizer? Atualmente, a culpa é dele já que é o nome dele nos jornais.

Talvez fosse cruel deixá-lo assumir a culpa, mas eu não tinha a intenção de transformar o mundo nesse caos, só aos dezessete anos quando sentei no quarto com as minhas primas e começamos a imagiinar como seria viver num Apocalipse Zumbi, mas isso já tinha passado e fazia tempo, então, não, nenhuma intenção de utilizar isso no mundo real, eu acho.

E agora, por conta disso tudo, nós estamos no que pode ser chamado do que restou de Forks: A floresta. Tudo agora era floresta e a cidade realmente havia morrido pelos bombardeios, pelas lojas ferradas e casas obstruidas. Acabou. Esqueça o mundo que conhecia, esse é o nosso mundo atual.

''Alice, que xixi demorado é esse?'' Eu resmunguei baixinho enquanto me enfiava entre uma árvore e outra, tentando encontrar qualquer sinal de uma baixinha em trajes rosas, mas era impossível porque ela tinha dito que se enfiaria numa moita perto do nosso acampamento - uma árvore com sacos de dormir em cima - e, agora, eu já estava há uns mil passos mais longe. ''Alice, por favorzinho, aparece, eu odeio quando você faz isso, por favor.'' Choraminguei já sentindo que eu iria me mijar por completo se ouvisse algum barulho.

Ela tinha armas. Ela era boa de mira. Ela atirava e corria. Ela não tropeçava. E eu? Eu sabia fazer o que? Atirar com armas? Sim, ser filha do Chefe de Policia me dava essa vantagem. Correr igual uma covarde ao menor sinal de perigo? Sim, sim, claro. Usar uma frigideira como arma? Yeah. Falar sozinha no meio do mato? Pode crer. Correr e cair a cada quinze passadas longas? Yep. Ser um completo desastre ambulante e armado? Sim, sim.

Okay, eu estava ferrada com e sem ela mesmo assim e, talvez, ela tenha visto isso agora e ido embora porque nos ultimos anos em que ficamos juntas, não morremos por causa dela já que eu tinha um imã para confusões.

Ela disse que ia fazer xixi e correu, só isso, qual o problema?

O problema era que eu estava sozinha e não confiava muito nisso.

Mastiguei os lábios repetidas vezes enquanto refazia o caminho de volta para a nossa árvore e, dessa vez, resolvi que não teria problemas pois conseguiria não me arranhar até lá, ou pisar em algo que chamaria a atenção de animais infectados e humanos. E, acreditemos ou não, consegui passar por tudo isso de boa, escalando a árvore e me ajeitando em seu galho, amarrando-me com a corda para ter mais certeza de que não cairia. Naquele momento, eu era Katniss Everdeen e o resto eram os Carreiristas, só estava faltando encontrar a minha Peeta.

Acabei pegando num baita sono e, por isso, quando os galhos sacudiram com mais energia que o vento estava pronto para lhe dar, abri meus olhos e prendi a respiração. Não se mova, Isabella, gritei para mim mesma enquanto ouvia aquela porra se movimentar e quando os fios picotados da minha mais nova e melhor amiga apareceram, eu suspirei alto e ganhei seu aceno.

''Onde você se enfiou, Al?''

''Eu fui naquele mato, você sabe, e a minha bunda começou a coçar e depois eu me toquei de que era uma moita com cerejas e eu sou alérgica a cereja e não queria meu belo bumbum todo fodido, então, fui num lago não muito longe e sentei a bunda na água, você sabe, eu estava segura lá dentro já que aquelas coisas não conseguem nadar.'' Cuspiu rapidamente, se ajeitando no seu próprio galho como eu fiz outrora. ''Sinto muito se eu demore i, mas estava segura e você também, então, sem reclamações, Swan.''

