STFD - MEU PRIMEIRO NATAL

AUTHOR: Lady F. , Towanda

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions.

COMMENTS: As vezes devemos aprender a partilhar o que mais gostamos.


"Ow" – Thomy arregalou os olhos, espantado. Com o menino nos ombros Ned ficou vermelho enquanto Verônica riu ao escutar a expressão. Nos últimos dias ele havia escolhido seu próximo alvo para imitar. Malone. Então para todas as coisas novas ou surpreendentes ele dizia "Ow".

Estranhamente perceberam que nunca haviam levado Thomy até a aldeia Zanga. Sempre que pretendiam faze-lo alguma coisa acontecia. Então aproveitando o natal que se aproximava todos decidiram ir até lá. Fazer algumas trocas, participar de uma das festas locais, passar alguns dias agradáveis e colocar, pela primeira vez, a criança em contato com outras pessoas.

E aquele "Ow" foi justamente por isso. Parecia que todos estavam reunidos na área externa da aldeia e Thomy ficou impressionado com o movimento.

Homens, mulheres, idosos, crianças. Ned colocou o menino no chão que assustado correu para perto de Verônica agarrando sua mão e ficando bem perto dela procurando proteção.

Os outros olharam preocupados para ele enquanto a loira sinalizava para que prosseguissem. Malone hesitou, mas um leve aceno dado por ela o fez perceber que aquele era um dos momentos em que o garoto precisava de um encorajamento especial e isso só a moça poderia lhe oferecer.

Ela abaixou ficando frente a frente com ele acariciando-lhe o rostinho.

"Ei." – falou baixinho – "O que foi Thomy?" – ele a abraçou e Verônica sentiu o pegueno coração batendo muito rápido. Depois observou as crianças da aldeia que se aproximavam e sorriu.

"São seus amigos. Querem brincar com você."

Um menino três ou quatro anos mais velho do que Thomy estendeu-lhe a mão com um sorriso delicioso. Sem soltar Verônica, olhou desconfiado até que bem devagar estendeu a mão pegando a do novo amigo que o levou ainda agarrado a Verônica que os seguiu por pouco tempo quando foram cercados por outras crianças em uma algazarra típica e maravilhosa.

Em alguns minutos, Thomy largou Verônica e entregou-se completamente a diversão sob a guarda dos meninos e meninas bem mais velhos do que ele que lhe garantiram que seu garotinho estaria seguro e feliz.

Uma das crianças pegou uma estreita faixa de couro amarrando em sua cabeça, de forma a segurar o tufo de cabelo para que não caísse na testa. Thomy sorriu com a novidade.


Por mais bem-vindos que fossem todos tinham suas obrigações na comunidade, e os visitantes também queriam ajudar.

Roxton e Malone como sempre juntaram-se aos homens nas tarefas mais pesadas. Arrumar as choupanas avariadas desde as ultimas chuvas e cortar a lenha.

Tentando mostrar-se educada a herdeira ofereceu ajuda para arrepender-se amargamente em seguida quando lhe deram um tacho cheio de vegetais para que vossem cortados.

"Droga Marguerite" - resmungava ela - "você tinha que se oferecer para o trabalho."

Challenger, Veronica e Summerllee foram levados a uma choupana onde encontraram uma mulher muito debilitada e uma criança chorando muito.

O curandeiro explicou.

"Ela deu a luz a uma semana e está muito mal. A criança tambem não nasceu muito forte, tem dificuldades em se alimentar e chora muito."

Challenger e Summerllee imediatamente dirigiram-se a mulher prostrada no leito, enquanto Veronica tomava a pequena criança dos braços do pai, aconchegando-a junto a si.

A moça pegou um pedaço de pano limpo e embebeu em um pouco de leite materno doado por outras mulheres da aldeia.

Em seguida levou-o com cuidado aos lábios da criança.

Lentamente ela foi se acalmando até que passou a sugar o alimento até sentir-se satisfeita.

