Tifa acordou assustada. Pensou ter ouvido ruídos estranhos do lado de fora. Passara toda a sua infância alí em Nibelheim. E agora estava lá novamente. Naquele lugar cheio de lembranças que a faziam chorar... ou sorrir. Conhecia bem os sons da noite daquele lugar, e cada nota dissonante se fazia notar em seus ouvidos.Talvez fosse apenas uma animal perdido, vagando pela noite a procura de sua casa. Levantou-se de sua cama, e saiu, vestida como estava. Os animais noturnos que habitavam seu jardim, não se importariam com suas roupas de dormir.
Encostou a porta da casa ao sair. Não queria que o ar frio daquela madrugada dispersasse o calor confortável de sua casa. Olhou a sua volta, procurando algo de diferente, um rastro, ou até mesmo algum animal ferido. Não havia nada alí. Percorreu a lateral da casa, indo na direção em que ficava a janela de seu quarto. Caminhou na direção de onde pensou ter vindo os sons entranhos.
Subitamente, a noite ficou silenciosa. Os pequenos animais, grilos e sapos, pararam de cantar, e até mesmo o vento deixou de sobrar. Um silêncio absoluto e sombrio abraçou-a. As sombras agora pareciam mais escuras, profundas, e as luzes bruxuleavam intimidadas. Tifa sentiu uma presença, estranha e invisível, que fez correr-lhe um arrepio pela espinha.Há algum tempo já não sabia o que era essa sensação. Medo.
Mas Tifa nunca foi do tipo que se abala tão fácilmente. Se havia alguém alí, ela iria encontrar. E essa pessoa iria lhe dar umas boas explicações, por bem ou por mal! Afinal, haviam invadido seu territorio, ela conhecia muito bem cada árvore dalí. Esta em vantagem contra o intruso. Ou assim ela imaginava.
Alguns momentos de atenção mais apurada, e Tifa logo encontrou o rastro de seu visitante misterioso. Seguiu suas pistas com muito cuidado, entrando em um pequeno bosque que havia crescido nos fundos de sua casa. Galhos quebrados e marcas de pegadas firmes e pesadas a guiavam pela floresta. Sem dúvidas era um homem, e ele evidentemente não estava preocupado em esconder sua passagem por ali. Homens! Esse bandidinho provavelmente subestimava suas capacidades. Ela ira fazê-lo se arrepender por isso!
Os rastros acabaram de repente, em meio a uma pequena clareira. Tifa olhou ao redor... Não fazia idéia de para onde ele havia ido... O safado era mais esperto do que ela imaginou. Pensou que talvez ele quisesse afastá-la de casa para invadir e talvez roubar alguma coisa, mas antes que ela pudesse correr de volta, uma leve brisa a fez parar assutada.
Não, não era uma brisa... Era mais algo como... um deslocamento de ar. Algo havia se movido. E havia se movido muito rápido! Virou-se e não viu nada. Apenas a floresta vazia, e algumas folhas balançando sozinhas... O silêncio a estava deixando tensa. Mas ela tinha certeza de que havia alguém alí. Observando seus movimentos... Brincando com ela. O que ela deveria fazer agora?
Novamente um deslocamento de ar, que faz as pontas de seus cabelos ondularem levemente. Um vulto corre para fora de seu campo de visão, mas antes que ela possa se virar, um braço forte a segura, prendendo suas mãos por trás, e deixando-a imobilizada. Uma mão, protegida por couro negro, cobre seus lábios pra que não grite. Atrás de si, ela sente a respiração quente em seu pescoço. Ele fora mas rápido, muito mais rápido do que ela. Ela se quer viu seu rosto. Mas soube imediatamente quem ele era. Parecia impossível, mas ela tinha certeza. O cheiro, a presença, o toque da mão dele em seu rosto. Tudo nele gritava...
-- Sephiroth! - Ela tentou dizer mas sua voz saiu abafada. Com muito esforço, conseguiu virar o rosto e olhar para seu rosto. Ele sorriu de um jeito cruel e frio. Tifa por um momento esqueceu-se da péssima situação em que se encontrava, admirando aquela beleza sombria. Os cabelos prateados sombreavam-lhe o rosto enquanto os olhos de um verde brilhante quase hipnótico, encontravam os dela.
Tifa percebeu o grande perigo que corria alí e tentou soltar-se, em vão, diversas vezes. Mas não havia nada que pudesse fazer para enfrentá-lo sozinha. Ele a tirou do chão, pegando-a no colo, e sem que ela pudesse reagir, logo estavam se deslocando a grande velocidade. Tudo que Tifa via a sua volta passava por eles tão depressa, que seu corpo mal podia suportar. Aquela velocidade sobre-humana estava lhe fazendo mal, e tudo o que ela pode perceber antes de perder os sentidos, foi que já estava longe de Nibelheim.