''Não estava reclamando, eu só...'' Comecei a tagarelar sobre o quanto tinha medo de ficar sozinha no meio daquilo tudo e de como ainda estava sendo complicado para mim lidar com a situação, mesmo com tudo aquilo de tempo. ''Argh, odeio ficar sozinha, Alice, só isso. E odeio voltar para Forks e saber que não vou encontrar meu pai porque, cara, eu o matei, eu tive que enfiar uma bala na sua cabeça porque ele foi infectado por algo que eu criei, só é difícil achar que terei de fazer isso com você ou que você foi embora sem dar um tchau.'' Acenei para ela fingindo atuar tão bem que seria capaz de imitar a voz dela e fechei meus olhos. ''Por que raios voltamos mesmo?''

''Porque foi só passsarmos em Seattle para que a gazolina acabasse, mesmo tendo posto mais a cada parada nossa e, de forma incrivel, nossos galões sumiram, hã? E Forks era a coisa mais próxima que podíamos chegar antes de ter quinhentos zumbis atrás de nós, ou na nossa frente.'' Ela resmungou ainda chateada pelo ocorrido e com os mesmos pensamentos de que fomos roubados. E eu não diria pra ela que fiquei bastante apertada durante várias noites e precisei fazer xixi nos galões para não sair da picape.

''Desculpe, Al. Desculpe.'' Murmurei tão baixo quanto um sopro. ''Discutirmos não melhorará nossa situação, então, tente dormir um pouco porque amanhã será um longo dia e, por longo, você sabe que eu quero dizer violento e com muita corrida.'' E ela riu e eu soube que, de fato, o melhor jeito de encarar isso era fazendo piadas e rindo do inevitavel.

E nós dormimos. Estávamos tão seguras lá em cima que não montamos guarda, só dormimos agarradas nas mochilas, embrulhadas pelo saco de dormir e a corda, além das nossas próprias roupas que deveriam ser leves para não pesar na hora da correria. Não era fácil e eu tenho certeza de que nunca seria e que jamais encontráriamos uma cura, mas a nossa maior chance era fingir acreditar no contrário e tentar aproveitar ao máximo o que chamávamos de vida.

O Sol não havia nem dado ''adeus'' direito quando ouvimos aqueles sons estranhos, aqueles gemidos que indicavam perigo e, automáticamente, como estávamos fazendo durante quatro anos, nossos olhos se abriram e se encontraram. O meu indicador foi até meus lábios e sinalizei um claro ''shhh'' enquanto não me movia e deixava apenas meus olhos rolarem para baixo. Era estúpido, eu sei disso. Quero dizer, nos movendo ou não, era o nosso sangue e o nosso barulho que chamava a atenção, então, não fazia diferença alguma um ou outro. No final, estariamos mortas, ou correndo da mesma maneira.

Ali em baixo, infectados sem parte dos seus membros estavam mancando numa reta sem fim e mesmo não nos vendo, eles seguiram nosso cheiro. Havia algo que eu ainda não tiinha dito, certo?

Metade dos infectados eram idiotas e burros, mas tinham seus sentidos aumentados e sobrenaturais, de verdade, fazendo com que até um peido baixo chamasse sua atenção. E a outra parte, uma que veio se modificando ao passar do tempo, era inteligente, absurdamente inteligente, forte pra caramba e capaz de escalar árvores ou criar estratégias. Tivemos o desprazer de conhecer essa segunda raça enquanto estávamos no Texas e uma grande caixa se abriu diante de nós, revelando infectados correndo em nossa direção e escalando uma grande torre com mais agilidade do que eu.

Foi assustador.

Nós continuamos quietas enquanto uns vários daquelas coisas passavam por baixo de nós e eu quis respirar aliviada quando aquilo acabou, mas não pude porque, bom, Deus tinha essa coisa de piorar tudo quando achávamos que nada de ruim poderia acontecer, então, no maior silêncio das nossas vidas, Alice e eu ajeitamos nossas coisas dentro das respectivas mochilas e pegamos nossas armas: Eu um taco de baseball de alumínio e ela seu facão. Era bom andar com armas brancas quando não queríamos atenção e, de qualquer forma, Alice me ensinou a ser um arsenal sem dificuldade nenhuma.