Depois continuou ali aninhada. Veronica tentou coloca-la de volta no colo do pai, mas quando ao faze-lo a criança recomeçou a chorar e ela a aconchegou novamente junto a si.

Resolveu deixar Summerllee e Challenger a vontade com seu trabalho, então colocou uma manta leve sobre o corpinho mirrado.

"Vamos dar uma volta pequenino."

Ao sair da cabana e começar a andar pela aldeia embalando a criança, mal sabia ela que uma pessoa em especial a estava observava.

Thomy sorriu ao ver Veronica saindo da choupana.

"Mamá" - gritou em meio a algazarra das outras crianças, mas a moça não escutou e seguiu em outra direção, sorrindo muito e embalando aquela criança estranha.

Thomy ainda a chamou mais uma vez, ainda mais alto, mas com o barulho a sua volta era impossivel que escutasse.

O garoto permaneceu com seus novos amigos que estavam cuidando muito bem dele, mas passou a olhar para todos os lugares a procura de Vêronica.

E sempre que ela aparecia ele tentava chamar-lhe a atenção, mas seua amigos o levavam para outro lugar.

E ela parecia nem olhar para ele. E sempre com aquele bebê nos braços.

Quando, depois de muito tempo conseguiu se livrar das outras crianças foi se sentar em um tronco ao lado de Marguerite que mostrava-se tão irritada quanto ele.

"Preste atenção pirralhinho. Nunca, mas nunca mesmo se ofereça para nada. Sempre haverá alguém para aceitar a oferta entendeu?"

Thomy balançou a cabeça com tristeza.


O calor estava insuportável em mais um dia no platô.

Algumas das crianças, da aldeia Zanga, também estavam reunidas com Ned Malone e Thomy numa roda perto de uma fonte.Algumas crianças corriam em volta desta, e outras brincavam em separado, ou apenas, corriam.

Reunidas ao chão, cotavam histórias, e passavam uma tarde agradável com seu novo amiguinho.

Thomy estava se divertindo, claro que não entendia a maioria das coisas contadas, mas vendo as crianças rirem, ele ria também.

Ned aproveitava para distrair o menino que de uns dias pra cá, andava um pouco 'estressado'.

Depois de algum tempo, Verônica se aproximou. Ainda carregava o recém-nascido nos braços.

"Se divertindo rapazes?" - Abaixou-se entre Ned e Thomy que sorrindo balançaram a cabeça. Deu um beijo estalado na bochecha dos dois.

"Tome." – Entregou ao jornalista um pote com algum tipo de gelatina vermelha - "pode dar para ele?"

"Claro." – Ned deu um rápido beijo em Verônica que sorriu para Thomy. Ele hesitou, mas quando o bebê soltou um gemido Veronica percebeu que era hora de troca-lo e seguiu seus afazeres, se afastando dali sendo seguida por dois olhinhos tristes.

Thomy cresceu os olhinhos para o potinho, logo passando a língua na boca, ansioso para provar a delicia. Ned provou o alimento, e aprovou.

"Hum..." – provocou ele – "que gostoso"

As outras crianças também estavam comendo aquela deliciosa sobremesa. Mesmo assim pegaram Malone pelo braço.

"Bem, parece que é a minha vez de contar uma estória".

As crianças comiam seus doces, enquanto Ned começava mais uma roda de estórias.

"Há muito, muito tempo..." - Pegou a colher e ia dar para Thomy, que já com as perninhas cruzadas, feito um indiozinho, abria a boca em direção ao doce.

"Quanto tempo?" - Uma menina perguntou curiosa, na língua dos Zanga.

Ned interrompeu bruscamente a narração e olhou para a menina, parando também com a colher no ar. - "Como assim, quanto tempo?".

"Quando começa a estória?" - Um outro menino disse tentando esclarecer as idéias de Ned, que agora parecia entender.

"Eu não sei... no tempo dos seus deuses..."