Abaixo de nossas roupas estavam todos os tipos de pistolas, ao menos eu tinha duas Glocks - uma em cada tornozelo -, dois facões nas costas com um rifle centralizado. Abaixo da minha camiseta do AC/DC estava um par de escopeta e toda a munição tomando conta da minha pele, fora a munição que estava na mochila e o resto de tralhas que dividimos entre nós. Parecia pesado, mas eu aprendi a lidar bem com isso a partir do momento em que a minha melhor amiga tinha um rifle de caça mais uma AK-47 nas costas e era bem menor do que eu para conseguir levar aquilo.

Alice era simplesmente demais. Uma pequena militar de vinte e cinco anos que mal tinha entrado nas forças armadas quando tudo isso aconteceu, mas para a nossa graça, ela tinha estado tempo o suficiente para saber atirar e correr. O resto, bom, nós adquirimos com o tempo. Quero dizer, ninguém nunca está preparado para um Apocalipse zumbi e, por isso, é impossível encontrar alguém sem por cento armado ou o que for, por tanto, eu devo dizer que todas as nossas armadas, exceto o meu taco, foram roubadas de ultima hora, ao decorrer dos tempos.

Nós ficamos de pé nos galhos como ótimos cosplays de macacos e eu deslizei para o galho dela com tamanha facilidade que me deixou surpresa, mas uma hora eu deveria aprender a fazer isso certo, então, não havia problema algum.

Sem pronunciar nenhuma palavra, Alice apontou numa direção e eu a segui, pulando de galho em galho com a leve sensação de que uma hora ou outra, iria me estabacar no chão e virar pudim de comedores de cérebro, mas tentei não me incomodar e pisei exatamente onde Alice pisava.

O fato era que eu me sentia como num filme estúpido de terror onde andar em cima das árvores era a única maneira de correr dos irmãos caipiras doidos canibais.

Quando finalmente nos distanciamos do local ao qual estávamos e seguimos indo na direção da reserva que era o mais aconselhado e arriscado ao mesmo tempo, optamos por seguir por terra e encontramos um caminho calmo até demais para os meus ouvidos. Só que me lembrei que Forks era uma cidade pequena com poucos moradores e, a partir de então, agradeci por esse simples fato não complicar nossa estadia aqui.

Meus olhos estavam focados no solo e evitavam que eu pisasse em qualquer lugar indesejado ou encontrasse um daqueles esconderijos de coisas que poderiam me complicar, era um tanto quanto divertido se você parasse para analisar que aquele infectados tinham a capacidade de sobreviver ao lodo tempo o suficiente para fazerem uma boquinha, ou se esconderem por completo nos solos. A cientista em mim não deixava nada passar despercebido.

''Bells, ali.'' A baixinha me puxou pelo braço para ficar atrás dela, ambas escondidas atrás de uma árvore fina e alguns arbustos enquanto focavamos em ver as diversas casas rusticas de madeira que faziam parte da comunidade Quileute. Instantaneamente, senti falta do meu pai, de Jake, das pessoas que ali moravam.

''Nós vamos ou?'' Perguntei arqueando a sobrancelha para ela.

''Eu vou na frente, cuide das minhas costas.'' Ordenou segurando o facão com tanta firmeza e iniciou sua marcha na direção de uma das casas principais que tinham vista para a floresta.

Lhe segui sem titubear, achando estranho que não encontramos nada, absolutamente nada durante aquela noite traiçoeira e ao conseguirmos entrar naquela casa, tomamos a precaução de trancar a porta com um dos moveis e reforçamos a janela ao enfiar a geladeira bem na sua frente, ao menos nada entraria ali naquela noite.

Enquanto Alice fazia uma vistoria na casa, eu me sentei no sofá que estava no meio da sala e fui enfiando todas as coisas do meu corpo na minha mochila, deixando apenas o meu taco em ordem e cheguei a conclusão de que apesar dos pesares, precisaria esconder aquilo de possíveis assaltantes já que o mundo estava perdido mesmo.

Nós não seriamos as únicas a pensar que a reserva era uma boa opção para ficar enquanto se passa por Forks, na verdade, qualquer ser inteligente poderia pensar que aqui não foi atingido pelas bombas do governo e que, por isso, era bem mais saudável. Por tanto, além de sermos alvos de mortos vivos, estávamos sendo alvos de humanos vivos too.

Isso me assustava parcialmente já que estamos vivendo num mundo onde todo o escrúpulo foi para o abismo e, quando digo isso, é porque só eu e Alice sabemos tudo o que já presenciamos. Um dia, enquanto estávamos andando na direção da praia de Miami, foi só pisarmos na areia que ouvimos o barulho de motos e corremos para dentro do mar na primeira oportunidade, deixando nossas coisas dentro de uma lixeira reciclavel de lixos orgânicos e nós vimos, ali como dois corpos mortos, pessoas sequestrando pessoas e quando a água gelada estava consumindo nossas temperaturas, nós vimos pessoas assando pessoas e ai soubemos que deveriamos ir para longe o mais rápido.

O mundo agora era dos canibais, dos sobreviventes, dos humanos, dos mortos e dos animais racionais e irracionais.

O mundo estava inapto para crianças, para pessoas doces, inocentes, ingênuas e não inteligentes o suficiente para fazer o possível para sobreviver.

Infelizmente, algumas pessoas achavam que o ''possível'' significava comer outras.

Desde aquele dia, tive toda a certeza do mundo de que não deveria confiar em mais ninguém que não fosse ela e, por isso, estamos juntas há tanto tempo que só Deus sabia.

''Hey, Al, encontrou alguma coisa legal por ai?'' Gritei sem me dar ao luxo de ficar dando a mínima para esses zumbis. Eles não entrariam, entrariam?

''Yep.'' Ela gritou de volta.''Nós temos uma cama, cobertas, várias roupas masculinas e várias femininas, mas não sei se é do nosso tamanho, travesseiros e nenhuma janela ou sinal de vida-não-vida no resto dos comodos. O banheiro parece ter a descarga e chuveiro funcionando direito, então, tudo está bem.'' Avisou pontuando cada coisa importante que nós não havíamos tido em zilhões de noites.

Resolvi que merecia um banho, então, fui até o quarto e cacei as roupas femininas que Alice disse ter aqui e por pura higiene, peguei um shorts branco e uma camiseta masculina cinza com a estampa do Nemo nela, achando aquilo hilário para um homem. Caminhei até o banheiro e experimentei coisas que não experimentava há tempos: Chuveiro com água morna. Sabonete. Shampoo - talvez vencido - e prestobarba nas pernas, virília e axilas.

Se sentir limpa não havia nenhum preço naquele momento e a alegria era tanta que precisei passar uma loção de barba como perfume para ficar mais cheirosa possível e fazer aquilo ser duradouro já que sem ser esta vez, eu havia tomado banho há duas semanas atrás e antes disso, um mês. A vida era difícil quando se tinha infectados na sua cola.

Ao sair do banheiro, me joguei na cama ao lado de Alice e rimos ao sentir aquele colchão tão macio, fofinho, tão mais aconchegante que nossa cama de alguma hora atrás. Aquilo era bom, muito bom, só que não podíamos ficar acostumadas com tanto luxo.

''Hmmmm, me dá nauseas ao pensar que precisamos sair daqui ao amanhecer.'' Segredei enquanto roubava um travesseiro e colocava minha cabeça em cima, me sentindo tão bem, tão sei lá.

''Me dá nauseas ao pensar que vou ficar sem banho.'' Ela riu ao finalizar e eu concordei mentalmente.

Acredite, usar a mesma calcinha por dias causa coceira e incomodo pra caralho.

''Isso significa que você deve tomar o máximo de banhos possíveis hoje.''

''Que tal um a cada vinte minutos?'' Gracejou. ''Preciso garantir que toda a sujeira dos últimos dias tenha sumido por completo.''

''Vinte minutos? Sua sujeira nunca vai acabar desse jeito.''

''Você está insinuando o que, Swan?''

''Que nós vamos sair ao amanhecer e você realmente quer ficar contando 60 segundos vinte vezes até ir tomar o próximo banho?''