"Ahhhh!" - Um murmúrio de compreensão foi ouvido, e Malone sorriu por ter sido claro o bastante para continuar.

Enquanto isso, a colher estava no ar, e Thomy acompanhava somente com os olhos quem estava dizendo o que, e permanecia com a boca aberta, esperando a colherada.

Ned pacientemente devolveu a colher ao pote, enquanto pegando mais um pouco da delicia vermelha, levantando novamente a colher.

Thomy novamente esperou, enquanto Ned continuava a estória.

"... E então, o jovem cavaleiro do castelo, pegou seu cavalo e partiu, em busca de novas aventuras, e..." - Foi indo a direção a Thomy, que mais uma vez, ansiou para provar, abrindo a boca.

"Como era o cavaleiro?" - Uma outra criança questionou.

"Como?" – O jornalista Ned parou mais uma vez o percurso da colher - "Era forte, alto, e como já disse, muito bondoso..."

Thomy acompanhou novamente somente com o olhar as inúmeras perguntas que se seguiram por mais algum tempo.

Mas a cada pergunta feita, Thomy lançava um olhar totalmente irritado para as crianças, e depois, virava-se para Ned, mas não dizia nada.

Até que na sétima, ou oitava vez em que teve o desejo de experimentar o doce privado, se irritou e deu um grito estridente.

"Quééééé!!!!!

Levantou-se meio desequilibrado e, tirando o potinho da mão de Malone, saiu batendo o pé na terra seca, resmungando coisas incompreensíveis.

O rapaz o chamou três, quatro vezes, mas o menino nem se quer olhou para trás. Quando ele tentou se levantar para ir atrás do garoto as crianças o puxaram e o encheram de perguntas. Ainda teve o cuidado de olhar em que direção ele estava indo e quando Summerlee acenou para ele assumindo a tarefa de vigiar o garoto, Ned se distraiu com os milhares de "porquês" de seus pequenos amigos.

Thomy saiu andando bravo com o jornalista e com aquelas crianças que comiam seus doces, e ele nem sequer ainda provado da primeira colher.

Olhou para os lados, e sem ter o que fazer nem pra onde ir, começou a correr atrás de qualquer um que passasse em sua frente, estendendo os braços com o pote na mão.

"Quééééé!!!!!

As pessoas riam, achavam-no bonitinho, mas não entendiam o que ele realmente queria.

Depois de algum tempo sem sucesso, sentou-se no chão, no meio da aldeia, e começou a comer o doce com as mãos.

Mas alguma coisa aconteceu. Aquela delícia havia virado pura água, e estava quente.

"...Quééé..." Thomy disse desanimado, quase inaudivo para si mesmo, olhando o pote.

Thomy lambeu o dedo que acabara de mergulhar no doce, e fez uma careta, logo cuspindo. Deu outro grito e atirou longe o potinho, fechando a expressão.

De repente, uma mão tocou nos ombros curtidos de sol do menino, lhe estendendo um novo pote, maior e na temperatura ideal.

Thomy olhou pra cima, e sorriu. Era Summerlee, lhe salvando o dia, novamente.

"Irritado hoje, não é? Mais do que o normal, eu tenho percebido, pequeno galinho de briga...".

O menino deu uma risada gostosa junto com o botânico, e logo, procuraram abrigo na sombra de uma árvore. Ali sentaram-se e Thomy pode finalmente, comer o doce, que Summerlee com orgulho, dava para ele.


Verônica estava acordando lentamente, forçada por um barulho em algum lugar por ali. Seus olhos ainda estavam fechados, e seu corpo junto ao de Ned, mas ela queria mover-se, queria identificar aquele barulho. Lutava de certa forma contra sono e o cansaço de um dia inteiro de trabalho.

Os Zangas tinham muito respeito e admiração pelos exploradores e sua visita era mais do que benvinda então ofereceram recepção a altura e reservaram-lhes os melhores aposentos.