''Hmmm, isso não soa tão bom agora, então, vou tomar banho sempre que me der vontade.''

''Que seria?''

''Agora?'' Ela riu. ''Vamos lá, Bells, não é como se fosse pecado ostentar água morna quando, na verdade, só temos pequenos momentos assim em moteis ou Deus sabe onde, e, ainda sim, é com tempo contado para entrarmos e sairmos.''

E eu, mais uma vez, concordei. Nos últimos anos, nós só tomávamos banho assim: Cinco segundos pra água, cinco pra sabonete, cinco pra água e se vestir o mais rápido que puder, então, troca turno e espera sua amiga fazer a mesma coisa e, ai, saem no maior estilo ''El Rambo''.

''Vai tomar banho, Alice, eu vou contar seus 60 segundos.'' Me dei por vencida e vi-a correr para o banheiro na maior alegria que alguém poderia ter.

Obviamente, era de se esperar que ela demorasse e, por isso, me aconcheguei melhor naquela cama e, pela primeira vez em muito tempo, soube como era cochilar em algo macio e sem perigo algum de ter de correr no primeiro sinal de inimigos. Uhu, essa palavra me deixava tão Miss Marvel numa das HQs mais nerds que já li em toda a minha vida.

Por quanto tempo eu apaguei? Não fazia a menor ideia, mas acordei com uma coisa molhada sobre a minha barriga e prendi a respiração achando que era algum desconhecido, alguma coisa ruim. Se eu estivesse morta, se eu não me movesse.

Aquela coisa molhada subiu mais um pouco e, em seguida, mãos levantaram a camiseta que peguei emprestada e, mais uma vez, aquela coisa molhada andou um pouco e parou no meu mamilo, rodeando-o. Aquilo era uma língua.

Uma boca tomou o meu seio esquerdo e deixou que a língua acariciasse o meu mamilo antes dos seus dentes se fincarem nele e sugá-lo. Eu me movi com a força e pressão exercida, arqueando um pouco o meu próprio corpo e ganhando um apertão no seio direito como punição, eu acho, ou incentivo. O fato era que quando a pessoa se cansou de um, foi para o outro e sem nenhum consentimento, teve sua mão deslizando sobre a minha barriga até minha virilha e deixou que seu dedo deslizasse por ali.

Caramba.

Estavam me molestando e eu permanecia acordada e fingindo dormir porque tinha medo de ver o que era?

Caralho.

E se os infectados acabaram por adquirir necessidades sexuais?

''Sei que está acordada, Belinha.'' Alice, puta merda.

Ela abaixou meu short e teve o seu indicador acariciando o meu clitóris enquanto eu me recusava a acreditar no que estava sendo feito comigo. Oh, foda-me. Não. Não. Não Alice. NÃO.

''O que raios você está fazendo?'' Consegui perguntar com meus olhos fechados.

''Brincando?'' Perguntas retóricas.

''De massagista como num daqueles videos do redtube?'' Devolvi.

Entretanto, não houve resposta alguma e a porra do seu indicador me penetrou, conseguindo um grito de mim pelo susto. ''Alice, puta merda, saia dai agora.'' Rosnei para ela e com a tamanha persistência da garota em enfiar sua língua na minha boceta, precisei abrir os olhos.

Não era Alice.

Ela estava muito ocupada ajoelhada e encarando-me enquanto tinha um homem loiro atrás dela, absolutamente nu e duro.

Não era Alice.

Era apenas um homem adolescente nojento que estava fazendo aquilo.

''Quem são vocês?" Indaguei tentando fechar as pernas e quando o fiz, o homem loiro atrás da minha melhor amiga, que até então só havia entrado no grupo dos estupradores mor, empurrou-a para o chão e puxou sua cintura para o alto, deixando-a absolutamente empinada para ele.

Puta merda.

''Deixe-a em paz, seu porco.'' Eu gritei furiosa e, ao contrário do que eu esperava, minhas preces foram atendidas porque ele não tocou mais nela, não mesmo, ele simplesmente veio até mim e me pegou pelo cabelo, arrastando-me para o que eu julguei ser o banheiro já que eu tomei banho lá, né.