Marguerite ficou na cabana de Assai que, como filha do chefe, tinha suas regalias o que muito agradava a herdeira.

Summerllee, Challenger e Roxton partilharam os alojamentos dos sábios com quem conversaram animadamente.

Verônica e Malone receberam uma pequenina choupana com uma grossa e macia esteira. Para surpresa dos dois encontraram uma cortina de vime criando um segundo ambiente, ainda menor onde havia uma esteira bem pequena destinada a...

"Thomy?" - Sussurrou e logo sentiu a mão de Malone afagar-lhe o cabelo.

"Shh.. ele está dormindo.." - Respondeu no mesmo tom.

O sono novamente voltava quando mais uma vez ela ouviu o mesmo ruído, mais sonoro - "Dormindo?"

Os dois abriram os olhos e ficaram quietos. Realmente, havia um barulho.

Levantaram-se devagar e foram em direção ao outro cantinho iluminado tenuamente por uma tocha fixa na parede.

As duas cabeças menearam cuidadosamente a fim de ver de onde provinha o estranho barulho. Viram Thomy tentando tocar uma flauta.

"...Fuuuu...".

Decidiram ficar ali espiando mais um pouco, não iam interromper o menino apenas para o faze-lo dormir. Após algum tempo surpreenderam-se com o que viram a seguir.

O garoto, apenas de fraldas, afastou a flautinha de madeira e começou a cantarolar alguma coisa.

"Ahh...oh...ahhh ohh ahh... ahhh ahhhh ihhhh eieieieieieie i-i-i...".

Ambos estavam estáticos e surpresos.

"pi pi pi..."

Enquanto ouviam o concerto do menino distraído, deitado com o rosto no travesseiro de folhas, Verônica não conseguia falar nada. Com olhar intrigado finalmente Ned a cutucou.

"Eu conheço esta canção."

Subitamente Verônica soube do que ele estava falando.

"Marguerite" - disseram juntos.

Identificaram a canção como a que herdeira sempre cantarolava durante o banho.

Ned olhou para a moça e sussurrou. - "Concede-me essa dança milady?" - Ela sorriu carinhosamente e o abraçou.

Thomy pareceu ter pressentido a chegada dos dois e se levantou bruscamente. Estava com os olhinhos marejados, e um pouco vermelhos. O sorriso nos lábios de Verônica e Ned desapareceu por completo, ao vê-lo fazendo bico para começar a chorar. Pela expressão sofrida do garoto, parecia estar chorando fazia algum tempo.

"O que foi?" - Ned perguntou ao menino intrigado.

Veronica se aproximou e abaixando-se do lado para onde o menino tinha seguido com o olhar, ficou observando Thomy que abaixou a cabeça, escondendo o rosto com as mãos. A moça tentou abraçá-lo, mas o menino esticou o braço, impendido-a.

"Thomy, o que houve? Diz pra mim amorzinho, aconteceu alguma coisa?"

Ned observou o menino que irredutivel escondia o rosto entre os joelhos enquanto Veronica tinha o olhar aflito. Ele se aproximou e então o garoto atirou-se em seu pescoço ignorando a loira que lançou um olhar entristecido para Malone.

"Quando ele se acalmar veremos o que está acontecendo." - disse o jornalista – "Ainda está escuro. Vá dormir que eu fico com ele."

"Leve ele para a outra esteira Ned." – conformou-se temporariamente a moça – "Tem mais espaço. Eu me ajeito por aqui."

Malone deu-lhe uma piscadela e levantou-se com Thomy firmemente agararado a ele.

"Está bem. Não fique tão angustiada. Descobriremos o que houve pela manhã."

Veronica viu seus dois meninos retornarem para a esteira onde Thomy, ainda agarrado a Malone soluçou um pouco para dormir em seguida. Ela por sua vez, acomodou-se o melhor possível na pequena esteira para, sem conseguir retomar o sono, observar o nascer do sol.

CONTINUA...

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