Sozinhos. Banheiro.

Inicialmente, fiquei embasbacada e tentando ouvir se Alice estava fazendo algum barulho, mas pelo o que consegui ouvir, não havia nada ali, só resmungos não femininos. Segundamente, fitei o cara a minha frente e precisei me concentrar em algo para não chutar a bunda dele no melhor estilo Karatê que conhecia. Aquilo era ruim, era muito ruim.

O desconhecido não me esperou pronunciar nada, ou fazer algum movimento acusador, ele simplesmente me virou e puxou meus braços até minhas costas, deixando-me de cabeça para baixo e sem poder ver nada que os meus próprios pés, o piso e os seus pés.

Ele era tão alto e forte o suficiente para usar apenas uma mão que conseguiu me deixar irritada. Isso que dava ser uma arrogante preguiçosa que não tinha a porra de um sono leve.

''Você não pode simplesmente me estuprar, eu tenho meus direitos.'' Gritei furiosa com aquele cara loiro com cara de apático anêmico.

''Assista-me.'' Ele riu enquanto enfiava o seu membro rígido no meu orifício anal e me senti vendo o Paraíso lá no céu de tanta dor fodida que tinha aquilo.

Geralmente, antes de se enfiarem nas minhas saias, as pessoas me pagavam uma bebida, flertavam, me deixam molhada, elas não tinham esse costume de entrar e sair rasgando de forma bruta.

Isso soaria nojento, mas agora eu entendia as pessoas que sofriam de prisão de ventre.

Fiquei sem me mover ou pronunciar qualquer coisa enquanto ele me penetrava e penetrava e, ás vezes, acertava o meu traseiro com suas mãos duras. Aquilo seguiu por longos minutos até que o rapaz de cansou e me colocou de pé, sentada na beirada da pia do banheiro e enfiou seus dois dedos na minha boceta, não pedindo nenhuma permissão ou coisa do tipo.

Ele parecia gostar de me encarar porque seus olhos azuis nunca saíram dos meus castanhos e enquanto ele me bombeava, fiquei memorizando seus traços: Longos fios loiros que iam abaixo da orelha, olhos azuis, pele clara, lábios rosados, bochechas levemente coradas e pescoço ok. Nenhuma cara de estuprador ou de: Estou enfiando meus dedos em você e ops, agora meu polegar está esfregando seu pontinho de prazer.

Me senti traída pelo meu corpo que começou a me deixar molhada e pronta para a próxima fase: Aquela coisa dura entre as pernas dele me penetrando.

Não houve cerimônias, não houve nada, ele simplesmente se afundou em mim e eu tive minhas mãos postas sobre seus ombros enquanto ele continuava com aquilo e me levantava. Você precisa de uma brecha, Swan, você realmente precisa de uma brecha.

Essa brecha, no entanto, nunca veio.

O loiro continuou investindo sobre mim até que meus olhos começaram a lacrimejar e largaram todas as lágrimas que eu contive. Ele só obteve prazer assim: Vendo que eu estava chorando. Ele só gozou assim: Conseguindo perceber a dor que me causava.

Quando terminou, ele simplesmente abriu a porta e me jogou no meio do quarto. ''Vocês sabem o que fazer.'' E tudo ficou escuro.


Nota da Autora: Okay, alguém está imensamente curioso sobre o mundo Apocalipse que nossa queria Bella criou? Eu estou. Não sei até onde minha mente vai me levar, mas estou curiosa para saber até onde tudo isso vai e espero que vocês também.

Ao decorrer do capitulo, foram citados seriados, filmes, séries de jogos, livros e coisas que me agradam bastante, espero que ninguém se importe. Que tal especularmos sobre os personagens que brotaram? Talvez eles sejam os mocinhos, os ruinzinhos. Talvez nós os conhecemos, mas só vamos saber no próximo. Será que as meninas vão se sair dessa? Até segunda, gente.